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A Sun é um dos principais promotores do OpenOffice, um rival gratuito e open source* do Office da Microsoft. O OpenOffice foi o primeiro aplicativo do género a guardar os documentos em formato XML, um formato padrão de acesso livre. Em contraste o Office da Microsoft guarda os documentos em formatos proprietários que só a Microsoft oficialmente conhece, é caro, e alterar-lhe seja o que for é crime. Em 2003 a União Europeia solicitou à Sun que participasse na elaboração de normas para uniformizar o formato dos documentos electrónicos de escritório, como folhas de cálculo e documentos de texto. Uma norma destas deve ser aberta e em linha com os formatos padrão que já são usados.
Cá em Portugal o IPQ formou a Comissão Técnica de Linguagem de Normalização de Documentos para discutir as normas ISO. A Microsoft é representada por duas pessoas, uma das quais é presidente da comissão. Há representantes de empresas como Primavera e Jurinfor, parceiros da Microsoft em Portugal, e da ASSOFT, a associação Portuguesa de software comercial. Não há participantes de universidades, bibliotecas, ou outras organizações com interesses e conhecimentos em documentação estruturada. E agora recusaram a os pedidos da Sun e da IBM para participar na comissão técnica. A justificação foi que não havia mais cadeiras na sala.
Ser a Microsoft com os seus compinchas a decidir as normas ISO para a estrutura de documentos é um escândalo que dá brasa para muita sardinha, mas vou puxar só à minha. Não é por acaso que o encerramento do BTuga dá noticias em todos os canais de TV mas uma coisa destas não aparece em lado nenhum. Passou-se há duas semanas, mas só soube hoje pelo blog espanhol do Jorge Cortell (1). Foi seguindo as fontes de notícias espanholas que fui dar ao Abre-te Software, do Paulo Vilela (2). Nem é por acaso que as empresas que usam formatos fechados e proprietários conseguem controlar uma comissão cujo objectivo é criar padrões para todos usarem. É pelo dinheiro e poder que a lei lhes dá ao conferir monopólios sobre informação.
É ingénuo pensar que basta oferecer software e música por outras vias que não empunhando o copyright para resolver o problema. E é errado pensar que o direito de proibir os outros ou manipular mercados é de exercer ou não conforme se achar melhor. O facto é que este sistema está podre.
* open source: o código fonte é disponibilizado e pode ser alterado e distribuído com as alterações. Wikipedia.
1- Jorge Cortell, 30-7-07, Instituciones públicas se dejan y Micro$oft se aprovecha
2- Paulo Vilela, 16-7-07, Sun Microsystems "sem espaço" na normalização de documentos em Portugal