Estranhamente!?
O Ricardo Pinho (obrigado ao João Vasco pelo aviso) escreveu no Ensaio Geral (1):
«...investigações conjuntas da PJ e da ASAE tem resultado no encerramento de sítios nacionais de partilha ilegal de ficheiros protegidos por direitos de autor.
As reacções na blogosfera nacional, estranhamente, são de indignação contra as autoridades. [...]
Não me compete a mim explicar agora as vantagens da propriedade intelectual, e em como os direitos de autor são o garante da cultura da nossa civilização.»
Não é assim tão estranho. É que a blogosfera depende de ideias que não são tratadas como propriedade. Os protocolos de transmissão. O HTML e CSS. A própria ideia de fazer um blog. O Justin Hall não recebeu um cêntimo dos milhões de pessoas que copiaram a ideia dele. Pela propriedade intelectual haveria meia dúzia de blogocantos, e só para quem pagasse.
A nossa civilização também assenta em ideias que não são propriedade. A ciência. A política. A ética. A nossa cultura é essencialmente ideias que não são propriedade. O rock and roll, o barroco, a comédia, o impressionismo, as obras de Shakespeare e Heródoto, a ficção científica, o cinema. E já havia civilização e cultura antes da convenção de Berna em 1886.
Finalmente, a propriedade intelectual não é propriedade. Nem pode ser. A ideia ou é segredo ou é de todos. A minha casa é propriedade. Não podem usar um bocadinho dela para citação, não a podem usar gratuitamente para fins educativos, não passa a ser domínio público ao fim de um período, e não a podem usar à vontade para crítica ou sátira. Mas a ideia da minha casa não é propriedade.
O termo é enganador porque «propriedade intelectual» não tem nada a ver com ser dono de uma coisa. É uma miscelânea arbitrária de restrições. Não se pode copiar, excepto para uso pessoal. Pode-se vender em segunda mão se for um livro, mas não se for software. Pode-se cantar no duche mas não na rua. Pode-se partilhar a música com os amigos numa festa em casa mas não no clube recreativo.
E não se confunda civilização e cultura com aquela minúscula fatia que os tais direitos de autor abrangem e que, felizmente, deixa livre o mais importante. Mesmo se nos restringirmos à arte vemos que a verdadeira inovação não é protegida. Ninguém fica dono de um estilo novo ou de uma forma de expressão artística inovadora. Um Robert Leroy Johnson, para a propriedade intelectual, não vale mais que uma Mónica Sintra.
O Ricardo fala nas «vantagens da propriedade intelectual», mas não diz em relação a quê. Certamente melhor que um pontapé nas partes baixas, é ainda assim pior que muitas alternativas. Como não considerar crime a partilha de conteúdo digital para uso pessoal. A arte floresce da liberdade de expressão e de inspiração, e tem pouco a ganhar prendendo quem dela quer usufruir. À lei podemos dar melhor uso, porque há por aí coisas mais perigosas que miúdos a gravar DVDs. E não se iludam com a treta de incentivar a inovação recompensando quem vende mais cópias.
1- Ricardo Costa Pinho, 25-7-07, PJ e ASAE chegam aos subterrâneos da Internet
O que é curioso é que para um btuga fechado já apareceram umas quantas novas plataformas p2p. Faz lembrar o aprendiz de feitiçeiro - onde é que eu fiz esse download? - quando começa à machadada às vassouras e elas se multiplicam. O caso é exactamente esse. Mais uma pandemia. Com asae à mistura será gripe das aves?
ResponderEliminarP.S. - ó Ludwig, se não for pedir muito, queria pedir que não se referisse a mim como "o leitor que assina". NCD chega muito bem: são as minha iniciais. Pode ser?
Oi,
ResponderEliminarNão é pedir muito, mas como não é o nome é assim que costumo referir. Se é anónimo, digo «leitor anónimo». Se escreve o nome, ou algo parecido com o nome, digo o nome. Se escreve algo que não é o nome digo que é o leitor que assina com algo que não é o nome...
Posso fazer uma excepção no teu caso, mas não prometo que não me esqueça quando chegar a altura... não me sai fluidamente tratar alguém por nquede, ou como lá isso se lê :)
Ao blogueiro que assina Ludwig, :-)
ResponderEliminarO amigo que criou o conceito de blog não recebeu nada pela ideia, esta tornou-se de todos, e depois, veio o Blogger sugerir que se venda espaço publicitário, e alguém viva a blogar. E se em vez do autor do blog, houver um esperto que desvia o conteudo do blog, e lhe junta uns anuncios e sem sequer contribuir para a ideia (pagando ao autor) começar a ganhar dinheiro do blog alheio?
É como alguem que cobra 5 Euros por 300Gb de download. Se vende o espaço do servidor para alojar sites, não pode alegar que cobra para pagar a existencia do espaço onde fornece os downloads, e se os está a vender mais baratos, não vejo onde é que alguém o pode defender, e parafraseando do teu post "não se iludam com a treta de incentivar a inovação" através da divulgação massiva e distribuição gratuita, que isto é chupismo puro e duro. É incentivar vermes a viver da criação dos outros, tal como o gajo que vende CDs a 3 euros e DVDs a 5 euros na feira.
A questão de as restrições existirem é como qualquer outra, porque é que é proibido andar a mais de 120 km/h? Se vais advogar que é por segurança, vou responder "treta!", a limitação foi imposta devido à crise do petróleo de 73, para cortar o excesso de consumo, mas, se vamos por aí, também deviamos proibir os Kias e o Hyundais e os Chevrolets de circular, pois gastam mais 2 litros aos 100 para andar o mesmo que um Renault ou um Peugeot ou Citoen.
Ninguém diz que os D'ZRT querem que tu oiças o trabalho deles :-), por isso se proibem a cópia livre, estão a garantir que nem por acidente tropeças "naquilo". A proibição de cópia garante que nem pedaços isolados são usados para os fins errados. Não sei se os Rammstein gostariam de vêr o 50 Cent a cantar uma canção deles assassinada pelo hip-hop, se a cópia for livre pode acontecer, e não me tentem vender que é do interesse da sociedade. Tal como já percebeste em relação aos filmes, pensa que D'ZRTs não vivem dos discos, mas, do marketing da imagem deles, e como eles todas as bandas fajutas, por isso, a liberalização da cópia só vai benificiar este género de ruido.
Se em 1886 resolveram restringir a cópia do trabalho intelectual, talvez tenha sido por constatar que nas centenas de anos anteriores se perderam milhares de trabalhos porque as pessoas não podiam viver desse trabalho, e depois aparecia um asno qualquer que vivia de copiar o que outros inventavam, ou porque alguns arranjava mecenas para os sustentar por outros motivos que não o mérito artistico, e roubavam o sustento de quem tinha verdadeiro metodo, etc. Por cada motivo "socialmente autruista" que arranjes, pode-se sempre encontrar um motivo "individualmente autuista" que faz sentido na sociedade actual, e que evita o egoismo colectivo ou de quem quer consumir sem pagar, ou de quem quer vender sem produzir.
Eu proponho uma forma intermédia de distribuição, e não estou a brincar...
ResponderEliminarA solução é uma central de distribuição, onde se possa pedir uma cópia legal de determinado trabalho, e cujo tempo de resposta é limitado a n dias, e o preço é sepre limitado a um standard. Se ao fim desse tempo não houver uma cópia legal disponibilizada a todos os que a pediram, esse trabalho deixa de estar ao abrigo da lei de copyright e a cópia passa a ser livre.
Assim, evita-se a estupidez que encontro no actual sistema, em que o primeiro album de uma banda que eu pretendo comprar não está disponível porque a editora não tem cópias nem tenciona fazer mais, mas, nem a própria banda pode fornecer cópias a quem pede senão, tem de lhes pagar uma indeminização.
Se for por este caminho, eu alinho contigo, e mais de 99% da musica estará no dominio público em poucos anos. Não me parece que faça mossa aos U2 a livre cópia do Boy, mas, talvez a cópia do ultimo album afecte e muito.
lol ainda hoje passei um disco de 300 Gb's cheio de full albuns a 2 amigos meus!!!
ResponderEliminarisso são 3000 CD's audios!
(3.000x15€=45.000€) o disco externo usb custou menos de 100€.
Portanto como 45.000€ é mais 450 vezes mais caro que 100€ a pirataria nunca vai acabar alem do mais sabe mesmo bem ter a "FNAC" em casa :-)
António,
ResponderEliminarNão estou a perceber bem o argumento nesse comentário...
«É incentivar vermes a viver da criação dos outros, tal como o gajo que vende CDs a 3 euros e DVDs a 5 euros na feira.»
Talvez. Mas quantos compositores fizeram músicas sem usar nada das criações dos outros? Se viver da criação dos outros é ser verme, ou assumimos a nossa situação de invertebrado ou temos que abandonar toda a ciência, cultura, e civilização...
Eu não sou contra a regulação de certas actividades. Mas em cada caso temos que considerar bem os prós e os contras. Essa coisa do artista criador e dos vermes que se servem da sua criatividade é treta. É tudo verme.
António,
ResponderEliminarO segundo comentário já se percebe melhor :)
Centralizar a cópia é asneira. O p2p é muito mais eficiente. Além disso proibir o p2p implica proibir transmissões digitais. Uma proibição em que é impossível especificar o que se pode ou não transmitir. Finalmente, é impossível na prática sem fechar a internet...
E sendo o objectivo último que haja o mais e melhor possível de arte no domínio público e acessivel a todos, é bem razoável que se encontre uma forma alternativa de atingir este objectivo que não passe por restringir a distribuição aos mais ricos e impedir a entrada no domínio público por mais de um século. Eu diria que o copyright é ir na direcção contrária...
hummm como vao eles combater a pirataria dentro de menos de 5 anos com ipods ou equiparaveis com 1 terabyte de espaço e bluetooth a 100 mbits? 1 policia por cada habitante!???????
ResponderEliminaranyway comprar titulos originais nao ajuda a maior parte da populaçao mas apenas um lobby de xulos .
ResponderEliminarcomprar originais faz sair divisar do nosso país eles mandam plastico nós alienamos patrimonio e como se nao fosse tudo a compra de originais gera receita fiscal que será distribuida por corruptos.
Este ultimo anónimo ainda está na fase de anarca revoltado. :-)
ResponderEliminarNem tudo é corrupto, nem a saida de divisas parece afectar muito quem compra computadores, ipods, cds regraváveis, discos internos, externo e tudo o mais, porque se assim fosse, não compravam nada disto que também vem tudo de lá de fora. Procure outros argumentos, que esses são demasiado fáceis de rebater...
O anónimo anterior é utopico. :-)
Se quiserem proibir a cópia, e houver muitos ipods, e outras formas de transporte de dados, sólidas, eles podem sempre adoptar a táctica fascizoide de apreender o ipod, o disco, o cartão de memória, etc. Já o fazem com outras coisas, sem razão nenhuma, como sejam penhoras por dividas inexistentes ao fisco, etc. :-)
Ludwig,
A minha questão não é centralizar a cópia, é ter um ponto especifico onde obrigar a industria a prestar contas, se quer manter restrições.
Qualquer trabalho pode ser protegido por alguns anos, por exemplo 5, e depois disso, sempre que alguém quer uma cópia de um trabalho, a editora tem de indicar onde existam cópias para venda, além de enviar a cópia para esse ponto de distribuição. Se não o fizer perde os direitos de protecção. Isto acabava com o problema de muitos consumidores que querem comprar e não podem porque não há e a editora não quer fazer mais, porque tem a papinha toda feita. A questão é dar-lhes obrigações para cumprir, para manterem direitos. O que eu sou contra é a corrente comum de pensamento que existe actualmente que toda a gente acha que só tem direitos, e nunca tem deveres.
Ludwig,
ResponderEliminarEstou do lado do António, tenho pouco a acrescentar...
«Talvez. Mas quantos compositores fizeram músicas sem usar nada das criações dos outros? Se viver da criação dos outros é ser verme, ou assumimos a nossa situação de invertebrado ou temos que abandonar toda a ciência, cultura, e civilização...»
Aqui estas a cometer um erro. Ao colocar, por exemplo, ciência, no mesmo patamar que a música ou filmes, nessa comparação enganas o leitor.
A ciência, civilização etc. Estão em planos diferentes, e aqui, estás a colocar os rebuçados no mesmo plano da insulina.
Essa comparação não é justa, e induz um erro no teu argumento.
Lembra-te bem que estamos a falar de música e filmes. Aquilo que se vê a comer pipocas.
mário,
ResponderEliminarnão percebi pq é q dizes q n se pode comparar a criação cientifica com a criação artistica.
e o q é q as pipocas têm a ver com o assunto?
Fulano de Tal,
ResponderEliminarComparação? Claro que pode haver comparação.
Repara bem que eu não disse que não se pode comparar, o que eu disse é que a comparação não pode concluir que estão no mesmo plano.
Eu não coloco no mesmo plano a investigação científica; por exemplo: o desenvolvimento de um fármaco, e uma música. Achas que estão no mesmo nível de importância?
Custa-me a acreditar que seria isto que querias dizer.
Pipocas, comem-se a ver um filme ou ouvir uma música, indicado unicamente o carácter lúdico do que está associado.
sim, eu dou o mesmo nivel de importância a um fármaco e a uma música.
ResponderEliminarDe que me interessa curar uma doença, se em troca for obrigado a viver o resto da vida sem ter acesso a um livro, um filme, uma musica,...
Citando Pessoa, não tenho qq interesse em ser um cadáver adiado que procria ;)
Fulano de Tal,
ResponderEliminarSem um dado fármaco que te permita sobreviver a uma dada doença,
por mais música que houver, tu não a vais ouvir, é um facto independente da nossa vontade.
Se fosses diabético,
a insulina para ti teria o mesmo valor de uma música? Ou seja, os laboratórios deixassem de produzir insulina e fornecessem música, tu,
até à morte terias uma série de maleitas associada à doença; como a gangrena, cegueira, insuficiência renal, o diabo...
Presumo que não seja esta a escolha (que seria legítima) da maioria.
Mas repara que ninguém te proíbe de ter a música ou o livro, não é proibido compra-los.
Fulano de Tal,
ResponderEliminarEstava aqui com uma crise criativa, e essa ultima frase acabou de me avivar os sentidos... Vou plagiar Pessoa na minha próxima criação. Até não deve ser mau de todo, os Moospell usaram Pessoa numa canção e são famosos. :-)
Digamos que se pode até comparar a musica a um farmaco... Os farmacos estão protegidos por determinado periodo. Tal como na minha sugestão. :-)
Mário Miguel,
ResponderEliminarÉ precisamente por não ser insulina que acho que não se justifica tanta regulação. Se nem na ciência incentivamos a criatividade dando ao autor o direito de proibir os outros de difundir a sua criação, porque é que havemos de dar esse direito aos aspectos menores da música (menores porque os direitos de autor só cobrem os avanços pequeninos, esta ou aquela música, e não os avanços grandes de estilos novos ou verdadeiras inovações).
Ludwig,
ResponderEliminar«É precisamente por não ser insulina que acho que não se justifica tanta regulação.»
Aqui a regulação, genericamente falando, refiro aquela que poderia impedir a democratização do "bem".
E aí a música fica abaixo da ciência, no sentido que essa protecção aplicada à música é menos danosa, e que a faz tem o direito de fornece-la com as regras que lha apetece, só compra quem quer.
Mas olha que a comparação da ciência com a música e respectivos incentivos tem que se lhe diga. No caso da ciência, a orgânica dos incentivos obedece a um paradigma diferente. Basta ver o que as guerra fizeram com a ciência, empurrando-a como nunca. Os modelos em causa são muito distintos.
A música tem uns, a ciência outros.
Nunca se criou tanta música ou filmes como agora. Claro que Há mais variáveis neste fenómeno que os direitos de autor e de copia.
António,
ResponderEliminarObrigar a industria a prestar contas é boa ideia. Uma proposta que já conheço há uns tempos mas que tem sido meramente académica é obrigar a pagar uma taxa moderadora -- um euro por ano, por exemplo -- só para que não fiquem sentados em cima de milhares de músicas que não editam.
«O que eu sou contra é a corrente comum de pensamento que existe actualmente que toda a gente acha que só tem direitos, e nunca tem deveres.»
Exacto. Por isso sou contra dar a uns o direito de proibir os outros de enviar números pela internet.
Mário Miguel,
ResponderEliminarTambém nunca houve tanta gente como agora, nem tanto poder de compra, nem tanto tempo livre, nem tanta procura de entretenimento. No meio disto tudo os tais direitos de autor, sistematicamente ignorados por tanta gente, são irrelevantes.
O que é relevante é restringir outros direitos, como o direito à privacidade ou a liberdade de expressão, em nome deste copyright. Se fosse insulina, ainda compreendia. Mas por bolhachas não faz sentido.
Ludwig,
ResponderEliminar«Exacto. Por isso sou contra dar a uns o direito de proibir os outros de enviar números pela internet.»
E os que produzem o trabalho. Onde estão nesta tua frase?
«Também nunca houve tanta gente como agora, nem tanto poder de compra, nem tanto tempo livre, nem tanta procura de entretenimento»
Sim, concordo contigo e referi-o ao afirmar que «Claro que Há mais variáveis neste fenómeno...]»
Mas no entanto, já consultei vários estudos, com amostragens generosas, e há de tudo nas conclusões.
Acho que o desempate das várias conclusões necessitará de mais tempo para que a análise não possa ser falseada, e a tua parece ser tendenciosa, e a minha provavelmente também, estou aqui num "lodo" que é difícil de sair.
«O que é relevante é restringir outros direitos, como o direito à privacidade»
Referes-te a monitorização das actividades, P2P etc... Porque é que não se pode monitorizar ou verificar se alguma possibilidade de ilegalidade? Eu não me queixo se a B.T. me parar na estrada e me fiscalizar os documentos do carro etc... Poderei afirmar que isto «é restringir outros direitos, como o direito à privacidade»? Quando abro uma conta num banco, quando me inscrevo numa escola, compro uma casa, etc...
Tenho que lesar a minha privacidade.
«Se fosse insulina, ainda compreendia. Mas por bolachas não faz sentido.»
Então para a insulina compreendias?
Então estás de acordo que se "blinde" a insulina?!? Parece-me no mínimo, injusto. Agora por coisas triviais, por mim, tudo bem.
«E os que produzem o trabalho. Onde estão nesta tua frase?»
ResponderEliminarComo todos os outros. Os músicos não são as únicas pessoas que trabalham. Como qualquer trabalhador, podem exigir que lhes paguem para fazer um trabalho.
Mas pagamos ao canalizador pelo arranjo dos canos, não por cada vez que abrimos a torneira. Isso seria uma parvoíce. E deve-se pagar ao músico para criar a música, não cada vez que a ouvimos.
«Referes-te a monitorização das actividades, P2P etc... Porque é que não se pode monitorizar ou verificar se alguma possibilidade de ilegalidade?»
Refiro-me à própria ilegalidade. Opção A: ninguém tem nada a ver com o que eu transmito mesmo que seja música. Opção B: se for música, a minha liberdade de expressão e privacidade que se lixem.
Pela pornografia infantil ou coisas desse género acho que se justifica. Mas pelo Quim Barreiros?
É uma inversão total de valores. Nem o copyright é a única forma de incentivo, nem incentivar a música é mais importante que a privacidade e a liberdade de comunicação.
«Então estás de acordo que se "blinde" a insulina?!?»
Não... com a insulina estou de acordo que se use métodos coercivos para forçar o mercado. Por exemplo, comparticipando a insulina com dinheiro que é cobrado nos impostos, e punindo com prisão quem não pagar impostos.
Mas com a música, a culinária e afins já não. Aceito a necessidade de alguma regulação do mercado, mas nunca esta invasão da esfera privada em nome das empresas discográficas.
Ludwig,
ResponderEliminarEstás a arrasar um dos teus fãs... O anónimo anarca, que acha que os impostos só enchem os corruptos. Olha que lhe dás um desgosto a dizer que devemos pagar impostos.
Eu acho que estás um pouco confuso com algo... O que o copyright quer é que tu pages uma vez pela cópia que tens, depois podes ouvir as vezes que quiseres, e não pagas nada mais. por isso quando dizes "E deve-se pagar ao músico para criar a música, não cada vez que a ouvimos" estás a querer iludir alguém.
Vou dar-te outro exemplo excelente (modestia à parte, lol). Se o cópia é livre, qual é a razão para alguém gravar a musica? Voltas ao pré 1886, em que quem queria musica pagava bilhete para ir assistir ao concerto... E o que é que vem de positivo ao mundo de isso acontecer? E se alguém tentar gravar o espectáculo, que é uma actuação privada, com regras claras de não gravação, qual é a solução? É tão válido alguem gravar o som de outrem sem consentiembto como de tirar a tua fotografia e circular a mesma sem o teu consentimento, em qualquer grupo de conhecidos. Sem o copyright, podes ter a certeza que ninguém tem incentivos para pagar. Outra coisa... Arranjem um melhor exemplo medico que a insulina, pois ninguém tem copyright sobre essa ou qualquer outra substancia naturalmente produzida pelo corpo humano. Se não no proximo exemplo vamos falar de copyrights sobre a bilis, o sangue, etc.
Ludwig,
ResponderEliminar«Como todos os outros. Os músicos não são as únicas pessoas que trabalham. Como qualquer trabalhador, podem exigir que lhes paguem para fazer um trabalho.»
Pois é bem verdade, mas os modelos de negócio são diferentes, e é aí que reside o problema de os colocares ao mesmo nível, fazendo um paralelismo que efectivamente não há. Como eu já referi, um músico ao tocar sabe as regras, logo tem que "concordar" com elas (concordo e admito que não são boas), as editoras distribuidoras tem o direito de fazerem o que fazem, por mais que me custe dizer isto. Elas ditam as regras, vendem diversão. Ludwig, só compra quem quer. Se o músico está em desacordo, adopte outra estratégia, como alguns estão a fazer, e bem.
Não estas de acordo não compras, mas não podes ir contra o que está estabelecido à partida, mesmo que tenha poucos incrementos.
«Mas pagamos ao canalizador pelo arranjo dos canos, não por cada vez que abrimos a torneira. Isso seria uma parvoíce. E deve-se pagar ao músico para criar a música, não cada vez que a ouvimos.»
A comparação do canalizador a um músico está errada.
Um canalizador executa a mesma função, ou conjunto de funções, todos os dias. Não cria nada de novo, ele é remunerado por fazer aquela função, ou conjunto de funções, que são sempre as mesmas, digamos que está sempre a tocar o mesmo CD. E ele não perde por não cobrar por se abrir a torneira, pois ele é unicamente pago para repara a(s) avaria(s), que a maioria não se arrisca a reparar ou não se que dar ao trabalho, e a reparação, não é copiada facilmente, não a transmito via P2P. O equivalente aqui seria o compositor vender sistematicamente o mesmo conjunto de músicas, (o mesmo conjunto de reparações). O abrir da torneira é algo que simplesmente foi reposto, e não criado pelo canalizador. A ser cobrado por alguém, seria por quem fabricou a torneira ou pela companhia das águas (o que já ocorre).
«ninguém tem nada a ver com o que eu transmito mesmo que seja música [...] se for música, a minha liberdade de expressão e privacidade que se lixem.»
Concordo contigo, arranje-se um sistema, que fiscalize de forma autónoma, que só torne publico a
infracção, tudo o que está fora disto (sem a possibilidade de alguém tomar conhecimento) será descartado imediatamente. Ou seja: "quem não deve não teme". E assim quem não transgride, fica com a confidencialidade absolutamente garantida.
«Pela pornografia infantil ou coisas desse género acho que se justifica. Mas pelo Quim Barreiros?»
Só compras o Quim BArreiros se quiseres, se não comprares, não implica desregulares os teus níveis de glicemia no sangue :-) E sabendo que ele criou a música concordando com toda a cadeia de regras que vai até à venda, só tens é que aceitar, e se copias, estás a ir contra as regras de quem tem o direito de as fazer. Como já tinha referido: se o Quim Barreiros impor que só se possa ouvir a música dele as quintas-feiras, por mais ridículo que seja, quem tocar as sextas deveria ser penalizado. Se estás em desacordo não compres.
«É uma inversão total de valores. Nem o copyright é a única forma de incentivo, nem incentivar a música é mais importante que a privacidade e a liberdade de comunicação.»
Ludwig, aqui tenho muitas dúvidas, como já referi, já li muita coisa, muitos estudos que me pareceram bem
fundamentados, e que produzem opiniões contrárias, Neste ponto, faço minhas as palavras do António, se ele não se importar e não levar nada por isso:-) Para se saber mais sobre a mecânica do incentivo e impacto da cópia, que é muito recente, acho que deverá passar mais uns anos, e ver como a poeira assenta, pois este fenómeno ainda é demasiado novo e a coisa ainda não estabilizou.
«Mas com a música, a culinária e afins já não. Aceito a necessidade de alguma regulação do mercado, mas nunca esta invasão da esfera privada em nome das empresas discográficas.»
Repara que ao pores música e culinária no mesmo patamar, estás a cometer o mesmo erro que fizeste com o canalizador. Pois na culinária o "Chef" não tem um grande problema com a cópia, na maior parte dos casos,
embora tente ter as receitas mais especiais em segredo, conheço mais do que um, e eles referem-me este ponto; o segredo vigora em algumas receitas como forma de "blindagem". Mas mesmo o que passe para fora, não vai causar muito dano, pois quando se vai comer ao restaurante do "Chef" "X", vai-se pela saída que se faz, diferente do que ficar em casa, vai-se pelo serviço, pela decoração do restaurante, pela envolvente, pela companhia, por estar a ser servido e não se estar a cozinhar, peles gajas (boas) que frequentam o restaurante, pelo prestígio do lugar, etc; logo a receita em sí, é uma pequena parte de um todo, e esse conjunto que se paga, sendo dificilmente copiável. Por isso, a mesma receita em restaurantes diferentes, pode ter resultados distintos. E isto eu já constatei várias vezes.
Relativamente a invasão da tua privacidade, mais acima, eu dei solução para que isso não ocorresse.
Eu concordaria com um sistema mais agradável para o consumidor (repara que eu não usei a palavra justo) que não o é neste momento. Músicas muito mais baratas. Distribuição directa do produtor ao consumidor,
mas também um sistema de editora à mistura. É que eu na música, como na comida, gosto de comer bem, mas de tempos a tempos gosto de ir ao McDonald's.
Mário Miguel,
ResponderEliminar«Pois é bem verdade, mas os modelos de negócio são diferentes, e é aí que reside o problema de os colocares ao mesmo nível»
São diferentes por causa do copyright. Porque o canalizador se trabalha para uma pessoa pode ir a seguir trabalhar para outra. Mas o copyright impede o músico de o fazer, pois tira-lhe o direito de tocar as suas próprias músicas.
A diferença dos modelos não é por causa de uma diferença na actividade. É por causa do copyright. Como tal não pode justificar o copyright.
«Um canalizador executa a mesma função, ou conjunto de funções, todos os dias.»
E achas que a 30ª canção do Emanuel foi uma grande inovação em relação ás outras 29? Quem diz um canalizador diz um professor, um chefe de cozinha, um designer de moda, um matemático, um bioquímico, um político, um filósofo, entre outros.
«Repara que ao pores música e culinária no mesmo patamar, estás a cometer o mesmo erro que fizeste com o canalizador. Pois na culinária o "Chef" não tem um grande problema com a cópia, na maior parte dos casos,»
Penso que és tu que cometes o erro... O músico que toca a contrato fica impedido de ganhar dinheiro com a música que criou. O chef que cozinha a contrato pode sair desse restaurante e ir usar as receitas que inventou noutro restaurante qualquer. É esse o factor principal da diferença entre os modelos de negócio.
O chef não tem problemas que copiem a receita porque pode viver do seu trabalho e não da cobrança das cópias da receita.
Acabar com o copyright ia pôr os músicos na mesma situação que o chef. Isso tem algumas desvantagens em relação ao modelo presente, mas tem vantagens na maior liberdade de criação e execução.
Ludwig,
ResponderEliminarAcabar com o copyright só significa que não vão ser feitas gravações. O musico limita-se a fazer actuações sem gravações e em vez de 6 biliões poderem ter música passa a ter 10000 por cada concerto.
Se a 30ª canção do Emanuel é igual às outras, o dito artista não vai vender nada, pois os clientes já têm 29 "cópias", com a cópia livre a 30ª ainda circula desnecessariamente. :-)
O copyright não proíbe o musico de tocar as suas canções, apenas proibe a distribuição de cópias das gravações das canções... Todos podem continuar a tocar as suas canções pois o registo de propriedade das mesmas é do músico, excepto se receber ordenado para executar o trabalho para outrem. As editoras não compram as canções nem pagam ordenados, apenas investem na compra dos direitos de cópia.
Caro António,
ResponderEliminar«Acabar com o copyright só significa que não vão ser feitas gravações.»
Isto é demonstradamente falso. Mesmo com o copyright já há músicos a ganhar dinheiro assim, apesar da concorrência desleal por esta legislação de monopólios. E em todos os domínios da criatividade que não são cobertos por copyright, das noticias do dia às receitas, da ciência ao ensino, há gravações.
«Se a 30ª canção do Emanuel é igual às outras, o dito artista não vai vender nada, pois os clientes já têm 29 "cópias", com a cópia livre a 30ª ainda circula desnecessariamente. :-)»
Vai sim. Basta juntar essa mais 18 num cd com 20 em que haja uma que os fãs gostem, e depois usar o monopólio para os obrigar a comprar o pacote.
«As editoras não compram as canções nem pagam ordenados, apenas investem na compra dos direitos de cópia.»
Claro. Graças a esta lei o que interessa não é a arte nem a criatividade nem o trabalho do artista. É ter o monopólio da cópia.
Mas isso é uma consequência indesejável do copyright, e não a sua justificação.
Ludwig,
ResponderEliminarChiça que esse "caro" fez-me parecer velho... Corta lá nisso! :-)
É verdade que gravam, mas, apenas distribuem algum trabalho gratuitamente. Não abdicam do copyright. Não podes confundir a distribuição gratuita com a ausencia de copyright.
A falsa ideia de que tudo é transaccionável é que está errada neste processo. O copyright é algo que garante a integridade do trabalho do artista, e a fonte de rendimento deste. Como já te disse numa conversa anterior o que está errado é os trabalhos dos Beatles serem propriedade do Michael Jackson, e outros casos semelhantes. O que está completamente errado é as editoras terem o monopolio do trabalho e não o disponibilizarem a quem o quer comprar. O que está errado é comprarem o trabalho de um artista e não lhe permitirem vender o proprio tarbalho por processos alternativos.
A solução pode ainda passar por outro caminho. Proibir a distribuição exclusiva. Se a Sony compra a possibilidade de distribuir um trabalho, também a Poligram devia poer comprar em simultâneo, e outras editoras, de modo que possam concorrer entre si com os mesmos trabalhos. Isso puxava o preço da cópia para baixo, claramente, e também descia o valor pago aos artistas, obrigando a que trabalhassem mais e melhor para manter os rendimentos.
Acabar com o copyright, mantenho que só vai prejudicar a actividade artistica. Os novos artistas não vaõ ter motivos para gravar nada, pois a gravação custa mais do que lhes vale a receita potencial, e mais uma vez, temos toda a gente a viver à conta do trabalho dos artistas, sem nada contribuir. Experimenta abrir uma discoteca sem musica para passar... Não funciona pois não?! Se o que vale na discoteca é a musica, ou paga a quem a gravou, ou faz a propria música. A avaliar pelo standard da musica de dança esta parece-me viável, pois a qualidade da martelada é só dependente do sampler, e o jeito do DJ. :-)
António,
ResponderEliminarTodos os males que vês no copyright como o temos têm uma origem: tentar fazer de ideias propriedade. Uma vez que a lei tenta transformar algo que facilmente pode ser de todos numa coisa que só uns podem ter, há problema. E o artista é o primeiro a sofrer com isso.
«Acabar com o copyright, mantenho que só vai prejudicar a actividade artistica.»
É errado. Acabar com o direito exclusivo de fazer cópias não vai reduzir a criatividade artistica. Basta veres o que havia de arte antes de 1886. E compará-lo com o que se produz agora em massa na industria discográfica.
E acabar com o copyright vai facilitar imenso a criação de obras derivadas, que com a lei vigente só são permitidas se forem sátira.
Ludwig,
ResponderEliminarDo pré 1886 temos ums dezenas de coisas que apreciamos, do pós 1886 temos milhares. Se falarmos em termos de qualidade, ganha o pré, mas, em termos de massificação ganha o pós...
Queres boa arte para ricaços, e underground para os pobres, ou uma arte igual para todos? O copyright igualizou as coisas... Todos acedem ao mesmo, que é o que foi massificado. Sem o copyright, o bom artista vive dos concertos, que só uns previligiados podem aceder, e não grava nada pois não ganha nada com isso.
Aquele artigo dos exploradores das editoras aplica-se aos hits para teenagers. Nenhunm daqueles gajos me explora daquela maneira. A começar porque tenho um advogado para analisar o que eu assinar. :-) Se aos 16 a 21 anos não têm, isso é problema da idade, e daquilo que os ingleses chamam (e eu adoro o termo) "gullible". :-) Mas esses também aceitariam pagar para actuar numa sala que cobra entradas, em vez de receber...
A musica sem copyright é para profissionais, e a qualidade do trabalho dos profissionais vê-se no R&B moderno que é uma seca descomunal. E depois vêm as actuações ao vivo que são uma treta, algumas em playback, pois não dependem de copyrights, mas, de marketing.
As bandas de grande espectaculos, tipo Pink Floyd, podem oferecer os discos à vontade porque o retorno vem dos espectáculos, e merchandise. A musica é o menor dos elementos na equação. :-)
António,
ResponderEliminarEstás enganado. Em primeiro lugar as coisas de maior valor, mesmo na arte, não estão sujeitas a copyright. São os estilos, aquelas ideias geniais, os temas. Não é esta ou aquela combinação de notas.
Em segundo lugar, algo só tem valor para a arte depois de não estar sob o copyright. Pois só aí é que se pode usá-lo em novas obras.
Em treceiro lugar, Shakespeare e Pachebel são ambos anteriores a 1886. Só aí tens já 99% das músicas e dos filmes.
Quarto, estás a pôr o problema da acessibilidade ao contrário. Sem copyright temos a possibilidade de difundir cultura gratuitamente por centenas de milhões de pessoas. Milhares de milhões, nos próximos anos. E de que todas estas pessoas participem livremente no processo criativo. É o que já se passa mesmo contra a lei, nos blogs, no youtube, e em todo o lado em que, na prática, o pessoal está-se a marimbar para o copyright.
Quinto, o problema de só alguns famosos se safarem é fruto da massificação que o copyright causa. É por isso que tens dois ou três cantores de ópera famosíssimos e centenas de cantores tão bons como estes que ninguém conhece. Porque o que interessa é vender cópias.
Sem o copyright o sucesso seria dividido mais de acordo com o mérito e menos de acordo com a publicidade e os interesses das editoras. E todos temos a ganhar com isso.
Finalmente, temos o problema gravíssimo de impôr essas leis. Originalmente foram concebidas para regular fábricas de discos, filmes e livros. Hoje em dia querem que regule as comunicações de todos os cidadãos privados, e aquilo que fazem em sua casa -- por exemplo, é ilegal comprares uma playstation e soldares lá umas coisas para deixar poderes fazer cópias de segurança dos jogos, mesmo sendo legal fazer as cópias de segurança.
O ponto principal é este: nestes 130 anos o copyright passou de uma restrição à actividade industrial que era necessária para viabilizar o investimento na produção das cópias para uma restrição desnecessária à liberdade individual. Hoje em dia trás muitas desvantagens para todos só para dar vantagens a alguns, e normalmente a quem não as merece.
Ludwig,
ResponderEliminar«São diferentes por causa do copyright. Porque o canalizador se trabalha para uma pessoa pode ir a seguir trabalhar para outra. Mas o copyright impede o músico de o fazer, pois tira-lhe o direito de tocar as suas próprias músicas.»
Essa é uma de várias diferenças, lembra-te que há as outras, e o que eu me referia era sobre o paralelismo, em que o canalizador não cobra pela água estar a correr, assim como o músico não deveria cobrar cada vez que a ouvimos. Foi este o meu ponto,, e só este, em que fica patente que não há paralelismo.
«A diferença dos modelos não é por causa de uma diferença na actividade. É por causa do copyright. Como tal não pode justificar o copyright.»
Então não se pode justificar o copyright, só porque tu afirmas que é o "factor da diferença", sobre algo que inicialmente dizias que era igual (por tua comparação)? Há aqui uma contradição da tua parte.
Eu acho que é por causa da actividade. Actividades diferente não faltam por aí. Não podes comparar um jogador de futebol (desgaste rápido), com um jardineiro. No limite, um músico, supondo que vende directamente, pode vender um único CD e todos os outros são copiados. Isto não pode ocorrer com o canalizador. E repara que o mercado de concertos, como solução para os músicos, só funcionará para uma "casta". Basta ver a quantidade de concertos em Portugal, os únicos músicos que facturam a valer, são os Pimba, associados as comunidades no exterior e às festas de de verão. O resto lixar-se-ia se dependesse dos concertos.
«E achas que a 30ª canção do Emanuel foi uma grande inovação em relação ás outras 29? Quem diz um canalizador diz um professor, um chefe de cozinha, um designer de moda, um matemático, um bioquímico, um político, um filósofo, entre outros.»
Não, não acho. Mas o público está disposto a consumir, e consome Emanuel por isso mesmo, porque mantém esse padrão que tanto gosta... Ao fim do 3.º acorde já diz: é Emanule! Quem consome Emanuel, agrada-lhe
o nível de incremento (pouco) que ele faz de música para música, e se fosse superior (o incremento), provavelmente não gostaria, e é ao público-alvo que tem que fazer cócegas, o nível de incremento, não para ti, que não estás disposto a pagar ou copiar.
«Penso que és tu que cometes o erro... O músico que toca a contrato fica impedido de ganhar dinheiro com a música que criou. O chef que cozinha a contrato pode sair desse restaurante e ir usar as receitas que inventou noutro restaurante qualquer. É esse o factor principal da diferença entre os modelos de negócio.»
Não cometo o erro não. O músico assina o contracto porque quer, pode não assinar. Nota que eu não concordo
com os chupistas das editoras, mas eles têm o direito de o fazer, e só o fazem porque os músicos o permitem, na Currier, vem na 1.ª página que os músicos estão a abandonara as editoras e a virar-se para a Internet e para os concertos... Há muitos anos que eles deveriam mudar a estratégia, mesmo sem Internet.
Tivessem formado uma espécie de sindicato.
«O chef não tem problemas que copiem a receita porque pode viver do seu trabalho e não da cobrança das cópias da receita.»
Se um músico, vende poucas cópias, e tudo o resto é copiado, podes ainda comparar com o "Chef"?
Mesmo que o músico venda sem intermediários?
Não estou a ver, dado a "natureza humana", que consigas colocar o "Chef" na mesma situação do músico.
Mesmo que o músico venda directamente.
O que eu digo é que as editoras têm o direito de fazer o que fazem (mesmo eu não concordando), e aí a culpa é dos músicos, eles que se organizem. Só compra quem quer, e quem não comprar não morre, quem copiar, terá que se sujeitar as regras. Explica-me por que é que não tenho que obedecer às regras em causa. Eles são os únicos que têm o direito de as definir (ou concordar/aceitar/tolerar). É de música e filmes que estamos a falar, não de insulina. Sem copyright, acho que a diversidade decrescerá, e isso, será sempre mau do ponto de vista do consumidor.
Miguel,
ResponderEliminar«Então não se pode justificar o copyright, só porque tu afirmas que é o "factor da diferença", sobre algo que inicialmente dizias que era igual (por tua comparação)? Há aqui uma contradição da tua parte.»
Refiro-me à circularidade do teu argumento. O modelo de negócio do músico é diferente do cientista, do desportista, ou do cozinheiro porque o copyright permite que se tenha direitos exclusivos sobre a criação intelectual do músico. Sem o copyright o modelo seria o mesmo: ser pago pelo que se faz, e não pelo uso que se dá ao que em tempos fez.
O que estás a fazer é justificar dar a facada porque o tipo está morto quando foi a facada que o matou...
«Não cometo o erro não. O músico assina o contracto porque quer, pode não assinar.»
Se permitissemos que os donos dos restaurantes ficassem com direitos exclusivos sobre as receitas, quase todos os cozinheiros teriam que se sujeitar a essas condições porque todos os donos dos restaurantes as iriam exigir. Essa opção desiquilibra o poder dos negociantes, dando uma vantagem excessiva a uma das partes.
Na legislação do trabalho tens muitas regras neste sentido. Obrigatoriedade dos dias de férias e licenças de parto, limites para as horas de trabalho normal e extraordinário, etc.
«Sem copyright, acho que a diversidade decrescerá, e isso, será sempre mau do ponto de vista do consumidor»
Discordo. O copyright é um monopólio da cópia de uma obra. Incentiva a massificação e não a diversidade. Nunca incentivas a diversidade premiando quem vende mais cópias da mesma coisa.