quarta-feira, abril 04, 2007

Miscelânea Criacionista: Falsas Dicotomias.

O criacionismo moderno tem uma falácia favorita: a falsa dicotomia. É o erro de raciocínio de assumir que se não é banana tem que ser peru. E vê-se logo na forma como os criacionistas confrontam a teoria da evolução. Nunca tentam mostrar que a sua hipótese é a melhor explicação. Tentam apenas refutar a teoria da evolução como se a única alternativa fosse o criacionismo literal bíblico de uma criação em sete dias (três dos quais antes de ser criado o Sol).

Nota-se também nos detalhes. Usam muito o «não compreendo como...» seguido de algo que julgam só poder ser ou falso ou perfeitamente compreendido pelos criacionistas. Não lhes ocorre a terceira possibilidade, mais óbvia.

Também alegam que a teoria moderna da evolução deriva somente duma posição naturalista. Mais uma vez assumem só duas hipóteses: ou se aceita o sobrenatural, ou há que aceitar esta teoria quaisquer que sejam as observações. Como que por magia, duma premissa minúscula sai taxonomia, filogenética, paleontologia, geologia, selecção natural, genética, biologia molecular, medicina, e tudo o que está relacionado com esta teoria. E não basta a caricatura disparatada que fazem da ciência moderna. Esquecem todas as evidências que suportam a teoria que temos hoje, e esquecem todas as teoria, de Anaximandro até ao mutacionismo no século XX, que ao contrário da presente falharam no confronto com as observações. Apesar de serem todas naturalistas também.

Finalmente, falam do criacionismo. O criacionismo. Como se a deles fosse a única religião a inventar uma história com deuses a criar isto e aquilo. Mesmo que a teoria da evolução estivesse completamente errada seria tão legitimo aceitar este criacionismo como acreditar que o universo nasceu de um ovo ou de uma vaca a lamber o gelo.

8 comentários:

  1. Mesmo não entrando por agora no mérito dos argumentos do Ludwig, que dariam direito a uma discussão longa e certamente interessante, devo dizer-lhe que o tom cordato e elevado com que tem discutido a questão mostra que é o Ludwig é um "gentlemen", cujo exemplo devia ser seguido por outros evolucionistas, que usam como únicas armas o insulto e a mobilização à histeria colectiva.
    Devo registar este ponto publicamente.

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  2. Caro J.M.,
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    Devo aqui realçar que o Ludwig, mais que um gentleman (convém notar que ele ainda só é uma única pessoa daí o "a" em vez do "e". E este comentário é só uma brincadeira, não o pretendo diminuir pelo erro de ortografia, que acho ser algo perfeitamente normal) é uma pessoa com uma capacidade lógica que admiro muito.
    E creio que o falar (escrever) de forma polida é apenas mais uma qualidade, que até lhe permite filtrar a audiência. A forma como se insulta uma pessoa não passa apenas pela linguagem agressiva. No caso do que o Ludwig escreve (que é a única forma que tenho de o conhecer) estão bem patentes alguns "insultos", nomeadamente à capacidade intelectual de quem ele visa.
    No caso particular do J.M., não creio que seja insultado, pois me parece que ao contrário de outros criacionistas, tem plena noção daquilo que argumenta, o que o torna mais perigoso, pois usa o criacionismo como "arma".
    Lembra-me outros religiosos, que em tempos defendiam o indefensável, como a terra plana, e no centro do universo. Eles sabiam que não estavam certos, mas, não se podiam dar ao luxo de o admitir, pois isso esvaziava o sentido de tudo o que representavam.

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  3. Caros Jónatas e António,

    Agradeço os comentários generosos, mas confesso que a minha escrita deve mais ao pragmatismo que ao cavalheirismo. Ofender-me ou insultar os outros é pura perda de tempo.

    Prefiro debater as ideias como são apresentadas, venham de onde vierem. E nisto pode haver quem se insulte com o que eu escrevo. Não faço para que assim seja, mas também não me preocupo em evitá-lo, pois a ofensa está mais na mente de quem lê que nas palavras de quem escreve.

    Mas discordo, António, que eu insulte a capacidade intelectual de seja quem for. Se um argumento é imbecil, não me coíbo de o tratar como tal, e há quem se identifique de tal forma com as suas crenças e argumentos que possa ver nisto um ataque pessoal.

    Mas o que critico e debato são opiniões, crenças, e ideias que qualquer um pode escolher ou deitar fora sempre que quiser.

    Inevitavelmente, isto ofende os que acham que crenças e opiniões são aquilo que nos define, e que nunca se pode mudar. Mas quanto a isso, paciência.

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  4. Caros J.M. e L.K.,
    Primeiro quero realçar que o meu ponto de vista sobre o "insulto" à capacidade intelectual não se aplica a J.M., de quem discordo profundamente em quase tudo, mas sim, a alguns outros visados nos textos, que demonstram pouca ou nenhuma capacidade, para além de papaguear. Creio que nesse aspecto não se trata efectivamente de insultar a capacidade intelectual, ter-me-ei exprimido mal, mas sim, apontar a falta dela, ou talvez que as sinapses estejam defeituosas em certos visados. Seja como for, creio mesmo que com o Ludwig diz, o insulto está na mente de quem lê, tal como num outro blog apontei ao Sr.J.M., relativamente a uma temática à qual dei alguma atenção há uns anos atrás. E efectivamente tudo na linguagem de J.M. é polido e pouco agressivo em termos de escrita, mas, que a nível de conteudo, não acompanha a forma da escrita.
    Ou seja, pretendia apenas deixar claro que mesmo com bons modos se pode ser "agressivo" no conteudo, insultar e atacar os outros. A linguagem directa, sendo mais agressiva é a minha preferida pois não deixa margem para dúvidas, mesma as mentes menos dotadas, que não é o vosso caso, nem da maioria dos participantes deste blog, mas por necessidade foi a que me habitei a usar.
    Saudações a ambos.

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  5. http://news.bbc.co.uk/2/hi/programmes/from_our_own_correspondent/6549595.stm

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  6. Parece que a única dicotomia que os evolucionistas admitem é:

    Ou existiu evolução, ou existiu evolução. Das duas duas uma.

    Se a evolução não tem apoio científico, então é porque só pode ter havido evolução!

    Isto é o que se chama uma verdadeir dicotomia!

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  7. Não se vê o que é que uma vaca a lamber gelo tem que ver com a criação de informação complexa e especificada.

    Todos os dias vemos que só a inteligência cria informação complexa e especificada.

    O DNA de todas as espécies vivas contém quantidades infindáveis de informação complexa e especificada que nem a inteligência de todos os cientistas juntos consegue abarcar

    Daí que seja inteiramente legítimo
    e racional concluir que essa informação foi criada por um Ser infinitamente inteligente e não por processos aleatórios.

    Isso não tem nada a ver com o ovo, a vaca e o gelo.

    O Ludwig gosta muito de fazer "fogo de artifício" retórico e argumentativo quando se torna óbvio que a sua própria argumentação o colocou num beco sem saída.

    Só que isso é mera pólvora seca.

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  8. o ateu convicto Danniel Dennet
    afirmou:

    "There is simply no denying the breathtaking brilliance of the designs to be found in nature."

    Um criacionista não diria melhor.

    Por seu lado, Francis Crick, gostava de afirmar: "Evolution is cleverer than you are."

    Ou seja, não é por falta de evidência que muitos cientistas negam o design inteligente na natureza. É apenas a ideologia naturalista que os impede de tirar tirar conclusões lógicas.

    Por seu lado, os criacionistas limitam-se a fazer as inferências mais óbvias das observações científicas.

    Se a natureza está cheia de evidência de design e se a probabilidade de esse design surgir por acaso é virtualmente zero, como os próprios evolucionistas (incluindo Crick) reconhecem, segue-se que a inferência mais racional é a de que existe um Criador.

    Isso significa que não somos o produto do acaso. Fomos criador intencionalmente por alguém. Daí que não seja necessário postular biliões de anos de evolução aleatória, pela simples razão de que não somos o resultado de um processo aleatório.

    Não é necessário negar uma única observação científica para ser criacionista. Basta apenas recusar a ideologia naturalista.

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