O fim das damas.
Calma. É o jogo. E em Abril o Jonathan Schaeffer estragou-o. Autor do Chinook (1), o programa campeão de damas, andava há dez anos a ver se lixava a vida aos idosos. Finalmente conseguiu mapear todas as jogadas possíveis. Agora, quem seguir a receita correctamente garante o empate, ou a victória se o outro se enganar. Computacionalmente é um resultado interessante, pois teve que pesquisar 500,000,000,000,000,000,000 partidas. Mas incomodou-me o comentário (2):
«I think we've raised the bar - and raised it quite a bit - in terms of what can be achieved in computer technology and artificial intelligence."»
Concordo que sim em tecnologia da computação, mas isto não tem nada a ver com inteligência artificial. Criar uma enorme tabela com todas as combinações não é o que entendemos por inteligência, mesmo que, admitidamente, se saiba muito pouco acerca da inteligência. Mas provavelmente não era bem isto que Schaeffer queria dizer. Estas entrevistas os jornalistas tendem a condensar e perde-se os pontos mais subtis.
Seja como for, podem arrumar as damas. E não percam muito tempo a aprender xadrez...
1- Chinook
2- BBC, Computers crack famous board game
Belíssimo post, Ludwig. Parabéns. Adorei os amendoins. nchac! nchac!
ResponderEliminar«Concordo que sim em tecnologia da computação, mas isto não tem nada a ver com inteligência artificial.»
ResponderEliminarPara alguns fé é racional. Neste sentido, a inicialização de uma variável é raciocínio. E inteligência é marrar.
«Seja como for, podem arrumar as damas. E não percam muito tempo a aprender xadrez...»
De qualquer modo não sou muito adepto das damas. Parece um jogo-do-galo muito elaborado (o que aconteceria se Chinook jogasse contra ele próprio?). O jogo do Go é que está a dar.
Tenho pena dos velhotes! Mas gabo o senhor Jonathan pela sua paciência!
ResponderEliminarRespondendo ao Pedro, o Chinook garante o empate ou a vitória em caso de engano do adversário, como o adversário seria outro Chinook, a partida acabaria empatada!
Ou seja, jogar às damas é como jogar ao jogo do galo, mas como se fôssemos muito estúpidos. Tão estúpidos que até parece interessante.
ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarA ligação (link) 2, está marada. Aponta para o teu Blog.
Só copiando e colando é que a coisa
vai lá.
Podes apagar este comentário.
Interessante dizer que as damas é um jogo do galo elaborado, por esta linha posso dizer que o xadrez é um jogo de damas elaborado, e que o go por sua vez é um jogo de xadrez elaborado. O jogo Go em nada difere do xadrez a não ser no número de jogadas possíveis, e inteligencia artificial não consiste em mapear todas as jogadas possiveis e replica-las, até porque tal comportamento não tem nada de inteligente, artificialmente ou não.
ResponderEliminarObrigado Miguel. Já corrigi a gralha.
ResponderEliminarBizarro,
É verdade. Todos esses jogos são a mesma coisa -- para todos é possível criar uma árvore com a receita completa para garantir pelo menos um empate.
Mas tens razão que o mais inteligente generalizar dessa receita algumas regras de nível mais alto ("estratégias"). Mas talvez essa inteligência seja apenas necessária pelas limitações de um sistema como o nosso cérebro...
«Interessante dizer que as damas é um jogo do galo elaborado, por esta linha posso dizer que o xadrez é um jogo de damas elaborado, e que o go por sua vez é um jogo de xadrez elaborado. O jogo Go em nada difere do xadrez a não ser no número de jogadas possíveis»
ResponderEliminarJá tinha pensado nisso. É verdade em teoria: basta usar o mesmo método para o jogo das damas, mas são necessários muitos mais recursos para o Go. Estima-se que existem 10^700 jogos diferentes e as estratégias mudam consoante a situação. Um jogo pode durar dias e as árvores teriam comprimentos absurdos. Quando conseguirem um computador que jogue de forma competente, a memória será imensa ou a Inteligência Artificial será tão avançada, mais que suficiente para ser digna desse nome.
Até lá, o Go é que está a dar. Mas espero que esse tempo seja curto.
A utilização de arvores com algoritmos simples como max-min com corte, é uma forma de inteligente de jogar xadrez ou damas, pois não consiste em ir a uma tabela em que as jogadas estão todas feitas e ver qual a jogada que deve ser feita para ganhar, mas sim em avaliar a melhor jogada na altura. O comportamento de aplicar uma solução já encontrada não é inteligente. Um programa computacional que jogue damas com um algoritmo como o citado, apesar de perder o jogo contra a implementação do Jonathan Schaeffer estaria a jogar damas de forma mais inteligente, por isso concordo com o Ludwig, para a computação pode ter impacto, mas para a inteligencia artificial nada mudou.
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