Da Teoria à Prática.
Soube pelo Miguel Caetano, no Remixtures (1), que há um grupo a implementar uma rede de partilha em que cada bloco de dados é interpretado de várias formas para que a informação partilhada não corresponda a qualquer ficheiro específico. Um ficheiro partilhado nesta rede é decomposto em sequências diferentes que podem ser combinadas para reproduzir este ficheiro, ou combinadas com outras para gerar outros ficheiros. Vou explicar com um exemplo.
Três pessoas na rede, cada uma partilha um ficheiro: A, B, e C. A rede gera quatro sequências, diferentes entre si e diferentes dos três ficheiros: a, b, c, d. A combinação a-b dá o ficheiro A, b-c dá o ficheiro B, e c-d o ficheiro C. Na rede só são partilhadas as sequências a, b, c, e d. São sequências diferentes dos ficheiros originais, e nem sequer há uma correspondência de um para um com estes ficheiros. A sequência b, por exemplo, tanto é usada para gerar a A como B, e por isso não pertence a nenhum (daí o nome OFF, Owner-Free Filesystem). Quem partilhar b não pode ser acusado de violação de direitos de autor, porque nem partilhou A, nem B, nem b é pertença de alguém.
Os detalhes são um pouco mais complicados (os ficheiros são decompostos em blocos, os blocos são reutilizados aleatoriamente para vários ficheiros, e assim por diante), mas esta é a ideia geral. Para mais detalhes podem ver a página da equipa de desenvolvimento (2).
Em rigor isto é desnecessário. Todas as redes modernas de P2P encriptam e comprimem os dados transmitidos, pelo que o tráfego na rede é todo diferente das sequências nominalmente protegidas por direitos de autor. Mas este sistema tem a vantagem de tornar bem claro como o copyright digital é absurdo. Agora é só esperar que venha uma nova geração de advogados, juizes, e legisladores com idade para perceber estas coisas...
1 – Miguel Caetano, 1-4-07, Números que dão a volta ao direito de autor
2- OFF System Development
Ludwig
ResponderEliminarabsusro não é mais um mafaguinho pois não. :)
O problema é que ao decompor as várias sequências de forma aleatória, você tem de enviar o "mapa do tesouro" para no final voltar a compor o conjunto, seja musica, imagem, etc., resultado, no final para aceder ao ficheiro que foi inicialmente decomposto vai ter de ordenar novamente as sequências. Como é que vai explicar o "aparecimento" de um resultado igual ao inicial?
Durante a partilha de facto não partilhou o ficheiro, mas partilhou a ideia.
Para mim ainda não é esta a forma correcta. Isto é apenas uma tentativa de contornar o que está escrito na Lei.
Eu continuo na minha, os artistas têm de ganhar com o que produzem, e não serem os "artistas" que os representam a ficar com o "belo".
Tempos viram em que provavelmente poderemos vir a ser "digitalizados", aí se não houver copyright qualquer um me podia clonar facilmente, já imaginou o perigo para a sociedade?
Oops.. obrigado pela correcção.
ResponderEliminar"Aburso" a partir de agora quer dizer: post colocado tarde; alteração no último instante sem spell checking; azelhice. ;)
É verdade, para obter o ficheiro final tem que se juntar as partes. Mas isto chama a atenção para o principal: aquilo que as pessoas enviam e recebem nestas redes não é o mesmo que os artistas criaram, mesmo que consigam fazer coisa igual na privacidade das suas casas. Esta última parte nunca foi proibida pelos direitos de autor.
Não só os artistas têm que ganhar, mas todos temos que ganhar pelo nosso trabalho. Seja em que profissão for. E a única coisa que impede os artistas de ganhar como todos os outros profissionais (muitos dos quais são mais criativos que 99% dos músicos que para ai andam) é precisamente a lei de direitos de autor.
As regras do jogo estão erradas (regras da distribuição desde o autor até ao consumidor final)... OK, concordo; mas os músicos jogam-nas, ao assinarem o contrato concordam com elas, de alguma forma é mais prático uma banda não fazer o trabalho da editora produtora, etc... Mas isso não é desculpa.
ResponderEliminarMas no entanto o esquema descreve o funcionamento da "caixa negra", com uma ou mais entradas e com uma ou mais saídas. Disto não se sai, e isto está errado, viola o que foi acordado, um mau acordo é certo. Mas quem quiser que não compre, não é obrigado a pactuar com o mau acordo que as bandas fazem, a musica não é um bem de 1.ª necessidade.
Que interessa o que está dentro da caixa negra?
P.S. – Considero que o formato de distribuição convencional é explorador, no entanto não é ditatorial... As bandas que se mexam, algumas já o fizeram... Dá é mais trabalho e menos segurança, é a vida.
Olá kkk,
ResponderEliminar(isto com alguém que já se conhece é outra coisa ;)
O problema principal não está nas bandas voluntariamente cederem direitos sobre a sua música. O problema está na lei atribuir direitos de propriedade a sequências de números, tornando ilegal e punindo quem as usa sem que o público ceda esse direito voluntariamente. Os números já são domínio público.
Pior ainda, nem especificam quais as sequências protegidas (nem podem; usava-se outras e pronto). A lei considera propriedade duma distribuidora todas as sequências de números que a distribuidora quiser.
Finalmente, a caixa preta não é uma boa analogia. Podes ouvir musica num CD em segunda mão, emprestado, ou gravado de um programa de rádio, ou de muitas outras formas sem pagar um tostão aos músicos ou distribuidoras. Legalmente. Não é apenas o resultado que conta, mas principalmente o que se faz. E transmitir blocos de dados gerados aleatoriamente não devia ser ilegal.
a questão é o preço e sempre o preço, quem pirateia multimédia, seja filmes, musicas ou jogos e inclusive software só o faz por causa dos preços, deixemo-nos de bizantinisses, se 1 cd de musica custa-se 10 euros ou mesmo 5 eles ao invez de venderem 3 cds e ganharem os mesmos 15 euros venderiam muito mais, e ganhariam muito muito mais, 1 filme a 25 euros, 1 jogo a 50 euros, 1 software que chega a custar mais de 500 euros? se isso não é exploração então é o que? querem reduzir a pirataria em 90%? simples, baixem os preços!
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