segunda-feira, julho 30, 2007

Treta da Semana: a Faniologia.

Já falei da ovniologia há uns tempos, mas volto ao tema por um convite irresistível que me lançaram dois leitores comentadores não identificados. Cito verbatim o leitor que assina Ufopt: «s não sabe do q fala mais vale estar caladow». É graças ao muito que aprendi com estes comentários que me atrevo a falar disto de novo.

Sei agora que a designação é errada. Os leitores Ufopt e S1LV3R_W0LF explicaram-me que o termo «ovniologia» ficou infelizmente associado a «discos voadores e homenzinhos verdes, quando na verdade não é assim». Em vez de OVNI devemos usar FANI, ou fenómeno atmosférico não identificado. Presumo que o seu estudo será a faniologia.

Não sei se o leitor que assina Ufopt está associado ao site UFOPT, o portal faniológico Português que ainda se apelida de ovniológico (2). Nesse site podemos ver um estudo do fenómeno atmosférico não identificado conhecido como mutilação do gado, e o número 4 da revista Ufopt Magazine dá a prova cabal que a faniologia não é só discos voadores e homenzinhos verdes:

«O conceito de mutilação de gado está relacionado com a descoberta de animais, em propriedades rurais particulares, aos quais foram retirados órgãos internos, através de cortes precisos com supostos instrumentos sofisticados. Nestes casos, os cadáveres apresentam indícios de não terem sido alvo de predadores. Uma das hipóteses que se levanta é a de que os animais foram alvo de mutilações por extraterrestres. Uma consideração sustentada não apenas nas evidências da mutilação em si (aspecto dos tecidos, das entranhas dos cadáveres), mas também pela inexistência de demais sinais físicos que apontem no sentido de uma causa menos misteriosa, como: ausência de pegadas, vegetação não pisada, ausência de marcas de veículos.» (UfoPt Magazine, nº4, p. 31)

Outra hipótese é que os furões, os corvos, e as larvas de mosca não usam veículos nem pisam muito a vegetação. Os órgãos retirados tendem a ser os genitais, olhos, ou tecidos moles mais susceptíveis de ser consumidos por insectos ou pequenos necrófagos. Os cortes com «supostos instrumentos sofisticados» são consistentes com os dentes afiados de pequenos animais e com a dessecação da pele e inchaço dos tecidos, que resultam em lacerações em linhas direitas. Os necrófagos também preferem consumir os órgãos internos penetrando pela boca ou ânus da vaca em vez tentar furar o couro resistente. Esta hipótese foi testada experimentalmente deixando num campo uma vaca morta e observando-a durante 48 horas. Mesmo sem se registar a presença de ETs a vaca ficou tal e qual aquelas cujo fim se atribuíra a caprichos de outro mundo (3).

Entrevistado nesta revista, o ufólogo/ovniologo/faniólogo Pepe Chaves explica o papel desta disciplina:

«Seria atuar como “um farol para a ciência” [...] Tal luz em si deverá atuar de forma a mostrar ao homem que segura a lanterna que a emana, quais deverão ser os aparatos que ele deverá usar para analisar ou tocar àquilo que sua lanterna clareou ali na frente»(UfoPt Magazine, nº4, p. 15)

É uma imagem bonita. Mas temo que, na longa lista de problemas que preocupam a ciência, o furão que roeu o ânus da vaca esteja longe dos primeiros. Mesmo sendo um fenómeno atmosférico intrigante.

1-Ovniologia
2- UFOPT
3- The Skeptic’s Dictionary, Cattle "mutilation"

7 comentários:

  1. "Mas temo que, na longa lista de problemas que preocupam a ciência, o furão que roeu o ânus da vaca esteja longe dos primeiros. "

    Já do ponto de vista da vaca, este será porventura um dos problemas que mais a inquietam.

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  2. Como diria o furão, é uma questão de perspectiva...

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  3. Não é por acaso que se chama (funny)ologia.

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  4. Será que não respeitas nada homem?
    A devassar assim a vida atribulada destes animais. Que diriam os criacionistas deste fetiche dos furões com as vacas mortas.
    Não havia necessidade!

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  5. o truque aqui, acho q n está em "funny", mas em "fanny", outra palavra para nádegas.

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  6. Yup. Uma forma mais subtil de "se não sabes o que dizes não inventes siglas estranhas" :)

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  7. Faz sentido fulano de tal, as nádegas estão intimamente ligadas com outro estranho fenómeno atmosférico, objecto de estudo da Flatologia.

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