Treta da Semana: Centro Transdiciplinar de Estudos da Consciência.
Descobri esta no Ciência ao Natural, onde o Luís Azevedo Rodrigues (1) há duas semanas apontou vários disparates deste Centro Transdiciplinar de Estudos da Consciência (CTEC) (2). Esta treta incomoda-me porque o CTEC é um centro de investigação da Universidade Fernando Pessoa (3). Mesmo uma universidade privada devia exigir um mínimo de rigor nestas coisas. Recomendo que leiam o que o Luís escreveu, mas há aqui treta que chegue para vários blogs. A introdução é genial:
« A história do Conhecimento tem mostrado, repetidamente, que muitas das mais relevantes descobertas científicas foram ignoradas e refutadas na sua época pelos contemporâneos. [...] Em universidades de reputação inquestionável, como as de Stanford, Harvard, Princeton,[...] começaram a acolher no seu interior grupos de académicos, cientistas e professores, de diferentes áreas e sensibilidades, para coordenar, analisar e testar toda a informação relativa a domínios inexplorados da experiência e da consciência humana»
Resumindo: não só estão sozinhos a lutar corajosamente contra a falta de visão da comunidade científica, como estão acompanhados das melhores universidades do mundo. Se não fosse a contradição era impressionante. A seguir explicam a motivação para este centro, de uma forma que já foi tema neste blog (4):
«O CTEC surgiu da necessidade, inevitável e natural, da evolução e complexidade dos saberes, de se atender à emergência de novos objectos e novos "limites" ao alcance do conhecimento científico contemporâneo, resultado da convergência entre disciplinas consolidadas e outras em desenvolvimento.»
Um dos fundadores do centro é Joaquim Fernandes, historiador e co-autor com Fina d’Armada de uma série de livros sobre as aparições de Fátima. Não foi nossa senhora. Foram OVNIs. Mas esse é um novelo de tretas para outro dia. Hoje vou-me ficar por uma das linhas de investigação destacadas pelo CTEC, o Efeito Biefeld-Brown. É o que faz levitar estruturas leves de folha de alumínio quando se aplica uma diferença de potencial na estrutura. Os ovniólogos dizem que é antigravidade. Na página do CTEC apontam como objectivos deste estudo:
«a- estabelecer uma teoria Física que explique o fenómeno;
b- determinar se a força produzida pode ser aumentada;
c- experimentar dispositivos de aplicação prática para orientação de satélites no espaço e propulsão de sondas espaciais.»
Após um protótipo em 2003, um encontro em 2004 «serviu para traçarmos planos de investigação mais promissores e avançados». Espero que esses planos incluam consultar a wikipedia (5). É que desde os anos 50 que se sabe exactamente o que é este efeito. Um dos eléctrodos é fino e afiado, o que aumenta o gradiente do campo eléctrico. Isto ioniza o ar neste eléctrodo, cria moléculas carregadas que são atraídas pelo outro eléctrodo, e as colisões destas com as restantes moléculas do ar criam uma corrente de ar que levanta o leve aparelho. Não é preciso «estabelecer uma teoria Física que explique o fenómeno». O Sr. Maxwell já tratou disso. Nem vai dar para orientar satélites no espaço, a menos que levem a atmosfera atrás. E não aconselho a tentarem aumentar a força produzida sem que peçam ajuda a um adulto, não vá a brincadeira pegar fogo à UFP.
Concluo com duas sugestões para investigações futuras. Uma estrutura rígida circular para facilitar a locomoção em superfícies planas, e um método de converter substâncias combustíveis em luz e calor na presença de oxigénio. Estou certo que uns anos depois dos primeiros protótipos terão planos promissores e avançados de investigação, e até se podem entreter a estabelecer teorias Físicas que expliquem estes fenómenos. Fica também aqui o apelo à direcção da UFP. Dêem uma olhada nisto, a ver se é o que entendem por um centro universitário de investigação.
1- Luís Azevedo Rodrigues, 30-6-07, Qualquer dia prefiro os criacionistas…se calhar não!
2- Página do CTEC.
3- Centros de investigação da UFP
4- 18-6-07, Treta da Semana: A verborreia.
5- Wikipedia, Biefeld–Brown effect
Ludwig,
ResponderEliminarNão está a compreender... Se os alunos forem avaliados pelas competencias e não por falsos conhecimentos empiricos, um dia havemos de ter Doutores dessa universidade que são especializados nessa actividade, pois até surge no seu curriculo académico e com aproveitamento (NOT)! :-)
Só como precaução para o futuro, em vez desses dois projecto interessantissimos que o Ludwig propõe, eu preferia que eles investigassem o campo da reprodução assexuada auto infligida... Que na realidade me parece já estarem a practicar neste momento.
n percebi...
ResponderEliminarqueres que eles inventem a roda e o fogo?? mas isso ja n foi inventado?
Também o electromagnetismo já foi inventado. Parece que isso para eles é pouco importante...
ResponderEliminarAHAHAHAHAHAHA!!!
ResponderEliminarEstava num "misere" medonho hoje, cheia de coisas infinitamente chatas para fazer!
Obrigada pelas gargalhadas :)
O humor da familia Krippahl é genial!
BJ
Outra coisa que já foi inventada foram os D.A.I.S.G.G.T.A.C.E.T. também conhecidos como Departamentos Académicos Inúteis para Sugar Guito e Garantir Tachos a uma Cambada de Especialistas da Tanga.
ResponderEliminarPara além das "pérolas" do CTEC, que como o Ludwig afirmou, podem dar posts para semanas, gostei particularmente do conceito popular, citado pelos "ovnis" lusos, de "avejão"=mistura de ave com anjo!
ResponderEliminarLindo!
Luís Azevedo Rodrigues
Aqui vai esta ligação para ajudar à "festa".
ResponderEliminarA Pseudociência nas Universidades Brasileiras
"E não aconselho a tentarem aumentar a força produzida sem que peçam ajuda a um adulto, não vá a brincadeira pegar fogo à UFP.
ResponderEliminarConcluo com duas sugestões para investigações futuras. Uma estrutura rígida circular para facilitar a locomoção em superfícies planas, e um método de converter substâncias combustíveis em luz e calor na presença de oxigénio."
Isto são pérolas!
Pérolas, I say!
Comentar tanta inteligência barata ?
ResponderEliminarNão percamos tempo !