domingo, dezembro 13, 2009

Metáforas (ou censura para totós).

A Transportation Security Administration (TSA) faz parte do Department of Homeland Security. Foi criada depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 para assegurar a segurança dos transportes nos Estados Unidos. Há uns dias disponibilizaram uma versão do seu manual de operações num site governamental sobre oportunidades de emprego e, para não divulgar elementos críticos dos seus procedimentos de segurança, censuraram partes do documento. Para isso acrescentaram ao ficheiro .pdf uns rectângulos pretos sobre o texto a censurar, impedindo toda a gente de ler esses trechos desde que não saiba seleccionar, copiar e colar (1). Porque o texto todo continuava lá, debaixo dos rectângulos.

O problema é comum. Muita gente não percebe que aquilo que vê no computador é fictício. São metáforas(2). Janelas, desktop, a distinção entre ficheiros de imagens, de som ou texto, as pastas, as ligações para "ir" de um sítio para o outro. É tudo faz de conta. São só filas de números. O monitor cria a ilusão de tinta no papel mas essa é apenas uma de muitas formas de representar os bits do ficheiro. E o rectângulo preto por cima é só mais uns números.

Isto vai mais fundo que a incompetência de alguns funcionários públicos. Os legisladores proíbem a alteração de software por parte do comprador e punem a neutralização de restrições digitais. Mas estas acções consistem apenas em fazer contas e substituir valores em listas de números (3).

As regulações que tratam o download de uma maneira e o streaming de outra baseiam-se também na ilusão de uma diferença onde não há nenhuma. Em ambos os casos o nosso computador recebe uma sequência de bytes e guarda-a localmente. A diferença está apenas no utilizador, que no caso do streaming desconhece onde o ficheiro ficou guardado (4). Por outro lado, as metáforas da interface levam o legislador a confundir as sequências de números que descrevem uma obra com a obra em si. Mas a relação entre esses números e a obra é meramente convencional. Tanto podem representar algo semelhante ao que o autor criou como algo completamente diferente (5).

Não devia haver dúvidas. Como os nomes indicam, ficheiros digitais são números e computação é fazer contas. Mas a bonecada de janelas, e a aparência de coisas familiares como papeis escritos, filmes e canções, vai continuar a enganar muita gente. Ao mesmo tempo que aumenta o custo da confusão. Não só para a carreira de funcionários menos cuidadosos e para algumas empresas de distribuição, mas também para a sociedade e para as liberdades de todos nós.

1- Wired, TSA Leaks Sensitive Airport Screening Manual, e BoingBoing, TSA can't redact documents properly, releases s00per s33kr1t operations manual. Via Schneier on Security
2- Neal Stephenson, In the Beginning was the Command Line.
3- Um exemplo antiguinho, a profissionalização do Windows XP Home Edition.
4- Se usarem o Opera para ver um vídeo no YouTube, por exemplo, vão à pasta "Opera\profile\cache", ordenem por data de modificação, e o ficheiro maior entre os mais recentes é o vídeo. Basta copiar para outro lado qualquer e acrescentar a extensão .flv.
5- O Photosounder é um programa que interpreta imagens e sons indiscriminadamente, usando uma representação gráfica dos sons que permite ouvir fotografias como música ou ver música como imagens. E aqui (.pdf) um artigo sobre recuperação de música gravada em discos de vinil usando uma câmara de vídeo e processamento de imagens digitais.

32 comentários:

  1. L:

    Não estou de acordo com a terminologia:

    "não percebe que aquilo que vê no computador é fictício"

    É uma representação, mas esta longe de ser apenas produto da imaginação. É factual e não ficticio.

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  2. O qeu eles fizeram foi engraçado de qq modo. E sim, parece que só faltava por o corretor mesmo no monitor antes de distribuir o ficheiro.

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  3. João,

    «É uma representação, mas esta longe de ser apenas produto da imaginação. É factual e não ficticio.»

    É uma ficção julgar que a música, as fotografias, textos e vídeos estão nos números. São uma representação arbitrária dessa informação e não uma propriedade dos ficheiros em si.

    Quando dizes "um ficheiro de música" ou queres dizer "um ficheiro cujos valores normalmente são usados para fazer música" e tens razão, ou queres dizer que aquele ficheiro é mesmo de música, intrinsecamente diferente de outros ficheiros como os de texto ou imagem e foste enganado por uma ficção. São sequências de números.

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  4. «E sim, parece que só faltava por o corretor mesmo no monitor antes de distribuir o ficheiro.»

    Sim, o resultado era o mesmo :)

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  5. LudwiG:

    Mesmo com o pouco que sei de informatica sei que um ficheiro so é diferente de outro de acordo com o codigo de leitura.

    Intrinsecamente não há diferença. Mas estamos londe de poder dizer que somos alheios à existencia da capacidade de fazer o codigo naturalmente aleatoria descrever algo que pode ser realizado.

    A realização desse codigo em sinais eletricos transforma-o em imagem e som.

    Que requerem mais uma interpretação... E ainda mais uma. Agora sim estamos no cerebro de alguem que compreende aquela musica ou aquele texto.

    Não creio que possamos fazer de conta que não saibamos que determinados codigos dem origem à mesma mensagem. Subretudo quando andamos todos a usar os mesmos protocolos de comunicação digital e humana. :P

    E lembra-te. Um texto em papel é só um conjunto de pigmentos dispersos sobre a celulose. O teu cerebro é que lá vê padroes reconheciveis de acordo com uma "convenção" anterior.

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  6. Ja estas de acordo comigo que falar em "deve" de uma forma aberta não tem significado?

    Ou melhor se falamos em "deve" de uma forma aberta, temosde aceitar que a resposta é aberta...

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  7. ... a não ser que exista um proposito universal...

    gasp, cof, cof... E eu detesto argumentos teleologicos tipo a finalidade suprema como argumento.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Ludwig,

    «[...] ficheiros digitais são números [...]»

    Errado. Na maior parte dos casos são campos magnéticos (orientação dos pólos), no caso dos discos rígidos; ou diferença de reflexão, no caso dos CDS/DVD'S; ou ainda o estado electrónico das celas de memória da ram.

    Números são, neste caso que apontas, uma metáfora.

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  10. Mário Miguel,

    «Números são, neste caso que apontas, uma metáfora.»

    Nem por isso. Aquilo que referimos por "ficheiro" são os números, não a forma como estão armazenados. Podem estar armazenados de muitas formas diferentes sem que isso torne essa sequência noutro ficheiro. É o mesmo ficheiro no sentido em que 12, 23, 66 é a mesma sequência de números quer esteja escrita a lápis, gravada na pedra ou pintada na parede.

    A metáfora começa quando dizes que esses números são uma sequência de notas musicais, as ovelhas de 3 pastores ou os pontos que somaram a jogar à bisca. Aí é metafórico porque os números não são nenhuma dessas coisas em exclusão das restantes.

    Em suma, se é o mesmo ficheiro ou não é fácil de ver. Basta comparar a sequência de números. Se for a mesma, é o mesmo ficheiro -- é esse o conceito de ficheiro no computador.

    Mas se é uma música, uma imagem, texto ou qualquer outra coisa depende do que fazes com essa sequência de números.

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  11. João,

    «E lembra-te. Um texto em papel é só um conjunto de pigmentos dispersos sobre a celulose. O teu cerebro é que lá vê padroes reconheciveis de acordo com uma "convenção" anterior.»

    É verdade. E isso permitia fazer um truque do qual o copyright dependeu durante os cem anos que durou. Olhava-se e via-se logo se era cópia ou não.

    Por isso é que quando apareceram as pianolas, que usavam tiras de papel com buracos, podiam ter músicas sob copyright porque o copyright era sobre a pauta, e buracos no papel não é uma pauta. E é por isso que as tablaturas foram permitidas até hoje. A pauta tem copyright, mas um esquema de onde pôr os dedos nas cordas não tem.

    O intuito foi sempre o de proteger uma forma específica de expressar a obra mas não a ideia em si.

    Com números o problema é completamente diferente. Não podes dar exclusividade sobre o 17 enquanto permites qualquer um escrever 18-1.

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  12. Ludwig,

    Da tua ligação:

    «At the lowest level, many modern operating systems consider files simply as a one-dimensional sequence of bytes. At a higher level, where the content of the file is being considered, these binary digits may represent integer values, text characters, image pixels, audio or anything else»

    Parece que ninguém está errado com a definição que se dá à palavra ficheiro. Mas eu opto pela que está associado ao lowest level. Pois num fundo (a realidade) é isso que temos e não números, e, por exemplo, nem podes argumentar que "1" significa um estado.

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  13. Mário Miguel,

    Parece-me que essa explicação é clara. Um ficheiro é uma sequência de dígitos. É digital. E essas sequências de dígitos (ou números em geral se considerares grupos de dígitos) podem representar outras coisas. Mas é importante distinguir entre aquilo que é um ficheiro -- uma sequência de bits, provavelmente agrupada em bytes, ou seja dígitos e números -- e aquilo que queremos representar com essa sequência.

    «Mas eu opto pela que está associado ao lowest level»

    Também eu. E o nível mais baixo em que o conceito de ficheiro está definido é o nível dos bits (normalmente dos bytes). O nível das cargas, dos campos magnéticos e dos buracos na película óptica está abaixo do nível em que o conceito de ficheiro faz sentido.

    É por isso que podes copiar um ficheiro do CD para o disco rígido e podes copiar para a agenda um número que vês na televisão. Porque os conceitos de ficheiro e número estão definidos a um nível acima, mais abstracto, do seu suporte material.

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  14. Ludwig,

    Pergunta de retórica:

    Podes dizer que o conjunto de marcas no cd, que depois de lidas pelo sistema me permite consultar um documento, não é um ficheiro?

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  15. Mário,

    «Podes dizer que o conjunto de marcas no cd, que depois de lidas pelo sistema me permite consultar um documento, não é um ficheiro?»

    Podes, se tiveres cuidado. É como dizer que as marcas no papel não são a sequência de números. É verdade -- a mesma sequência de números pode ser escrita com outras marcas noutros sítios, e ainda assim ser a mesma. Mas tens de explicar isso, porque se apontas e dizes "estas marcas não são a sequência de números" vão achar que és maluco :)

    O ponto principal é que o ficheiro não é as marcas. O ficheiro é uma sequência de dígitos binários que pode ser representada de muitas formas diferentes, e que pode servir para representar muitas coisas diferentes.

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  16. Ludwig:

    Tu então estas a dizer que não sabemos identificar aquilo que estamos a falar (musica ou texto)

    É para onde o teu argmento leva. E eu não estou de acordo. Porque se fores por esse caminho, o mapa nunca é o territorio, por mais que lhe corresponda e qualquer preposição sobre qualquer coisa não passa de um padrão de actividade em espaço synapticos especificos.

    Tu não batates palmas. Apenas aproximas atomos da superficie das tuas mãoes tão rapidamente que provoca uma onda de colisão de particulas capaz de se propagar no espaço até fazer vibrar o teu timpano que atraves de um sistema mecanico complexo é capaz de ser traduzido no teu cerebro como aquilo que alguem por esta localizaçao geografica decisio chamar som. E decidio chamar a outra coisa musica. E a outra texto.

    Assim ja sabemos do que estamos a falar.

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  17. João,

    «Tu então estas a dizer que não sabemos identificar aquilo que estamos a falar (musica ou texto)»

    Sabemos. O que estou a dizer é que algo como 23,215,18,7, ... não é musica nem texto nem imagens, se bem que possa servir para representar qualquer coisa dessas.

    E, no que toca ao copyright, isto é importante porque o copyright sempre precisou de uma distinção clara entre a ideia e formas específicas de a expressar, cobrindo apenas estas últimas.

    Por exemplo, se escreves uma música tens copyright sobre a pauta mas não sobre algo como "põe o dedo indicador no segundo traste da corda sol..." Ou seja, essa legislação cobre apenas um conjunto limitado e definível de formas de transmitir essa informação.

    Mas nos ficheiros de computador essa distinção é impossível. A ilusão que uns são músicas e outros são texto é somente ilusão. Seria perfeitamente possível guardares um mp3 num ficheiro txt onde, em vez dos bytes, tinhas caracteres de 0 a 9 separados por vírgulas a indicar os valores. E isso era o quê? Música ou texto?

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  18. Ludwig,

    «Seria perfeitamente possível guardares um mp3 num ficheiro txt onde, em vez dos bytes, tinhas caracteres de 0 a 9 separados por vírgulas a indicar os valores. E isso era o quê? Música ou texto?»

    Resposta: texto a codificar música :P


    A que chamas ao conjunto de "buraquinhos" no cd que por um mero acaso é um ficheiro de texto?

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  19. Mário,

    «A que chamas ao conjunto de "buraquinhos" no cd que por um mero acaso é um ficheiro de texto?»

    Ao conjunto de buraquinhos não chamo nada. Não tenho nome específico para isso.

    À sequência de digitos binários que esses buraquinhos representam, e que pode ser representada por impulsos eléctricos no cabo, luz na fibra, magnetismo no disco, etc, chamo ficheiro.

    E a parte de texto ou música ou assim é apenas a forma como se usa o ficheiro.

    Uma analogia é com uma sequência de números. Aos riscos na parede não chamo nada. Ao que riscos como esses, seja no papel ou onde for, representam chamo números. E a mensagem que esses números codificam pode ser qualquer coisa, e não é algo que os números, em si, sejam. Podem corresponder a letras, datas, números de telefone, idades, etc.

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  20. Ludwig,

    Então quando as firmas de Software afirmam que desfragmentam ficheiros estão a aldrabar, esses velhacos.

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  21. Não, desde que se entenda que por "ficheiro" referem a sua representação no disco.

    Mas olha que a desfragmentação normalmente é a nível do volume (disco, partição, etc). Chamam-lhe disk defrag e não file defrag...

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  22. Este comentário foi removido pelo autor.

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  23. Ludwig,


    E eu julgava que, entre outras coisas, um defragmentador colocavas os ficheiros de forma contigua :P

    Olha por exemplo aqui.

    «Selected Files Defrag

    PerfectDisk 10 Home Edition's innovative Selected Files Defrag feature gives you complete control over the files you defrag »

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  24. Ludwig:

    Não sabia que o copyright não era sobre a musica mas sobre o tipo de suporte em que é transacionada.

    Até as tablaturas, eu costumava ir a um site que era o O.L.G.A. que estava a tentar defender as tablaturas por serem transcrições de ouvido. Mas se tu dizes que hoje não são ilegais ainda bem - porque as há pagas.

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  25. João,

    O Código do Direito de Autor é explícito:

    «As ideias, os processos, os sistemas, os métodos operacionais, os
    conceitos, os princípios ou as descobertas não são, por si só e enquanto tais, protegidos nos termos deste Código.»


    A música, em abstracto, não é protegida.

    Nos USA a coisa pia mais fino porque quem tem um regimento de advogados faz o que quer. Em 2005 os editores musicais decidiram que distribuir tablaturas era ilegal e pronto, o pessoal que tinha sites mas não tinha dinheiro para advogados fechou-os.

    O que não impede de as encontrares ainda... basta procurar no google :)

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  26. Miguel,

    Isso é como escrever um número a encarnado. Se tentares ser rigoroso com os termos, o número não tem cor. Mas dá para perceber a ideia.

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  27. Lud,

    Com esta conversa, a tentar chamar outro nome cópia de obras alheias, já me lembras o senhor que desenhou aquela igreja pirosa, que estão a construir lá para os lados do Restelo.
    Para tentar contornar a necessidade de um parecer de uma entidade, alterou o nome do respectivo espaço no desenho de sala de espectáculos e actividades culturais, para sala de convívio, mas, alguém se lembrou de recusar, e correctamente, essa palhaçada, pois a configuração do espaço corresponde efectivamente a um local onde se realizarão espectáculos.
    Este género de artimanha linguísticas, são meras demonstrações do ridículo, a que num caso a incompetência, e noutro o facciosismo, levam as pessoas.
    Chama-lhe sequências de numero, chama-lhe código morse em papel higiénico, chama-lhe verborreia informática, chama-lhe o que quiseres, que nunca será nada mais que cópia de uma obra, seja ela obtida porque processo for.
    E voltas a atacar o copyright pelo processo errado, pois a lei também é clara quando indica que a intenção subjacente é que conta, por muito que a disfarces. Se comprares todos os ingredientes necessários para montares uma bomba, e fores apanhado antes de os juntares, escusas de dizer que o relógio é só um relógio, os fios são para ligares umas tomadas em casa que o enxofre era para tratares uns eczemas, o carvão era para os gazes e o salitre para adubar o jardim, que havendo uma intenção subjacente, provada, estás entalado.
    Chama-lhes numeros, flutuações magnéticas, aerofagia informática, ou o que tu quiseres, que em termos legais, se o teu objectivo com esses numeros é gerar musica sob copyright para ouvires, é por esse propósito que te julgarão. Antes de um professor cientista espertalhão com aptencia para os jogos semânticos, já havia juristas no mundo, e ouros espertalhões com muita lábia com base nos quais as leis se moldaram ao longo dos tempos, por isso arranja argumentos a sério, que essa de dizer que são só numeros, legalmente vale zero.

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  28. "O que não impede de as encontrares ainda... basta procurar no google :)"

    Ja nem tenho calos nos dedos...

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  29. Ant,

    «Para tentar contornar a necessidade de um parecer de uma entidade, alterou o nome do respectivo espaço no desenho de sala de espectáculos e actividades culturais, para sala de convívio,»

    Concordo que uma sala para espectáculos e actividades culturais não deixe de o ser por se chamar sala de convívio.

    Mas a distinção que faço aqui é entre a sala e a descrição da sala. Para teres um edifício com essa sala precisas de uma autorização da câmara. Mas não precisas dessa autorização para desenhar um edifício com uma sala dessas nem para descreveres como se constrói tal edifício.

    Isto é assim em geral. A descrição de um acidente de automóvel não é um acidente de automóvel. Escrever "o assassino matou a vítima" não dá cadeia. E ter um site com receitas de bolos não exige licença de pasteleiro nem controlo de higiene e qualidade. Porque receitas não são bolos. São descrições de como obter bolos.

    Um problema fundamental da lei como a temos é que está a confundir as descrições numéricas dos processos que podem recriar uma obra com a obra em si. Isto faz com que uma medida razoável de incentivo económico se transforme numa forma de censura. Uma pessoa agora pode ir presa por comunicar a outros os parâmetros de equações que permitam calcular a intensidade do som de uma música em função do tempo.

    Concordas que se proiba uma pessoa de disponibilizar a outros instruções para tocar uma música, por exemplo com tablaturas para guitarra?

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  30. Lud,

    A intenção de enviar os "numeros" é a de reproduzir a obra sonora ou visual, na integra, apenas num suporte diferente.
    A partitura não é a reprodução integral. Por haver tipos bestialmente estupidos nas editoras, que até as tablaturas querem proibir, como se isso fosse a cópia da obra, é que depois aparecem essas desculpas esfarrapadas de que tudo é culpa do copyright. A tablatura é a descrição das notas base de uma canção, mas, não há meio de transformar isso numa reprodução sonora do artista.
    Por outro lado, os "numeros" SÓ visam a reprodução, integral do som da gravação, tal como o perfil do disco de vinil. O meio de reprodução é o mesmo, as colunas sonoras, sendo a cópia digital um substituto integral da codificação original da cópia.
    A partitura ou a tablatura não são reproduções da cópia. Por nem tu assumires essa diferença, nem os tipos das associações de defesa do copyright, é que a tua argumentação perde eficácia, e os tipos das associações demonstram a falta de competência para defender os interesses deles. Quando se ataca tudo, perde-se tudo, mesmo o pouco em que se tinha razão.

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