PSD
A ideia destes posts era enumerar os prós e os contras de cada um dos três partidos a que limitei a minha escolha: PSD, PS e BE. Infelizmente, uma leitura do programa do PSD (1) só me deixou com contras.
Os primeiros “fundamentos e valores” do partido são a pessoa humana e a família, que também prezo mas que prefiro deixar fora das mãos dos políticos, e a comunidade e o interesse nacionais. Destes desconfio sempre. Se fazem as coisas no interesse das pessoas não é preciso invocar entidades arbitrárias como comunidades e países. Isto só parece vir à baila quando nos querem vender algo contrário aos nossos interesses. Finalmente, manifestam-se a favor da liberdade, dos direitos, da democracia e da paz. Não discordo, mas parece-me pouco original.
O resto do programa é ainda mais demagógico e vago. Há coisas com as quais concordo. Por exemplo, «Crescimento e desenvolvimento económicos não são sinónimos. Aquele não é um valor em si mesmo e só tem razão de existir se visar o benefício de todos os cidadãos». Mas parece que o PSD entende com isto exactamente o contrário do que eu entendo. Porque, adiante, salienta que:
«O Estado deve evitar a tentação de tudo fazer, abrindo espaço à saudável iniciativa dos cidadãos e dos grupos. Devem ser valorizadas e protegidas as formas naturais de solidariedade que encontram na família o lugar privilegiado da sua expressão, e no voluntariado social e nas instituições particulares de solidariedade social um critério supletivo da maior relevância.»
O estado deve garantir justiça na redistribuição da riqueza. A esmola certamente que deve ficar a cargo de cada um, mas essa solidariedade voluntária, por caridade, é diferente da responsabilidade social. Discordo que se deva prescindir da justiça com a desculpa de dar “maior relevância” à piedade.
Na última parte do programa, o PSD apresenta soluções para os novos desafios. Entre estas estão antecipar o futuro (?), identificar-se com orgulho com o passado do País, com maiúscula e tudo, promover a “autonomia e liberdade no ensino” – ou seja, cada um ter a liberdade para ter o ensino que os pais possam pagar – e valorizar a língua portuguesa. Outra coisa que não compete ao estado, mas sim a nós. Aquilo que na nossa língua tiver valor será valorizado. O que não tiver, será melhorado. Tem sido assim há milhares de anos. Não vou eleger a Manuela Ferreira Leite para mudar isso agora.
Na parte do ambiente e da ciência quase que acertam, mas depois saem-se com uma destas:
«O PSD defende a adopção de providências legislativas no domínio da bioética, fixando o quadro legal que definirá as práticas lícitas no âmbito das modernas ciências da vida, pondo-as ao serviço da pessoa humana, da sua dignidade e bem-estar físico e espiritual.»
O bem estar e os interesses das pessoas são importantes, concordo. Mas isso do espiritual é treta. Não passa de uma desculpa para exigirem que se trate como algo objectivo aquilo que é mera expressão de preferências pessoais. Objectivamente, um pacote de esparguete é tão espiritual como um crucifixo ou o Corão. E não faz sentido subordinar a investigação científica a critérios subjectivos tão arbitrários e acerca dos quais não há qualquer consenso.
O programa do PSD dá a impressão de ter sido escrito numa tarde de Agosto, entre imperiais e caracóis. Cada interveniente ia ditando chavões conforme se lembrava, para grande diversão dos convivas. E, de vez em quando, alguém dizia “Essa é boa! Mete a bold!”
1- Disponível no site da Manuela Ferreira Leite, em programa.
Claramente o Ludwig é um homem de esquerda radical. Basta me lembrar da proposta do subsidio para todos os portugueses e não tenho nenhuma duvida. Logo na análise que faz do programa do PSD não encontrou nada de bom - ainda bem que assim é.
ResponderEliminarPS- Quando se fala no bem-estar espiritual refere-se ao bem-estar mental e isso não é nenhuma treta - que o digam os psicólogos.
Quando afirma que o espiritual é treta, o Ludwig nega-se a si mesmo.
ResponderEliminarA própria ideia de que o espiritual é treta é uma realidade espiritual e não uma grandeza física.
Quando muito, o Ludwig necessitará de um código para transmitir essa informação, mesmo que errada.
O código poderá ser uma linguagem como o português, o francês ou o inglês.
O suporte físico poderã ser papel e tinta ou um computador e impulsos eléctricos.
Mas a ideia não se confunde com o código ou com o papel e a tinta.
Estes podem ser utilizados para transmitir muitas ideias, até contrárias umas às outras.
O problema do Ludwig é que as ideias (incluindo teoria da evolução ou a ideia de que as marcas na areia são de gotas de chuva) são grandezas espirituais, sem massa, comprimento, altura, largura ou peso.
Elas não podem ser medidas ou pesadas como os objectos físicos. Quando muito podemos medir os bits necessários para a transmitir como informação codificado e o espaço disponível (v.g. pergaminho, papel, fita magnética, DVD, CD, chip) necessário essa transmitir informação codificada.
Mas a informação e o código existem no mundo espiritual, apesar de necessitarem de um suporte físico.
As marcas de água na areia existem no mundo físico e não codificam nada.
Mas uma pessoa necessitará de um código se quiser transmitir a outrém a ideia de que as marcas na areia correspondem a marcas de gotas de chuva.
Por isso, dizer que o mundo espiritual é treta é um disparate. O mundo do intelecto é o mundo do espírito.
Sem mundo espiritual seria impossível pensar e criar códigos para transmitir pensamentos.
Os códigos são criados para armazenar e transmitir informação gerada no mundo espiritual (v.g. ideias, conceitos, teorias, modelos ou instruções) a outras peesoas ou a maquinismos (v.g. computadores, ATM's, telemóveis, linhas de montagem) inteligentemente programados para descodificar e executar a informação.
O mundo espiritual não é treta.
Ele é o mundo onde têm origem a informação e os códigos em que ela é armazenada e transmitida.
Curiosamente, a vida depende de informação codificada com uma complexidade, quantidade e densidade que transcende toda a capacidade humana e que é lida e traduzida por máquinas moleculares com capacidade de reconhecer ler, traduzir e executar as instruções que lhe são fornecidas.
A vida depende de um Deus espiritual e omnisciente, criador de informação, e omnipotente, porque capaz de criar o mundo físico com capacidade de reconhecer e executar essa informação.
O Universo, a Vida e o Homem foram criados pela Palavra de Deus.
Helder,
ResponderEliminarSó sou de esquerda no que toca à redistribuição. No que toca à produção -- mercado livre, leis de trabalho, empresas privadas, etc -- sou bastante de direita.
Quanto ao espiritual, por favor confirme primeiro com os crentes, como o perspectiva por exemplo, se por bem estar espiritual entendem simplesmente bem estar mental ou psicológico. Tanto quanto sei, o que defendem é que são coisas bem diferentes...
A propósito
ResponderEliminarhttp://aeiou.expresso.pt/a-asfixia-democratica=f535051
"O Universo, a Vida e o Homem foram criados pela Palavra de Deus."
ResponderEliminarE a julgar pelo estado da coisa deve ter sido um daqueles palavrões ...
mercado livre, leis de trabalho, empresas privadas
ResponderEliminarIsso não tem nada que ver com direita e com esquerda, Ludwig desculpa mas acho que deverias colocar um post a explicares o que achas que são ideias de direita e de esquerda.
Acho que confundes direita com mercado e isso desde a criação dos partidos sociais democratas que não são ideias incompatíveis.
O PS é de esquerda notoriamente e tem medidas orientadas ao mercado...
Nuvens,
ResponderEliminarA esquerda radical (o termo que o Helder usou) é normalmente associada com o planeamento centralizado da produção. E a esquerda social democrata também defende formas de manipular o mercado com as quais eu discordo -- como limites às rendas, salário mínimo, etc.
Desejo para o PS e para o PSD o mesmo que um emérito filho da nação prescreveu certa vez em Viseu, a propósito de obstáculos ao desenvolvimento,“pesando muito bem as suas palavras”: Corram-nos à pedrada!
ResponderEliminarGostei do post, Ludwig. Mas estás a escrever para o penico. Como é possível que o eleitorado esteja ainda esperançado na destrinça entre as duas seitas que transformaram a política num sultanato de inimputáveis, que nos têm remetido durante décadas para o esgoto da incompetência, da corrupção, da miséria que ninguém vê e das pensões que ninguém quer, do futebolismo, da aldrabice e de todo o tipo de disfunções judiciais, sociais, culturais e até jornalísticas? Querem-nos agora a eleger destes dois o mais progressista, mais iberista, o mais pró-europeu? O PS? O PSD? Acho que já disse aqui uma vez, estou-me nas tintas para os programas. Quero é gente nova, urgentemente. Acabou-se-me o aguentofórmio.
(e deixo bem claro que não abandono o país sem o submarino a que tenho direito)
LK
ResponderEliminarSalário mínimo é defendido em todas as democracias, não estou a ver uma única que não tenha, limite à rendas não sei o que seja :??
Nuvens:
ResponderEliminarEstás enganado. Na Holanda, por exemplo, não existe salário mínimo. Em muitos estados dos EUA também não. E existem outros exemplos na Europa de que não recordo.
Mas, verdade seja dita, o salário mínimo é muito mais importante quando existe uma grande fatia da população com menos qualificações, o que é o caso de Portugal, mas não da Holanda.
João Vasco,
ResponderEliminarna Alemanha não existe salário mínimo legal.
Cristy
António Parente:
ResponderEliminarA acreditar no que escreve o engano foi mútuo. Meu por ter usado a Holanda como exemplo; do Nuvens de Fumo por ter escrito que existia salário mínimo em todas as democracias (na Europa existem mais de 15...).
Quanto aos EUA, não existe salário mínimo mensal na maioria dos estados. Em muitos (mas não todos, como os 5 que referiu) existe um preço mínimo por hora.
Cristy
ResponderEliminarThe country does not have a minimum wage except for construction workers, electrical workers, janitors, roofers, painters, and letter carriers. In July the cabinet agreed after extensive political debate to introduce minimum wage regulations in more sectors of the labor market, but ruled out introduction of a universal minimum wage. Covering an estimated 60 percent of all wage and salary-earners, the collective bargaining agreements set minimum pay rates and are enforceable by law. Individual contracts or company-level contracts negotiated by worker representatives who are not necessarily members of unions covered the remaining 40 percent.
Federal regulations limited the workweek to 48 hours, but collective bargaining agreements may stipulate lower maximums. Contracts that directly or indirectly affected 80 percent of the working population regulate the number of hours of work per week. According to the European Labor Force Survey, an average employee's working week was 30.4 hours for women and 40.9 hours for men in 2007; rest periods for lunch were accepted practices. Provisions for overtime, holiday, and weekend pay varied depending upon the applicable collective bargaining agreement.
An extensive set of laws and regulations governs occupational safety and health. A comprehensive system of worker insurance carriers enforced safety requirements in the workplace. The Ministry of Labor and Social Affairs and its counterparts in the states effectively enforced occupational safety and health standards through a network of government bodies, including the Federal Institute for Occupational Safety and Health. At the local level, professional and trade associations-- self governing public corporations with delegates representing both employers and unions--oversee worker safety. The law provides for the right to refuse to perform dangerous or unhealthy work without jeopardy to continued employment.
The law provides for equal treatment of foreign workers, who generally worked in conditions equal to those of citizens; however, such workers faced some wage discrimination. For example, some schools paid foreign teachers less than their citizen counterparts. Employers also often paid lower wages to seasonal workers from Eastern Europe who came to the country on temporary work permits. Employers paid workers from other EU countries the same wages they would receive in their home country, even if the corresponding citizen worker would receive a higher wage.
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aqui
Notar que existe uma certa diferença entre as exigências da lei Alemâ e a portuguesa , para além de que na Alemanha existe um maior cumprimento da lei do trabalho.
Resultado, quando analisamos as condições do trabalho em portugal não podemos imaginar que a lei é cumprida. Isso é mentira. Na europa do norte a lei é cumprida na esmagadora maioria dos casos.
Resultado, portugal parece ter uma lei muito rígida quando na pra´tica simplesmente não é aplicada, e os países da europa central parecem ter uma lei muito liberal, mas é mais minuciosamente aplicada.
Fica a nota , seja como for no EUA existe salário mínimo , é relativo à hora de trabalho.
João Vasco
ResponderEliminarEm toda a Europa , menos na Alemanha, digamos,.... é representativo,...: )
A Europa tem muito mais que 15 países. Só na UE estão 27, e isso nem sequer inclui a Suíça e a Noruega.
ResponderEliminarJoão Vasco
ResponderEliminarA não existência de um salário mínimo implica outro tipo de fiscalização, obviamente tem de haver um padrão mínimo, ou negociado ou o que seja que distingue o trabalho dignamente remunerado da escravatura.
Chamem o que queiram, na prática o SM tenta garantir essa dignidade ao trabalho das pessoas.
O facto do EUA terem um salário horário mínimo em praticamente todos os estados diz que este mecanismo tem a sua utilidade mesmo num país onde as pessoas morrem por não terem acesso à saúde que cá é barata.
Este tipo de comparação não é muito útil porque o SM nada tem que ver com direita e esquerda como dizia.
a diferença entre direita e esquerda não é , hoje em dia, discutida em termos do funcionamento da economia de mercado.
Posso ter um sistema sem salário mínimo e colocar outros mecanismos que sejam mil vezes piores.
.
ResponderEliminarBelgium Monthly EUR 1,210
Bulgaria Hourly BGN 0.71 (EUR 0.36)
Monthly BGN 120 (EUR 61.43)
Czech Republic Hourly CZK 39.60 (EUR 1.24)
Monthly CZK 6,700 (EUR 210.09)
Estonia Hourly EEK 14.60 (EUR 0.93)
Monthly EEK 2,480 (EUR 158.50)
France Hourly EUR 7.61**
Monthly EUR 1,286.09**
Greece Daily EUR 25.01
Monthly EUR 559.98
Hungary Hourly HUF 305.00 (EUR 1.21)
Daily HUF 2,440 (EUR 9.70)
Weekly HUF 12,000 (EUR 47.68)
Monthly HUF 53,000 (EUR 210.60)
Ireland Hourly EUR 7.00
Latvia Hourly LVL 0.474 (EUR 0.71)
Monthly LVL 80 (EUR 120.26)
Lithuania Hourly LTL 2.95 (EUR 0.85)
Monthly LTL 500 (EUR 144.81)
Malta Weekly MTL 53.88 (EUR 125.89)
Netherlands Monthly EUR 1,264.80
Poland Monthly PLN 860 (EUR 189.98)
Romania Hourly ROL 16,342.44 (EUR 0.40)
Monthly ROL 2,800,000 (EUR 69.12)
Slovakia Hourly SKK 37.40 (EUR 0.93)
Monthly SKK 6,500 (EUR 162.41)
Slovenia Monthly SIT 117,500 (EUR 491.45)
Spain Daily EUR 16.36
Monthly EUR 490.80
UK Hourly GBP 4.85 (EUR 7.14)
Agora por comparações. Que tal uma corrida europeia de derrapagens orçamentais? Uma coisa tipo Red Bull Budget Race, com os concorrentes a receber o projecto surpresa para a construção de um trolho em cimento de 780000000000 metros cúbicos a realizar em 24 meses!
ResponderEliminarBora lá organizar isso. Aposto o meu dinheiro todo no orçamento Rosa.
«Como é possível que o eleitorado esteja ainda esperançado na destrinça entre as duas seitas que transformaram a política num sultanato de inimputáveis, que nos têm remetido durante décadas para o esgoto da incompetência, da corrupção»
ResponderEliminarQualquer partido com "ambição de poder" atrai sempre para si as pessoas mais propensas à ganância e à roubalheira, que se entusiasmam menos pelos outros partidos. Neste aspecto notável é o CDS-PP que sendo um partido tão mais pequeno conseguiu a proeza de não ser menos corrupto que os grandes.
Infelizmente não existe qualquer alternativa a isto. Ou bem que as pessoas com escrúpulos começam a ser capazes de algum compromisso, um mínimo de pragmatismo e entram em força nos partidos grandes esperando fazer o melhor a estes, antes que estes as apodreçam a elas, ou bem que vão para outros partidos "mandar bocas" para sempre. Ou então não vão para partido nenhum, e continuam frustradas com a inexistência de alternativas. Foi o meu caso nos últimos anos, mas agora com a possibilidade da MFL chegar ao poder sei o que devo fazer no curto prazo. Entrar num partido não está nos meus planos, mas já sei que não vou votar em branco, nem no BE como nas Europeias (mas não estou arrependido desse voto).
João Vasco,
ResponderEliminarEu sei, eu sei :)
Tenho visto aqui os teus comentários de cicerone obsequioso a mostrar aos excursionistas a vantagem política de votar outra vez num partido que com a maioria absoluta fez o que se viu. Tens seguramente os teus motivos. Não me digas é que votas agora no PS por notares neste partido um incómodo visível com a estirpe sacana que por lá se infiltrou e cristalizou. Se quiseres mesmo justificar-te, não me dês essa treta.
Nuvens,
ResponderEliminara questão não era se em Portugal se cumprem ou não as leis, mas se a Alemanha tem salário mínimo legal. Não tem. As excepções foram abertas apenas para impedir o «dumping» salarial em certos ramos e proteger o trabalhador alemão. A título de curiosidade: a iniciativa começou na construção civil nos idos anos 90, depois da reunificação, quando uma data de chicos-espertos de subempreiteiros portugueses enviaram para a Alemanha mão de obra muito mal paga e obrigada a viver em condições indignas, para embolsarem as sobras. Um negócio da China. Mas tirando emprego aos alemães, e foi aí que a porca torceu o proverbial rabo.
Na Alemanha há sectores (ex. serviços como cabeleireiro, gastronomia) onde há um imenso abuso dos trabalhadores e onde devia ser fixado pelo menos um rendimento mínimo por hora. Não acontece, porque os atingidos são sobretudo empregados estrangeiros. E depois há outros ramos, como a indústria do automóvel e a metalúrgica, onde os operários e os sindicatos rejeitam categoricamente salários mínimos, porque onde os sindicatos são muito poderosos, como é o caso, só teriam a perder com a regularização por lei, que lhes retira um «bragaining chip» importantíssimo.
Cristy
«Tens seguramente os teus motivos. »
ResponderEliminarPois tenho, e acabei de os explicar.
Não estou envolvido na política activa. Não tenho NADA a ganhar com a vitória deste ou daquele a não ser aquilo que posso acreditar ser um país melhor ou pior.
«Não me digas é que votas agora no PS por notares neste partido um incómodo visível com a estirpe sacana que por lá se infiltrou e cristalizou.»
Não. Não noto esse incómodo em nenhum partido com ambição de poder, pelas razões que expliquei.
«Se quiseres mesmo justificar-te, não me dês essa treta.»
Eu não dei essa treta. Isso foi invenção tua.
Eu não acho que o PS esteja menos corrupto de há uns tempos para cá. Está igual ao que tem sido desde pelo menos há tantos anos quantos acompanho a política nacional.
Mas essa enorme frustração agora não está na equação, apenas por ser inevitável. É inevitável a curto prazo, e qualquer estratégia de longo prazo para a evitar não passa pelo meu voto agora. Teria de passar por uma atitude diferente da parte das pessoas com mais escrúpulos: uma maior capacidade para o compromisso e para o pragmatismo que as levasse a fazer uma "lavagem" ao bloco central.
As razões para votar agora PS são outras, e já as expliquei aqui:
http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/08/desilusao-e-revolta.html
« o governo fez várias coisas positivas. Consegiu controlar as finanças públicas, consegiu diminuir significativamente a pobreza e a desigualdade. Estas duas coisas são tão relevantes que já teriam justificado o meu voto.
Mas também deu um impulso decidido à Ciência e Tecnologia, também fez uma aposta que se impunha - por razões económicas e ambientais - nas energias renováveis, também fez bastante pela celeridade da justiça, fez uma reforma muito inteligente na segurança social, etc... »
E, mais importante,
ResponderEliminar«O meu voto no PS vai acontecer porque nas legislatura que antecedeu Sócrates não foi desilusão que senti. Foi revolta.
Revolta pelo corrupção, mas também pela estupidez, pela tacanhês, pelo disparate.
Pela incompetência de Manuela Ferreira Leite enquanto ministra das finanças deste país, uma incompetência com uma dimensão tal que ainda estamos e estaremos a sofrer as suas consequências. Em todas as vendas, acordos e negócios o estado perdia tanto dinheiro, tanto património.
Antes fosse tudo corrupção, mas não era. Às vezes eram cortes cegos que impediam institutos de cumprir as suas obrigações contratuais, o que levava o estado a pagar indeminizações bem maiores que o corte. Incompetência atroz, muitos prejudicados, nenhum beneficiado.
[...]
Mas as sondagens actuais mostram que o risco de se voltar a esse disparate é real. Manuela Ferreira Leite no governo iria comprometer o crescimento, o desenvolvimento do país. Um governo PSD não traz boas perspectivas para o desenvolvimento de Portugal, quer no curto, médio ou longo prazo. Uma razão importante para votar PS é não querer correr esse risco. »
João Vasco,
ResponderEliminarNão te enerves. Se estás com medo da Manuela e não gostas do partido que nos tem governado vota no bloco e pronto. Não tem nada que saber.
Lamento ainda não ter visitado o teu blogue, apesar dos diversos convites. A ludwiki é a minha pátria e só saio daqui com uma marmita de rancho. Aliás, bem sabes disso.
«Não te enerves. Se estás com medo da Manuela e não gostas do partido que nos tem governado vota no bloco e pronto. Não tem nada que saber.»
ResponderEliminarTem sim.
Primeiro, tem o "pequeno" problema de discordar do programa do BE. Em particular porque acredito que muitas das medidas propostas fariam disparar o desemprego.
A verdade é que acredito na "economia mista", uma economia de mercado onde o estado deve ter um papel relevante e redistribuir parte da riqueza, mas onde a iniciativa privada não é vista como "o mal". Pelo contrário, é vista como criadora de riqueza. Tenho a Suécia e não a Rússia idealizada por Trotsky como exemplo.
(É engraçado como a nível Europeu as propostas do BE são todas muito mais razoáveis que a nível nacional. Nas Europeias eu consegui realmente uma maior identificação com o BE que com o PS.)
Por outro lado, se eu estiver indeciso entre BE e PS, o voto que mais diminui a probabilidade de MFL chegar ao poder é o voto no PS. Aqui não há volta a dar.
Talvez a nossa diferença esteja na forma de reagir ao pânico. Eu também estou convencido de que algumas das propostas do bloco são ligeiramente lunáticas. Mas não é com essas que estou preocupado porque o bloco não vai oferecer ao parlamento um primeiro ministro. O que poderá acontecer (se me deres ouvidos) é o bloco ser chamado a formar governo e imprimir um "ritmo" mental diferente ao pandemónio zoológico que nos tem governado. Esse é um dos motivos para votar no bloco.
ResponderEliminarSobre o teu voto no PS, o que vais fazer é dar mais do mesmo a um partido que, dirigido por um lamentável eucalipto (a comparação refere-se apenas ao efeito no solo) que não faz ideia se estavas a fazer cara feia ou bonita quando nele votaste. É um erro. Mesmo em pânico não o farei.
«O que poderá acontecer (se me deres ouvidos) é o bloco ser chamado a formar governo e»
ResponderEliminar... e recusar.
Foi isso que já prometeu várias vezes aos seus eleitores, infelizmente. Não faz alianças com o PS, nem com o PSD nem com o PP.
Como não acredito que possa formar governo só com a CDU, assumo que não vai formar governo.
No dia em que o BE não prometer repetidamente que não fará governo, poderei considerar esses argumentos.
Equanto não consideras "esses argumentos" sugiro-te que faças uma descontaminação da ideia de que só se pode votar em dois partidos em Portugal. Essa é a génese da alternância bipartidária do nosso histórico governativo. A distribuição de deputados também é distribuição de decisões políticas, mesmo que por via do arremesso parlamentar e não por governação directa.
ResponderEliminarSe bem me lembro, aqui há uns dias dirias que o voto em branco também tinha esse efeito... Ora, convenhamos, há deputados a quem devemos reconhecer mais utilidade.
ResponderEliminarBruce Lóse:
ResponderEliminarEu sei que destas eleições vai saír uma esquerda parlamentar forte, e dentro desta, o PS vai perder a sua maioria absoluta, a CDU e o BE vão ter a sua posição bastante consolidada.
Ainda bem.
Posto isto, quero que o meu voto seja o melhor possível para o país. E poucos votos não vão mudar radicalmente o parlamento, mas podem decidir quem governa. E, muito importante para mim, quem não governa. Outro governo Ferreira Leite-Portas iria ter consequências, a meu ver, devastadoras para o país.
Com o meu voto vou tornar esse cenário tão improvável quanto puder.
«Se bem me lembro, aqui há uns dias dirias que o voto em branco também tinha esse efeito... Ora, convenhamos, há deputados a quem devemos reconhecer mais utilidade.»
ResponderEliminarEu defendi a utilidade de votar em branco em abstracto.
Cheguei a pensar nessa possibilidade em concreto quando se pensava que o PS tinha assegurada a sua eleição. Mas se fosse esse o caso hoje, eu votaria na aliança entre o Partido Humanista e o Partido da Terra, e não em branco. Acho que não votaria no BE enquanto prometesse rejeitar ser governo.
(E esclareço que até hoje o BE foi o partido em quem mais votei)
ResponderEliminarno qual, digo.
ResponderEliminarJoão Vasco, só para fechar a loja. Em concreto, a tua matemática é a lotaria do centrão.
ResponderEliminarEm tempos foi o papão do comunismo, hoje é o papão do Portas... e quem se ri é a rapaziada do PS que já não tem dentes nas gengivas de tanto cantar "nós é que somos socialismo".
João Vasco,
ResponderEliminar«No dia em que o BE não prometer repetidamente que não fará governo, poderei considerar esses argumentos.»
Parece-me que a técnica não é nova. Durante a campanha afirmam que não vão ceder nem aceitar soluções de compromisso aliando-se ao inimigo. Depois dos votos contados sacrificam-se, heroicamente, a bem do país, da estabilidade e da vontade do povo, e lá aceitam uns tachos no governo.
Essa é uma promessa que nunca vou acreditar vinda de nenhum partido. É tão fácil fazê-la e depois voltar atrás fazendo até a boa figura de patriota e vítima...
Nuvens de Fumo,
ResponderEliminarMedidas como o ordenado mínimo e limites aos aumentos das rendas são muito usadas em muitos países porque são excelentes. Para os políticos. A ideia é tirar dinheiro a uns tirando a outros sem que esses outros possam dizer que lho tiram e sem que os uns saibam bem o que se passa.
Por exemplo, para ajudar os pobres a manter o aluguer da sua casa é preciso tirar dinheiro aos ricos e dar aos pobres. Uma maneira de fazer isto é às claras, com impostos e subsídios. A outra é sem ninguém ver, fixando um valor máximo para a actualização das rendas. Isto tira dinheiro ao senhorio para dar ao inquilino. E leva a prédios degradados, sub-arrendamento ilegal, escassez de casas para alugar e uma data de outros efeitos negativos. Quando a solução era tirar dinheiro aos ricos nos impostos e dar aos pobres para estes poderem competir também pelo aluguer das casas.
Infelizmente, muitas pessoas iludem-se convencendo-se que fixando as rendas não se tira dinheiro a ninguém...
Ludwig:
ResponderEliminarNão tenho muitas certezas, mas creio que estás enganado.
Por exemplo, a CDU diz que não faz alianças "enquanto o PS mantiver estas políticas" mas não descarta explicitamente a possibilidade de se aliar com o PS. E trata-se da CDU!
E se é verdade que o PSD pode desdizer o que antes tinha dito e fazer o bloco central (mesmo assim acredito que teriam de tirar de lá MFL primeiro), acho que com o BE as coisas são mais delicadas.
Porque a promessa explícita de não aceitar alianças com o PS não surge por acaso. Surge devido ao facto de muitos militantes do BE não tolerarem qualquer esse tipo de "compromisso".
A verdade é que o BE é um partido onde os militantes são muito mais radicais que a generalidade dos eleitores, e isto já teve consequências. Em Lisboa, votei na lista do José Sá Fernandes quando a candidatura surgiu, e novamente nas intercalares. Quando António Costa venceu, Sá Fernandes acreditou que a melhor maneira de concretizar muitos dos seus projectos era uma aliança com Costa.
A JSD começou a mandar boquinhas num cartaz alegando que o BE, colaborando com o partido do poder, afinal era parte "do sistema". Nunca percebi muito bem a ideia do cartaz, achei completamente ridículo.
Mas muita gente do BE sentiu-se. Não podiam estar assim aliados com o partido do governo. Note-se que a gestão da cidade não tem propriamente a ver com isso, mas não importa.
O BE tirou o tapete e deu um pontapé ao Sá Fernandes. O grande problema deste: ter-se aliado a alguém que é do partido que está no governo.
Por isso, Ludwig, pelo que conheço do BE, diria que estás enganado. Infelizmente por lá ainda muitos acreditam que recusar o poder é pureza, e aceitar o compromisso é "vender-se".
E acredito que essa mudança de mentalidade só estará na agenda quando compreenderem que ou o Bloco muda, ou não merece crescer. Não digo um ou outro dirigiente, mas a generalidade dos militantes, discutir esse assunto.
Enquanto isso não acontecer, preferiria dar o meu voto ao PH/MPT que ao BE. Mas enquanto MFL estiver prestes a ganhar as eleições, isso também não importa muito. Ou muito me engano, ou em Portugal o presidente sempre deu o governo ao partido (ou coligação pré-eletoral) mais votado, e não à coligação pós-eleitoral mais votada. Creio que é isso que devemos esperar.
João Vasco,
ResponderEliminarNão se esqueça que quem nos meteu no buraco em que estamos foi o pai do pântano o amigo Guterres. Quando o PSD subiu ao poder estávamos com um processo da comissão europeia por deficit excessivo o que obrigou Ferreira Leite a tomar medidas desesperadas para o evitar. O breve governo de Santana Lopes foi mau porque ele não soube rodear-se de bons ministros. Mas maus ministros há em todos os governos e se não fosse o golpe estado constitucional operado por Sampaio tudo teria sido diferente. Sócrates chega ao poder com tudo para melhorar o país e tudo o que faz é aumentar os impostos para melhorar as contas e cortar nas reformas futuras dos portugueses e gabar-se que salvou a Segurança Social.
Graças ao seu querido Sócrates portugal tem hoje uma dívida externa de 100% do PIB o que vai prejudicar o juro de novos emprestimos e o Sócrates para ajudar os seus amigos espanhois ou o amigo Coelho vai gastar balurdios em obras inuteis.
E não se esqueça que Portugal só cresceu ao ritmo da Europa no tempo de Cavaco. Por isso se gosta tanto do Socrates vote nele mas não venha para aqui mandar areia para os olhos.
Helder MC:
ResponderEliminarEssa história está mal contada. Às vezes há coisas que vão sendo repetidas, mas depois os números dizem algo diferente. Veja-se isto:
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=386210
Uma coisa é retórica. Outra coisa são os números.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarHelder MC:
ResponderEliminarEssa história está mal contada. Às vezes há coisas que vão sendo repetidas, mas depois os números dizem algo diferente. Veja-se isto:
Aumento da depesa Pública
Uma coisa é retórica. Outra coisa são os números e os factos.
(Note-se a comparação Guterres/Cavaco!!)
A narrativa "PSD melhor para a economia que PS" não passa disso: de uma narrativa, que esbarra na realidade dos números.
ResponderEliminarE mais...
ResponderEliminarMFL vendeu o nosso património aos desbarato porque não teve coragem política para tomar as medidas difícieis sem o alibi do papão de bruxelas.
Ou seja: ela não deveria "tirar a limpo" o verdadeiro valor das contas públicas se sabia ou suspeitava que isso a deixaria entre a espada e a parede numa situação de ter de vender património do estado ao preço da uva mijona.
Teria de consolidar a situação orçamental parcialmente primeiro, mesmo vendendo algum património (mas não em situação de desespero, para fazer melhor negócio) e depois então viria a auditoria para pôr tudo em pratos limpos.
Claro que isso exigiria uma coragem política que MFL, apesar da fama de "durona" não teve.
Verdade seja dita, Sócrates também não teve. Assim que chegou ao governo foi logo fazer a auditoria às contas públicas, e muito amaldiçoei essa decisão. Mas Sócrates afinal tinha um trunfo na manga que MFL não teve: foi capaz de negociar na UE um prazo alargado para o cumprimento do défice, o que fez com que a situação de desepero fosse bastante diferente, e não obrigasse à mesma alienação desesperada de património.
Por isso, MFL elegeu o défice como prioridade, e saiu do governo com um défice muito maior do que aquele com que entrou. Fez asneiras BRUTAIS como a do Citigroup, que ainda hoje estamos a pagar. Não foi nada de ideológico, foi mesmo uma enorme falta da capacidade técnica (sim, isso mesmo), e também falta de coragem política.
A ironia é ela ser conhecida precisamente pelo contrário. Mas uma mentira mil vezes repetida...
Um dos problemas que se mantém e manter-se-á é este.
ResponderEliminarBruce,
ResponderEliminar«Lamento ainda não ter visitado o teu blogue, apesar dos diversos convites. A ludwiki é a minha pátria e só saio daqui com uma marmita de rancho. Aliás, bem sabes disso.»
Bem, já está aí um defeito do ordenado de cidadão. Se te vês com a marmita assegurada já não apareces cá.
Mas também não sei como é que te vais safando só com aquilo que eu te pago :)
Esses números não dizem tudo e não falam no crescimento económico. O Sócrates só pôde fazer esse acordo com a CE porque outros países grandes estavam também em incumprimento do pacto logo não merece nenhum crédito por ele. Estou mesmo a ver que o João Vasco é daqueles que gostam que o governo aumente impostos especialmente aqueles governos que ganham eleições a dizer que não os vão aumentar. O que o João Vasco diz por amor ao PS parte-me o coração.
ResponderEliminarMas gostava de o ouvir falar no futuro... já que o Sócrates anda entretido com o TGV será que me pode explicar como é que o PS vai baixar o deficit que se estima em mais de 8% do PIB numa conjectura económica desfavorável? Vai pedir dinheiro ao estrangeiro? Vai voltar a cortar nas reformas?
Enquanto pensa no assunto leia ou volte a ler esta bela entrevista:
http://aeiou.visao.pt/isto-parece-o-estado-novo=f528470
Helder MC:
ResponderEliminar«Esses números não dizem tudo e não falam no crescimento económico.»
Estes números demonstram que a conversa do PSD sobre o despesismo do PS (incluindo do Guterres) esbarra contra os factos.
Quanto ao crescimento económico, as políticas de MFL foram uma desgraça indescritível. Só em 2007 a economia cresceu mais que no governo do Durão (e MFL) na sua totalidade.
«Estou mesmo a ver que o João Vasco é daqueles que gostam que o governo aumente impostos especialmente aqueles governos que ganham eleições a dizer que não os vão aumentar.»
Manuela Ferreira Leite fez isso mesmo enquanto ministra das finanças de Durão Barroso. E fez bem - era a única coisa responsável na situação em que se encontrava.
Idem em relação a Sócrates.
Mas há uma diferença entre ambos: a despesa corrente primária aumentou 1.2% (do pib) ao ano com Manuela Ferreira Leite, e diminuiu 0.17% ao ano com Sócrates. Ou seja, enquanto que para ter uma situação sustentável com MFL os impostos teriam de aumentar, isso não seria verdade no que diz respeito a Sócrates.
Aliás, por essa e por outras é que muitos acusam Sócrates de "não ser de esquerda". Mas neste ponto acho que procedeu bem: a despesa do estado (face ao PIB) não devia aumentar na situação em que ele foi para o governo.
«á que o Sócrates anda entretido com o TGV será que me pode explicar como é que o PS vai baixar o deficit que se estima em mais de 8% do PIB numa conjectura económica desfavorável?»
Sobre o TGV, isso é algo que tanto o Sócrates como MFL querem fazer. A única diferença é que a segunda vai acrescentar um atraso à obra que não nos beneficia.
Não fazer o TGV não está em cima da mesa. Não nos podemos esquecer que MFL deu repetidas vezes luz verde ao projecto. Agora diz que suspende para ganhar votos, mas a suspensão não durará muito.
Quanto ao défice elevado, ele foi a resposta adequada, e por isso é que Portugal foi dos primeiros países da europa a saír da recessão técnica.
É fácil de perceber que se trata de um problema conjuntural e não estrutural, devido aos chamados "estabilizadores automáticos" (subsídios de desemprego), à diminuição de receitas devida à crise, e a medidas de resposta imediata com custos que não se irão repercutir em anos vindoros.
PS- Sobre a entrevista, não vejo em que é que ela muda aquilo que afirmo.
«Mas também não sei como é que te vais safando só com aquilo que eu te pago»
ResponderEliminarÉ fácil, Ludwig. Sou quase tão frugal como os administradores da REN.
João Vasco,
ResponderEliminarDizer que o governo deu a resposta adequada á crise só porque já saímos da recessão técnica é muito redutor já que essa saída é meramente técnica e não se reflecte na sociedade sendo o crescimento do desemprego a face mais visível.
Como seria de esperar o João Vasco não me enumerou nenhuma medida do PS para combater esse deficit. Será que estão a pensar que a "grande" retoma que aí vem vai mitigar o deficit? Ou estão com medo de assustar o eleitorado com mais medidas de austeridade?
PS- Na entrevista Medina Carreira expõe os podres do governo actual e de outros anteriores que levaram ao actual estado de coisas e reflecte bem a apreensão (que é partilhada por muitos portugueses) relativamente ao futuro deste país.
Helder MC:
ResponderEliminar«Dizer que o governo deu a resposta adequada á crise só porque já saímos da recessão técnica é muito redutor já que essa saída é meramente técnica e não se reflecte na sociedade sendo o crescimento do desemprego a face mais visível.»
Existe uma relação muito forte entre o crescimento económico e o desemprego: mais crescimento económico tende a originar menos desemprego. Isto todos sabem.
Aquilo que nem todos sabem é que a relação é diferida no tempo. Isto significa que geralmente um aumento no crescimento económico hoje reflecte-se na diminuição do desemprego daí a uns meses - geralmente cerca de 6.
Assim, a saída recente da recessão técnica, que tem um significado importante, dever-se-á reflectir numa diminuição do desemprego dentro de uns mesitos, com as eleições já decididas.
De qualquer forma, quando disse que a resposta foi a adequada, não foi essa "saída" que fundamentou essa afirmação - ela é realmente um indício a não escamotear que a corrobora - mas o fundamento era outro.
Numa crise desta dimensão se o défice não aumentasse significativamente, isso queria dizer que o governo estaria a lidar mal com a crise. Seria esperável que os "estabilizadores automáticos" funcionassem, e se o défice não aumentasse abruptamente, isso significaria que o governo teria inibido a acção dos ditos estabilizadores, o que faria o país "patinar" na crise.
Realmente o governo agiu rapidamente, e não se limitou aos estabilizadores automáticos - as obras nos parques escolares, as medidas de pagamento rápido das dívidas às empresas, etc... foram tudo medidas que levaram a um gasto maior agora, mas menor no futuro. Gastou-se no momento em que devia ser gasto, e isso refelectiu-se nos indicadores objectivos, como este do crescimento económico.
Porque uma coisa são as narrativas do PSD, que repetem até à exaustão que eles é que são fiscalmente responsáveis e bons para a economia. Outra coisa é a realidade dos factos que mostra o contrário.
A sério Helder, não é relevante que a despesa do estado tenha aumentado muito mais nos governos PSD que PS? Não é relevante que MFL tenha aumentado muito a despesa do estado, Sócrates tenha diminuido ligeiramente, e depois esta o acuse de despesista? Que enorme distância entre a retórica e os factos!
Estou a ver que o João Vasco prefere presentear-me com mais retórica socialista do que a falar de futuras medidas do PS para combater o deficit excessivo.
ResponderEliminarE, meu caro, no entender de muitos economistas só quando estivermos a crescer acima de 1,5% é que vamos ver efeitos no desemprego. Não se esqueça que apesar de termos saído da recessão técnica ainda estamos com um crescimento negativo de 3,7% - é só ir ver os números verdadeiros ao site do INE. Não deixe que o optimismo criado pela retórica do partido o faça embandeirar em arco.
Helder:
ResponderEliminarEu tento dar argumentos e não retórica, mas daquilo que conheço as medidas princiapis para fazer face ao défice são as associadas à reforma da administração pública, tais como contratar um funcionário apenas para cada 2 que se reformem, alterar a sua alocação entre os diferentes serviços, etc...
Acho que isto é mais do que retórica porque os dados mostram que tem funcionado. Tirando as medidas extraordinárias associadas à crise, ou seja, separando o cunjuntural do estrutural, verificamos que parece ser neste governo que finalmente a despesa pública tem uma tendência de descida.
«E, meu caro, no entender de muitos economistas só quando estivermos a crescer acima de 1,5% é que vamos ver efeitos no desemprego.»
Eu acho que os efeitos no desemprego de descer -3% ou crescer 1% são muito diferentes, mesmo que em ambos os casos se esteja abaixo dessa fasquia...
Mas conseguir crescer neste contexto internacional, mesmo que seja pouco, é um indício positivo no que diz respeito que às medidas extrordinárias que foram tomadas.
Aquilo que eu acredito é que se alguém não tem preconceitos ideológico-partidários, e dá muita importância à responsabilidade fiscal, ao facto de um governo não ser despesista, não sobrecarregar as empresas e a economia com impostos, então os dados que eu apresentei têm de ser tomados em consideração. São muito significativos, muito relevantes.
Há muitas críticas legítimas que podem ser feitas ao PS, como por exemplo muitas das que o Ludwig fez, e eu já o reconheci várias vezes. Mas afirmar que o PS é despesista e sobrecarrega as empresas com impostos e que o PSD é melhor, é afirmar algo que os factos desmentem. E só por algum "clubismo" - peço-lhe que não me leve a mal - esses factos podem ser assim ignorados quando eu os apresento preto no branco.
João Vasco,
ResponderEliminarSabe muito bem que se a comissão europeia obrigar o próximo governo a reduzir o deficit sob a ameaça de um processo (tal como aconteceu no anterior governo do PSD) vai ser necessário aumentar os impostos. Em principio devido á conjectura económica lá poderemos andar a transgredir mais uns anitos.
Mas volto ao meu ponto: sem um crescimento superior a 1,5% só com aumento de impostos se pode controlar o deficit.
Não gosto do termo 'clubismo' mas todo o homem de fortes convicções políticas e mestre de retórica para um leigo passa por fanático...
Com certeza que não o vou conseguir concencer de que o melhor para o futuro do país é um governo de direita e muito menos convencê-lo a votar no PSD por isso só desejo que seja quem fôr que vença o próximo acto eleitoral faça o melhor por este país que de muito precisa.