Tudo doido...
Inicialmente concebido para incentivar a criatividade, o copyright tornou-se numa forma de proteccionismo, uma ferramenta legal de supressão da inovação e, finalmente, numa doidice pegada.
Nos EUA cinco pessoas foram presas por tentar gravar o filme Transformers no cinema (1). Com telemóveis. Até um ano de prisão e multas até 2,500 dólares. Dan Glickman, director da MPAA (Motion Picture Association of America), disse que isto servia para lembrar os criminosos que serão presos sempre que tentarem «roubar filmes do ecrã». Antigamente o homem civilizado ria-se da superstição de julgavar que a fotografia roubava a alma. Agora prende quem rouba o filme com um telemóvel.
Na Austrália os bares e discotecas vão pagar pela música €0.7 (1 dólar australiano) por dia por cada cliente (2), um aumento para mais de dez vezes o valor anterior. Além disso esta taxa será calculada pela capacidade do estabelecimento, e não pela ocupação. Quem organizar uma bailarico tem que pagar €2 por pessoa, quinze vezes mais que o valor anterior. A indústria discográfica não se quer afundar sem primeiro chatear o máximo possível.
Também nos EUA, a You Tube apagou cerca de 100 vídeos de um professor de guitarra, David Taub, porque uma editora se queixou que num desses vídeos o criminoso ensinava a tocar a música Brown Sugar dos Rolling Stones (3). Com estas coisas tem que se cortar o mal pela raiz. Se o pessoal se põe a cantar e a tocar deixa de comprar discos e deixa de haver música. É o fim da civilização.
E, já agora, Portugal. O site Português da Pro-Music, sempre fonte de humor e boa disposição, tem uma secção na primeira página onde nos dá as últimas «notícias sobre música online». A mais recente tem quase oito meses, e intitula-se «Evadido do EP de Alcoentre detido na sequência de queixa da AFP»(4). Evadido. Detido. Isto da música online é muito perigoso. Ou talvez não. Além de dar poucas notícias (em 8 meses não terá acontecido mais nada com a música online?) esta é acerca de um tipo que tinha sido preso por contrabando de droga, fugiu da cadeia, e foi apanhado com outro a fazer contrafacção de CDs e DVDs. Fica aqui a lição aos jovens. Muito cuidado. Se fizerem contrabando de droga, forem presos, fugirem, arranjarem 59 gravadores de DVD e começarem a vender filmes na feira a Lei há de vos apanhar. Provavelmente. Pensem bem nisto quando fizerem o download da última música da Britney Spears.
1- Zeropaid, Theater employees and PATRONS team up to help bust pirates across the country.
2- The Australian Nation, Royalty enters nightclubs to pay for play
3- Miguel Caetano, 10-7-07, Professor de guitarra obrigado a retirar vídeos do YouTube
4- Pro-Music, 6-12-06, Evadido do EP de Alcoentre detido na sequência de queixa da AFP.
PENSEM antes de fazer download de qualquer música da Britney Spears!
ResponderEliminarViva a Europa!Fico feliz por viver neste continente.
ResponderEliminarKarin
E depois dá coisas como esta.
ResponderEliminarLudi, vou dar-te um tema, se te apetecer pegar nele:tenho alguma dificuldade a definir o conceito de raça. Precebo o que é uma espécie,mas uma raça? Cães da mesma raça podem apresentar cores, pelagens e tamanhos muito diferentes (Labrador) ou serem de raças diferentes (Huky e Pastor Alemão) e apresentarem caracterísdticas muito semelhantes, pelo menos a nível do phenotipo.(não sei se isto se diz em Port.).Assim, até que ponto é que se pode falar em raças humanas? Isso existe mesmo?
ResponderEliminarbj. Karin
Outra vez o meu tema. :-)
ResponderEliminarExiste demasiada confusão com a questão dos copyrights, que, por sistemático abuso levou ao estado ridiculo a que chegámos hoje.
O Exemplo do filme a ser gravado na sala de cinema parece-me infeliz, porque ninguém grava o filme no cinema para mais tarde recordar... Esses personagens, em seguida tentam vender as cópias para difusão em massa. Esses tipos visam o lucro, se alguém pensa que se fazem filmes sem custos, só por alguma teoria da treta é que defende que se possam copiar livremente.
A questão mantem-se. É ilegal copiar ou difundir o que quer que seja para obtenção de lucro.
As discotecas vivem da musica que passam, se acham que é demais aquilo que pagam, deixem de passar musica. Um músico trabalha e vive da música, e toda a gente acha que tem o direito de viver à conta dessa música, sem lhes pagar o que quer que seja. Ouvir musica não é um direito fundamental, e se alguém nunca ouvir musica na sua vida, não morre por isso. Se não houvesse copyrights duvido que tivesse acesso à musica que oiço actualmente.
É verdade que quem se anda a encher são os CEOs e afins das editoras, mas, conheço várias editoras independentes que nem lucro dão, e sem copyright nem editariam nada. Se alguém pensa que um sistema de gravação que custa na casa das dezenas de milhares de euros se paga só por boa vontade, está enganado. Quando o gajo da feira vende CDs a 5 euros ninguém reclama (porque o tipo teve o trabalho de copiar e gastou dinheiro no material para fazer as cópias), mas, se a editora ou o próprio autor pedirem esses 5 euros é para se encherem, porque os instrumentos são à borla, os estudios são à borla, o espaço onde as coisas são construidas é à borla.
Fazer música não tem custos, e por isso vamos copiar tudo à borla. Se for gravada sem qualidade ou em acustico, 99,9% da musica que ouvem, nunca chamaria a atenção de quem a ouve, e por isso estaria morta.
Eu aceitaria a total abolição dos copyrights, se ninguém além do proprio autor pudesse usar a musica em sitios onde se processem ou gerem transacções.
O copyright é como qualquer outra protecção... Por exemplo, nem sei para quê é que a lei exige que para ser professor/assistente universitário se tenha de ser licenciado? Se basta fotocopiar o livro de algum autor e mandar os alunos lêr... Nem é preciso saber explicar nada. Por isso é que 90% dos professores que apanhei eram uma nulidade, e ainda sei os nomes dos que não o eram. Os outros mandavam lêr fotocopias... e o gajo da reprografia vivia à grande, tendo apenas investido uns cobres na máquina, a qual gerava milhares de contos por mês, a copiar o trabalho de outros. Eu andei em duas universidades, e era igual nas duas.
O problema do copyright só se põe agora porque dantes era dificil e dispendioso difundir cópias, e as cópias eram de pessima qualidade, e ninguém as comprava. Agora que é fácil, e não se consegue impedir a cópia, ataca-se quem lucra com a musica alheia. Discotecas, rádios, bares, etc.
Sou contra a lei como ela existe actualmente, mas, não sou contra a existência de algumas formas de copyright.
António,
ResponderEliminarSe o crime é vender, que se prenda por vender. O problema é que o crime é logo fazer click com o telemóvel.
Um ano de cadeia por isso é absurdo, e mesmo fazer disto um crime é inaceitável. É pôr pessoas na prisão como forma de subsidiar uma industria. Esta lei não é do interesse público.
O músico, como qualquer profissional, merece um salário pelo trabalho que faz, não pelo trabalho que fez. Não é razoável assumir que tem o direito de trabalhar uma vez e receber a vida toda.
Sou a favor de regular o comércio a bem de todos. Mas apenas a bem de todos e não a bem de alguns, e isso não será um direito de cópia. Será um direito comercial que nem deve ser monopolista. Por exemplo, não é razoável que aquilo que supostamente é um incentivo à criatividade proiba obras derivadas.
E a melhor maneira de um músico cobrir os custos de gravação é vendendo os discos. Mesmo antes de os gravar. Se umas centenas de fãs comprarem o disco antecipadamente tem dineiro para o gravar.
E como ter fãs? Como sempre os músicos fizeram. Tocando. Em locais publicos, dando concertos, gravando musicas em casa para mp3 e pondo na net, etc, até que haja um número de pessoas dispostas a pagar pelo seu trabalho. Não pelo trabalho que em tempos fez, mas para que trabalhe. Um verdadeiro incentivo à criatividade.
Uma coisa parece-me garantida. Nenhum músico cujas obras sejam descarregadas e ouvidas por milhões de pessoas vai ter dificuldade em arranjar dinheiro para gravar um disco, mesmo sem copyright.
Um dia destes tenho de fazer aqui a listagem do que é necessário para gravar um disco e os custos do material. :-)
ResponderEliminarDe um filme nem vou dizer nada, pois quando são investidos 4.25 milhões de euros num filme sem nada de especial de um tuga, não é a permitir cópias que se paga o investimento.
Esse argumento do click ser irracionalmente punido, é treta, Ludwig! É como dizer que um gajo que compra uma metralhadora e a carrega e leva para a rua não poder ser preso, porque ainda não matou ninguém. É como o tipo que produz coca na América do Sul, e ninguém prende porque ainda não a vendeu, como se o propósito fosse outro que não a venda, e por aí fora. Fazer a cópia do filme é o começo. Ninguém grava o filme por desporto no telemóvel, é simplesmente o inicio do processo. O passo seguinte é fazer cópias e vender.
Ludwig:
ResponderEliminarCom os livros é mais complicado.
Porquê pagar para o autor XPTO escrever se outros o vão fazer e eu depois acedo ao livro gratuitamente?
Este problema da "free ride" é complicado de resolver na literatura, e acredito que pudesse desincentivar a criação literária se as cópias ainda não fossem uma parcela pequena do "mercado".
O pior é que cada vez mais gente vai tendo acesso aos meios de cópia e difusão. E a parcela não para de crescer.
Com o cinema isso também está em risco. Muitas vezes várias pessoas me têm dito que não vale a pena ir ao cinema ver este filme ou aquele, e preferem poupar o dinheiro, porque depois sacam da net. Note-se que estamos a falar de dinheiro que gastariam se não tivessem acesso à pirataria.
Se esse acesso for mais generalizado do que o actual - e essa é a tendência - vamos ser todos prejudicados, porque ninguém estará disposto a gastar muito dinheiro para fazer um filme que não dará lucro. E a situação actual mostra que muita gente gosta de ver esse tipo de filmes.
Não quero dizer que concordo com muita da legislação anti-pirataria que existe, e muito daquilo que denuncias é realmente absurdo. Mas discordo de ti quando não vês nenhum problema no fenómeno da "pirataria" (no caso em que não existe lucro envolvido, pelo menos)
Mas tenho mais dúvidas que certezas a este respeito, de qualquer forma.
ResponderEliminarAntónio,
ResponderEliminarCusta cada vez menos gravar um disco. E custa menos que editar um jornal como o Metro, que é distribuido gratuitamente. E custa menos que organizar a coleção anual de roupas da Mango, e a roupa não tem copyright. Não nego que haja custos. Nego é a necessidade de os compensar com legislação que pune quem usufrui sem pagar.
O exemplo da metralhadora é bom, até porque a pena é semelhante à de usar o telemóvel para filmar os Transformers. Pelo que estive a ver, andar com uma arma ilegal carregada em Nova Iorque dá seis meses de cadeia. Achas que são dois «crimes» à mesma altura?
Penso que prender quem anda com armas carregadas tem uma utilidade pública bastante maior que prender quem usa telemoveis no cinema para gravar o filme (só se fosse quem usa telemoveis no cinema para atender chamadas...).
João Vasco,
ResponderEliminarLiberalizar a cópia e difusão para uso pessoal, e reduzir restrições ao comércio, tem desvantagens para os distribuidores. Isso concordo sem reservas.
Que tenha desvantagens para os autores não é tão claro, porque na prática a lei como está permite ao distribuidor retirar ao autor o controlo da obra, e isto é o que acontece normalmente. Eu tenho muito mais liberdade de usar as minhas aulas e os meus resultados que um músico que trabalhe para uma discográfica tem de usar as suas obras.
Mas o principal é a relação custo/benefício para toda a população. E os custos são grandes. Prender estas pessoas no cinema, interceptar e monitorizar comunicações digitais, canalizar recursos legais para centenas de processos por mês, e impedir o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias e modelos de negócio.
Se os tipos da Dior e da Chanel fazem milhões sem copyright, mesmo que umas semanas depois de sairem os seus modelos há clones aos montes por qualquer pronto a vestir, os produtores de cinema também devem encontrar solução. Não vamos deixar de ter filmes
Acima de tudo, não se justifica que só tenha acesso à cultura quem tem dinheiro a mais para gastar. Isso é inaceitável.
O problema dos free riders não é necessariamente um problema. Se vires por esta perspectiva do livre acesso à cultura, é um bónus.
No fundo, parece-me que a forma mais justa de remunerar o esforço é pagar o trabalhador pelo seu esforço e tempo. Qualquer remuneração posterior pelo usufruto do trabalho deverá ser voluntária e não obrigatória por lei.
Ludwig:
ResponderEliminarPor enquanto o fenómeno da pirataria é minoritário. Para além de uma pequene elite que trabalha na área da informática, apenas a "malta jovem" tem acesso ao fabuloso mundo da partilha de ficheiros. Será difícil apanhar um bombeiro de 40 anos a dizer que não vai ver o homem aranha ao cinema porque depois vê a versão pirateada.
Nesta circustância, as perdas para os distribuidores, seja de livros, seja de filmes, seja de música, ainda têm muitos incentivos para investirem, e não deixa de haver muita oferta no mercado. E nós, com acesso à piratatia, somos os grandes beneficiados.
Isto seria um final feliz, mas agora as pessoas não perdem o acesso à pirataria à medida que envelhecem. À medida que a «malta jovem» de hoje for envelhecendo, a percentagem de gente que opta por piratear ao invés de pagar vai sendo cada vez maior.
Aí deixará de compensar fazer filmes de cinema caros, para dar um exemplo. E, para as minhas preferências, isso até não seria tão grave, mas atendendo às preferências de quase todos, haveria muitos prejudicados. Neste sentido isto é errado:
«O problema dos free riders não é necessariamente um problema. Se vires por esta perspectiva do livre acesso à cultura, é um bónus.»
Porque o problema dos free riders não é a injustiça da coisa: é o facto de não compensar fornecer um produto que as pessoas gostariam de ter.
Para dar um exemplo: numa aldeia há 100 pessoas. Todas estariam dispostas a dar 10 contos para ver um espectáculo de pirotecnia. A empresa pim-pam-pum consegue fazer o espectáculo por 1000 contos. Se o vendesse a 4000 contos (com 50 bilhetes de 8 contos, por exemplo), toda a aldeia lucrava, e eles também.
Mas como cada aldeão pensa que não vale a pena pagar bilhete, porque se não pagar pode ver o espectáculo à mesma, só 2 ou 3 "tansos" estão dispostos a pagar o bilhete. Isso é insuficiente, e o espectáculo nunca chega a ocorrer.
Agora pensa isto em termos do "homem aranha". Ninguém paga o bilhete porque depois saca o filme da net. Entao isso impede que haja filme em primeiro lugar, e acabas por ter livre acesso a um filme que não existe.
Por fim:
«Se os tipos da Dior e da Chanel fazem milhões sem copyright, mesmo que umas semanas depois de sairem os seus modelos há clones aos montes por qualquer pronto a vestir, os produtores de cinema também devem encontrar solução. Não vamos deixar de ter filmes»
No que respeita às roupas, existem duas razões pelas quais as marcas continuam a lucrar, mesmo sem copyrigth:
a)Status. Usar uma roupa de marca dá status. Neste aspecto, mais do que ir ao cinema ver um original. Ou ter um livro original em vez do livro pirata. E acho que é fácil entender porquê
b)Qualidade. As marcas de roupa supostamente deveriam assegurar uma certa qualidade, pois, investindo tanto na promocção da marca, têm muito a perder se a qualidade for má.
Os clones não. Assim sendo, é um risco comprar roupa "clone" porque a qualidade pode realmente ser pior.
Obviamente isto não se verifica com os filmes sacados. E muito menos com os livros sacados.
João,
ResponderEliminarEstás enganado. Há dezenas de milhões de pessoas a partilhar ficheiros. É nas camadas mais jovens, mas são precisamente esses o mercado principal destes filmes e discos. E há centenas de milhões de pessoas na Àsia e América do Sul a ver e ouvir estas obras de forma ilegal e que nunca teriam acesso a elas de forma legal. Não é um grupo minoritário.
No teu exemplo, considera que a solução era montar o espetáculo, e todos que olhassem para os foguetes ou pagavam 10 contos ou iam presos. O que eu proponho é que esta é a pior das alternativas. A melhor é todos que querem ver juntar o dinheiro. A segunda melhor é alguns que tenham dinheiro e queiram ver pagarem e os outros menos interessados verem à borla. A pior de todas é meter a polícia no assunto.
A legislação que temos é mais problema que solução.
E status e qualidade são duas coisas que os originais oferecem. É por isso que apesar de quase todos os jovens nos países industrializados sacarem músicas à borla mesmo assim ainda se vendem milhões de discos e fortunas em bilhetes para concertos.
Karin,
ResponderEliminarNão há muito a dizer quanto à raça. Uma raça é um conjunto de indivíduos de uma espécie que se distinguem dos restantes por uma característica. A característica é à escolha. Normalmente escolhe-se alguma que se relacione com o parentesco entre os individuos, mas pode ser o fígado grande ou a pele escura, tanto faz.
Há raças humanas? Sim, aos montes. Isso faz diferença? Depende da definição de cada uma e do que fazemos com elas. O tamanho do fígado pode ser uma informação util para transplantes...
«No teu exemplo, considera que a solução era montar o espetáculo, e todos que olhassem para os foguetes ou pagavam 10 contos ou iam presos. O que eu proponho é que esta é a pior das alternativas. A melhor é todos que querem ver juntar o dinheiro. A segunda melhor é alguns que tenham dinheiro e queiram ver pagarem e os outros menos interessados verem à borla. A pior de todas é meter a polícia no assunto.»
ResponderEliminarEstás enganado. Eu não tenho solução.
Mas admito que existe um problema.
«E há centenas de milhões de pessoas na Àsia e América do Sul a ver e ouvir estas obras de forma ilegal e que nunca teriam acesso a elas de forma legal. Não é um grupo minoritário.»
Há 7000 milhões de pessoas em todo o mundo. Centenas de milhões pode ser um grupo minoritário.
Mas a verdade é que ainda existe um grande grupo que não tem acesso à pirataria - e é o grupo com mais dinheiro, visto que os jovens têm menos dinheiro que aqueles que já trabalham.
E realmente os lucros de quem fornece esses produtos tem-se ressentido com o aumento da pirataria - por enquanto isso não é grave, mas se chegar ao ponto em que não compensa produzir os filmes e as músicas que as pessoas mais gostam, aí já é pior.
«E status e qualidade são duas coisas que os originais oferecem. É por isso que apesar de quase todos os jovens nos países industrializados sacarem músicas à borla mesmo assim ainda se vendem milhões de discos e fortunas em bilhetes para concertos.»
Isso não é verdade. No caso dos concertos o produto é diferente, mas se comparares um CD com os mp3s sacados, a diferença de qualidade NUNCA justificaria o preço. E realmente o facto é a que a venda de CDs tem caído a pique.
Mas a música apesar de tudo preocupa-me menos que os filmes, pois música pode sempre fazer-se com menos dinheiro. E pode ser que a tal hipótese de "financiar por avanço" funcione - coisa que nunca poderia acontecer com filmes caros.
E o que eu vejo à minha volta é cada vez menos vontade de ir ao conema, na possibilidade de ver filmes sacados.
Posso estar enganado mas tinha a impressão que estão constantemente a ser batidos os recordes de bilheteira nos filmes de grande divulgação (os tais que dizem que sofrem, e eu acredito, com a pirataria). Pelos valores indicados, que não sei se são reais, uma boa parte das vezes o valor do primeiro fim de semana fica perto de cobrir os custos das superproduções. Claro que o dinheiro vai para mais do que uma entidade etc etc etc. Mas não parecem estar perto do prejuízo. Nada que se pareça. Não é que negue os direitos de autor. Mas do AUTOR. Quem está a tentar cobrar grandes valores são os negociantes de direitos e esses não são os criadores das obras. Muitas vezes nem sequer são os "patrocinadores" dessas criações a quem poderia conceder o direito de terem acreditado no autor. São gente que adquiriu direitos de publicação ou simplesmente se dizem representantes (associações da industria fonográfica por exemplo) de quem tem os direitos da obra. Falar de obras que podem ser reproduzidas com o mesmo grau de qualidade do original origina alguns problemas que não existiam no passado. Um original de um pintor não é reprodutível (eheheheh até é mas não lhe é concedido o mesmo valor). Uma obra que é gravada em registo digital é reprodutível em quantidade com custos reduzidos (de facto não é um investimento muito grande se considerarmos o preço/unidade final). E o autor, de facto, com algumas excepções, não recebe grande coisa por isso. E, na minha opinião, nem faz sentido que receba. Mas também não faz sentido que receba outra qualquer entidade na sua vez. Ninguém vai pedir a um café que tem reproduções de uma qualquer pintura que pague o preço de um original ou que dê, por cada vez que alguém "mira" o quadro, uma taxazinha para a associação dos investidores em pintura do país. Ninguém diz que é igual ver um concerto dos xyz ao vivo e escutar ou ver o vídeo desse concerto. Isso é a actividade do grupo musical. São remunerados por isso e têm clientes que pagam. Mesmo, e especialmente, os que têm as gravações (legais ou outras). Em resumo (que já vai longo), parece-me que alguém está a tentar perpetuar um negócio que está a morrer.
ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminar"E custa menos que organizar a coleção anual de roupas da Mango, e a roupa não tem copyright"
Pois, mas tem lei específica contra essa actividade ilícita.
"Se os tipos da Dior e da Chanel fazem milhões sem copyright, mesmo que umas semanas depois de sairem os seus modelos há clones aos montes por qualquer pronto a vestir, os produtores de cinema também devem encontrar solução"
Pois é, além dos problemas referidos pelo Vasco, há o seguinte: não tenho a mesma facilidade em fazer uma cópia de uma roupa e distribui-la como se faz como uma música ou um filme que é facilmente desmaterializável... Ou seja, as coisas não são minimamente comparáveis, o que dizes é tanga.
"O problema dos free riders não é necessariamente um problema"
É pois; pagam uns tantos para outros terem de borla. E injusto.
E pagar por algo que eu não sei como vai (efectivamente) ser... Hummmm... É uma coisa estranha. Dizem-me que vão fazer algo (obra), e de alguma forma a coisa sai torta. Nã nã! Prefiro comprar, sabendo (mais ou menos) ao que vou.
Só mais uma... Sabes que a Valentim de Carvalho vai fechar. Pois é! Não vende, dito por quem lá trabalha.
Mário,
ResponderEliminarEstás enganado. Essa lei é contra fraude, vender roupa com uma marca de uma empresa que não autoriza a venda.
Se tens uma fábrica, fazes calças iguais às da Levis e pões lá a marca Levis estás a cometer fraude porque não são calças Levis. Mas se vendes com outra marca ou sem marca não há problema -- o desenho das calças não é proprietário, só a marca.
E isto não é tanga porque é o que acontece na realidade. Os desenhos são concebidos inicialmente por alguns criadores e rapidamente se propagam por todo o lado. Tu podes não ter facilidade em fazer um vestido ou umas calças, mas há muitas fábricas que o fazem na boa.
E se achas mal que uns paguem para outros terem de borla, queres acabar com os serviços de saúde? Com a rádio? Com a televisão? Com a ciência? Com o ensino? Com a matemática?
Parece-me bem mais tanga essa ideia que uma coisa só pode beneficiar quem paga.
E não me admira que a Valentim de Carvalho feche. Qualquer pessoa que saiba o que está a fazer compra os discos na Amazon, que sai mais barato, tem melhor serviço, um catálogo maior, e entregam em casa.
O grande problema dessas lojas discográficas são os grandes vendedores, como a Amazon e as cadeias de supermercados.
"E isto não é tanga porque é o que acontece na realidade. Os desenhos são concebidos inicialmente por alguns criadores e rapidamente se propagam por todo o lado."
ResponderEliminarEu estou a fazer a comparação correcta.
Marca copiada (cópia exacta) implica crime e dano, como copia exacta da música também o implica, crime e dano.
Pois se alguém copiar a última música dos U2 mas cantada por outro tipo com voz parecida, não haverá grande dano, só crime. Certo?
"E se achas mal que uns paguem para outros terem de borla, queres acabar com os serviços de saúde? Com a rádio? Com a televisão? Com a ciência? Com o ensino? Com a matemática?"
Saúde: é diferente, é um bem essencial, não como uma música ou uma calça sem elas não corro risco de vida, e é paga por (todos). Tanga!
Rádio e tv: têm publicidade e/ou é paga pelo impostos de (todos)
Ciência e matemática: não é comparável a uma música, é uma comparação errada, é o mesmo que comparares a Insulina (como já referiste) à Coca-Cola. Tanga!
"E não me admira que a Valentim de Carvalho feche. Qualquer pessoa que saiba o que está a fazer compra os discos na Amazon, que sai mais barato, tem melhor serviço, um catálogo maior, e entregam em casa.
O grande problema dessas lojas discográficas são os grandes vendedores, como a Amazon e as cadeias de supermercados."
Mas as outras também estão a vender menos, e com quem eu falei, da Valentim, contou-me outra história, a do mp3 e afins, juntamente com os hiper.
Miguel,
ResponderEliminarQue eu saiba, as músicas que se sacam da net não vêm com marca. No exemplo que deste, o arguido «foi condenado como autor material, de um crime de fraude nas mercadorias»
Podes explicar como é que sacar uma música da net é fraude?
Quanto à cópia exacta, é outra treta. A compressão mp3 não é exacta, e a digitalização nem é propriamente uma cópia (é como dizer que as medidas do fato são a cópia do fato). Além disso até posso ser eu a cantar U2; se for em público viola esta lei de copyright, e garanto-te que seria uma cópia pouco exacta.
A saúde não é paga por todos. Há muitos que não pagam (menores de idade, por exemplo), e uns pagam muito mais que outros. Mas o importante era mostrar-te que isso de ser injusto que uns paguem e todos beneficiem não é regra nenhuma. Dá jeito a alguns, e convencem os outros, mas tem que se ver os prós e os contras caso a caso.
"Que eu saiba, as músicas que se sacam da net não vêm com marca"
ResponderEliminarIrrelevante!
"Podes explicar como é que sacar uma música da net é fraude?"
Fraude é sinónimo de dolo, que é o vende tem essa queixa.
"Quanto à cópia exacta, é outra treta. A compressão mp3 não é exacta, e a digitalização nem é propriamente uma cópia (é como dizer que as medidas do fato são a cópia do fato). Além disso até posso ser eu a cantar U2; se for em público viola esta lei de copyright, e garanto-te que seria uma cópia pouco exacta."
Para a esmagadora maioria (para quem não tiver "ouvido absoluto") a cópia, para todos os efeitos é exacta, o que dizes é falso, mas há os formatos lossless, mas aqui é irrelevante,
para a maioria, não há diferença. Mas no exemplo dos U2, referia o dano que não ocorre, pois
a outra versão dos U2 não colidiria com o original (vendas etc), só a nível legal, da mesma
forma que a cópia da roupa, por não ser original, não provoca danos nos originais, é um facto. É esta a comparação. Certo?
"A saúde não é paga por todos. Há muitos que não pagam (menores de idade, por exemplo), e uns pagam muito mais que outros. Mas o importante era mostrar-te que isso de ser injusto que uns paguem e todos beneficiem não é regra nenhuma. Dá jeito a alguns, e convencem os outros, mas tem que se ver os prós e os contras caso a caso."
Todos já foram menores e mais tarde vão pagar, todos, em média, contribuem o mesmo. Tanga:-)
Ok vamos a um jantar em que tu e eu estamos incluídos, divide-se a conta por n-1, eu não pago, claro. Reclamas comigo? É justo que o faça sempre?
Miguel,
ResponderEliminarA marca é relevante porque no exemplo que deste (contrafacção de roupas) é a marca que torna o acto ilícito. Mais nada. É fraude por enganar o cliente que pensa estár a comprar Levis quando não está. Isso não tem nada a ver com a partilha de músicas na net.
E eu pagar a tua comida também é uma má analogia. É comida que só tu comes, e eu só pago porque tu a comeste. Não é disso que estamos a falar.
Estamos a falar de eu me vacinar, pagar a minha vacina, e depois ir cobrar-te uma percentagem porque, estando vacinado, tu beneficias por haver agora menor probabilidade de apanhares a doença (há menos uma pessoa que te possa contagiar).
Ludwig,
ResponderEliminar"A marca é relevante [...] Isso não tem nada a ver com a partilha de músicas na Net."
O que disse foi: Cópia exacta da roupa (com a marca) = Copia em MP3 (muito boa aproximação)
implica dano a quem vende o original e infringe a lei em ambos os casos
Cópia aproximada (roupa sem marca - só o feitio) = interpretação dos U2 por outro individuo que coloca a música na Net e nas feiras.
No caso da roupa não há crime nem dano, no caso do MP3 do intérprete não há dano mas infracção.
"E eu pagar a tua comida também é uma má analogia. É comida que só tu comes, e eu só pago porque tu a comeste. Não é disso que estamos a falar."
OK. Contratas uma striper para tua casa, convidas a malta toda e eu estou lá, no fim
fazem uma vaquinha, eu fico de fora... É justo? Podes substitui a striper por um músico; ou um mágico, um animador, etc... Embora prefira a striper:-)
"Estamos a falar de eu me vacinar, pagar a minha vacina, e depois ir cobrar-te uma percentagem porque, estando vacinado, tu beneficias por haver agora menor probabilidade de apanhares a doença (há menos uma pessoa que te possa contagiar)."
Correcto. Bom exemplo Ludwig! Pois quem se vacina paga e usufrui da imunidade, o que não se vacinou também pagou parte da vacina do outro e usufrui do benefício do outro estar vacinado e não lhe pegar a doença! É isto que ocorre!
Ainda aqui não foi visto o outro prisma, que é o económico. Quando alguém trabalha a soldo de outrem, mesmo um músico, não há lugar a copyright, é como o trabalhador da fábrica, recebe pelo trabalho e mais nada, mas, o trabalho artistico não é trabalho assalariado, é investimento! Eu gastei 18 anos da minha vida a tocar e compor, só com investimento meu, no dia em que editar algo, estou sujeito a que ninguém goste e perdi o investimento. Se permitir a copia e uso livre, EU fiz o investimento, e alguém anda a usufruir do meu investimento para ganhar dinheiro à minha conta. Ao criar eu estou a investir, acreditando que alguém vai querer ouvir algo que é minha propriedade, e se quer ouvir paga, para retornar o meu investimento. Se não quer pagar, não ouve. Neste exemplo, a arte é um investimento tal como o dono da fábrica compra as máquinas, e matéria e inicia a produção e paga aos empregados como investimento, que só se tiver sucesso é que vai ter retorno. Se qualquer um puder usar o que é produzido sem pagar, que vantagem tem o empresário em investir?
ResponderEliminarA musica, o filme, o livro, etc. são tudo investimentos de alguém que criou sem ser pago, e se foi paga à cabeça pela editora, é um assalariado e o investimento é da editora, pelo que quem investe tem de ter o retorno do investimento, por isso, a cópia ilegal tem de ser condenada, e se alguém roubar 100000 milhões de dolares, leva com uma pena de muitos anos, um filem custa isso, e piratear o dito é como tentar roubar uma parcela desse investimento.
Escrever um livro é um investimento, tal como fazer um filme, tal como compor e tocar musica.
O copyright na moda é outra treta em que houve aqui um epalhanço ao comprido... Se alguem copiar as levis 501 e as vender sem marca é legal, mas, se lá colocar um selo da Tommy Hilfiger, já é ilegal, e dá cana... O copyright é na marca, que é um simbolo de status, por isso a moda dizer que não tem copyrights é trata da grossa!
Sobre a proporcionalidade das penas, lamento que seja como é, mas, andar com a arma carregada, só por uma questão de principio devia dar muitos anos e não 6 meses. Se piratear algo, acabar por tornar determinada actividade deficitária, as dezenas de pessoas que perdem o emprego/rendimento, é capaz de não ser assim tão pouca, e se não tem perspectivas de retorno a distribuidora/editora não está disposta a pagar contratos a ninguém, e perdem-se empregos, rendimentos, futuros artistas, etc. Para mim, causar o declinio de uma industria que venha a causar desemprego é um crime mais grave que 1 ano de cadeia. Se alguém levar a Microsoft à falencia devido a uma fraude, quantos dias de cadeia pagam isso? E se for o estudio onde eu toco? Há algum motivo para que sejam uma pena diferente?
Sobre a Valentim de Carvalho, acho que o que aqui foi dito é mera propaganda.
ResponderEliminarA VC está a fechar por culpa própria! A VC é uma empresa com uma visão autista do mercado, com peneiras de pseudo-elite.
Vou começar pelo mercado discográfico. Quando existem milhões de obras em todo o mundo, de todos os géneros e feitios, e quando se tem um mercado que procura diversidade, os senhores da VC tinham discotecas com menos de 5% dos discos que a FNAC disponibiliza, e restringia-se ao comercial imediato. Vendiam uns quantos discos do top nacional e muito pouco mais. A ultima vez que entrei numa, a do Vasco da Gama, ia à procura de algo muito especifico, e que tinha saido havia poucas semanas, olhei em volta, e nem nas novidades estava, não havia secção para aquele estilo de musica, e havia um escaparate sem ordenação, onde estava tudo misturado sem lógica. Decidi nunca mais na minha vida entrar numa VC, a partir desse dia. Sobre outro disco que pretendia e que não encontrava à venda, encomendei-o numa das lojas deles, em que me disseram que aceitavam encomendas... Passados 2 anos comprei-o nos saldos de uma outra loja, e das vezes que tinha inquirido sobre o estado da encomenda na loja, a desculpa é que o disco não havia em lado nenhum em Portugal. Estamos em 1997... O disco era de 1992, e a loja onde o comprei era da VC.
Noutro ramo da VC, a venda de instrumentos musicais... :-) É só rir! Se uma loja vende algum instrumento ou acessório a 40 Contos, a VC vende o mesmo por 50. Obtem exclusivos para portugal de alguns instrumentos que vende a preços ridiculamente altos, tentando-os fazer passar por topos de gama (o equivalente a alguém tentar vender um Smart Fourtwo a 50 mil euros, dizendo que é equivalente a um Lexus). Quando esses mesmo instrumentos custavam metade ou menos em Inglaterra... Estamos na União Europeia, não se paga taxas por trazer instrumentos de Inglaterra, e o bilhete custa 40 Contos ida e volta, o instrumento lá custa 60 contos, na VC custa 120.
Miguel,
ResponderEliminarNo exemplo que deste o ilícito é vender gato por lebre. Essa da cópia aproximada e igual não tem nada a ver. Se fizeres uma roupa completamente diferente e disseres ao comprador que é Nike estás a violar a lei -- é fraude. É disso que se trata.
No exemplo da vacina eu disse que era eu a pagar. Mas a vaquinha é um bom exemplo: nunca se chama a polícia para prender quem não quer participar.
António,
ResponderEliminarQuando um músico trabalha a soldo há copyright sim. Mas fica para o patrão, que pode impedir o músico de tocar a música que ele criou. Mais uma das muitas desvantagens desta lei.
Eu investi 24 anos em educação, metade dos quais em educação superior, e o que eu crio como investigador e professor não tem protecção de copyright. Nem me pagam ordenado por esse investimento, mas pelo que faço agora. Se deixar de trabalhar deixo de receber.
Não compreendo a justificação para o músico ser diferente. Porque raio há de ter esse o direito de trabalhar uma vez e receber o resto da vida sem fazer mais nada?
E a questão da marca não é de copyright. Legalmente, é uma marca registada, e tem legislação diferente. E o ilícito de falsificar a marca é a fraude, não a violação de direitos de cópia.
Finalmente, se milhões de pessoas decidirem deixar de comprar coisas da Microsoft e esta for à falência não há ilícito nenhum. Ninguém tem a obrigação legal de comprar coisas à Microsoft.
"No exemplo que deste o ilícito é vender gato por lebre. Essa da cópia aproximada e igual não tem nada a ver. Se fizeres uma roupa completamente diferente e disseres ao comprador que é Nike estás a violar a lei -- é fraude. É disso que se trata."
ResponderEliminarA expressão "vender gato por lebre", tem por base, neste caso, enganar o cliente!
E quem compra Dior falsificado, na esmagadora maioria dos casos sabe ao que vai, eu já fui
às freiras, vi as roupas; no Martim Moniz vi os Rolex etc... Não sei qual será a alminha que comprará um Rolex por 20 euros e depois reclamará que foi enganado. Aponta-me um caso que tenha ido a tribunal, similar ao anterior! E é amplamente sabido como isto, da falsificação, funciona, no que respeita ao cliente estar ou não consciente ao que vai (na esmagadora maioria dos casos). A "legislação" sabe disso e é esse fenómeno que pretende combater.
E é sobre esta forma de falsificação em que o cliente sabe ao que vai e que não arruína o original é que eu estou a falar e a comparar com tudo o resto que falei.
"No exemplo da vacina eu disse que era eu a pagar. Mas a vaquinha é um bom exemplo: nunca se chama a polícia para prender quem não quer participar"
Ok, pagaste a vacina, o problema é teu. Não me obrigues a pagar por uma vantagem que eu não pedi. Da mesma forma que eu não te puxo por uma orelha e te obrigo a ver um show de strip em minha casa e te incluo na vaquinha para pagar à menina. Certo? Claro que não chamo a polícia, nem eu falei nisso. A questão era: é injusto ou não? Eu acho que sim, agora se isso implica polícia ou não, já é outra história, mas independente disso a injustiça está lá, quer queiras quer não queiras.
Já que falaste em Micro$$$oft, porque é que o Linux não teve a adesão, no mercado doméstico, que se julgou vir a ter. Eu uso Linux no trabalho e sei os problemas que tem, a curva de aprendizagem etc... Mas o pessoal prefere "largar a guita" no Bil!
ResponderEliminarNa resposta que deste ao António em que comparas a tua profissão de músico... Tu, das aulas, e poderás dar a mesma cadeira (a mesma matéria) várias vezes, ou seja poderás receber pelo mesmo trabalho pré-preparado, repetidamente. Certo? Com pequenas alterações aqui e acolá. Tal como os músicos podem ganhar repetidamente pela mesma obra.
ResponderEliminarE a segurança e regularidade que tu tens não é a mesma da dum músico.
Miguel,
ResponderEliminar«Ok, pagaste a vacina, o problema é teu. Não me obrigues a pagar por uma vantagem que eu não pedi.»
Exacto. Quem quer que o músico grave, pede e paga. Os outros, que não pediram, não pagaram. Se podem ter a música de borla, aproveitam. Se ela se despir à tua frente também olhas, mesmo se não estivesses disposto a pagar.
«Tu, das aulas, e poderás dar a mesma cadeira (a mesma matéria) várias vezes, ou seja poderás receber pelo mesmo trabalho pré-preparado, repetidamente. Certo? Com pequenas alterações aqui e acolá. Tal como os músicos podem ganhar repetidamente pela mesma obra.»
Claro. Os músicos ganham por dar concertos ou tocar, e eu por dar aulas. O que não está certo é eles tocarem uma vez e depois ganhar sem fazer nada, tal como não estaria certo eu dar a aula uma vez e depois receber para o resto da vida sem fazer mais nada.
E a minha segurança como investigador vem do meu trabalho como professor. É que se quisesse ser só investigador e não dar aulas provavelmente andava a bolsas e não tinha muita segurança. O mesmo se poderá passar com o músico que não quiser ter outro trabalho mais estável (dar aulas, por exemplo).
Nenhuma destas coisas justifica uma legislação especial e pôr pessoas na cadeia só para lhes dar mais segurança profissional ou o que raio seja...
"Exacto. Quem quer que o músico grave, pede e paga. Os outros, que não pediram, não pagaram. Se podem ter a música de borla, aproveitam. Se ela se despir à tua frente também olhas, mesmo se não estivesses disposto a pagar."
ResponderEliminarEntão eu paguei, e tenho a música, o outro não e tem a mesma música que eu: o outro é mais do que eu? Se ela se despir à minha frente na tua casa numa festa a teu pedido na qual todos
contribuem e eu não, está errado... Mas eu olhava à mesma:-)
"Claro. Os músicos ganham por dar concertos ou tocar, e eu por dar aulas. O que não está certo é eles tocarem uma vez e depois ganhar sem fazer nada, tal como não estaria certo eu dar a aula uma vez e depois receber para o resto da vida sem fazer mais nada."
Mas o teu problema é que um músico vende diversão, e tu não. São coisas muito diferentes
e com importâncias distintas. E a sociedade terá que se relacionar com elas de forma radicalmente distinta.
Sendo a música um bem não essencial, quem vende, por mim pode dar-se ao luxo de fazer o contrato que quiser com o cliente. Tipo: tu compras a minha música, mas só a podes ouvir ao pé-coxinho. Não aceitas, não compras. É tão simples quanto isto. Se o mercado compra é porque concorda. A música não é insulina.
Miguel,
ResponderEliminarNão me oponho a que o músico faça o contracto que quiser. Se alguém for tanso para assinar, azar (mas nunca contrário ao código civil e à constituição, senão é inválido).
O que me oponho é que a polícia vá prender quem ouve música sem contracto. Esse é o problema. Não faz sentido processar quem canta no duche, nem quem ensina os filhos a tocar, nem quem transmite sequências de números que podem codificar a música. Esse tipo de intromissão nas liberdades individuais é injustificado.
Como tu dizes, não é insulina. Não vamos prender gente só porque não quer pagar para ouvir música.
Ludwig,
ResponderEliminarRepara: eu acho que haveria forma mais interessante e confortável de se distribuir a música, sendo mais agradável para todos. No entanto concordo que a música como bem não essencial (não é ciência ou ensino etc...) será do músico, e se ele delega o bem dele à editora só temos que aceitar se a quisermos comprar.
Agora se quem faz a música, antes de a fazer já sabe as regras, então concorda, e quem compra ou pirateia só tem é que aguentar. Eu digo que isto está mal para mim, gostaria de ter música mais barata, no entanto não vejo que eles não tenham o direito de fazer o que fazem.
Se ninguém comprasse música durante
1 ano, a coisa mudaria.
Eu concordaria com o "free ride" desde que a música fosse só para quem pagasse,
Mas há sempre a inércia dos primeiros compradores... Que me parece ser um problema. Para mim seria; e seria ainda mais se soubesse que eu teria que pagar e os outros não, nesse caso preferia estar no campo dos "outros". Ou seja, um impasse.
Por exemplo:
Eu (pessoa A) comprava a música antes de ela sair.
Seguidamente outro (pessoa B) comprava-a, nesse momento eu receberia uma pequeníssima percentagem do B, para que a música ficasse ao mesmo preço tanto para A como para B. Isto feito de forma automática claro. Mas o intuito seria o seguinte. Que levasse o incentivo a que alguém comprasse primeiro, um pouco mais caro para que um dado patamar fixo para o artista fosse atingido o mais rapidamente possível, e para que todos os compradores ficassem com a música pelo mesmo preço, e o comprador compraria sempre com a perspectiva que o valor do bem iria diminuir.
Digamos que haveria um mínimo que cada CD custaria, (muito pouco), e que a partir dai sim, o patamar do músico poderia ser ultrapassado se continuassem as venda. Tudo isto a definir com critérios a ver com calma. É um bocado lunático, mas parece-me justo, e sujeito a muita refinação.
Lembra-te que as liberdades individuais não são um escudo para fazer tudo o que eu quero dentro dessa liberdade.
Quem viola sofrerá por violar, o melhor mesmo é não violar, e presumo que isto está certo.
Ora aqui chegamos a um ponto interessante...
ResponderEliminarO Ludwig confunde compositor com interprete. Numa orquestra o musico recebe o salário para tocar, mas, o copyright é do autor da composição, pois ele é que fez um investimento. O empresário que compra o material para a fábrica, também está a investir, e nem precisa de trabalhar mais pois vai receber o dividendo dos lucros, que é o que o copyright representa.
Uma enorme treta, é o que esse desejo de não pagar pela musica é. Porque a questão é simples. Se não se paga, não se ouve, e quem quer ouvir paga. Quem quer vender bilhetes para alguem dançar ao som de musica, não está a fazer nada pela musica, e acaba por querer lucrar por usar o investimento de outros na composição e gravação. Se isto não é uma teoria da treta dos donos das discotecas, é de certeza algo pior que treta.
O Exemplo de falir a microsoft não é o que o Ludwig disse: "se milhões de pessoas decidirem deixar de comprar coisas da Microsoft e esta for à falência não há ilícito nenhum", pois não, a questão é se eles desenvolvem o software e vendem a primeira cópia a um esperto, que em seguida vende cópias dessa cópia a 1 Euro. Se ninguém quer pagar 189 Euros pelo Office 2007, então não compra nem à MS nem ao esperto, e aí tudo bem, o mal é se a maior parte decide comprar ao esperto.
António,
ResponderEliminarPara alguém viver da culinária sem saber cozinhar vai ser preciso muita legislação, isso concordo. Mas não me parece que seja do interesse público.
Pelo mesmo raciocínio, acho que quem quiser viver da composição musical e não souber tocar ou cantar, ou vai para professor de música ou é melhor mudar de ideias. Não me parece razoável criar legislação só para permitir esta «profissão».
E isso de se ter que pagar por uma ideia sempre que se tira proveito dela é que é treta. Se assim fosse ainda viviamos em cavernas, que ninguém tinha dinheiro para mais. E uma música é uma ideia. Não é nada de concreto. É tão abstracta como a teoria da relatividade ou as fórmulas para calcular o equilíbrio ácido-base.
"E isso de se ter que pagar por uma ideia sempre que se tira proveito dela é que é treta"
ResponderEliminarAqui o teu erro é extrapolar para todas as ideias, e como é óbvio, não é válido para muitas; como o caso da ciência. Mas para a música sim, tem que se pagar, não vejo que por isso fiquemos nas cavernas.
"E uma música é uma ideia. Não é nada de concreto. É tão abstracta como a teoria da relatividade ou as fórmulas para calcular o equilíbrio ácido-base."
É tudo verdade, mas têm importâncias e prioridades nas nossas vidas totalmente diferentes,
não vale por tudo no mesmo saco, este teu raciocínio é desonesto.