Crise de fé.
A Igreja Católica sobreviveu a inúmeras crises e ataques. Sobreviveu aos romanos, aos escolásticos, às cruzadas, ao incómodo constante de perseguir judeus, aos hereges, ao zelo com que limpou o sebo aos hereges, aos protestantes, a Galileu, ao Rock ’n’ Roll e até a Pio XII. Nem quando este Papa pronunciou ex cathedra que Maria teria ido para o céu com corpo e tudo, talvez até vestida, nem aí os católicos disseram desisto, isto está tudo doido, vou-me embora.
Mas agora surgiu uma ameaça mais profunda. Uma ameaça aos próprios alicerces da fé. Pela primeira vez na história, está em causa a viabilidade económica do catolicismo.
«A palavra "crise" entrou em força no vocabulário dos lojistas de Fátima que, em dia de começo de uma das principais peregrinações do ano ao Santuário, levam as mãos à cabeça, lamentando "significativas" quebras no negócio em 2008.»(1)
Valha-nos Santo Armindo de Famalicão, padroeiro das romarias...
Editado a 15-10. Obrigado ao Zarolho, graças a quem finalmente percebi a diferença entre "São" e "Santo".
1- Expresso, Crise chegou aos "santinhos"
Valha-te deus, Ludwig! Não há mesmo nada sagrado para ti? Quero dizer, a bolacha da comunhão, e a subsequente vinhaça, são coisas do dia a dia. Mas os Santinhos, meu deus? Lê A Reliquia, homem, e não blasfemes de tão soez forma, que até se me arrepiam as páginas do brviário. Mais juizo, santinho, mais juizo. ;-)
ResponderEliminarO 13 de Outubro é sempre um dia difícil para os primos: missa na rtp1, centenas de milhares de pessoas na peregrinação, etc, etc. E nem choveu...
ResponderEliminarSugestões de além-mar(Brasil).
ResponderEliminarNovos tempos, novos apelos. Cova da Iria, Santuário de Aparecida, venda de santinhos e quejandos têm todos um doce aroma medieval de burgos e artesanato. Os novos tempos estão a exigir uma abordagem empresarial arrojada.
Decerto os católicos já perceberam que não se deve esperar do Vampiro Alemão – já atentaram para aquele rosto pálido e aqueles caninos proeminentes ? – a desenvoltura midiática do Quasímodo Polonês. Melhor seria dar cabo discretamente do primeiro e eleger de pronto o saltitante padre Marcelo Rossi - nosso astro pop eclesiástico - para a cadeirinha de Pedro.
E quem sabe, uma vez eleito, o dito cujo Marcelo também poderia requisitar Paulo Coelho – outro dos sub-produtos desta minha terra - para servir de coroinha nas missas de domingo.
O Ratzinger já está a trabalhar afincadamente num programa de incentivo conjuntural de venda de santinhos: pretened tornar santinho um que espero encarecidamente esteja a arder nas profundezas do inferno católico: o tal do Pio XII. Mas vergonha na cara nunca foi o forte desta corja.
ResponderEliminarCristy
Atenção lojistas de Fátima! Novos produtos em Laboratórios Bruce®
ResponderEliminarCristy, a diplomação do santo não garante a lucratividade do culto.
ResponderEliminarComo nos ensina a boa ciência econômica, há que se levar em conta a limitação da elasticidade da demanda, e esta depende de um fator essencial : a renda e o número de consumidores. O Brasil, dado a sua grande população, talvez comporte, infelizmente, mais uns dois ou três Santuários de Aparecida, porém não creio que seja o caso de Portugal.
O relativo sucesso da multiplicação de santos levada a cabo pelo Quasímodo Polonês já se encontra num ponto descendente. Salvo melhor juízo, arrisco-me a dizer que esse produto já saturou o mercado. É a velha teoria ricardiana da renda decrescente da terra: a partir de determinado patamar, o esforço não é proporcional ao rendimento.
Não sou especialista em beatificações, mas estas, por certo, sempre têm um custo material.
Assim, far-se-ia necessário adotar outra estratégia para multiplicar o universo de consumidores dos bens de salvação, e , sem dúvida, a resposta é inovar no espetáculo e atrair novos espectadores dispostos a pagá-lo.
Nestes tempos negativamente debordianos, a ICAR não pode prescindir do show-man eclesiástico. Há que se abandonar os pudores de fachada sob pena de estagnação ou falência da firma.
A culpa é da ASAE!
ResponderEliminarNão quero saber porque, mas é!
beijos
Jucemir,
ResponderEliminara ciência económica ainda não encontrou meio para equacionar a estupidez humana :-)
Cristy
Bem, uma boa hipótese para salvar os logistas de Fátima era ligar o TGV directamente ao santuário. Fazia-se uma estação mesmo por baixo e certamente haveria muito mais clientes a nível europeu a tentar comprar o seu hectare no céu, assim como velinhas e os santinhos todos... Com jeitinho ainda passava em Famalicão e assim já nem era preciso alugar autocarros... lol!
ResponderEliminarAntónio parente:
ResponderEliminar"E nem choveu..."
Foi milagre.
Aqui no além-mar, há outra moléstia insidiosa a alimentar-se da estupidez humana: a IURD(Igreja Universal do Reino de Deus), malta composta de toda sorte de escroques e , quiçá, coisa pior...
ResponderEliminarAté a duas semanas atrás, o Rio de Janeiro corria o risco de ter como prefeito o Bispo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, capo dei tutti capi.
Não posso avaliar o progresso da IURD em Portugal, porém deixou-me preocupado a notícia abaixo.
“Existente há 20 anos, a IURD está presente actualmente em 172 países.
Em Portugal, onde já tem 120 templos[em apenas um grande bairro do Rio de Janeiro, eles podem ser contados às dezenas.], está em curso a construção de uma catedral para 3.500 pessoas; uma outra para 3.000 fiéis passará a funcionar no final de 2008 no Porto, segundo revela o seu líder e fundador, Edir Macedo, no recente livro O Bispo.
A maior sede internacional da TV Record, canal de propriedade do líder religioso, está em Portugal, onde a emissora funciona num prédio de mais de 1.000 metros quadrados.
A base em Lisboa exibe os programas em todos os países europeus via cabo.”
Vale acrescentar que no rastro de sucesso da IURD, observou-se o crescimento de vários bandos evangélicos.
Quisera alguém me informasse, em primeira mão, dos sucessos da IURD em Portugal.
Obrigado.
Ludwig, um reparo: Deveria ser Santo Armindo, não São Armindo.
ResponderEliminarZarolho,
ResponderEliminar«Ludwig, um reparo: Deveria ser Santo Armindo, não São Armindo.»
Tens razão, e obrigado. Finalmente percebi a diferença :)
Não é a crise na venda de santinhos que põe em causa a viabilidade económica e financeira da Igreja Católica. O Vaticano é um centro financeiro, a sua carteira de títulos engloba grande parte das empresas lucrativas de Itália e do resto do Mundo. O ramo de negócio das empresas vão desde as que produzem preservativos às clínicas especializadas em abortos.
ResponderEliminarAcho que os cristãos é que se deviam criticar mais o comércio em lugar sagrado. Jesus ao entrar no templo indignou-se... e esmagou uma santinha. A cigana da montra gritou: "Olha o que gajo fez à minha santinha. Agora vai ter que levar." Jesus levantou o dedo do meio, e montes de comerciantes do templo rodearam-no com facas. Mas Jesus tirou a corda da veste ("Oh, não! Ele tem uma corda" - gritou um dos atacantes) - e usou-a como matracas. Derrotou os que o atacavam, derrubando todas as montras que estavam próximas dele. Então os adversários tiveram a ideia de usar pedras como armas de arremesso. Jesus então disse: "Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra." Largaram as pedras e Jesus aproveitou para ser ele a usar pedras. No final atira uma contra um gigante gordo que nem pestanejou. Até uma ficou presa nas banhas. Jesus colocou-se atrás de um espelho e perguntou ao gigante: «Que imagens vês aqui?". «A minha...» «Então que seja dado o espelho a vós.», e o espelho é derrubado sobre a cabeça do gigante que ficou inconsciente. Um sacerdote apareceu dizendo que santificava as relíquias religiosas, olha para a frente até focar em Jesus e esboçou um sorriso medroso. Jesus gritou: (ele não sabia dizer o "v", mas coloco na mesma) «O templo é casa de oração mas vejo um covil de gatunos, ladrões e chupistas! Este templo será destruído em três dias.» O resto já não interessa para o caso. O que posso dizer é que ele recebeu uma nova actualização: SUPERMEGA DEATH CHRIST 2000!!!.
ResponderEliminarNa versão do Jesus Christ Superstar são mais criativos, e em vez de comerciantes de pombas e cambistas são traficantes de armas e de droga, prostitutas, etc.
Sobre Maria ter ido para o Céu com corpo e tudo: também foram Elias num carro de fogo e Jesus depois de comer sardinhas com broa, e é suposto a alguns acontecer o mesmo. A ideia das epístolas de Paulo é que ainda alguns estariam vivos para serem levados por umas nuvens até ao Céu: o arrebatamento. Tecnicamente a ressurreição é parecida com o "Thriller", com corpos a saírem dos túmulos - como aconteceu depois de Jesus ter berrado na cruz - a pedirem vingança. Não vai ser bonito em muitos sítios, pelo que vimos na versão indiana. E assim começa o Juízo Final. Por isso não vejo qual o problema de ter acontecido o mesmo a Maria.