Lembrete.
Hoje às 21:30 vou estar na Biblioteca Municipal de Oeiras para uma conversa com o Jónatas Machado. Vamos falar sobre o criacionismo e a teoria da evolução (que infelizmente chamaram de evolucionismo).
Mais detalhes no blog Oeiras a Ler.
Há tretas que me incomodam. É aqui que desabafo.
Hoje às 21:30 vou estar na Biblioteca Municipal de Oeiras para uma conversa com o Jónatas Machado. Vamos falar sobre o criacionismo e a teoria da evolução (que infelizmente chamaram de evolucionismo).
Mais detalhes no blog Oeiras a Ler.
Por Ludwig Krippahl às 6:49 da tarde
Pode conter vestígios de: criacionismo, eu
Teoria da evolução... bah. A Evolução, ponto. Está ou não mais que provada? Assumamo-la pois sem contemporizações, é a minha opinião.
ResponderEliminarDiscordas?
Ludwig
ResponderEliminar... tens uma paciência! Depois conta como correu.
Vasco,
ResponderEliminar«Teoria da evolução... bah. A Evolução, ponto. Está ou não mais que provada?»
A evolução está. É um facto, ponto, que a distribuição de características de populações varia ao longo do tempo.
Mas a teoria da evolução é um esquema que permite explicar de uma forma unificada todas as ocorrências desse facto numa gama muito vasta de condições. E criar modelos detalhados de onde podemos inferir previsões, etc.
Por isso apesar de concordar que a evolução é um facto, não quero reduzir a teoria da evolução ao facto da evolução. Seria como dizer que a teoria da relatividade é apenas o facto das coisas se atrairem.
Ontem não vi o Senhor nem penso que fosse suposto (o Senhor, caso exista, não cabe numa barragem de slides passada à socapa enquanto o moderador faz de conta).
ResponderEliminarO que acabei por presenciar foi uma leitura acrítica e mecânica de um panfleto (bem estudado) por alguém que não faz a mais diminuta ideia do que possa ser argumentação científica. E esta é distinta da que se pratica em Direito ou em Teologia, não vive da referência reverente a sumidades, mas antes da exposição e debate de argumentos.
Fontes
A ciência também distingue (ou deveria distinguir) entre fontes primárias (evidências e discussão), secundárias (revisão) e terciárias (divulgação), o ‘panfletarista’ de serviço parece ignorar a diferença. Só dessa forma se explica o atrevimento de citar a revista “Science & Vie” como fonte para o fim do sistema coperniciano (sim, Terra volta ao centro do Universo, está tudo perdoado). Esta revista foi até há cerca de 20 anos uma excelente fonte terciária, hoje limita-se a ter lindas fotografias.
Ciência operacional
Fiquei triste. Sempre me tinha consolado com o pensamento de que as concepções (os tais modelos…) científicas que tinham possibilitado o bombardeamento nuclear de Hiroshima e Nagasaki permitiam estimar a idade da Terra. Afinal estava errado, ninguém viu a Terra a formar-se portanto o modelo só serve para a bomba que foi vista pelos sobreviventes… Mas estou perplexo com este princípio de selecção de verdades: quem viu Deus (a sarça ardente não vale…), Maria Madalena também não presenciou a ressureição (chegou de pois de o processo consumado) e ficamos apenas com as bodas de Caná para explicar porque o Design pelo Supremo Arquitecto ultrapassa a vulgaridade da Evolução!?… Estou certo que o vinho era da melhor qualidade…
Metodologia
Fiquei aliviado por a movida Creacionista dispor de inúmeras teorias para explicar tudo-e-mais-qualquer-coisa de forma alternativa e aberta-à-verdadeira-Fé-que-ilumina-os-corações-e-abre-os-espíritos-para-Deus. Pareceu-me estar à beira do verdadeiro debate que tinha esperado. Mas depois a exposição parou à beira de descrever os testes a que essas hipóteses vão ser sujeitas (para ser honesto parou bem antes…) e ficou apenas a retórica do abra-o-seu-coração-empedernido-de-panteísta-militante-à-graça-do-Senhor.
E como esse conselho simpático não resolve o problema científico que tenho hoje para resolver, nem explica porque devo renunciar à explicação que a Evolução permite, fiquei confuso…
E a Deus o que de Deus é
Credo 1: não confiaria na ciência para me salvar a Alma.
Credo 2: não confiaria na religião para me desenhar um satélite artificial.
O que este vento, oriundo das pradarias da Bible Belt, vem trazer é a mistura da esfera da convicção (crença religiosa) com a esfera do racional (dúvida existencial). Ambas corriam paralelamente até este movimento se ter globalizado e misturado as duas num cocktail de tipo waabista. Todas as religiões humanas (e há muitas mais) são naturalmente creacionistas e isso é bom porque confere uma dimensão poética à relação destes miseráveis seres que nós somos com a natureza, não estou certo que os creacionistas de ontem estejam assim tão inclinados a abrir-seus-corações-a… aos animais totémicos e demiúrgicos dos aborígenes australianos.
Saí do ‘debate’ grato por viver num país defendido pela santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, sempre me posso consolar coma sua posição esclarecida face a este negrume. E nunca se esqueçam de que os protestantes também queimavam hereges, a diferença estava no nome que lhes davam...
Conclusão
No presente estado de coisas e sem interlocutores à altura de uma verdadeira discussão (precisa-se de um Biólogo/Geólogo creacionista) um evento destes será sempre e fatalmente um comício para uma causa com reflexos fanáticos. Desta forma servem simplesmente para proselitismo e não para esclarecimento. Ontem o espectador mais acrítico ficaria subjugado pela barragem de ‘argumentos’, citações e slides (estou a descontar o tom estridente do ‘panfletarista’), pela sua claque infiltrada (munida de volumosos apontamentos) e pela dignidade que lhes foi emprestada pelo evento.
Com estes senhores só se pode discutir assim em condições de controle dignas de um debate entre candidatos presidenciais nos EUA.
A alternativa é facultar-lhes um comício e basta um convertido por noite para terem ganho…
Hipótese por hipótese ocorreu-me que Dawkins o anteísta até pode estar a soldo destes senhores… Deixo o teste desta hipótese a outros.
João Almeida
Rebelva
PS
Ao Dr Jonatas (caso passe por aqui),
(vide um slide seu )
Que faz o Dilúvio Universal misturado com os seis (sete) dias da Criação. Parece-me um atropelo à sua própria Fonte Única.
Ludwig:
ResponderEliminarTenho pena de não ter podido atender á apresentação que tenho quase a certeza que foi boa. Queria saber se era possivel fazeres um posto dela?
Podes ler no meu Blogue o que eu tenho a dizer sobre a teoria da evolução.
Caro João Almeida,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário e análise incisiva, com a qual concordo. Também me preocupa que estes debates sirvam os propósitos propagandistas e proselitistas destas pessoas que, no fundo, não se preocupam se o que dizem é verdade ou não desde que pegue.
Mas a alternativa, não falar publicamente do assunto, parece-me pior e contrária a princípios que considero valiosos. Por isso acabo por alinhar. E penso que a ideia por trás deste ciclo, que a ciência não morde, vale a pena transmitir.
No entanto, concordo que estes debates devem ser rigorosamente controlados. Eu penso que em qualquer apresentação pública a consideração principal deve ser a audiência. Não se deve permitir que um orador fale tempo demais, fuja às perguntas ou monopolize o diálogo.
João (só João :)
ResponderEliminarJá escrevi um resumo noutro post, e tenciono pôr online a gravação da minha apresentação quando tiver tempo (assumindo que ficou gravado, aínda não verifiquei...)
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ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarSei que não tens o dever de fazer nada, fica aqui então em formato de pedido: era coisa gira se se o vídeo, e não só o áudio, estivesse na Net.
Pena não me ter sido possível ir.
O Anónimo acima, sou eu: Mário Miguel.
ResponderEliminarMário,
ResponderEliminarSim, tenciono fazer um vídeo. Felizmente para todos não será com a minha carantonha mas com os slides :)
Por curiosidade e para quem não conheça recomenda-se o seguinte cartoon.
ResponderEliminarhttp://www.glastonbridge.co.uk/img/al-evolution-00.jpg
Não é piedoso (não creio que o Criador recorra ao vernáculo empregue), mas introduz uma nota de bom humor num problema deprimente.
João Almeida
Rebelva