segunda-feira, dezembro 21, 2009

Tom Lehrer

É um dos meus ídolos desde que era pequeno. Desde que eu era pequeno, entenda-se, que o senhor nasceu em 1928, um pouco antes do meu tempo. Licenciou-se em matemática aos 18 e concluiu o mestrado aos 19. Distinguiu-se como professor em universidades de renome, apesar de nunca chegar a concluir o doutoramento. Mas tornou-se mais famoso como músico. As suas canções eram inteligentes demais para ter grande sucesso comercial e controversas demais para que alguma estação de rádio ou editora pegasse nelas nos anos 50. Por isso Lehrer pagou do bolso a gravação do álbum Songs by Tom Lehrer e vendeu cópias na universidade a admiradores, alunos e amigos.

Em vinte anos de carreira compôs apenas 37 canções e deu somente uns 100 espectáculos. Aborrecia-o cantar a mesma coisa várias vezes e, ao contrário dos músicos que trabalham para editoras, não tinha de escrever uma dúzia de músicas da treta por cada música boa só para encher os álbuns. Compôs músicas para um programa satírico de televisão nos EUA, That Was The Week That Was, que geralmente iam para o ar bastante censuradas.

Lehrer praticamente abandonou a carreira musical no início dos anos 70. Segundo ele, a sátira política tornara-se obsoleta quando Henry Kissinger ganhou o prémio Nobel da paz, em 1973, mas não foi isso que o afastou da música. Deixou de compor e actuar simplesmente porque só compunha e actuava quando lhe apetecia. Se não lhe apetecia, não o fazia.

Para mim é um exemplo claro daquilo que o João Vasco chama «entretimento de excelência»(1), e demonstra bem como as restrições à cópia são irrelevantes para este nível de criatividade.

Deixo abaixo alguns exemplos do Tom Lehrer a dissertar sobre vários temas, à sua maneira.

Matemática:



Química


Religião


Política
(Nota: isto foi durante a guerra fria, e a MLF, Multilateral Force, era um plano dos Americanos de criar uma frota de navios e submarinos com misseis nucleares e tripulações mistas vindas dos vários países da NATO).


Sociedade


Poluição


E pronto, fico por aqui senão ainda ponho tudo o que ele compôs. Mas vale a pena ouvir o resto.

Mais sobre o Tom Lehrer na Wikipedia

1- Comentário em Em números

10 comentários:

  1. vou vetes sem conta ao youtube para o ouvir. Mas o que mais me impressiona é ele ter desisitido da sátira muito cedo porque sentia que nenhuma sátira fazia justiça ao absurdo que é a realidade.

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  2. Não conhecia este senhor mas a sua sátira musical é fantástica.

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  3. Percebe-se o motivo porque não teve sucesso comercial. Não tem piada.

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  4. Jesus Maria.

    É assim qeu queres que seja o mundo da musica? Deixa-me ser eu a dizer-te, isso é engraçado, mas é só isso. É como a musica dos monti python.

    Gostos não se discutem (dizem, mas eu nem acredito muito), mas quando se gosta de coisas tão simples de facto não podes preceber a minha preocupação com aquilo a que eu chamo "entretenimentno de excelencia".

    Eu quero poder ouvir orchestrações bem gravadas, arranjos complexos, albuns que demoram meses a produzir. Que queres que te faça. E não sou o unico. Vai ver a lista dos 500 melhores albuns da rolling stone por exemplo. A maior parte são trabalhos de estudio excelentes e é assim que gostam deles.

    Esse senhor é divertido, mas a musica dele... E olha que um dos meus disco favoritos é só um piano tocado de improviso durante horas - o Koln concert do Keith Jarret mais precisamente - nem se pode dizer que não aprecie coisas simples do ponto de vista da produção.

    Vá, agora podes dizer mal das coisas que eu gosto à vontade. Já estou habituado. Mas dificilmente estes exemplos são um bom argumento a favor de acabar com a propriedade intelectual.

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  5. João,

    «É assim qeu queres que seja o mundo da musica?»

    Não. O facto de gostar de uma coisa não me leva a querer que seja tudo o mesmo...

    «Eu quero poder ouvir orchestrações bem gravadas, arranjos complexos, albuns que demoram meses a produzir»

    Tudo bem. Se houver um número suficiente de pessoas como tu certamente pagarão por isso -- e estou confiante que haja.

    O que importa é não confundir a cobrança pelo acesso com o custo da produção.

    «Mas dificilmente estes exemplos são um bom argumento a favor de acabar com a propriedade intelectual.»

    Estes são exemplos de como o copyright não serve a criatividade (o termo "propriedade intelectual" é muito mau porque cobre coisas muito diferentes, como patentes e marcas registadas). Era, e é ainda, um incentivo a uma forma específica de distribuição baseada na cobrança pela cópia. A criatividade não é a cópia.

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  6. Magister Ludi:

    Isso era se eu tivesse tempo para andar a ouvir "demos" e ver se os artistas cumprem os contratos ou se aquilo esta a resultar como eu queria.

    Prefiro ouvir primeiro, e comprar depois.

    Queres-me obrigar a prepagamento. Ja não te basta seres ateu, ainda por cima teimoso! Deus criou o copyright para que se podessem negociar copias. Tal como criou o dinheiro para que as pudesses comprar.

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  7. João,

    «Prefiro ouvir primeiro, e comprar depois.

    Queres-me obrigar a prepagamento.»


    Eu não te quero obrigar a nada. Se queres pagar antes pagas antes. Se queres prometer pagamento e pagar depois, pagas depois. Se queres fazer arte e vender à rodela, tudo bem.

    A única coisa que me preocupa é que, por causa de tu preferires essa maneira, a lei vá proibir toda a gente de partilhar ficheiros. Isso é que é desproporcional.

    A forma como tu negoceias o teu pagamento pelos serviços de quem faz aquilo que tu queres não deve depender de proibir todos os outros de trocar bits pela net, copiar CDs, etc.

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  8. Ludwig:

    "Se queres prometer pagamento..."

    Porque haveria de querer isso?

    "Se queres fazer arte e vender à rodela, tudo bem."

    Desde que sejam boas rodelas e cada uma tenha o que la se pede em cima, tudo bem. Se os furinhos nas rodelas estiverem fora do sitio, nada feito. Até pode vir cartoezinhos pequeninos - na realidade era assim que eu gostava que viesse.

    "por causa de tu preferires essa maneira, a lei vá proibir toda a gente de partilhar ficheiros"

    A lei vai fazer isso por minha causa? Eu até já disse que achava que se podia experimentar o teu modelo. Eu não acredito nele, nem votaria a favor num referendo. Mas acho que se podia referendar a questão. Existem demasiados factores que são impossiveis de contabilizar para se ter a certeza, a unica solução mesmo era um "reality~check".

    De qualquer modo, eu acho as leis demasiado abusadoras, mas mais uma vez repara que não sou eu que as faço.

    Estas a meter tudo no memo saco.

    Até te podia responder que se isso acontece é porque ha quem não queira pagar nada, rien, nickles, e ter o disco rigido cheio de musicas, filmes e jogos.

    Mas isso é só parte do problema que esta a causar a histeria dos investidores em propriedade intelectual. Outra parte do problema é que eles parece que pensam que aquilo tudo que se transaciona digitalmente representariam compras reais. O que é falso.

    Mas acho que se te preocupas com acabar com a partilha, mantém-te sereno. Não vão conseguir acabar com isso. Não me parece possivel. E histéricos como estão vão no bom caminho para alimentar conspiracionistas e defensores dos oprimidos (não queria mete-los no mesmo saco, mas tu obrigas-te-me)

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