segunda-feira, abril 09, 2007

Feriados Religiosos?

Enquanto estive na terrinha a gozar o feriado um comentador anónimo propôs que os ateus deviam «lutar para que acabem os feriados religiosos[...]. Os crucifixos nas escolas também [...] estão a ser tirados.».

Eu sou contra alguns símbolos religiosos na escola por não serem apropriados. Uma pessoa pregada a uma cruz não é coisa que se ponha numa escola, seja o que for que simbolize. Também sou contra que a escola seja um ambiente religioso; a religião é séria demais para as crianças. Mas não me oponho a que os alunos conheçam os símbolos das várias religiões. Em suma, não sou contra os símbolos religiosos na escola, mas sim contra símbolos de violência gratuita e contra a escola religiosa. De resto, se os miúdos gostarem da imagem de um gordo sorridente com crianças ao colo não vejo mal nisso, desde que não os pressione a aderir a uma religião.

E feriados religiosos felizmente não há. Há feriados em que pessoas religiosas passam o dia na missa, mas não tenho nada contra isso. Nem contra isso, nem contra os domingos. Lutarei com afinco se me obrigarem a ir, e devia haver parques infantis à porta das igrejas para as crianças brincarem enquanto os pais ouvem o padre. Mas não me importo que os outros estejam na missa enquanto eu ando de patins com os meus filhos. Tenho alguma pena das crianças, é verdade. O tempo que temos para passar com os nossos filhos é pouco (é sempre pouco, por muito que seja) e não devia ser desperdiçado a ouvir sermões. Mas esse problema não se resolve acabando com os feriados.

22 comentários:

  1. «E feriados religiosos felizmente não há.»

    Aqui discordo.

    A título de exemplo: o dia «do Corpo de Deus» é nesse dia e não noutro porque o clero português de uma determinada igreja - a ICAR - o escolhe (e já tem essa tradição).

    Não me revolta. Não é algo que me tire o sono. Mas é um feriado religioso e uma injustiça para com os crentes noutras religiões - que têm de ir trabalhar nos seus dias sagrados, mas que têm esse dia com pouco significado para eles livre - e uma injustiça para com os não crentes que não têm voto na matéria.

    Quanto a mim, a hipótese de se estabelecerem 5 dias livres que cada cidadão pudesse encaixar onde quisesse ao longo do ano - e se acabar com os 5 feriados religiosos - seria muito bem vinda. Suponho que ainda celebraria o Natal (mas não de forma religiosa, claro!) mas acredito que encontrasse uma altura melhor do que o dia do corpo de Deus para fazer uma pequena folga.

    Além disso, para os crentes de outras religiões seria um grande ganho. Poderiam trabalhar no Natal e sexta feira santa que não lhes dizem nada, e tirar os seus próprios feriados religiosos (até 5).
    Quanto aos católicos, nada mudaria. Ficariam todos a ganhar.

    Se fosse logisticamente possível (não vejo impedimentos incontornáveis, na verdade) ninguém ficaria a perder, e vários ficariam a ganhar.

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  2. «E feriados religiosos felizmente não há.»

    Também discordo. Podes gozá-los como entenderes, obviamente, mas não é por isso que deixam de ser feriados religiosos.

    Abordei essa temática há alguns meses no seguinte post:
    http://www.heldersanches.com/2007/01/13/os-feriados-nacionais/

    Todos os portugueses gozam 7/8 feriados religiosos por ano. A que propósito?

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  3. Pelo tom do post, eu acho que o Ludwig comeu a hóstia no meio das amêndoas este fim-de-semana pascal.

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  4. Eu sei qye há muitos feriados cuja data foi escolhida por motivos religiosos. Mas o comentário anónimo traçava um paralelo entre símbolo religioso e feriado religioso, e o feriado não é religioso nesse sentido.

    O Kota dá um bom exemplo: as amendoas. Este é o feriado das amendoas e dos ovos de chocolate, coisas que não tem muito a ver com religião.

    Parece-me um erro considerar que é religioso tudo o que tem origem numa tradição religiosa. O domingo foi escolhido por motivos religiosos, mas não se pode dizer que é um dia religioso. Os feriados também estão secularizados; só sáo religiosos para quem quiser.

    Talvez seja injusto que crentes de outras religiões não tenham feriados próprios, mas isso assume o direito de ter feriados religiosos.

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  5. Um exemplo concreto: dia 1 e dia 8 de dezembro há dois feriados. Sei que num há quem celebre uma coisa qualquer religiosa e no outro não.

    Para mim são exactamente iguais, até porque calham no mesmo dia da semana e tudo.

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  6. Bem, o dia 1 de Dezembro é só a restauração da independência de Portugal, para o Ludwig e muitos portugueses é mais um mafaguinho como outro qualquer.
    Já agora, 1 de Maio não devia ser feriado, porque assim faz-se exactamente o que quem não trabalha faz, nada.

    PS:abaixo a verificação de palavras. A luta continua.

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  7. «Eu sei qye há muitos feriados cuja data foi escolhida por motivos religiosos.»

    A questão não é só que foi, mas que vai sendo.
    O dia do corpo de Deus é um feriado volante.


    «O Kota dá um bom exemplo: as amendoas. Este é o feriado das amendoas e dos ovos de chocolate, coisas que não tem muito a ver com religião.»

    O Natal é o mais secularizado dos feriados religiosos. Hoje tem pouco a ver com religião, e a própria igreja não pára de se queixar disso.
    Quanto a mim, ainda bem que assim é.

    O mesmo pode ser dito, embora não seja tão óbvio, a respeito da Páscoa, e é o que tu fazes.

    E mesmo os feriados municipais (como o de Santo António), muitos já perderam praticamente qualquer significado religioso.

    Mas no que respeita ao "Dia do Corpo de Deus", "Dia da Assunção da Nossa Senhora", "Dia de Todos os Santos" e "Dia da Imaculada Conceição", duvido que se possa dizer isso.
    Não existem tradições seculares associadas a esses dias, e não existe qualquer critério relativo à escolha desses dias e não outros que não seja religioso.

    Quando digo que é injusto para os crentes de outras religiões não é por achar que eles deveriam ter direito a feriados religiosos - não devem.
    Digo-o porque acho que a escolha dos dias dos feriados não deveria favorecer os crentes de umas religiões face aos das outras. O ideal era mesmo que cada um escolhesse os dias que quisesse para tirar feriado.

    Ainda haveriam alguns comprimissos a fazer, claro. Nas escolas alguma entidade teria de optar quais os 4 dias de pausa para professores e alunos.
    Mas esses compromissos deviam singir-se ao mínimo. Sempre que fosse possível a opção individual, isso deveria prevalecer face à tradição religiosa.

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  8. Oi João,

    Considera os sinos. Há-os nas igrejas, são feitos especialmente para as igrejas, tocados em cerimónias religiosas, etc.

    Mas não me parece correcto dizer que há sinos religiosos e sinos seculares. Pelo menos nestes casos o sino é um sino, seja por que razão foi feito ou para que fim é utilizado.

    Um simbolo religioso é diferente, pois enquanto símbolo simboliza uma religião. Mas o sino, enquanto sino, é um sino e nada mais.

    O mesmo penso dos feriados. Enquanto feriados, são só feriados. Um dia sem trabalhar, e nada mais. Para gozar como cada um entende.

    Provavelmente no Irão ou países assim há mesmo feriados religiosos, nos quais quem não for à mesquita está tramado. Mas aqui em Portugal não temos esse problema. Temos feriados, e temos pessoas religiosas que desperdiçam os feriados :)

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  9. Ludwig,

    Este seu parágrafo ilustra bem o quanto você está alheado do fenómeno religioso:

    «Lutarei com afinco se me obrigarem a ir, e devia haver parques infantis à porta das igrejas para as crianças brincarem enquanto os pais ouvem o padre. Mas não me importo que os outros estejam na missa enquanto eu ando de patins com os meus filhos. Tenho alguma pena das crianças, é verdade. O tempo que temos para passar com os nossos filhos é pouco (é sempre pouco, por muito que seja) e não devia ser desperdiçado a ouvir sermões. Mas esse problema não se resolve acabando com os feriados.»

    Você tem todo o direito para não dar qualquer valor (ou dar um valor negativo) à cerimónia religiosa.
    Mas não pode ignorar que, para um crente, esse é o tempo mais importante na sua vida. É o tempo dedicado a Deus.
    Não tenho ainda filhos, mas tenciono levá-los sempre à missa comigo: é o mais importante tempo passado em família.
    Pasmo-me ao verificar que o Ludwig ignora a centralidade da eucaristia para o católico, ignorando ainda a importância de tal momento ser vivido em família, com crianças e com idosos.
    Guardo, felizmente, boas memórias das missas a que assisti enquanto criança. Evidentemente, como a maioria das crianças, entretinha-me a percorrer com os olhos os detalhes arqitectónicos do espaço, os gestos e os olhares das pessoas, as vestes cerimoniais, as flores, entretinha-me a cantarolar as músicas.
    Se não entendia nada da homilia do padre, ganhei uma familiaridade com o espaço, com o ambiente, com o ritual.
    Por isso, quando hoje vou a uma igreja sinto-me em casa.
    Eu vou repetir, para ajudar à compreensão: "sinto-me em casa"!
    Como é evidente, quero dar essa plenitude existencial aos meus filhos... É que o tempo para brincar, sendo fundamental, é outro. É um tempo diferente do tempo para dedicar a Deus. Uma criança de seis anos, nos primeiros tempos de catequese, já percebe isto...

    Um abraço,

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  10. Ludwig Krippahl:

    Sem estar a exacerbar simbolismo inconsequentes, eu poderia dizer que o nome do feriado é praticamente irrelevante. Poderia dizer que tanto faz que um feriado se chame "25 de Abril", "Revolução dos Cravos", "Dia da Liberdade", "Dia do ódio ao fascismo", "Dia da Abelha Maia", "Dia das Vacas Loucas" ou "Dia do Cavaco Silva".

    Pior é dizer que a DATA do feriado é igualmente irrelevante.

    Se não é, coloca-se uma questão: quem toma essa decisão? E com base em que critérios?

    Essa questão pode ser levantada em relação a todos os feriados, desde o 1º de Maio até ao dia da Restauração.

    Feriado a feriado, deve existir uma justificação credível para a data escolhida. Se ela não existir, ou for menos convincente,
    o ideal é deixar o mínimo de espaço para a arbitrariedade, e o máximo para a liberdade individual.

    Qual a justificação, por exemplo, para o dia escolhido para celebrar o "corpo de Deus"? Não que me aborreça, bem pelo contrário - calha bem operto dos meus anos (às vezes mesmo no dia dos meus anos) - pelo que mais prático não podia ser.
    Mas percebo que seja um tanto injusto para quem poderia preferir ter OUTRO dia livre e não esse e acaba por ser forçado a aceitar uma decisão que afecta todos, neste caso em nome de uma tradição religiosa que nem para a esmagadora maioria dos crentes tem qualquer significado.

    Não é nada que me tire o sono. Não é dramático. Mas também não é óptimo.

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  11. Bernardo,

    Discordar e ignorar são coisas diferentes. Eu tenho uma boa ideia do que é o fenómeno religioso, e compreendo que a eucaristia é central para o crente. Tal como o Benfica é central para o benfiquista ferrenho, e o tabaco é central para o fumador. Compreendo também que uma criança ensinada a ser fumador, benfiquista, ou católico o continue a ser quando crescer. Mas discordo que seja uma coisa boa fazer isso às crianças.

    O Bernardo afirma que «Você tem todo o direito para não dar qualquer valor (ou dar um valor negativo) à cerimónia religiosa.» Sugiro que reconheça aos seus filhos o mesmo direito. Não reclamo para mim mais direitos que reconheço aos outros.

    E, antes que pergunte, eu reconheço aos meus filhos o direito de ir à missa, ou de pertencer a uma religião, ou mesmo a várias religiões, se quiserem. Até estou disposto a fazer o sacrifício de ir com eles se for preciso. Mas é se quiserem, e quando quiserem, nunca por obrigação ou treino.

    Finalmente, sou céptico quanto a sentir-se em casa na igreja. Quer dizer que se comporta na igreja como se comporta em casa? Ou, pior ainda, que se comporta em casa como se comporta na igreja? Se assim for, a religião não é mesmo para mim. Para mim não há como tirar os sapatos e vestir o pijaminha para me sentir verdadeiramente em casa.

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  12. João:

    «quem toma essa decisão? E com base em que critérios?»

    Exactamente. Quem toma essa decisão são os políticos, e o critério é a popularidade da decisão.

    Alguns feriados são por causa de festas que já havia antes da religião as apropriar (a páscoa e o natal). Outros foram politiquice. Celebramos Camões mas não Bohr, Einstein, ou Neil Armstrong. Outros, como a imaculada conceição, surgiram claramente por razões religiosas, mas sempre misturado com política.

    Seja como for, um feriado é um feriado. Aqui penso que temos algo a aprender com as religiões, que no passado se apropriaram de muitas festas. Quando o pessoal celebra algo é impossível abolir a festança, mas é possível (e fácil) alterar o contexto e o propósito da festa. A celebração da primavera passou a ser a morte e ressurreição de um deus (passando pela morte de muitos egípcios), o solstício de inverno passou ao nascimento do mesmo deus, etc.

    Hoje em dia todos estes feriados estão secularizados. Para alguns têm significado religioso, mas isso é opcional. Se alguém quiser aproveitar o feriado da páscoa para celebrar o dia em que Perséfone regressou do hades, que seja,

    Como ateus penso que não vale a pena protestar contra feriados “religiosos”. O natal não é quando o homem quer, mas é o que cada um quiser. Para mim é o feriado de comer os restos da jantarada do dia 24. O melhor que temos a fazer é salientar que os feriados não são religiosos. São dias de folga.

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  13. Ludwig:

    Não discordo de muito daquilo que escreveste, mas eu acharia melhor que quem decidisse os seus próprios feriados fosse o cidadão ao invés dos políticos.

    Se não pudesse ser com todos, não podia, mas com quantos mais pudesse ser, melhor.

    No fim, as pessoas poderiam sempre tirar as mesmas folgas e estar livres nos mesmos dias - ou não, caso não o desejassem.
    Mas não vejo quem ficaria a perder com isso.

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  14. com todos = com todos os feriados, claro.

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  15. Eu sou um pouco mais radical nesta matéria. Acho que faz tanto sentido um estado dito laico ter 7 ou 8 feriados religiosos por ano como faria a um Estado fascista celebrar a data de nascimento de Lenine! Ou uma monarquia celebrar uma revolta republicana! Ou defendemos a laicidade do Estado em todos os aspectos ou não estamos a ser coerentes! Eu acho que o Estado, nesta matéria, está muito longe da laicidade apregoada.
    Nisto de feriados, não importa tanto a nossa maneira de os viver, mas sim as razões por detrás da sua implementação. Independentemente da forma como nós os "gozemos", institucionalmente E oficialmente, os feriados religiosos serão sempre isso mesmo, religiosos.

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  16. Helder,

    Concordo que não faz sentido um estado laico ter feriados religiosos. Mas saliento que estes feriados religiosos já eram antes do estado ser de facto laico. A separação expressa entre o estado e a religião surge apenas (acho eu) depois de 1974. A constituição de 1911 consagrava o direito individual à liberdade religiosa mas não dizia que o estado se separava das religiões.

    Agora temos uns feriados que foram criados por motivos religiosos. As duas opções são obrigar o pessoal a trabalhar na páscoa e no natal, ou laicizar os feriados. A primeira é impraticável, e a segunda já está. Para muita gente, e para quem quiser, qualquer feriado é uma folga laica sem implicações religiosas de qualquer espécie.

    Faz tanto sentido mudar esses feriados como mudar o dia de descanço para a quarta feira, só para não coincidir com o "religioso" domingo, que de religioso só tem o que se quiser.

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  17. «As duas opções são obrigar o pessoal a trabalhar na páscoa e no natal, ou laicizar os feriados. »

    Existe a 3ª opção que referi. Estás a esquecer-te dessa.

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  18. A opção de cada um tirar folga quando quer já existe. São as férias repartidas...

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  19. E que tal alargar essa opção aos feriados religiosos?

    Ou seja, acabar com eles mas aumentar nos dias equivalentes as férias repartidas. Para quem os quiser gozar fica tudo na mesma.

    Para quem prefere outras opções, o panorama melhora.

    Parece que uns ficam a ganhar, ninguém fica a perder. Não seria melhor?

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  20. Eu concordo com a "liberalização" dos feriados.

    E, apesar de achar que os feriados são muitas vezes determinados por razões religiosas, acho que são sempre laicos porque são para todos.

    Falta aqui mencionar é os feriados municipais.

    Pessoalmente, o carácter religioso de alguns feriados é-me indiferente. Irrita-me mais o País inteiro parar ao Domingo...

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  21. O sr. burnay já deve ser sócio dumas quantas lojas chinesas. Essas ao menos não param nesse tal de domingo

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  22. Ou o meu nome do meio não seja Li Chow Ping.

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