sábado, julho 07, 2007

O que ando a ler.

A Palmira Silva, do De Rerum Natura, escreveu sobre as suas leituras presentes (1) e propôs que fizéssemos o mesmo. Primeiro pensei que não seria um tema de interesse aos leitores deste blog. Mas depois ocorreu-me que isso nunca me impediu antes. Portanto, cá vai.

O Consciousness Explained, do Daniel Dennett, é o livro que ando a ler. Literalmente. É o que levo comigo quando ando de Metro, a pé, ou nas paragens do autocarro. Já tem mais de quinze anos (a obra, o livro comprei-o recentemente), mas é uma obra importante na filosofia da mente, e qualquer estudioso sério deste tema tem a obrigação de o ler. O que não é o meu caso. Eu é mais porque gosto do que ele escreve e de como o escreve. Mas o livro é bom.

Outro filósofo favorito é Bertrand Russell, e já ando há uns tempos a mastigar o History of Western Philosophy. Os outros que li do Russell devorei rapidamente, mas este é ideal para ler um bocadinho entre livros só para o ver desancar filosofias da treta. E como sou naturalmente desorganizado na leitura, já comecei o End of Faith do Sam Harris várias vezes, mas tenho metido outros à frente e continua no inicio.

Há uma conspiração entre a Amazon e a minha faculdade. A primeira alicia-me com livros enquanto a segunda me enterra em trabalhos e exames para corrigir. Eu faço o que posso. Leio um bocadinho de cada um conforme chega, baralho-me completamente, começo várias vezes cada livro, desarrumo tudo pela casa, e estou sempre a ouvir sermões da esposa. Mas não é culpa minha. É uma conspiração. São «eles» que me estão a tramar. Neste momento andam por aí o Primates and Philosophers do Frans de Waal e o Freedom and Neurobiology do John Searle a ver se me apanham a jeito.

E tenho o leitor de mp3. Se é leitor é leitura, certo? Não tenho paciência para ouvir música e como não consigo ler no autocarro aproveito para ouvir aulas de coisas que podem ser engraçadas. Normalmente não são. Mas de vez em quando... Agora estou a acabar uma série sobre psicologia clínica. Antes julgava que a psicanálise é treta, apesar de ser muito usada. Agora já sei um pouco mais sobre o assunto. É mesmo treta. Mas a parte da psicologia cognitiva é interessante.

Se pensam por isto que sou um bocado geek, enganam-se. Sou totalmente geek. É que agora que acabou o Stargate SG1, e o Heroes e o Atlantis estão de férias, para relaxar leio banda desenhada da Marvel. O Ultimate Spiderman, e os Ultimates em geral, estão bem porreiros. E nem leio em papel. É tudo digital, que não ocupa espaço nas prateleiras e é mais fácil encontrar quem me... empreste... as revistas*.

E a ver se despacho o Homem Aranha até dia 24. Segundo a Amazon, é quando deve chegar cá o novo do Harry Potter. Woohoooo!

* Para uso estritamente pessoal, sem prejuízo do seu valor comercial, e de acordo com a lei vigente. Não quero a Associação Portuguesa de Comerciantes e Autores de Livros aos Quadradinhos e Obras Associadas a vir cá pedir dinheiro.

1- Palmira Silva, 6-7-07, Leituras

31 comentários:

  1. "Se pensam por isto que sou um bocado geek, enganam-se. Sou totalmente geek."
    Ah, ah! És como eu.
    Algumas vezes gosto de ir à Livraria Bertrand. O último livro que lá encontrei foi "O gene egoísta", de Richard Dawkins. Infelizmente não encontrei "O Cérebro Broca", de Carl Sagan, e parece que vou ter de recorrer à Amazon.

    Para quem gosta de vídeo-jogos e for um geek, há um tal Angry Video Game Nerd (que pode ser encontrado no YouTube). Já vi os vídeos todos dele.

    Como não sou normal, deixo a introdução no final...
    Conheci este blog há algumas semanas, através do Helder Sanches, e foi logo para os favoritos. Só agora é que tive coragem de comentar um artigo ;p

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  2. Olá Pedro,

    Obrigado pelo comentário. Eu já só compro livros pela Amazon. As livrarias muitas vezes não têm o que quero, mandar vir demora imenso tempo e nunca se sabe quanto à partida, e se há problemas com o livro é uma chatice.

    Uma vez um livro que comprei numa livraria tinha defeito, faltavam umas páginas. Quando fui trocar não tinham o mesmo livro e só trocavam por um mais caro, pagando eu a diferença.

    Quando a mesma coisa aconteceu na Amazon, mandei-lhes um email e mandaram-me logo uma cópia boa do livro, e até disseram que não valia a pena enviar a cópia defeituosa.

    Mesmo com os portes não fica mais caro que comprar na livraria, e poupa-se imenso tempo. Só se perde o gozo de andar calmamente a ver livros...

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  3. Um designer viu numa loja um catálogo de cores (para gráficas) que custa cerca de 70 euros. Fez uma encomenda expresso do catálogo na Amazon por cerca de 20 euros. Passado dois dias tinha o livro em casa.

    Já recebi livros da Amazon, supostamente em segunda mão, mas em óptimo estado. Pelo menos um, que levantei nos correios, estava forrado com jornais ingleses, mas estava em excelente estado.

    E lembro-me de na SIC Radical o Nuno Markl (se não estou a fazer confusão...) ter dito que encomendou um DVD que demorava muito a chegar. Contactou a Amazon e recebeu dois DVDs. Disseram que ele podia ficar com eles.

    Ou seja, a Amazon presta um excelente serviço.
    Já experimentaram ver o amazon.pt :D Está assim há muito tempo... Pensava que houvesse exigência com domínio pt.

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  4. Não é só a Amazon. Quase todas a lojas on-line alemãs e também algumas americanas, com que lidei nos ultimos anos são excelentes, em todos os negócios, e já comprei de tudo on-line (livros, instrumentos musicais, discos, roupa, aquarios, camaras fotográficas, etc.), sempre sem o menor problema. Não são só os livros, no caso das outras coisas perde-se um bocado o prazer de "procurar com as mãos", de mexer e sentir o que se quer comprar, mas, em compensação temos a variedade, e melhor que tudo... o preço! Em algumas coisas é metade do preço de loja cá em Portugal.

    Sobre os livros... Ultimamente ando um pouco virado para a parte practica das coisas. Na minha banca de cabeceira estão dois livros tecnicos: "Corals" e "Natural Reef Aquariums". Os hobbies a isto obrigam. :-) Algures no escritório param o "Aquatic Systems Engeneering" e o "Ultimate Guitar Handbook". Estes dois são particularmente uteis e de aplicação prática directa.
    Estive a lêr até há dias, a série "crónicas de Allaryia" de Filipe Faria, mas, mesmo considerando tratar-se de litaratura juvenil, se os primeiros 2 livros da série são aceitáveis, e o terceiro ainda se tolera, o quarto nem cheguei ao fim, tamanha é a falta de jeito revelada pelo autor... Até superar o trauma vou deixar o romance de lado por uns tempos, e continuar na senda dos livros técnicos.

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  5. Chaval, o que quer que seja que andas a tomar, pára imediatamente!

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  6. Krippmeister,

    Tens um óptimo sentido de humor!
    No outro dia pareceu-me ver um tipo, careca, parecido contigo na Alameda da Universidade no Campo Grande, serias tu?

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  7. Ludwig,

    Por que a psicanálise é treta?

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  8. Anónimo,

    O Krippmeister é inconfundível, com aquela carantonha desenhada na careca...

    Bruno H,

    Só por alto:

    -é irreprodutível
    -é demasiado subjectiva e arbitrária
    -classifica as pessoas de acordo com uns poucos tipos de personalidade básicos demasiado simples
    -é muitas vezes infalsificável, com o recurso a alegados impulsos reprimidos (são mais impulsos se observados e mais reprimidos se não se observam) e a categorias tão abrangentes que se contradizem (a personalidade anal é tanto o organizadinho como o desorganizado).

    Resumindo, o seu alegado sucesso parece-me provir do mesmo tipo de mecanismos que dão sucesso aparente à astrologia e afins.

    Tem interesse histórico por ter chamado atenção para a riqueza e importância dos processos inconscientes que nos motivam e restringem, mas penso que não contribuiu mais nada além disso.

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  9. É muito possivel que tenha sido eu Anónimo. Como trabalho na Av. do Brasil, faço sempre o caminho do metro da cidade universitária pela Alamenda da Universidade :-)

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  10. Belo rastilho.

    Alemanha: Políticos indignados com mistura de ciência e religião nas escolas, ver aqui.

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  11. Olá anónimo,
    essa senhora política estava sobretudo a tentar distraír os média alemães do facto de ela ser lésbica, não que isso tenha grande importância na Alemanha de um modo geral, mas tem (ainda) alguma importância para a carreira dentro de um partido conservador.
    Cristy

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  12. A questão de a senhora ser lésbica, tal como a Cristy disse, não é relevante. O relevante é a insistência desta gente em coisas que não têm sentido.
    Num estado laico, qual é a justificação para a introdução de uma teoria religiosa seja em que disciplina for? Neste caso, nem separadamente se deve permitir o ensino do criacionismo. Isso que fique para a catequese, ou qualquer actividade extra-escolar.

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  13. ó Ludwig,

    e onde é que arranjas as aulas em mp3? Era o tipo de conteúdos que eu não me importava de ouvir... Podes dar alguns links?

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  14. Eu gosto em especial do contraste entre o "Consciouseness explain" e o "Homem aranha"!!


    Bj

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  15. Joaninha,

    qual contraste? :)

    NCD,

    a Teaching Company tem vários cursos porreiros. Podes comprá-los directamente pelo site da empresa ou pedir emprestado na net. No emule há muita gente que empresta essas coisas.

    Nota: não estou a encorajar a violação dos direitos de autor dos professores, que normalmente não têm direitos nenhuns a menos que uma empresa esteja a fazer dinheiro a distribuir as aulas que eles já foram pagos para dar.

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  16. António,
    discordo, penso que tem toda a relevância, uma vez que mostra como este tema (e a política em questão nem sequer é criacionista nem apologista do criacionismo) se presta à instrumentalização e à manipulação. Teria igual relevância se ela o tivesse feito para desviar a atenção de suspeita de peculato, por exemplo.
    Não tem nada a ver com crença e nem sequer com crendice, tem tudo a ver com carreirismo e objectivos políticos e de poder bem definidos, acho que vale sempre a pena apontá-lo. Mas admito estar enganada ou a ver as coisas demasiado pela minha perspectiva profissional.
    Cristy

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  17. Cristy,
    Como a Cristy disse, acabou por retirar a importancia da lesbiandade da dita senhora, porque o relevante é exactamente a utilização da fachada. Não interessa se para disfarçar a tendencia homosexual, se para disfarçar desvios de fundos, etc. Não interessa o particular da questão, mas, o fim: O branqueamento politico da senhora.
    Num Post anterior do Ludwig, já tinha referido isso a um outro nível. A tentativa Americana de tomar o controlo religioso que actualmente reside na Europa, recorrendo a uma questão que nem os próprios defensores serão tão burros ao ponto de acreditar no que andam a pregar. Eles simplesmente querem que a massa do povo acredite e se deixe manipular, bem ao estilo das práticas correntes das igrejas evangelicas lá do sitio.

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  18. Então estamos de acordo :)
    Cristy

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  19. Enfim, as coisas que este rapaz lê!

    :)

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  20. AVISO:
    Estou a reler uma trampa anti-religiosa que o Ludwig me enviou num DVD. :(
    Comecei a ler esta cena bué da obscura vai para aí... mais de 20 e tais anos. Digo-vos já que, é uma matéria que no início até parece fazer alguma lógica, depois atrai-nos, embriaga-nos, empenha-nos, finalmente julgamos que a dita cuja nos começa a desenvolver aquela coisa gelatinosa a que vulgarmente se chama massa cinzenta e é aí que caímos num poço sem fundo. O mais macabro é que esta leitura une as pessoas a tal ponto que as obriga a executarem os mais variados e inimagináveis pecados, e tudo isto em poucas horas. Graças a Deus que ainda fui a tempo e abri os olhos. Finalmente apercebi-me do mal que me fez. Nunca mais!
    De momento não me recordo do nome em inglês, mas em tuguês é algo parecido com Masmorras & Dragões. Há uma versão mais recente e potente, as Masmorras & Dragões Avançadas... também há um tal de Viajante ou Caixeiro-viajante que nos põe em órbita. São o 666 em pessoa, não acreditam? Então vão ao http://www.cs.rutgers.edu/pub/soc.religion.christian/faq/d&d
    Querem outra prova? Quem conhece o Ludwig e o Krippmeister apercebe-se logo como aquela leitura os consumiu e os transformou naquilo que hoje são.
    Vá de retro, Satanás!!!!

    SOLTAS:
    Não sabia que, nos Estados Unidos, os ateístas tinham um símbolo que os identificava depois de irem desta para melhor… para o pior, ou mesmo para nenhum lado. ;)
    Depois não digam que não são uma seita. :) Dêem uma saltada ao site do Departamento dos Veteranos http://www.cem.va.gov/cem/hm/hmemb.asp

    Sobre o assunto do tabaco, aqui vai mais uma notícia que hoje foi afixado no Diário Digital que diz respeito aos fumadores passivos (sobre um estudo que sairá em Agosto no American Journal of Public Health). http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=62&id_news=284990

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  21. Como não se vê bem, repito novamente o site
    www.cs.rutgers.edu/pub/soc.religion.christian/faq/d&d

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  22. Na minha condição de designer formado nas belas-artes de lisboa, aprendi desde muito cedo que é muito má ideia para um artista careca "ir de retro" ali nas imediações do bairro alto. Portanto não contem comigo.

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  23. Eu ando agora a dar uma espreitadela no códice Arquimedes, mas as minhas últimas leituras foram o fim da fé (sempre acabei, eh!eh!) e uma leitura ligeira: finalmente conheci o Harry Potter (li o primeiro). Também li recentemente o economista disfarçado e as memórias de Adriano.
    Em breve espero ler o hitchiker's guide to the galaxy, e o tratado lógico-filosófico do Wittgenstein, para quebrar a ligeireza.
    Isto em parelelo com os plasmas, claro, que vão sempre reservando as suas surpresas...

    Já que estamos numa de partilhas as leituras, cá ficam as minhas :)

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  24. Estou relendo Ecce Homo, de Nietzsche. Excelente, aliás.

    Dicionário Filosófico, de Voltaire.
    - Pena que ele fala em deus a todo instante, e afirma que os ateus são imorais. Mas considerando a época em que vivia, seu pensamento já está de bom tamanho.

    A Vida dos Doze Césares, de Suetônio.
    É interessante ler sobre as arruaças de Nero e os ardis de J.C. Não de Jesus Cristo, de Júlio César, he he.

    A Cidade Antiga, de Fustel de Coulanges.


    Tenho lido um pouco de cada coisa à medida que minha filha pequena permite...

    Abraços a todos

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  25. Ah, e uns textos de Joseph McCabe (1867–1955), um ex-teólogo católico que se tornou um grande propagador do ateísmo. Recomendo veementemente tudo o que escreveu, principalmente um texto em que questiona a existência de uma "Arte Cristã".

    Abs

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  26. Não, não vou pôr aqui o que estou a ler, porque são tudo temas que provavelmente fariam morrer de tédio a grande parte dos visitantes deste blogue (economia, jornalismo e essas tretas).
    Uma excepção para quem quer passar um bocado muito divertido e até com ligação a muitos dos temas aqui tratados:
    Bill Bryson "The Life and Times of the Thunderbolt Kid"
    Cristy

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  27. «De momento não me recordo do nome em inglês, mas em tuguês é algo parecido com Masmorras & Dragões.»
    Dugeons & Dragons. É isso que é anti-religioso. lol! Então o D&D é anti-religioso ou apoia religiões satânicas (Occult connections)?

    «nos Estados Unidos, os ateístas tinham um símbolo que os identificava depois de irem desta para melhor…» ... «Depois não digam que não são uma seita.»
    Considero-me ateu, por consequência do cepticismo. Não conhecia esse símbolo, o que pela lógica de ser uma seita torna-me um renegado.
    O Jainismo e o Budismo são religiões orientais ateias que usa uma suástica como símbolo (seguindo o teu tipo de argumento, conclui-se que são nazis). Uso uma máscara com uma versão cartoon da minha face para simbolizar-me (avatar - expressão da religião Hindu). Carl Sagan (cientista e ateu) sugeriu um epitáfio em homenagem à coragem científica de Kepler (cientista e teísta) e projectou o símbolo da placa da Pioner 10. Uma comunidade ateia chamada Unión de Cyberateos fez um concurso para símbolos ateus, tal como acontece, por exemplo, em programas informáticos open source ou noutras comunidades. Bandeiras representam países. Uma serpente é usada para simbolizar a farmácia e a medicina.
    Há muitos mais símbolos de seitas, como essas.

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  28. Venho já um pouco atrasada para estes pedidos mas estou a ler o the feeling of what happens do Damásio e quero compará-lo ao Denett que estás a ler. O tema é o mesmo. Emprestas-mo quando acabares?
    PS, adianto já o mesmo pedido para o Harry Potter, porque o tema também é o mesmo: passo a estar consciente que de vez em quando corro o risco de tropeçar no meu QI.
    Karin

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  29. Em relação à psicanálise:

    -é irreprodutível
    E então? Quer dizer, quando muito, que não será uma ciência, mas não deixa de ter valor (olha o valor outra vez, que esse tu aceitas que seja subjectivo ao comprador/vendedor, e não uma grandeza fixa universal :) ) por isso.

    -é demasiado subjectiva e arbitrária
    Subjectiva é preciso ser, para ser pessoal, e ainda bem que é. Arbitrária também é bom que seja: para mim, a psicanálise é a aprendizagem e o exercício do arbítrio: poderes discutir, de uma forma subjectiva tua, aquilo que para ti é treta ou não.

    -classifica as pessoas de acordo com uns poucos tipos de personalidade básicos demasiado simples
    Faço psicanálise há dois anos, de forma que me falta um bocado para o fim, mas duvido que no fim acabe tudo num diagnóstico reduzido aos modelos simples (do anal, do narcisista, por aí fora). Até agora, tem valido precisamente pela liberdade de pensar, por ser um exercício de construção de um espaço interior onde se pode pensar, idealmente, com as regras que se quiser. Depois o que se faz com isso já é com cada um.


    -é muitas vezes infalsificável, com o recurso a alegados impulsos reprimidos (são mais impulsos se observados e mais reprimidos se não se observam) e a categorias tão abrangentes que se contradizem (a personalidade anal é tanto o organizadinho como o desorganizado).
    Os impulsos, a repressão, a dissociação, são tudo modelos. Só que ao contrário dos modelos da física pré-quântica, são modelos que não se superam/substituem uns aos outros. São só ferramentas (convergentes ou divergentes) que te ajudam a pensar, e não são verificáveis de forma booleana, ou até à casa décimal x. Imagino que seja isto que assusta quem está de fora. Mas a verdade é que a nossa natureza é assim, uns dias estamos pior, outros melhor, e não sabemos transformar isso em quantidades. Até podemos tentar, mas não chegamos a uma verdade objectiva ou falsificável - chegamos só a mais um modelo, dos subjectivos.

    Por tudo isto acho que não é treta. Porque no meu modelo das tretas, o que caracteriza uma treta é o restringir as escolhas que temos, e não libertá-las.

    Tens algum artigo mais trabalhado sobre isto? (não encontrei mais nada, a procurar por alto).

    Intel,
    Paulo

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