quarta-feira, julho 18, 2007

Copyright, direitos de autor, incentivos e mercado.

Esta discussão levou-me a definir melhor a minha posição acerca deste assunto. Os próximos parágrafos são para quem o título não fez pensar «Chiça, mas este gajo agora só escreve acerca disto?!».

Por copyright entendo literalmente o direito legal de fazer cópias. É um legado de quando era preciso subsidiar as fábricas de discos, livros e filmes. Agora é um mal desnecessário. Copiar é fácil, e já não precisamos conceder monopólios para suportar o fabrico de exemplares. E é um erro confundir o copyright com um incentivo à criatividade. O escritor ou compositor recebe uma parte mínima de cada livro ou disco. Normalmente o que sustenta a sua actividade criativa são concertos, palestras, ou outra actividade profissional como o ensino. O monopólio do copyright serve a indústria de copiar e não a arte de criar.

Sou contra o copyright por não ser um bom incentivo à criatividade e por servir actividades cada vez menos necessárias, mas principalmente e pelo seu enorme custo social. Muitas leis para impedir que cada um faça cópias só para obrigar a pagar a cópia a outro que a faz por um preço muito maior. E o pior é o copyright sobre o conteúdo digital. Além de agravar as desvantagens é absurdo. A codificação digital é arbitrária, por isso para regular a cópia digital qualquer sequência de números tem que ser considerada cópia de qualquer outra sequência de números. O 24 é cópia do 12 se dividir por dois e cópia do 8 se dividir por 3. Que raio de coisa...

Por direitos de autor entendo o direito moral do autor de ser reconhecido e de não ter a sua obra deturpada enquanto obra sua. Faz parte de ser honesto, de não dizer que fui eu quando não fui ou que foi ele quando não foi. Se alguém copiar este texto deve indicar que fui eu que o escrevi e não deve mudar o sentido destas palavras sugerindo que eu disse outra coisa. E é isso. Quem divulga publicamente uma criação sua não tem o direito de limitar aos outros a liberdade e expressão, a troca de informação acerca dessa obra, a crítica, a sátira, a citação parcial ou integral, a obra derivada, ou o que mais seja. As ideias públicas são de todos.

Posto isto resta incentivar a criatividade e disseminação de ideias e garantir um comércio livre e competitivo. Mas sempre com o cuidado de procurar soluções só se houver problemas. Senão dá asneira. Muitos jogam futebol, alguns têm jeito e treinam com afinco durante a juventude, e uns poucos tornam-se futebolista profissionais ricos e famosos. O gosto pelo desporto e o sucesso de alguns é incentivo suficiente, e a ausência de restrições legais permite que muitos assistam aos jogos e recompensem os melhores jogadores. Não há problema, não é preciso solução. Não é preciso legislar incentivos ao futebol.

A música, os livros e os filmes são um caso semelhante ao da moda, da culinária e do desporto. São coisas que muitos apreciam, para as quais alguns são excepcionalmente dotados, e basta o contacto entre os dois grupos para que surjam os incentivos. Para isso já temos a internet, não é preciso intermediários protegidos por leis especiais e monopólios. Só atrapalham. Impedem a criação de modelos novos de negócio, prendem os artistas às empresas de distribuição, bloqueiam o desenvolvimento tecnológico, sobrecarregam o sistema de legal e chateiam muita gente. A única vantagem desta legislação era dar-me tema para o blog, mas já nem isso que o tema já aborrece.

Resumindo, penso que devemos eliminar copyright mesmo que prejudique a música e o cinema porque o custo de restringir a cópia é demasiado grande. Mas nem me parece que haja qualquer prejuízo para a criatividade artística. Porque é desnecessário em outras actividades semelhantes. Porque sempre que uns têm o que outros querem acabam por encontrar forma de o vender. E porque na prática o copyright já é tão ineficaz que têm que inventar leis todos os dias só para o manter vivo.

Dezenas de milhões de pessoas partilham ficheiros. Mais de metade do tráfego na internet é p2p. E não se nota qualquer redução na qualidade ou quantidade de música, literatura, ou filmes. Quem cria ganha o seu. Quem aprecia está disposto a pagar. Quem vive de fazer cópias é que se está a tramar. Quem se queixa são os distribuidores, que precisam do monopólio para subsistir porque não têm nada a oferecer num mercado livre.

45 comentários:

  1. Ludwig,

    Tenho estado no lado do contra, mas
    achei estas conclusões. Não sei até que ponto têm credibilidade.

    E é isso que falta no teu post: dados e critérios credíveis que suportem as tuas conclusões.

    E se não houvesse P2P, como estaríamos agora?

    Nunca se criou tanto como agora, será que isso não se deverá à indústria que tu recriminas? E não só como a sociedade se desenvolveu?

    Sem dados concretos, parece-me que vale mais ou menos tudo.

    A análise parece ser mais complicada do que parece.

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  2. Eu nunca comentei a coisa nestes termos, mas, a verdade é que o file sharing no meu caso já gerou várias vendas. Eu ouvi, gostei, e depois comprei. Mas, isso é porque eu oiço coisas que não passam na rádio nem na televisão e não tenho outro modo de as conhecer. E também, não compro às cegas.

    O meu caso assenta bem no estudo indicado pelo mário. No meu caso a musica menos popular, foi menos afectada pelo P2P. Em particular, até foi benificiada, mas, isso é porque eu acredito que se deve valorizar o trabalho das bandas e das editoras que as apoiam, dando o sinal do agrado com a compra. Nunca teria pago à partida para essas bandas gravarem, pois não sei a qualidade que vai sair do trabalho até estar concluido.

    A realidade é bem mais complexa do que o Ludwig quer aceitar. Um investimento nunca pode ter expectativa máxima de lucro zero, senão nem sequer é feito. E sem o lucro em perspectiva, 99% das bandas nem seriam divulgadas, os filmes não seriam feitos (nenhum), e os livros seriam apenas os que os amadores pudessem escrever nos tempos livres.
    A questão é que com as restrições o P2P é negligenciável nas vendas, sem as restrições, dúvido que sobre algum mercado... Esse é um dos factores a considerar no estudo. O P2P analisado está sujeito a restrições legais. Eu não roubo nada, mas, se deixar de ser castigado, eu sei de umas quantas coisas que se me vão colar aos bolsos. O mesmo se passa com todas as actividades consideradas ilegais ou criminais. Se o pressuposto da ilegalidade desaparecer do P2P, não vão ser 3 milhões as perdas.

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  3. "Para isso já temos a internet, não é preciso intermediários protegidos por leis especiais e monopólios".

    Ludi
    Quem é esse "nós"? A maioria dos portugueses não tem acesso à internet, e já não falo da maioria da população mundial.
    Bjs
    Cristy

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  4. Cristy,

    "Nós" são as pessoas que pagam os filmes, discos, e livros. Esses têm acesso à internet.

    Parece-me que todas as pessoas que interesse à industria restringir o direito de cópia são pessoas com acesso à internet. A MPAA ou a RIAA não ganham muito em proibir o camponês do Uganda de copiar CDs ou partilhar músicas online.

    Mário Miguel,

    Falta muito no meu post. É um post, não é um relatório técnico ou uma dissertação. Imponho-me um limite estrito de 2 páginas, cerca de 750 palavras, nos posts que aqui ponho, porque mais que isso é exagero.

    Mas dados é o que não falta por ai, se bem que uns digam umas coisas e outros outras. O dado importante é o mais óbvio: milhões de pessoas partilham ficheiros e continua a bater-se records de bilheteira, a fazer músicas e concertos, a editar livros.

    E o critério mais credível é não criar leis que limitam liberdades individuais sem ter a certeza que são necessárias e que compensam esse custo. Se estamos na fase do será? não devemos andar a proibir e a punir.

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  5. António,

    Eu aceito que a realidade seja tão complicada quanto for. Disso não tenho problema.

    Parece-me é que tenho dificuldade em explicar isto. Vou fazer um esquema, por ordem cronológica:

    1- banda ensaia na garagem de um dos elementos
    2- banda toca em bares
    3- público diz iá, vocês são fixes
    4- banda grava umas músicas com a handicam do tio de um dos elementos e põe no youtube
    5- muitas pessoas dizem iá, vocês são fixes
    6- banda cria um blog onde expõem ideias para um disco.
    7- banda põe alguns ficheiros mp3 em partilha no emule
    8- muita gente diz iá, um disco era fixe
    9- banda diz no blog que precisa de 500 encomendas para cobrir as despesas do estúdio se todos pagarem 20 euros por disco.
    10- 1000 pessoas dizem iá, isso é fixe. Alguns pagam mais porque gostam mesmo da banda. Banda fica com dinheiro de sobra e grava o disco.

    Se continuas a insistir que este tipo de coisa é impossível, não sei o que fazer porque este tipo de coisa já aconteceu várias vezes. Se dizes que isto está mal ou não devia ser assim, então só posso discordar. É mesmo assim que devia ser. A discográfica fazer um casting, gastar milhões em publicidade e ficar com o grosso dos lucros dos CDs de um artista que é só fachada não é a melhor solução.

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  6. Ludwig,

    Vamos testar a hipotese... :-)
    Não há melhor que uma experiencia em "laboratório" para confirmar a coisa.
    Eu arranjo a banda. Vamos montar a experiência?

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  7. António,

    Essa experiência só será válida se a banda tiver mesmo talento.

    Senão seria «provar» que é impossível haver futebolistas profissionais sem copyright sobre pontapés só porque eu não consigo singrar como futebolista profissional :)

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  8. «Quem é esse "nós"? A maioria dos portugueses não tem acesso à internet, e já não falo da maioria da população mundial.»

    Eu acho que este é o erro principal na análise do Ludwig.

    Ele até diz que: «"Nós" são as pessoas que pagam os filmes, discos, e livros. Esses têm acesso à internet.»

    Aqui o relevante não é o acesso à internet, mas à pirataria (não é a mesma coisa). A esmagadora maioria das pessoas que paga livros, discos e filmes NÃO tem acesso (fácil) à pirataria. Por enquanto.
    Acho que é um enviesamento cognitivo chamado "heuristica da disponibilidade": o Ludwig vive num mundo em que é impensável estar alheio a essa realidade, mas a maior parte da sociedade está-lhe distante. Apenas entre o segmento etário mais jovem o acesso à pirataria é significativo.

    E basicamente, concordando com muito daquilo que o Ludwig escreve, esta diferente percepção da realidade justifica muito daquilo em que discordamos.
    O copyrigth para financiar cópias não faz sentido. Mas será que não promove a criação?
    No caso do cinema, parece-me claro que sim. O esquema sugerido para o cinema não poderia funcionar. Como se faria um filme com um orçamento minimamente razoável? 1000 fãs dispostos a pagar 20e não pagavam a filmagem do Titanic... E é difícil encontrar muitos mais se lhes disseres que mesmo sem pagar nada eles podem ver o filme à mesma, sem qualquer sentimento de culpa.
    Será que no cinema os distribuidores é que estão a enriquecer à custa dos produtores dos filmes? Não sei, parece-me que o negócio está a funcionar normalmente e que realmente a generalização da pirataria no cinema vai distorcer o mercado no sentido de deixar de ser rentável fazer filmes caros, mesmo que muitas pessoas pudessem gostar de os ver.
    Não é verdade que sempre que alguém tem aquilo que outros querem se arranje sempre uma forma de transaccionar. Isso seria se o mercado não tivesse distorções, e a "free ride" é estudada como sendo uma daquelas que impede que isso aconteça. Com a generalização da pirataria, isso vai provavelmente acontecer ao cinema.

    Posto tudo isto, sou capaz de aceitar que ainda assim proibir a pirataria é capaz de ser a pior das opções.

    Mas posso dizer-te o que é que eu gostaria. Que a pirataria, sendo permitida e acessível, fosse vista como algo errado, e que os consumidores tivessem a responsabilidade de não piratear algo que fossem comprar caso não tivessem acesso à pirataria (como eu procuro fazer).
    Não é isto que eu vejo à minha volta, infelizmente. O que eu vejo é a mentalidade de "eu até ia ver X ao cinema, mas se posso ter de borla, para quê gastar dinheiro?". E não há volta a dar: esta atitude tem mesmo de prejudicar o negócio de CRIAR filmes, ao ponto de, se mais generalizada, não permitir que muitos filmes que muitos gostam de ver seja rentáveis.

    Na verdade, acho que em certa medida isso também se aplica à música e aos livros. Mas no cinema é mais flagrante.
    É-me fácil acreditar que na música e na BD os distribuidores beneficiem mais que os "produtores", mas aquilo que eu quero promover é a produção (em todas as suas componentes) e não a distribuição.

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  9. A análise do Ludwig não tem erros. Está perfeita.

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  10. Caro a:
    tendo a dar-lhe razão quanto à perfeição das análise do dono do blogue, aliás já fui muito atacada por isso mesmo neste espaço. Mas neste caso faço minhas a palavras do J. Vasco, pelo menos enquanto aguardo mais argumentos :)
    Cristy

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  11. A análise do Ludwig é intelectualmente sofisticada e não acessível a toda a gente. Neste assunto, o Ludwig é um visionário: tem razão antes de tempo. Os argumentos estão todos devidamente explicados e fundamentados. Mas nem todos os entendem. Não é uma questão de divergência. É uma questão de alcance.

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  12. João,

    «Aqui o relevante não é o acesso à internet, mas à pirataria (não é a mesma coisa). A esmagadora maioria das pessoas que paga livros, discos e filmes NÃO tem acesso (fácil) à pirataria. Por enquanto.»

    A pirataria é a venda de cópias ilegais ou o seu fabrico com objectivos comerciais. A isso quem vive numa cidade tem acesso, pois até à porta do Metro vendem DVDs da candonga.

    Mas uma grande parte do segmento da população que compra CDs e DVDs, vai o cinema e compra livros tem acesso fácil a amigos que façam uma cópia deste filme ou CD e a programas de partilha de ficheiros.

    Podemos aqui discutir se é 20% deste grupo ou 80%, mas isso é irrelevante porque o efeito desta prática na criação artistica é indetectável.

    O meu ponto é que se a partilha e a disseminação de informação para uso pessoal fosse a desgraça que tu propões já se tinha feito sentir um efeito claro e devastador.

    Há efeitos visíveis no negócio da distribuição. Mas mesmo esse é pequeno e ambíguo e devido a inumeros factores, desde a concorrência crescente dos jogos e consolas, à venda em supermercados, e assim.

    Mas não há nada que indique que a criatividade artistica está a sofrer, e já há dezenas de milhões de pessoas a partilhar ficheiros, precisamente aquelas pessoas que são os maiores consumidores destes produtos.

    «O copyrigth para financiar cópias não faz sentido. Mas será que não promove a criação?»

    Sim, mas mal e muito indirectamente. Nunca foi bom para isso. Pagar pela cópia é um benefício para quem copia.

    «No caso do cinema, parece-me claro que sim. O esquema sugerido para o cinema não poderia funcionar.»

    Claro que não, mas o cinema apenas funcionará enquanto oferecer algo que outros não oferecem. Que é ir ao cinema. Senão já tinha desaparecido com a TV, os videoclubes, os VCRs ou tudo o resto.

    O que dá mesmo dinheiro é o bilhete de cinema. Ninguém faz uma mega-produção para vender em DVD ou para dar na televisão. No dia em que ninguém quiser ir ao cinema é claro que a industria desaparece, e sou a favor de regulação da actividade comercial de salas de cinema se isso for necessário para preservar a industria.

    Mas isso não tem nada a ver com prender pessoas por filmar a tela durante o filme. Isso é disparate.

    «Mas posso dizer-te o que é que eu gostaria. Que a pirataria, sendo permitida e acessível, fosse vista como algo errado, e que os consumidores tivessem a responsabilidade de não piratear algo que fossem comprar caso não tivessem acesso à pirataria (como eu procuro fazer).»

    Eu acho errado venderem DVDs copiados, e não os compro. Mas não acho errado trocar sequências de números. Qualquer que seja a sequência de números. Isto prende-se com algo muito mais fundamental que o incentivo da criatividade ou o negócio. Os números são do domínio público, e a informação em abstracto, uma vez publicada é de todos. Sacrificar este princípio só para uns ganharem mais uns trocos é inaceitável.

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  13. Ludwig,

    A banda arranja-se, e a questão do talento descobre-se nos primeiros passos da experiencia. E se a cobaia serve ou não, é só necessário analisar à priori. Uma amostra de público, que se arranja fácilmente, pode indicar o nível de agrado, e depois avança-se com a cobaia ou testa-se outra. A amostra de bandas que posso arranjar para a experiência é vasta!
    No fundo, é só fazer o que as editoras fazem. De um universo de bandas que surgem constantemente, escolhem algumas, e testam a receptividade, ou então analisam a receptividade que as mesmas conseguiram sozinhas, e escolhidas as melhores, geram o marketing que prepara o mercado para o que vão lançar, pagam às rádios para tocar a banda que pretendem lançar, e quando a banda "pega", capitalizam o investimento de promoção que fizeram. Isto acelera o processo de globalização de uma banda, e o público em geral ganha com isto, porque senão temos o exemplo de Soundgarden, que só se tornaram mundialmente famosos depois de 3 albuns, porque o marketing não existiu nos 2 primeiros. O marketing é caro! O copyright assegura o retorno. :-) Como resultado do "sistema" hoje tenho a possibilidade de ouvir Audioslave, que nunca teriam existido se os Soundgarden fossem outra das bandas que crescesse apenas da distribuição livre de cópias.

    O que o Ludwig defende é que os tempos mudaram e que dada a facilidade, hoje o cenário é diferente, a cópia é fácil, e a distribuição é mais rápida e como tal, mais eficiente. A ser realidade, acho que podemos testar a hipotese. O sucesso da experiência é obter o finaciamento dos fãs para o primeiro conjunto de 8 canções com qualidade de CD. Eu proponho esse desafio ao Ludwig! Se for um sucesso, o Ludwig converteu um céptico (eu), e gerou um resultado palpável, que pode ser a base para futuras discussões. O passo seguinte, que é, esse modelo permitir financiar a criação de forma sustentada é que ficará dependente de factores que podem não ser possíveis controlar, mas, um caso de sucesso pode servir de exemplo para lançar outros, e se se conseguir massificar o modelo, podemos analisar os resultados à posteriori.

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  14. Caro a,

    Eu gosto imenso de argumentar com o Ludwig, e no geral com muitas das pessoas que aqui comentam porque se obtêm bons argumentos sobre os diversos pontos de vista de um tema, mas, aquilo que disse de o Ludwig ser um visionário, ou ter razão antes do tempo, é que tem que ser analisada com cuidado!
    Os ultimos exemplos que conheci disso, deram todos para o torto, pois grande parte das ideias "visionárias" depende de factores incontroláveis, que tornam as ideias utópicas quando confrontadas com a realidade.
    - Segundo o Ludwig, é suposto alguém pagar para outros gravarem, sabendo que o grosso da populaça, depois, vai ter acesso à borla. A tendencia natural é que fã ou não, as pessoas se colem ao grosso da populaça e espere que os "outros" paguem para eles terem. Eu acho que isto mata o modelo pela base, mas, se o Ludwig acha que não, não há melhor solução que testar!
    O Agostinho da Silva, acreditava que a sociedade não necessitava de sistema monetário e que no futuro trabalharia tudo de bom grado para o colectivo, e os bens essenciais seriam à borla. Há quem lhe chame visionário, outros chamam filósofo, eu chamo treta, pois é sempre fácil afirmar o que não se consegue provar, e se qualquer preguiçoso inventa uma desculpa para não trabalhar mesmo quando perde dinheiro, não perdendo nada não tem motivo para deixar de ser preguiçoso, e o sistema morre logo.

    E por aí fora... Ludwig, aceita o desafio?

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  15. Desculpem a extensão do comentário. Vou tentar ser telegráfico.

    CINEMA
    tem o problema dos custos (não os custos de cópia mas os de produção)
    1. Não tenho números e posso estar errado mas penso que as principais receitas dos grandes filmes estão no merchadising e na publicidade que os acompanha e não nas vendas de bilhetes no cinema.
    2. De todo o modo, as pessoas já têm acesso aos filmes de forma mais barata do que o cinema, sem precisarem de pirataria: as edições em dvd podem ser vistas, vistas em conjunto, emprestadas, alugadas em video-clube mas as pessoas continuam, inexplicavelmente, a ir ao cinema. Não se percebe mas é verdade (bom, eu percebo…).

    MÚSICA
    1. Parece-me que a análise do Ludwig aqui está correcta.
    2. Nem de propósito, vejam lá o que é notícia hoje. E as reacções que gerou.

    LITERATURA

    1. Aqui é que eu ainda não percebi o modelo de funcionamento do Ludwig.
    2. É que, por um lado, os custos de produção ainda são significativos e o “investimento” do autor é também considerável… Gostava de ver aplicado aquele modelo de funcionamento aqui.

    Duas considerações gerais para finalizar

    A oferta cultural não aumentou graças ao copyright. Ela aumentou porque quanto mais gente tiver acesso à cultura mas gente produzirá cultura. Esse efeito multiplicativo não é incentivado pelo copyright, consegue-se apesar do seu travão.

    A pirataria não se vai tornar um problema com a sua generalização. A sua punição é que se tornará impossível, ou pelo menos muito difícil, cada vez mais difícil.

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  16. Não apareceu o link para a notícia sobre música. É esta: http://www.rtp.pt/index.php?article=290815&visual=16&rss=0

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  17. "Neste assunto, o Ludwig é um visionário"
    Caro a:
    Já o disse aqui uma vez, e não é original meu, acho que quem tem visões devia ir ao oftalmologista. De resto peço-lhe paciência para nós comuns mortais com alcance limitado. Olhe, pode tomar como exemplo o meu irmão, que nunca achincalha ninguém só porque não concordam como ele, e nem mesmo quando não o entendem.
    Cumprimentos
    Cristy

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  18. Visionário é aquele que, pela sua inteligência superior, vê mais longe do que os outros. E o seu irmão tem uma inteligência (muito)superior. Fruto do acaso.Acontece.

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  19. Concordo plenamente consigo.

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  20. Xiii mano! Se não tens cuidado vais acabar por fundar uma seita ;)
    Cristy

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  21. A habilidade do Prince significa abdicar de 1 milhão de euros de receitas da venda que reverteriam para ele. Isto se conseguisse vender os 2.1 milhões de discos.
    Ele está a capitalizar em termos de marketing, o investimento de anos das editoras a promover o trabalho dele, para o tornar mediático o suficiente para fazer uma habilidade destas.
    Estranhamente quando ele lançou o primeiro disco, que ele pagou do bolso dele, não abdicou das vendas. Porque será?

    Agora quero é vêr a mesma habilidade por um artista não consagrado, onde a criatividade seja real. Prince desde o inicio dos anos 90 é uma seca repetitiva. A criatividade foi-se... E neste caso uma habilidade destas é publicidade gratuita, para reavivar um interesse que estava a morrer. Tal como foi aquela mudança de nome artistico nos anos 90.

    E mantenho o desafio ao Ludwig. :-)

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  22. Sobre o artista da habilidade acima descrita, aqui está alguém que concorda com a minha avaliação da situação: :-)
    "Prince albums don't generate much discussion now, and even less airplay. The only reason Radio 1 had got in there was that Minneapolis's most prolific pop star had released the CD - his 46th album, counting hits and live collections - via the unique route of distributing it free through a newspaper, the Mail on Sunday. Had it not been for the hype, Planet Earth would have slipped out almost unnoticed, as many of his recent albums have done."
    Este estava no The Guardian.
    No site prince.org está outra parcela importante para a discussão:
    "The paper will be ramping up its print run in anticipation of a huge spike in circulation but would not reveal how much the deal with Prince would cost." Ou seja, ele nem perdeu dinheiro. :-)

    E por fim, é pena que apesar de distribuido gratuitamente, o CD continua a ter copyright.

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  23. Sem dúvida que o copyright é treta! (espero não ter de pagar pela expressão).
    Dizer que o cinema precisa das receitas do público para pagar os orçamentos é o mesmo que dizer que trabalho para comprar pastilhas elásticas!
    Com certeza que os realizadores e actores não gastam do próprio bolso para fazer um filme, esperando ter boas receitas quando este for lançado! Existem muitos apoios e patrocinios para fazer um filme, basta ver os anúncios à Cofidis n'O Crime do Padre Amaro! Em Hollywood é igual, aliás, não é com o copyright que os actores compram mansões de milhões de dólares!
    Em relação ao futebol vs música é muito semelhante, tal como a industria discográfica impõe restrições a cópias, é completamente impensável que o representante de um jogador impeça os putos da minha rua de copiar uma finta que o jogador "dele" inventou! A finta está para as leis de Newton aplicada à força do corpo em relação à bola e à distância do adversário, como uma música está para a informática em relação a um algoritmo que gera um ficheiro no disco a ser lido por uma placa de som.
    Concordo que o copyright maça mais do que trás utilidade, e sem dúvida que é um entrave à criatividade.

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  24. Caro Vitor,

    Não sei onde foi fazer as suas contas, mas, a mim parece-me que 100 milhoes de dolares pagam bem as casas dos actores, e os luxos todos, e isto é o resultado de um filme de sucesso médio, e se um filme custa 50 milhoes a fazer, entre salários, contratos de vedetas, e os meios tecnicos, não é com publicidade que paga o filme. Os valores avançados pela publicidade indirecta nos filmes é muito baixo, pois é menos eficiente que 30 segundos em prime-time televisivo. E há o risco de o filme ser um flop. Em publicidade não se investe para "talvez" obter visionamentos, investe-se pelo seguro.
    O exemplo português não serve porque, um filem português é barato quando comparado com uma produção de Hollywood.
    A origem do financiamento é o produtor. Esse avança com o dinheiro para ir recuperar em vendas para projecção.

    O modelo do Ludwig, em música é plausivel de aplicar, mesmo havendo uma perda de criatividade, pois há quem consiga viver das actuações ao vivo. No cinema só vejo perdas...

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  25. Há perdas porque os custos são inflaccionados. Porque tem de ganhar um Stalone 20 milhões de dólares num filme? E uma Angelina Jolie 100 milhões? E o produtor ter um lucro de 500%?

    Porque é que o gajo que faz os efeitos especiais num filme tem de ganhar 15 milhões de dólares? O problema é que os custos são proporcionais às previsões de receitas. Por isso é que há prejuízos quando as previsões não se confirmam.

    Se o Stalone trabalhar 2 meses num filme e ganhar 1500 dólares por mês, o filme já fica rentável. Se ele não abre a boca nos filmes parece-me razoável. Se falar, acho bem que lhe paguem 2 mil.

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  26. A,

    Pela mesma lógica...
    Porque é que os trabalhadores todos em Portugal não trabalham pelo salário minimo?
    E já agora, porque é que não o baixamos para 50 euros por mês. Assim, podemos concorrer com os Chineses.

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  27. antonio,

    Não falta muito para que todos trabalhemos pelo salário mínimo e nos tornemos a China da Europa. A revisão da legislação laboral já prevê reduções de salário e felxibilidade total nos ajustamentos da competitividade das empresas.

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  28. a:

    Os produtores não têm um lucro de 500%. Podem ter em certos filmes, mas em muitos têm prejuízo. O que acontece é que se os lucros em geral fossem tão elevados, mais agentes económicos iriam querer produzir filmes, embaratecendo-os e diminuindo o lucro.
    Por isso é que hoje o cinema é um negócio que dá um lucro (ponderado aos riscos) normal - se desse um lucro acima do normal iriam entrar mais agentes económicos nesse negócio, e se desse menos iriam saír.

    E chegamos ao ponto chave: se as leis mudarem por forma a que os lucros do cinema diminuam, a conclusão é que muitos investidores vão abandonar esse negócio, investindo noutros mais lucrativos. E a oferta diminuirá por consequência.

    Passa-se a investir mais noutras actividades económicas e menos nessa actividade, e nas demais actividades criativas/artísticas em geral que tiverem beneficiado das leis restritivas que existem.

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  29. Ludwig,

    "Falta muito no meu post. É um post, não é um relatório técnico ou uma dissertação."


    O basear em estudos e critérios credíveis, não implica elaborar um grande texto. E um pouco desonesta esta tua análise.


    "milhões de pessoas partilham ficheiros e continua a bater-se records de bilheteira,"

    Verdade. Mas o que ocorreria se não houvesse a pirataria, o P2P, etc...?
    O facto é que "eles" continuam a investir em protecção contra copia e pressionam
    para que se legisle contra a cópia, se o fazem é porque estão a perder.

    Parece-me que o que falta mesmo é um estudo profundo, e imparcial, sobre este tema.

    Há casos em que é clara a vantagem da protecção (genericamente falando) do investimento.
    No caso da Intel, se eles não tivessem assegurado que a tecnologia deles fosse protegida não teríamos a taxa de evolução que temos hoje, Lei de Moore, e que a todos beneficia.

    Será que o levantamento da protecção beneficia só no imediato (borlas para todos); e não estimularia tanto assim a criatividade, como não seria o caso em que a pressão das empresas que querem lucro, como o caso da Intel, fazem a coisa andar mais depressa?

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  30. Miguel,

    «O facto é que "eles" continuam a investir em protecção contra copia e pressionam
    para que se legisle contra a cópia, se o fazem é porque estão a perder.»

    Não. Isso é a propaganda deles. A verdade é que ao criminalizar estes actos eles passam todos os custos legais para o contribuinte. Basta fazer a queixa e arrecadar indemnizações.

    E a protecção de cópia faz parte disso. Com leis como o DMCA conseguiram que passasse a ser crime contornar protecções de cópia. Mesmo protecções ridículas como as da maioria dos CDs, que podem ser contornadas carregando no shift quando se fecha o leitor (desactiva o autorun). Mas se fizeres isso e copiares o CD que compraste cometes um crime, apesar de teoricamente teres direito de o fazer.

    Se um miudo descarrega 30 mil músicas dizem que tiveram 30 mil dólares de prejuízo, mesmo que o míudo nem consiga imaginar 30 mil dólares. Com este choradinho (e muito dinheiro) convençem os legisladores e juízes, e vão abrindo um novo negócio de extorsão por ameaça legal.

    «Há casos em que é clara a vantagem da protecção (genericamente falando) do investimento.
    No caso da Intel, se eles não tivessem assegurado que a tecnologia deles fosse protegida não teríamos a taxa de evolução que temos hoje, Lei de Moore, e que a todos beneficia.»

    Sim. As patentes são uma coisa boa quando queremos que se produza muito de algo que custa a produzir. Mas as patentes são o contrário do copyright. O copyright proíbe a disseminação e uso da informação. A patente obriga a pôr toda a informação no domínio público, e apenas regula a sua aplicação para fins comerciais. Além disso não se pode patentear coisas abstractas como algorítmos ou sequências de números (se bem que já se pode patentear software em algums países, outra aberração). E dura 10 vezes menos que o copyright.

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  31. "Não. Isso é a propaganda deles. A verdade é que ao criminalizar estes actos eles passam todos os custos legais para o contribuinte. Basta fazer a queixa e arrecadar indemnizações."

    Então o que dizes é similar à "caça à multa"? Dispêndio de tanta energia para isto? E dará lucro? Custa-me acreditar.

    Nota que eu não confundi patentes com copyright, referi protecção de forma genérica.
    E a pergunta mantém-se: será que o levantamento da protecção beneficia só no imediato (borlas para todos); e não estimularia tanto assim a criatividade, como não seria o caso em que a pressão das empresas que querem lucro impulsionam o desenvolvimento?

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  32. Miguel,

    «Então o que dizes é similar à "caça à multa"? Dispêndio de tanta energia para isto? E dará lucro? Custa-me acreditar.»

    Para empresas cotadas na bolsa, cada «victória» legal destas é um dinheirão que encaixam.

    Além disso, a 3000-5000 dólares por settlement, com 500-800 processos por mês, faz as contas. Compensa bem. E melhor será quando puserem o FBI a fazer o trabalho por eles às custas do contribuinte.

    Na Alemanha já se levantou o problema. Cada queixa-crime que as discográficas submetem exige que o promotor público peça ao ISP para identificar o IP para averiguar. O queixa crime normalmente não avança, mas depois a informação é usada para um processo civil. Entretanto os contribuintes pagam por isso (uns milhares de queixas por mês vai acumulando uma boa maquia, fora o trabalho extra do sistema legal).

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  33. Mário,

    Eu encontro diversos impactos negativos nesta ideia do Ludwig.
    As editoras gastam fortunas em divulgação de bandas, e nem todas são como os D'ZRT e afins que tanta comichão fazem a quem tem bom gosto. Sem esse marketing, ninguém conheceria dezenas de bandas que actualmente preenchem o nosso espectro musical. Vamos ter mais bandas, mas, com menor disseminação, os critérios de selecção vao desaparecer, e de certeza que vão proliferar bandas mediocres que ocuparão o mesmo espaço que a s boas bandas. Tente no meio de milhares de bandas apanhar uma nova, que valha a pena. Gravações carissimas como as dos Pink Floyd vão deixar de ser viáveis (para mim é um favor que me fazem, mas, não creio que os fãns pensem da mesma maneira). Pode eventualmente acontecer como na moda, que o Ludwig usou como exemplo, que toda a loja de massas vende roupa que não vale nada, e que me vejo aflito para descobrir uma peça que me agrade. A alternativa é aceitar ser "roubado" e pagar fortunas nas lojas de marca. Onde além da moda, se vende algo mais regular.
    Eu acredito que o que se vai passar é como o Mário disse. Depois da euforia inicial, vai-se penar para voltar a encontrar algo de bom no meio do "ruido de fundo".

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  34. Ludwig,

    Esses processos na Alemanha estão errados, por causa dos meios, e os fins pretendidos, mas, a culpa é do sistema penal. Não me parece que uma denuncia de downloads seja um crime relevante, ou sequer público, pelo que as provas acumuladas não devem ser passadas a nenhuma entidade sem um processo judicial que o justifique. Quem abre o processo paga as custas do mesmo, e se os custos crescem, cobram-se...

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  35. António,

    Trata-me por tu, por favor:-)

    De facto concordo mais contigo do que com o Ludwig. Embora, no caso do Ludwig, se tudo funcionasse bem (idilicamente), seria o mais justo, revelando que o Ludwing é uma boa pessoa, mas todos sabemos como é a "natureza humana", e nem todos são "Ludwing's", e é esta a variável que o Ludwig não inclui de forma correcta na equação que aqui transmite.

    E sabemos, também, que as previsões neste campo são muito difíceis.
    Quem pensaria, no fim dos 80's, no P2P e seus impactos?

    Provavelmente nenhum de nós vai acertar no alvo.

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  36. Ludwig,

    Desculpa lá, enganei-me no teu nome, no comentário anterior.

    Isto deve interessar-te.

    Tribunal Europeu rejeita identificação de piratas do P2P

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  37. Miguel e António,

    É por desconfiar bastante da natureza humana que me oponho tanto a conceder monopólios seja a quem for, na confiança cega que usem esse poder no meu interesse e dos outros.

    Mas acho que uma das coisas que nos divide é que vocês vêm a arte como um bem de consumo e não como uma actividade em que todos possam participar. Penso que isso é errado. O sistema presente é como promover o futebol proibindo que se jogue sem licença, ou promover a culinária proibindo que se experimente receitas em casa.

    É claro que sem o copyright as discográficas perdem um benefício. Mas todos os outros ganham com isso por poder participar na criação de músicas, videos, etc. É o que já acontece no youtube, se bem que estejam sempre a retirar de lá videos por violação do copyright. É o que acontecia com o sampling no hip-hop, com os mix-tapes, e tradicionalmente em muitos estilos de música. O pessoal participava, até que as discográficas acabassem com isso usando a Lei.

    Não me parece razoável leis que proibam as pessoas de fazer bolachas para que as fábricas de bolachas tenham mais dinheiro para investir em publicidade e nos dizer quais as bolachas de que gostamos mais. É disparate. Esse argumento do António não me parece fazer sentido. É evidente que o que as discográficas investem em publicidade é no interesse dos seus accionistas e não no interesse do público.

    Eu prefiro menos restrições, mesmo que sobre para mim o árduo trabalho de encontrar a música de que gosto sem a preciosa ajuda da publicidade...

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  38. Mário,

    Serás "tu" daqui para a frente. :-)

    Ludwig,

    De todas as restrições de copyright que menciona, este ultimo post saiu um pouco ao lado, na questão da participação na cultura. :-)
    Fora do mundo das editoras e distribuidoras existe um mundo de cultura que não precisa delas para sobreviver e se distribuir. A questão é que a musica que eu gosto e compro não é mainstream, e não é por isso que deixo de a comprar, em alguns casos directamente aos artistas, como o ultimo CD que comprei.
    O resto da musica, para mim é entretenimento. Se o copyright acabar, deixa de ser entretenimento pois é o copyright que sustenta a rádio, a MTV o VH1, e todos os sitios onde assumo a musica como entretenimento. O Entretenimento é um negócio, e não há como o contradizer. Eu não compro CDs de musica por entretenimento, mas, sustento outros negócios que vivem disso, e não me parece razoável um artista pagar por um trabalho, e depois o bar ou a discoteca passam musica à borla, mas, enchem os bolsos com entradas e consumos. Se o artista não é pago por isto, está-se a deturpar a realidade, e quem tem o mérito de fazer a musica sai prejudicado em relação a quem a usa com proveito. As editoras como todos os negócios dão lucro, mas, se fosse tão grande assim, como o João Vasco já explicou, rápidamente apareciam concorrentes a levar o seu quinhão. Qualquer acção que gere mais de 2% ou 3% de dividendo sobe logo de preço, ou surgem concorrentes, por isso o accionista recebe menos do que se tem apregoado aqui, e o remanescente é reinvestido, e volta para a música, mesmo que seja a produzir pirosices esporádicas.
    Não sei se valorizo a parte cultural e intelectual da musica mais do que o factor entretenimento, o suficiente para que esteja disposto a abdicar da parte ludica da musica, que é a parte que o copyrigt impõe, apesar dos excessos legislativos que surgem de vez em quando.

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  39. António,

    Se o Miguel é «tu», eu também quero :)

    «Se o copyright acabar, deixa de ser entretenimento pois é o copyright que sustenta a rádio, a MTV o VH1, e todos os sitios onde assumo a musica como entretenimento.»

    Não me parece. A rádio até tem algumas isenções por divulgar a música (pelo menos tinha nos EUA, mas as discográficas estão a tentar acabar com iss), e o que sustenta a MTV e o rádio é a publicidade. Se não tiverem que pagar o copyright ainda melhor. Isso é como dizer que vai deixar de haver bares e discotecas se a SPA não cobrar direitos...

    Se fizeres uma festa de bairro podes organizar uma almoçarada ou um concurso de culinária, e todos podem usar as receitas que quiserem. Podes fazer torneios de ping-pong ou futebol. Se for um bairro de geeks podes organizar olimpiadas da matemática ou concursos de programação, ou até experiências científicas. Podes organizar desfiles de moda ou concursos de engenharia, a ver quem constroi a melhor ponte. Todas as ideias nestes campos e muitos outros são livres.

    Mas não podes cantar sequer o parabéns a você sem pagar copyright. Emparedar este tipo de ideias e restringir o seu uso já não faz sentido. Nunca foi preciso para haver inovação e criatividade, que há a rodos nas outras áreas que não se restringe, e só foi preciso para subsidiar a produção dos suportes. Os discos, a película e os cenários, os livros.

    Já não precisamos de subsidiar isso, e está na altura de repôr uma situação mais razoável.

    O copyright não é útil para o rádio, nem para a MTV, nem para o youtube (pelo contrário), nem para a criatividade artística (isso muito menos). Só serve aqueles que vivem do monopólio da cópia.

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  40. Ludwig,

    Esta não é um argumento em resposta ao teu comentário, é antes uma constatação de interesses contraditórios, que até apoia melhor os teus argumentos do que os meus, mas, é nesta que eu prefiro bater. :-)
    Em cada CD, o estado arrecada entre 2 a 3 euros pelos CDs normais, 1 na pior das hipoteses pelos saldos, e se for daqueles CDs gravados para serem coleccionados tipo, a actuação de uma qualquer estrela da opera a cantarolar numa gravação rara, estaremos a falar de 10 euros.
    Agora a pergunta retórica que se impõe... Se nem para 5% ele aceitam baixar o IVA, parece-te que algum dia vão acabar com essa receita maravilhosa?
    De todas as vendas de musica e video, o maior interessado, ao contrário do que tens afirmado, não é a editora, que só acumula cerca de 1 a 2 euros de cada cópia, mas, o estado!
    Por isso é que aquela questão dos processos levantados custarem caro ao estado é relativa (não é treta, porque no extremo essas despesas poderão ser superiores às receitas de IVA). É relativa, porque no extremo, quando for mais caro sustentar os processos do que as receitas potenciais, o incentivo é para inverter a lei, e ou o estado despenaliza (qual aborto da cultura), ou, deixa de colaborar na investigação, e aí o problema morre logo.
    Será mau... Neste caso não sei... Porque pelo menos a repressão pode deixar de compensar, e a repressão é a unica parte que acho errada. Não tenho nada contra a ASAE passar multas a bares e discotecas por não terem pago os direitos, mas, andar atrás de pequenos copiadores, clientes finais da pirataria, é que não me parece economicamente equilibrado. No entanto não acho que a gravação ilegal do filme no telemovel seja para consumo final, mas sim, o inicio da cadeia, e aqui sim é para actuar.
    É como descriminalizar o consumo da droga, mas, não a produção e o tráfico, que para mim é a forma razoável de abordar a questão.

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  41. Ludwig,

    «[...] números mostram uma quebra de 20% na compra de música [...]»

    Walt Disney tenta novos formatos de CD

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  42. «É por desconfiar bastante da natureza humana que me oponho tanto a conceder monopólios seja a quem for[...]»

    E aos que copiam...

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  43. este blog é fantastico e concordo plenamente contigo .Vou citar este post em particular no meu blog

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