quarta-feira, setembro 23, 2009

BE

O problema principal do BE, e da esquerda em geral, é a mentalidade de crise. Não vivemos num mar de rosas, mas o alarmismo de afirmações como «A recessão de 2008-2009 é a maior tragédia social desde o meio do século passado, quando terminou a guerra mundial»(1) é, além de irrealista, demasiado clichê para ter sequer impacto emocional. No entanto, se despido da retórica do punho erguido, a maior parte do programa do BE até é razoável.

O nosso problema não é tanto a produção de riqueza mas sim a sua distribuição. Por isso concordo que o estado deve redistribuir mais, desde aumentando subsídios e pensões mínimas a eliminar os benefícios fiscais dos PPR. Estou também de acordo com a ideia do estado prestar serviços a todos por igual, com a expansão do SNS – exemplo importante deste principio – para incluir a medicina dentária e a reprodução medicamente assistida mesmo para mulheres solteiras. É um absurdo a mulher ter de apresentar um papel a dizer que “tem homem” para poder receber assistência médica. Ao contrário da gravidez, a infertilidade é mesmo um problema de saúde.

Por outro lado, discordo das tentativas de distorcer o mercado. Aumentar o ordenado mínimo e combater a precariedade do trabalho com restrições aos contratos, por exemplo, são medidas com efeitos secundários contrários ao pretendido. E que normalmente acabam por ser mais prejudiciais que benéficas. Apesar disso, concordo que o despedimento colectivo seja apenas para casos em que a sobrevivência da empresa o exija. Não para forçar os contratos, mas porque esta forma de despedimento, ao contrário das outras previstas na lei, permite cessar os contratos de vários trabalhadores ignorando o disposto no contrato de cada um. Sou a favor que haja mais flexibilidade nos contratos, mas sou contra que os empresas os possam ignorar sempre que queiram.

Também concordo com a legalização das drogas leves e com a administração médica das restantes, com a investigação em células estaminais, um controlo mais apertado das condições de higiene e segurança no trabalho e, pelo menos em princípio, com a legalização da morte assistida para doentes em estado terminal. Mas discordo da abertura do BE às “medicinas” alternativas. Pedi alguns esclarecimentos ao João Semedo, deputado responsável pelas políticas de saúde do BE, e a resposta não me satisfez.

Na educação, estou a favor da redução nos horários escolares das crianças e de ensinar mais arte, mas penso que deviam também preocupar-se em ensinar melhor ciência. E não concordo com as críticas do BE ao processo de Bolonha. Correu melhor nuns sítios, pior noutros (por exemplo, com os “mestrados integrados”) mas a ideia é boa e penso que o processo é benéfico para o ensino superior na Europa.

Um ponto polémico no programa do BE é a proposta de nacionalizar a produção de energia, que tem sido progressivamente privatizada nos últimos governos. Não sei se é boa ideia. Mas também não vejo porque seja tão má. É uma área na qual o mercado livre não funciona. Os preços têm de ser regulados, não há concorrência e não há razão para ser um negócio privado. E não me preocupa que alguns investidores estrangeiros fiquem chateados. Por outro lado, também não vejo grandes vantagens nesta medida. Tanto me faz.

Globalmente, o programa do BE é claro, explícito e estou de acordo com a maior parte do que defendem. Principalmente nas questões éticas, mais fundamentais. Os direitos dos animais, os direitos do cidadão e as responsabilidades do estado, a justiça, a liberdade de acesso e participação na cultura. Mas não me agrada o tom de “urgência” e “crise”, discordo da forma como querem interferir no mercado e da oposição ao processo de Bolonha. E, especialmente, preocupa-me a legitimação das medicinas alternativas. Também desconheço a capacidade do BE para implementar este programa mas penso que, neste ponto, merecem o benefício da dúvida.

Um aspecto importante que o destaca do PS e do PSD é o BE compreender a tecnologia de informação e preocupar-se com o seu aproveitamento em benefício de todos, em vez de a querer amarrar aos interesses de alguns. As respostas do BE à ANSOL são claras e explícitas como o seu programa, e nestas nem vejo defeitos a apontar (3). Alguns comentadores propuseram que a minha preocupação com isto é exagerada, que há coisas mais importantes a decidir. Só se for a muito curto prazo. Menosprezar o potencial da tecnologia de informação é tão míope como dizer ao Watt que isso de motores e máquinas é uma brincadeira inconsequente. Esta rede de computadores é cada vez mais o nosso meio principal de comunicação, de participação cultural, de cidadania e até um registo permanente do que somos e de tudo o que fazemos. Não me parece que a nossa liberdade e privacidade neste meio sejam menos importantes que saber quando se constrói o TGV ou se a EDP é privada ou pública.

1- Bloco de Esquerda, Programa Eleitoral
2- ANSOL, Respostas dos Candidatos

65 comentários:

  1. Ludwig,

    «Um ponto polémico no programa do BE é a proposta de nacionalizar a produção de energia, que tem sido progressivamente privatizada nos últimos governos (...) Não sei se é boa ideia. Mas também não vejo porque seja tão má»

    Eu vejo. Dada a forma manifestamente evasiva como o Louçã tem explicado a forma como comprar uma grande empresa, fico com receios fundados de que a ideia passe por nacionalizar "à força". Ou seja, sem directo a compensações, à boa maneira soviética.

    Como accionista da EDP, não me agrada a possibilidade de vir a ser roubado.

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  2. Pedro Romano,

    Parece-me que uma medida extrema dessas exigiria que o BE ganhasse com maioria absoluta... Acho que o perigo disso é reduzido.

    Mas, olha, vende já tudo à cautela e pronto ;)

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  3. O problema principal do BE, e da esquerda em geral, é a mentalidade de crise.

    Não querendo ser muito simplista com o meu comentário (não que haja algum problema nisso), também acho que isso é uma dos muitos problemas da esquerda universalmente.
    Isso vê-se claramente na diferença aludida pelo Rush Limbaugh entre o conservador Ronald Reagan e o extrema-esquerda Barack Husseim Obama.
    Enquanto um, no meio dos muitos problemas, ainda via optimismo e luz no fundo do túnel, a forma como o Obama qualifica o seu próprio país é a linguagem do desespero, da derrota e da desmotivação.
    O Rush bem disse na sua participação na CPAC que o Obama usa os seus muitos talentos oratórios não para motivar os americanos, mas precisamente para o contrário.
    Daí deduzo que talvez faça parte da agenda esquerdista desmoralizar a população para, seguidamente, se apresentarem como os "salvadores" do mundo.
    O problema é que a "direita" europeia não parece ser muito diferente.

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  4. «a forma como o Obama qualifica o seu próprio país é a linguagem do desespero, da derrota e da desmotivação»

    Sim, sim!

    Esse extrema-esquerda-Obama e o seu desmoralizador slogan de marca "yes, we can". Derrotismo a rodos!

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  5. Mats, não leves isto a mal, mas se fosse outro comentador, alguém que eu não conhecesse, ficaria na dúvida se ele estava a gozar...

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  6. Ludwig:

    Espero que não te importes que copie para aqui alguns comentários do outro debate, que já são sobre este assunto:


    «Outra questão (para o post de amanhã) é que o problema da economia não é apenas o da produtividade. É também o da distribuição.»

    De acordo, e é bom ver que apesar de tudo esta discussão pode ser sobre várias coisas, e não apenas sobre propriedade intelectual.


    «Os gráficos que por aí andam, mostrando que o PS reduziu de 7.4 para 6.4 a proporção de riqueza entre os percentis 80 e 20 são impressionantes quando pomos a escala vertical a começar no 5 ou 6, mas menos impressionantes quando fazemos as contas de quanto isso dá na prática.»

    Ok, eis uma questão que vale a pena discutir.

    E nesta podes ter razão.

    Há várias coisas que o PS poderia ter feito melhor, que contribuiriam para diminuir mais a pobreza sem prejudicar a economia. A começar pela luta contra a corrupção. A começar por legislação diferente que fizesse algo contra as constantes "derrapagens" nas obras públicas. A começar por evitar, como dizes e bem, o "ajuste directo", tendo em vez disso regras mais simples e transparentes para todos.

    Mas aqui importa considerar as alternativas. Eu acredito que gastar significativamente mais no SNS, por exemplo, iria acentuar a desigualdade. Porque uma carga fiscal superior à actual deve conduzir provavelmente a maior desemprego. Uma legislação muito mais rígida quanto aos despedimentos também pode ter esse efeito (porque inibe a criação de mais postos de trabalhio que aqueles em relação aos quais evita o fim).

    Não tenho certezas, mas aquilo que tenho lido e reflectido leva-me a ter esta opinião. Discordas que assim seja?


    Devo dizer-te que não estou arrependido de votar BE nas europeias (mais ainda com o Rui Tavares eleito por um punhado de votos a tirar lugar a alguém do PSD), e em parte pelo tema que estamos a discutir.

    Num mercado comum com alguma mobilidade, como o Europeu, é preciso ter em consideração que algumas políticas redistributivas podem funcionar de forma contrária ao pretendido, via fuga do investimento e maior desemprego. Como o "rendimento universal" está longe de ser uma realidade, mais desemprego costuma corresponder a mais pobreza e desigualdade.

    Assim, faz sentido ser mais de esquerda em termos europeus, procurando políticas comuns redistributivas (luta contra os paraísos fiscais, por exemplo) do que aquilo que se é em termos nacionais.
    E o ideal seria impôr mínimos universais.

    Mas em termos nacionais, creio que ao BE falta sensisbilidade para a questão da criação de emprego. Em parte devido ao facto de muitos militantes de base (a maioria, apostaria) serem contra o capitalismo, não apenas o chamado "capitalismo selvagem", mas todo o capitalismo.

    Ora esta é uma questão relevante, parece-me.

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  7. Mats,
    já que não acertas mesmo em mais nada, pelo menos tenta escrever correctamente o nome do presidente norte-americano.

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  8. Ludwig:

    "Alguns comentadores propuseram que a minha preocupação com isto é exagerada, que há coisas mais importantes a decidir. Só se for a muito curto prazo. Menosprezar o potencial da tecnologia de informação é tão míope como dizer ao Watt que isso de motores e máquinas é uma brincadeira inconsequente"

    Estas a fazer um belo espantalho. Não te esqueças de lhe meter colants de lantejoulas. :)

    Vamos la ver. Ainda não vi ninguem argumentar nada que pontencialmente acabe com a tecnologia de informação. Mas vi alguem dizer que a copia não tem valor real mas que não prescinde dela. A tecnologia de informação cresceu no seio do modelo legal actual. Não vai acabar com ela.

    Não vais certamente dizer que eu defendo as grandes corporações, nem sequer ganho dinheiro como autor.

    Não posso no entanto deixar de apreciar o esforço brutal que requer alguma investigação ou produção. Se queremos profissionais de criação temos de lhes pagar. Tal como qualquer pessoa.

    Pagar antes ou depois do produto feito é um pormenor menos importante de fazer pagar apenas a quem usufrui. A informaçao tem valor. Quem precisa dela que pague por ela. Estamos na epoca da informaçao. Poucas coisas têm mais valor. O facto de uma peça de informaçao poder ser copiada sem custos não quer dizer que essa informaçao nao tenha custos.
    Quem os deve pagar?
    Os que dela usufriem.
    Quando?
    Quando precisam dela.
    Porque?
    Porque de outro modo ou adivinhas quem vai produzir o que tu queres para (e se fores honesto) pagares o adiantamento, ou então vais estar a dar dinheiro para um coisa que nem sabes o que é ou se vai sair. Coisa que até ja podes fazer.

    Esse sistema claramente prejudica o criador, que tera de gastar recursos pessoais para angariar fundos para os todo e cada um dos seus projectos pedindo às pessoas, em vez de procurar alguem com quem faça um acordo, medie a venda e sejam ambos pagos com copias pelos que naturalmente valorizam o esforço e precisam dela.


    Ate porque parece haver uma correlação entre a importancia da informação e a quantidade de pessoas que precisa dela. E um tipo que produz algo que muita gente precisa e quer, deve ter algum valor e devem dar-se condiçoes excepciomais para que produza mais. para alem da recompensa.

    A informaçao é importante, mas se alguem quer arriscar o normal funcionamento nao sou eu.

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  9. "nosso problema não é tanto a produção de riqueza mas sim a sua distribuição"

    Porque? achas que produzimos muito? Isso é verdade em termos globais, mas em Portugal nao se produz o suficiente para se ter uma boa distribuição. Não temos petroleo, ouro ou trabalhadores qualificados.

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  10. A privatização da energia é o menos mau. Se um governo socialista fica refém do Bloco de Esquerda acabou o investimento estrangeiro e nacional. E sem investimento não há criação de riqueza. E sem criação não há redistribuição. O ganho de influência de governo do bloco de esquerda será uma desgraça para Portugal.

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  11. «A privatização da energia é o menos mau. Se um governo socialista fica refém do Bloco de Esquerda acabou o investimento estrangeiro e nacional.»

    Caramba, eu acho que o Ludwig dá pouca importância a este factor, mas tu Nuno exageras no sentido oposto. E acho que ficas mais longe do alvo.

    Mas nesse sentido o BE é claro: não aceita qualquer tipo de aliança. E acredita Ludwig, nisto eles não vão desiludir o seu eleitorado, e mais ainda os seus militantes. Até pelas razões que a Sofia apresentou nos comentários da discussão anterior.

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  12. Mats,
    Quem diz que Obama é um político de extrema-esquerda não cabe num leque político convencional.

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  13. Mas nessa Nuno, acertaste em cheio!

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  14. Até que enfim! Nalguma coisa estamos de acordo.

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  15. eh!eh!eh!

    Mas acho que no que toca a discordar do Mats, há mais coisas em que estamos de acordo...

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  16. "Quem diz que Obama é um político de extrema-esquerda não cabe num leque político convencional"

    Nuno Gaspar? Es mesmo tu? Tanta perspicacia deixou-me atordoado.

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  17. Caros todos,

    Vamos supor que, na melhor das hipóteses, graças ao meu voto e ao meu blog o BE ganha mais 1%. Isto exigia praí que cada visitante deste blog convencesse uma centenas de pessoas, mas dá uma margem confortável de segurança.

    O que eu proponho é que nos problemas de privacidade, acesso à informação e afins todo o bocadinho ajuda, porque são coisas que muita gente simplesmente ignora.

    Mas nos problemas da economia, desemprego, aquecimento global e eventual destruição da humanidade por impacto de asteroides (ok, o último é a brincar, mas anda lá perto), mais 1% menos 1% é igual ao litro.

    Mas amanhã a ver se escrevo o post final desta série, até porque o Nuno Gaspar está com saudades de eu dizer mal da religião (o nome assim está melhor, Nuno, que já não o confundi com nenhum futebolista :)

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  18. João Vasco,

    O slogan "Yes We Can" foi usado em campanha eleitoral, como de certo te lembras. De certo que sabes que muitas vezes aquilo que se diz em campanha eleitoral muda quando acabam as eleições.

    Quanto ao Obama supostamente não ser da extrema-esquerda americana, isso revela mais sobre quem diz essas coisas do que sobre o Obama.

    Para além de ser um homem que teve o cuidado de se rodear de marxistas radicais como o caído em desgraça Van Jones, o homem ainda tem como mentores e amigos pessoas pessoas como o Bill Ayers e o Saul Alinsky. Para quem não sabe, o Bill Ayers é um terrorrista da extrema esquerda que perpetuou atentados contra outros americanos. Planeava "re-educar" as massas, seja lá o que isso fôr quando dito por um homem da extrema esquerda.
    O Saul Alinsky é o auto-proclamado radical que dedicou um dos seus livros a..... Satanás. Claro que ele não acreditava na existência de satanás (ele agora já sabe que ele existe), mas isso revela que tipo de homem o Saul era (sim, já partiu para os andares inferiores = morreu).

    O Obama, para além de ter feito parte de uma "igreja" da extrema-esquerda racista (Jeremiah Wright e companhia) durante 20 anos, mostrou há pouco tempo que "bebeu" por completo o lixo que saía da boca do JEremiah. Um polícia americano foi chamado para verificar o que passava na casa de um professor catedrático. O homem tinha-se esquecido das chaves, e estava a tentar entrar por outros meios.
    Quando chegou lá, o professor, um afro-americano, não só se recusou a identificar, como não obedeceu À autoridade dos agentes. Foi preso, claro.
    O Obama, sem saber o que se tinha passado, acusou os polícias de "estúpidos" e deixou a impressão que concordava com os ataques racistas feitos pelo dito professor ao polícia branco.
    Enfim, muitos outros exemplos poderiam ser dados (podem vêr mais neste blog pertencente a uma pessoa que todos nós amamos e respeitamos).

    Portanto, o (Barack) Hussein (Obama) Junior é da extrema-esquerda americana.

    Mas não te culpo por não saberes mais sobre o passado radical do Obama (ACORN, SEUI, etc). A maior parte da "informação" que nos chega aqui em POrtugal sobre o Obama é totalmente deficiente. Se não fossem os blogs dos patriotas americanos, o Van Jones provavelmente ainda estaria a sussurrar mentiras ao Obama enquanto continuava a receber milhões para criar os "green jobs".

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  19. Ayers denied any close association with Obama, and castigated the Republican campaign for its use of guilt by association tactics

    ver mais na wikipedia

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  20. Mats,

    Acredito que estás mal informado, mas sei que caso te tentasse esclarecer iríamos começar uma discussão que iria tirar as atenções para outra que me parece mais importante e urgente.

    Se esta discussão voltar a surgir mais tarde, talvez fale contigo sobre este assunto.

    Fica bem.

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  21. João (não o Vasco),
    Repara que o que disseste não refuta o que eu disse. Re-lê o que eu disse, e pergunta-te se a tua frase de forma alguma contradiz o que eu afirmei.

    Tal como o João Vasco disse e muito bem, esta discussão talvez fique melhor em outro post. Quando o Ludwig fizer o tal post (se ele assim o entender) depois falamos melhor sobre quem é o Hussein Junior.

    João Vasco,
    Podes acreditar que esteja mal informado, mas se quiseres evidências para o que eu disse (a ligação entre o Bill Ayers e o Obama e a fundação onde trabalharam juntos durante os anos 90, Saul Alinsky e o que o Obama pensa dele, Jeremiah Wright e o seu racismo, Van Jones e o seu comunismo, etc, etc) podes sempre procurar e encontrar.

    Depois falamos melhor.

    Paz.

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  22. "O nosso problema não é tanto a produção de riqueza mas sim a sua distribuição."

    Infelizmente, isto não é verdade.

    Mas até concordo que o voto no BE possa ser um voto estratégico. Votei BE nas Europeias mas nunca votaria numas legislativas.

    PS: Também sou accionista da EDP :P

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  23. «mais 1% menos 1% é igual ao litro.»

    Se esse 1% for o suficiente para estar a Manuela no governo, então não é NADA igual ao litro.

    Aí acho que as diferenças são mesmo relevantes.

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  24. E esses 1% fazerem a diferença não é assim tão improvável.

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  25. Caros é com prazer que anuncio a primeira sondagem do dia :
    Marktest, para o Diário Económico e a TSF
    *****************************************
    o PS garante 40% por cento dos votos, ou seja 105 deputados, enquanto o PSD se fica pelos 31,6%, o que significaria 81 deputados. Menos fulgurante está o Bloco de Esquerda, que, apesar de ainda ser a terceira força política, não atinge os 10% (mais concretamente 9,2%) e 17 deputados. De resto, em relação ao último estudo feito para a TSF e Diário Económico, o Bloco tinha 16%.

    Surpreendente é o facto do CDS-PP chegar ao quarto lugar, deixando a CDU na quinta posição. Paulo Portas atinge, nesta sondagem da Marktest, 8,2% e 14 deputados, enquanto Jerónimo de Sousa se fica pelos 7,2%, com 13 deputados.
    De acordo com os dados em bruto do barómetro, a taxa de indecisos é de 37 por cento, sobretudo, no Litoral Centro e no Sul.

    A sondagem foi efectuada entre 18 e 21 de Setembro, pelo que ainda apanhou o afastamento de Fernando Lima como assessor de imprensa de Cavaco Silva. A amostra é de 811 inquiridos. Foram feitas 158 entrevistas na grande Lisboa, 90 no grande Porto, 131 no Litoral Centro, 154 no litoral norte, 182 no Interior Norte e 91 uma no Sul. O intervalo de confiança desta sondagem é de 95 por cento, e a margem de erro de 3,45 por cento.
    *****************************************

    desta fonte

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  26. Que parvoíce completa sobre o OBAMA.
    É o tipo de tentativa de assassinato de carácter típico da direita mais porca que nos tem dado exemplos de um profundo nojo.
    Eu também fui da estrema esquerda nacional, e hoje sou um moderado social democrata, sabe é normal as pessoas , quando são inteligentes, quererem mudar o mundo da maneira mais rápida.

    enfim , e não diz nada de ele não ser americano ? é a última invenção dos red neck os nossos saloios : ))))

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  27. João V,

    Estou muito confuso em relação às motivações que aqui tens apresentado. Começas no voto útil no PS porque o perigo é o PSD, depois distrais-te e argumentas que o voto no PS é uma continuidade natural pelas boas opções do governo anterior, depois enganas-te outra vez e já votas no PS porque o perigo é o BE... olha, não sei. Espero pelo menos que afines o argumentário às novas projecções: 8 pontos de vantagem do PS em relação ao PSD.

    Recordo que o PS ganhou a última maioria absoluta por encantar os portugueses com a palavra “rigor”. Era já clara a falta que faz ao interesse nacional. E foi o rigor que se viu. Agora está a caminho de ganhar novamente e nem sequer nos prometeu rigor nenhum. (é por isso que eu desconfio que está tudo maluco...)


    Mats,

    Explica-me porque é que vais votar no PP. Por favor fala-me sem cerimónias, como já disse és o meu criacionista preferido.

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  28. Bruce Lóse:

    Em política, se rejeitarmos o clubismo, as coisas não são simples.

    O PS fez, ao longo dos últimos anos coisas boas, muito bem feitas, e penso que é daí que tiras o "uma continuidade natural pelas boas opções do governo anterior". Mas isso não é verdade, porque o PS também fez coisas más, muito mal feitas. Falei várias vezes sobre umas e outras, acho que ambas são relevantes para o voto.

    Claro que não apenas aquilo que o PS fez é relevante, mas as alternativas que temos. Aí claro que é relevante avaliar as propostas do BE (e creio que é daí que tiras "porque o perigo é o BE", mesmo depois de eu ter acusado o Nuno de exagero quando ele escreveu isso mesmo) e a experiência governtiva de MFL e do PSD.

    Mas sim, creio que a razão principal para votar PS é a possível vitória do PSD. Se a vitória do PS estivesse assegurada, eu não votaria PS.
    Digo-te isto com bastante à vontade. Curiosamente estive a fazer as contas recentemente e descobri que já votei mais vezes no BE que no PS. Na verdade, uma a mais, apenas se contarmos o Fernando Rosas nas presidenciais como um voto no BE.

    A verdade é essa, se a eleição do PS estivesse assegurada, a minha dúvida seria entre votar PH e votar em branco. Eu queria "castigar" tanto o PS como o BE.

    Mas depois "acordei" com a possibilidade de MFL ganhar. Em grande parte por causa daquilo que aconteceu nas eleições europeias, que aliás é a razão pela qual não reajo às últimas sondagens com grandes certezas. São animadoras, é certo, mas com o susto que apanhei, vou mesmo jogar pelo seguro. Nessa sondagem havia mais de 30% de indecisos, e a amostra não era assim tão grande (800 pessoas), tudo pode acontecer.

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  29. Bruce
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    Eu vou votar PS porque é o melhor ralação programa va realidade.
    Tem reais preocupações sociais, uma política económica moderna, respeita os direitos cívicos, quer avançar com os casamentos para todas as orientações sexuais e sobretudo não faz escutas LOLLLL
    Tem muito a corrigir ? claro que tem, mas não tem comparação com a decadência laranja, com a tenebrosa F.Leite e a sua política da verdade onde passou a campanha toda a mentir.
    Mas ainda falta muito tempo , as eleições vencem-se nas urnas, vamos a ver e esperar pelo domingo

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  30. «Eu queria "castigar" tanto o PS como o BE.»

    Querer "castigar" um partido que nunca governou não é clubismo apenas no caso de reconheceres no programa eleitoral uma incompatibilidade sólida com as tuas expectativas de um governo. Pelos motivos que avançaste, eu fico com a ideia de que não podes excluir o clubismo da tua fórmula de escolha.

    E o PS vai ganhar novamente, a maior parte das disposições do programa serão letra morta, e cá estaremos para ver o TGV a "aproximar-nos" da Europa.

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  31. «Querer "castigar" um partido que nunca governou não é clubismo apenas no caso de reconheceres no programa eleitoral uma incompatibilidade sólida com as tuas expectativas de um governo.»

    Ou no caso de acreditar que o partido demonstrou e continua a demonstrar qualquer capacidade de compromisso.

    Interessa pôr isto em perspectiva: o Santana Lopes foi para a câmara de Lisboa porque o BE rompeu a maior coligação de esquerda que existia, uma coligação que incluia o PS, o PCP e PEV, e dois dos partidos que compõem o BE. A incapacidade para o compromisso levou a que Santana desgraçasse a capital (mutiplicando as dívidas, fazendo tudo parar, etc...).

    Mais tarde, quando o PS avançou com a desgraça que era Carrilho, votei no candidato do BE. Depois foram as intercalares, e o Sá Fernandes decidiu fazer um acordo com o Costa. O BE tirou-lhe a confiança política, e o mais incrível foram as razões apresentadas por muitos militantes: Costa era do partido do governo. Por isso, não importa que o acordo fosse a forma mais eficaz de implementar as políticas que eles queriam na cidade, a pseudo-"pureza" teve mandar o pragmatismo às hortigas.

    E se Jerónimo tem o bom senso de fazer depender qualquer hipótese de aliança (que sabemos ser nula) das políticas do PS, o BE nem coloca essa hipótese. Ora se o BE pode ter algo a ganhar com essa intransigência, a verdade é que quem sai enfraquecida é a possibilidade de implementar políticas de esquerda.

    E esta incapacidade para "jogar em equipa" merece ser castigada, a meu ver.

    Dizes que é clubismo da minha parte, mas curioso clubismo o meu que pelos vistos deu mais votos ao BE que ao PS... E estou à vontade para falar sobre isto porque entre todos os que me conhecem nunca fiz segredo de nenhum voto que colocasse nas urnas.

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  32. JV, o Louçã tem afirmado várias vezes que não fará coligações com o PS, julgo eu, para se demarcar de situações como as que aconteceram com o governo PSD - PP de onde surgiu um entendimento tal que foi o que se viu. Julgo que o que está em causa na vontade do bloco é não querer abdicar de um projecto político em benefício do casamento governativo em que interessa o tacho e mais nada. Por outro lado, já o tenho visto mostrar-se disponível para, pontualmente, caso a caso, colaborar com políticas do PS com as quais concorde. É uma grande diferença em relação ao caso do PSD – PP, não achas? E não será funcional?

    Parece-me que insistes demais nesta omissão que, para uma pessoa atenta à vida política como me pareces ser, é um pouco estranha.

    Tens também falado por exemplo no desemprego latente no programa do BE. Quantos desempregados estariam inscritos nos centros de em prego se não fossem as providenciais empresas de trabalho temporário do amigo Vitalino? Aliás, quais são os verdadeiros números de desemprego em Portugal quando os próprios serviços recorrem a todos os tipos de expedientes para os massajar? O que o PS se tem esquecido é de que o desemprego não são números (que se querem bonitos), o desemprego são pessoas, são famílias, são aqueles que vivem no mesmo país que tu e esperam do governo uma acção eficaz na elaboração de soluções. E repara que não estou a falar em milagres. Estou a falar em rigor.

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  33. Dois comentários:
    1 - Em relação aos PPR em abstracto concordo, mas o pragmatismo da necessidade de se encarar o problema da segurança social e das nossas reformas de frente leva-me a concluir que é uma má medida. Como todos sabemos a demografia em Portugal está a alterar-se radicalmente e não haverá dinheiro para poucos (os jovens do futuro) nos pagarem as reformas por inteiro quando lá chegarmos 8 e felizmente seremos cada vez mais). No modelo actual no dia seguinte a reformar-me receberia instantaneamente apenas 40% do que ganhava no mês anterior. Podemos criticar, mas sem pessoas a trabalhar e mais reformados para pagar, não vejo outro modo de sustentar o sistema. Isso significa que vou ter que arranjar mais algum dinheiro em algum lado. Como fazê-lo? Através de um PPR! Como é que o estado o pode incentivar a que eu resolva o meu problema, evitando que venha a ser um problema social no futuro? Como benefícios fiscais! Poder-se-ia pensar que o dinheiro desses incentivos poderia ser usado para injectar no sistema da segurança social, mas a equação estaria ainda assim muito longe das necessidades.

    O mesmo se passa, por exemplo, em relação aos benefícios fiscais na saúde que o BE também pretende acabar. Se o sistema público fosse eficaz e eu não tivesse que perder dias de trabalho para ter uma consulta, generalista ou de qualquer especialidade, não faria qualquer sentido mas a realidade prática do dia a dia, está a anos-luz dessa eficiência e portanto usar o privado é ajudar o sistema. Como ao usar o sistema privado, não consumo recursos do público e evito entupir ainda mais o sistema, é legítimo que haja benefícios fiscais que compensem parte (só parte!) do que gastei. Aliás, o próprio estado, através do SNS, recorre directamente ao privado para resolver problemas de capacidade e portanto quando eu o faço não é mais que o mesmo e como o estado paga ao privado quando o usa deve também devolver-me em benefícios parte do que não usei, apesar de ter pago através dos impostos.

    2 – A questão da EDP não me parece tão simples. Não me choca que seja pública mas não vejo obstáculos a que seja privatizada, desde que com forte regulação. É possível haver concorrência na distribuição da energia até aos pontos de consumo. Não haverá certamente essa possibilidade na rede nacional, REN que, por isso, não deve ser privatizada, mas com a EDP não vejo porque tal não possa ser feito. Até porque já hoje em dia existem outros prestadores, só que só cobrem o mercado empresarial.

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  34. João

    Uma nota, o PPR é um produto de investimento que pode dar lucro como pode não dar. !!!
    Não é uma solução nem eu quero ter um PPR associado a ações que depois um belo dia valem um monte de esterco.

    Só confio no estado para garantir a minha reforma, e não quero ter de ser obrigado a entregar o dinheiro que todos os meses ganho a um bando de atrasados mentais corruptos e ladrões como os tipos do BPP e do BPN.

    No fim , qualquer fundo de pensões acaba na bolsa a ser transaccionado e sujeito às flutuações do mercado. Para esse peditório não obrigado, já dei.

    Mais uma nota, o problema das pensões é um problema aritmético , a GM foi à falência por causa de um sistema privado de reforma pelo mesmo motivo: menos pessoas a descontar e mais a receber.
    Só há uma solução, mais imigrantes, mais mulheres ;) e mais filhos, tudo o resto são contos da carochinha

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  35. «No fim , qualquer fundo de pensões acaba na bolsa a ser transaccionado e sujeito às flutuações do mercado. Para esse peditório não obrigado, já dei.»

    Nuvens,

    Um banco enviou-me há dias uma news-letter com uma alternativa muito oportuna: investimento em acções com alavancagem! É o que eu digo. Isto está tudo louco.

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  36. João:

    Creio que não tens razão no primeiro ponto.

    Falas nas insuficiências do sistema público, mas muitas delas seriam resolvidas com mais financiamento, e acabar com esse tipo de benefícios fiscais permitiria algum desse financiamento acrescido.

    Por outro lado, existem ganhos de eficiência na simplicidade fiscal, dos quais apenas se justifica abdicar em nome de um sistema progressivo. Acontece que na realidade portuguesa esses benefícios são regressivos, no sentido em que os mais pobres não o usam.
    Assim, esse sistema acrescenta perdas de eficiência associadas a uma fiscalidade menos simples, a alguma regressividade. É um sistema mesmo mau, a meu ver. O BE tem toda a razão nesse ponto.

    2- No que diz respeito à decisão de privatizar, pressões da UE aparte, e assumindo uma boa regulamentação que mantém grosso modo os preços, interessa considerar a relação entre os lucros da empresa enquanto ela é propriedade do estado por um lado, e a soma dos ganhos de capital do dinheiro resultante da privatização com a tributação sobre o lucro esperado.
    Se as estimativas forem bem feitas, e o segundo valor for superior, pode ser do interesse do estado privatizar. De outra forma, não.
    Não fiz as contas, mas pelo que tenho lido e ouvido parece-me que houve vários maus negócios no que diz respeito às privatizações, mas admito que possa estar enganado.

    Mas o facto de não se dever privatizar a empresa X não implica que uma vez privatizada ela deva ser nacionalizada. Porque à balança que referi há que acrescentar o impacto que uma nacionalização pode ter na inibição do investimento nesse país. É neste ponto que discordo da opção do BE por nacionalizar a EDP e a GALP.

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  37. Essa brincadeira da alavancagem deu muita asneira nesta última crise. A mim tudo o que vem do banco tem um destino imediato , o lixo

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  38. «Por outro lado, já o tenho visto mostrar-se disponível para, pontualmente, caso a caso, colaborar com políticas do PS com as quais concorde.»

    Caramba, mal seria!
    Se não se mostrassem disponíveis para pontualmente colaborar com políticas com as quais concordem...

    Achas que isso é estar disponível para o compromisso?

    Se isso é o máximo que são capazes, não adimira que o historial seja o que é.

    Porque aceitar viabilizar políticas com as quais concordam não é comprometer NADA. Não o fazer é que seria ridículo.

    Mas quando dois partidos têm opiniões diferentes sobre muitas coisas, espera-se que sejam capazes de algumas cedências, algum compomisso. Leia-se, aceitar viabilizar algumas políticas com as quais discordam, esperando que a outra parte faça o mesmo.

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  39. A mensagem anterior é dirigida ao Bruce Lóse

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  40. «Achas que isso é estar disponível para o compromisso?»

    Julgo que sim, no caso do bloco. É mesmo isso que se pretendo da distribuição de forças parlamentar, tratando-se de gente séria. O problema é que não é hábito entre as seitas maiores. Por isso se diz que o país ficará "ingovernável" sem uma maioria absoluta, ou sem um casamento de mérito duvidoso.

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  41. Bruce

    A meu ver O país fica pouco governável sem maioria por alguns motivos:
    1) é necessário aprovar um programa de governo e essa aprovação terá de ser feita ASAP
    2) é necessário aprovar um OE complexo, onde se vai ter de afectar verbas para acudir a muita gente que está a passar mesmo mal, sem emprego etc e esta aprovação terá de ser feita ASAP e não é mínimamente consensual, cada partido irá fazer a birra da praxe

    3) temos um presidente com tiques de intriguista
    4) outros variados

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  42. Bruce Lóse:

    Eu discordo de ti, e é em parte pelo facto de muita gente no BE pensar dessa forma que eu não iria votar neles, mesmo que a derrota do PSD estivesse assegurada.

    Um partido aceitar viabilizar políticas com as quais concorde não faz mais do que a sua obrigação, não compromete NADA. Não o fazer é que seria ridículo.

    Mas numa negociação, se uma das partes não ceder um milímetro, então não há acordo, e isso prejudica ambas as partes.
    Se as duas partes compreendem que não são donas da verdade, e tiverem um mínimo de pragmatismo, compreendem que vão ter de cada uma delas ceder parcialmente às intenções e objectivos da outra. A melhor forma de implementarem as políticas que defendem, é aceitar viabilizar algumas com as quais discordam.

    Os dirigentes do BE não podem ceder, porque a maioria dos militantes e apoiantes de base pensam como tu: qualquer cedência é traição. Por mim merecem ser penalizados eleitoralmente até serem capazes de algum pragmatismo, de trabalhar em equipa. Porque se há coisa que a esquerda precisa mais, é dessa capacidade de diferentes partidos e movimentos de esquerda se ouvirem uns aos outros, e trabalharem uns com os outros.

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  43. «Um partido aceitar viabilizar políticas com as quais concorde não faz mais do que a sua obrigação, não compromete NADA. Não o fazer é que seria ridículo.»

    Não leves a mal, mas parece-me que ridículo é não veres que não é nada disso que acontece no parlamento entre PS e PSD. Para não puxares muito pela memória, fique-se então pelo caso do provedor de Justiça.

    De qualquer forma, acho que saltou nas tuas palavras a incoerência de eu que estava à procura: «é em parte pelo facto de muita gente no BE pensar dessa forma que eu não iria votar neles, mesmo que a derrota do PSD estivesse assegurada.»

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  44. Bruce Lóse:

    Não sei a que incoerência te referes. Já escrevi várias vezes (faz um find) que votaria no PH ou em branco se a derrota do PSD estivesse assegurada.

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  45. «Não leves a mal, mas parece-me que ridículo é não veres que não é nada disso que acontece no parlamento entre PS e PSD. Para não puxares muito pela memória, fique-se então pelo caso do provedor de Justiça. »

    Mas com a incapacidade de negociação do PSD posso eu bem, e só tenho pena que tenham sido capazes de negociar tanto com o CDS.

    É a incapacidade de negociar à esquerda que condeno.

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  46. «é em parte pelo facto de muita gente no BE pensar dessa forma que eu não iria votar neles, mesmo que a derrota do PSD estivesse assegurada.»

    Muita gente é um clube. Que tu não conheces. Nem eu.

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  47. Bruce:

    Em política há muita coisa que não conheço. Tenho de votar com a informação limitada a que tenho acesso.

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  48. Tal como faço desde 1999, vou votar no BE. Porquê? Em primeiro lugar. porque é um partido que defende as liberdades e os direitos individuais (desde a legalização das drogas leves até à defesa dos direitos dos homossexuais e lésbicas - o que me leva a acreditar que irá também cada vez mais defender a legalização da partilha de ficheiros para fins não comerciais à medida que temas sociais como os dois primeiros se forem consolidando na opinião pública portuguesa).

    Em segundo, porque defende uma maior dinamização do sector cultural, através de um melhor ensino cultural e artístico. E eu sinceramente sempre achei que a arte e a cultura são mais importantes do que temas como TGVs e aeroportos.

    Por fim, o BE oferece garantias de ser um partido não vulnerável à corrupção, ao amiguismo e ao compadrio que estão a minar o Estado português.

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  49. Eu cá estou com o JV, detesto o que o BE fez em Lisboa, iam lixando a cidade da pior maneira, e estavam prestes agora a lixar o país inteiro ao entregá-lo à Manela. Nem pensem!! E depois também não me agrada o DiscuRRRso reaça constante do Louçã, como se estivéssemos sempre à beiRRRa do abismo social. Não sabem ser positivos, é uma raiva contida à espera de alguém a quem culpar e a quem sacar o dinheiro que nos vai salvar a todos. Uma raiva desalocada, por assim dizer.

    Por isso ainda não me decidi, mas em princípio voto no PS. Também para dar machadada no PSD que me irritou com a história patética da "asfixia democrática" e todo o balde de água que foi a viagem da Nela à Madeira, o desfecho do episódio das escutas, etc. Que se diga que o PS é autoritário e tal, tudo bem, mas agora fazer uma campanha com essa bandeira quando a própria casa é tão má ou pior, já é hipocrisia a mais.

    Agora aquilo que eu queria mesmo fazer era mandar esta treta toda para o baralho.

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  50. Miguel Caetano,

    Relativamente à legalização das drogas leves, eu muito gostaria que face à nova classificação publicada na Lancet houvesse uma revisão do que são drogas leves e pesadas e sobretudo sobre quais as que poderiam ser comercializadas. Tem havido investigação muito interessante sobre o MDMA e sobre a Salvia, nomeadamente no que diz respeito a terapias para depressão.

    Mais penso que deve ser iniciado um debate sério e sem histerias parvas sobre a necessidade de permitir o cultivo caseiro de cannabis.

    Mas tudo isto tem de ser devagar senão os conservadores habituais começam logo a arrancar cabelos, fumegar o ar com incenso e chatear com muitas rezas.

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  51. Acho que vale a pena recapitular antes de almoço este parágrafo que não tinha lido.

    «Os dirigentes do BE não podem ceder, porque a maioria dos militantes e apoiantes de base pensam como tu: qualquer cedência é traição. Por mim merecem ser penalizados eleitoralmente até serem capazes de algum pragmatismo, de trabalhar em equipa. Porque se há coisa que a esquerda precisa mais, é dessa capacidade de diferentes partidos e movimentos de esquerda se ouvirem uns aos outros, e trabalharem uns com os outros. »

    Jota Vasco. Eu não sou militante do BE e terás que fundamentar melhor a ideia de que “qualquer cedência” para mim é traição. Se te referes à cedência mais que banalizada nos partidos a interesses divergentes dos do eleitorado, tenho-me na conta de fundamentalista, sim, da variante bípede e vertical.

    Por outro lado, se achas que o pragmatismo não reside essencialmente nesta atitude, aproveito para perceber (se me explicares) o que vai na cabeça de tanta gente que já não se lembra o que é a coerência e o compromisso.

    Concordo com a ideia de que a esquerda precisa mais é “dessa capacidade de trabalhar em equipa”, com cedências de parte a parte. Mas para o afirmares, votando no PS, cabe-te negar o óbvio. O PS dos últimos 4 anos passou o tempo a chamar “radical” ao resto do seu hemisfério parlamentar, ou seja, o pior princípio de todos para a parceria que há pouco assumiste como uma obrigação elementar das forças políticas.


    Barba,

    Vais então votar no melhor encomendador de Dolce Vitas do teu país. Estranho.

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  52. Bruce Lóse,
    Explica-me porque é que vais votar no PP. Por favor fala-me sem cerimónias, como já disse és o meu criacionista preferido.

    Tens que comprar uma bola de cristal nova porque a que tens não funciona. Quem te disse que vou votar no PP, sr adivinho? Já agora, podes me adivinhar os numeros do euromilhões?

    Gostaria de dizer que és o meu evolucionista favorito, mas seria mentira e como tal não digo. *g*

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  53. «Jota Vasco. Eu não sou militante do BE e terás que fundamentar melhor a ideia de que "qualquer cedência" para mim é traição.»

    Bruce,

    Conheço pessoas (algumas delas amigas) no BE e já discuti com algumas delas este ponto em particular.

    O teu discurso pareceu-me familiar. Posso-me ter enganado.

    A última vez que discuti este assunto com alguém do BE, argumentavam que o BE deveria saír do grupo parlamentar em que se encontram no parlamento europeu, por estar lá um partido que se aceitou aliar ao Romano Prodi contra o Berlusconni!!

    Caramba!

    Mas a avaliação que faço é pelo que conheço, que pode ser menos correcto. Mas em democracia corro sempre esse risco, tenho sempre de avaliar os partidos com base em informação limitada e incompleta, e já faço um esforço bastante grande para me informar o melhor que posso.



    «se achas que o pragmatismo não reside essencialmente nesta atitude»

    É claro que um partido deve representar o seu eleitorado e os seus militantes. A grande questão é se o eleitorado e os militantes têm uma atitude de capacidade de compromisso ou não.

    Como eleitor, quero dar ao BE incentivos para que seja capaz de compromisso, porque acredito que isso é o melhor para a esquerda.
    Outros eleitores, que pensam de forma diferente, têm outra atitude.



    «Mas para o afirmares, votando no PS, cabe-te negar o óbvio. O PS dos últimos 4 anos passou o tempo a chamar “radical” ao resto do seu hemisfério parlamentar, ou seja, o pior princípio de todos para a parceria que há pouco assumiste como uma obrigação elementar das forças políticas.»

    ya, ya... Até acredito que o PS tenha feito ofensas piores, parece-me que para o BE não é grande insulto ser chamado de "radical".
    E o BE por outro lado também disse que o PS era isto e aquilo, muitas das vezes com razão.

    Isto tudo é normal, acho saudável que partidos que discordam se critiquem mutuamente.

    Mas acredito que devem ser capazes de trabalhar em equipa apesar das divergências. Porque existem vários milhões de eleitores, com milhões de opiniões e posições diferentes, qualquer pessoa que queira fazer as coisas funcionar na prática tem de ser capaz de aceitar opoiniões, posições e mesmo políticas com que discorda.

    Para mim um exemplo disso é o António Costa e o Sá Fernandes (e mais recentemente a Helena Roseta). Tinham planos diferentes para a cidade, prioridades diferentes, propunham políticas diferentes. Mas concentraram-se naquilo que os unia e não naquilo que os dividia, cederam parte a parte, e fizeram mais pelo que acreditam do que aquilo que teriam feito separados.

    Assim é que deve ser.

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  54. Uma notícia de outra natureza:

    A evolução só tem um sentido e é irreversível

    Uma notícia muito interessante

    Ora , sendo assim não só a evolução é uma das muitas possíveis como os caminhos encontrados não são optimizados.

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  55. Mats,

    Eu não uso bola de cristal. Uso galinhas. E terei todo o gosto em enviar-te a chave do próximo euromilhões só que infelizmente isso é da tutela do Senhor Jesus (os preços são outros). Contacta-me.


    João Vasco,

    «Mas em democracia corro sempre esse risco, tenho sempre de avaliar os partidos com base em informação limitada e incompleta, e já faço um esforço bastante grande para me informar o melhor que posso.»

    Reconheço que fazes esse esforço e respeito-o sinceramente. Só lamento que chegues às conclusões erradas :) Por exemplo quando resumes que «Isto tudo é normal, acho saudável que partidos que discordam se critiquem mutuamente», a propósito da clivagem parlamentar BE – PS, estás a misturar o debate corriqueiro e hiperbólico (que alimenta normalmente o jornalismo de merda e o protagonismo dos agentes envolvidos) com um posicionamento premeditado do PS, que decidiu evitar confrontar-se com a esquerda verdadeira sacando constantemente da acusação de ser “radical”.

    Por isso sou eu que digo: ya ya.

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  56. Nuvens de fumo

    PPR's ou Planos de Pensões há-os de todos os sabores. Uns com elevado risco, outros quase sem risco, baseados em depósitos ou obrigações. De qualquer modo diria que, mesmo os de mais elevado risco, que de facto são baseados em acções, têm a longo prazo um risco aceitável e uma rentabilidade tendencialmente muito superior aos de baixo risco. Isto porque um PPR não é uma coisa para se ver de uma forma conjuntural, dependente desta ou daquela crise. Se olharmos para o cenário de crise actual veríamos que muita gente perdeu dinheiro mas isto apenas acontece no curto prazo. As acções vão voltar a subir (aliás já estão a começar) e, excepto se acreditarmos que o mundo vai estagnar ou recuar no seu desenvolvimento, este tipo de investimentos são sempre positivos a longo prazo (reparem que nenhum PPR aposta em coisas muito arriscadas e de credibilidade duvidosa), porque o valor acrescentado das empresas vai aumentando.

    João Vasco

    Quanto à questão do sistema público ser pouco eficiente devido ao pouco investimento eu gostaria de acreditar que tal é desse modo mas penso que não é bem assim. Por exemplo na saúde há muitos países com menor investimento e com maior cobertura e eficiência e outros, com os EUA à frente de todos, que gastam o dinheiro e não obtêm o serviço correspondente. Há um mundo de coisas a mudar no nosso sistema, a maior parte das quais, com apenas um bocadinho de melhor gestão se resolviam, como poder-se marcar consultas pelo telefone ou respeitar os horários e há também melhorias que mais dinheiro resolvia. No entanto penso que apesar da Universalidade dever ser um fim, com a possibilidade de oferecer todos os cuidados que as pessoas precisam, por uma questão de equidade e até racionalidade pode não ser desejável que cubra tudo em todo o lado e em quaisquer situações, quando existe também uma oferta privada que, até ver, ainda não ouvi ninguém dizer que devia ser nacionalizada.

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  57. João:

    Repara que tu tens duas possibilidades. Ou bem que achas que certos serviços não deviam ser garantidos nem pagos pelo estado, ou bem que achas que deviam ser garantidos e pagos, mas que o estado não tem recursos para tal.

    No primeiro caso, deverias rejeitar que o estado beneficiasse fiscalmente esses serviços. Cada um que recorra à iniciativa privada, No segundo caso, deverias rejeitar que o estado beneficiasse fiscalmente esses serviços, abdicando de recursos necessários para os prestar gratuitamente.
    Tudo isto à custa de ineficiência e uma tributação mais regressiva.

    Na verdade, são em grande medida os mais pobres que de certa forma estão a pagar para que classe média e os privados que lhes prestam os serviços em questão sejam menos tributados. Isto é mesmo injusto, neste ponto o BE não podia ter mais razão.

    É uma bandeira impopular, e o PS atirou-se a ela, pois estamos em campnha e todos o votos contam. Mas nesse ponto o PS não tem razão nenhuma.


    Bruce Lóse:
    O PS teve maioria absoluta, e, mal ou bem (mais mal que bem), seria de esperar que isso o fizesse "confrontar-se" menos com a oposição, seja à esquerda, seja à direita.
    Mas a grande questão, a meu ver, é a abertura para outras soluções de futuro. E neste ponto acho que a CDU tem uma posição mais meritória. Acho que fazem bem em não se esquecer qual o inimigo principal: a direita. E em colocar em aberto as diferentes possibilidades de entendimento. Sabemos que não são muitas, mas uma recusa intransigente à priori pelo menos não mostram.

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  58. João

    Desculpa lá mas existe uma diferença entre quase sem risco, e sem risco.

    Eu não tenho que correr nenhum tipo de risco com o dinheiro da minha reforma no circo dos mercados de especulação, sobretudo não posso ser forçado a meter dinheiro MEU onde eu não QUERO. Existe um contrato de confiança geracional ligado à SS.. Se o contrato se quebra estamos mal.

    quando se metem as pensões em mercados de aposta bolsista é o primeiro caminho para o desastre.

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  59. «O PS teve maioria absoluta, e, mal ou bem (mais mal que bem), seria de esperar que isso o fizesse "confrontar-se" menos com a oposição, seja à esquerda, seja à direita.»

    Só uma dúvida, João Vasco. Alguma vez ouviste o PS chamar “radical” ao PSD?

    Disseste às 12:09 que «É a incapacidade de negociar à esquerda que condeno». Como vais votar no PS, seria de esperar que condenasses esta incapacidade no partido em que mais te revês. Mas não. Afinal de contas «a grande questão, a [teu] ver, é a abertura para outras soluções de futuro. E neste ponto acho que a CDU tem uma posição mais meritória». Estamos a ficar gelatinosos? Isso resolve-se assim :)

    Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se! Pê-é-se!

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  61. Bruce:

    Estás novamente a acusar incoerência onde ela não existe. É a incapacidade de negociar à esquerda que eu condeno, E o futuro importa-me mais que o passado.


    Por isso, se o BE mostrasse capacidade de negociação no futuro, eu responderia a essa atitude, apesar de tudo aquilo que disse sobre o historial deste partido no que respeita à recusa do compromisso.

    E com o PS a mesma coisa. Eles, por enquanto, mostram-se abertos a entendimentos à esquerda. Isso conta positivamente, a meu ver. Não é só isso que importa, mas não é irrelevante.

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  62. João Vasco

    O que é que há a negociar à esquerda do PS?
    O bloco em matéria de economia não tem muita capacidade de compromisso e essa é a verdadeira natureza do exercício de poder, tu coças-me as coças e eu as tuas.
    O bloco tem uma visão diferente que é , eu tenho razão e por isso ou fazem como eu ou não há nada para ninguém.

    Isso não é negociar. É por esse motivo que nunca seria possível colocar BE ou Comunistas num governo.

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  63. Nuvens de Fumo:

    O bloco tem uma visão diferente que é , eu tenho razão e por isso ou fazem como eu ou não há nada para ninguém.

    Isso não é negociar. É por esse motivo que nunca seria possível colocar BE ou Comunistas num governo.


    Penso que ao longo desta legislatura se viu que quem não estava disposto a estabelecer qualquer compromisso com a esquerda foi o PS. Inúmeras vezes eles fizeram questão de cortar todos os laços com o verdadeiro socialismo. Ora, se o que resta do PS já não é socialismo nem sequer social-democracia, para que é que o BE há-de estar disposto a entrar em diálogo?

    Só para notar um exemplo que eu conheço: a forma como o PS estabeleceu acordos com a Microsoft que acabaram por custar 400 milhões de euros ao cofre do Estado é tudo menos socialista e vai completamente contra as melhores práticas seguidas não sou pelas administrações públicas locais e regionais mas também nacionais de vários países europeus de recorrer a software livre. É certo que isto é um exemplo parcelar mas parece-me ser demonstrativo da disposição do PS em fazer ceder os interesses nacionais em nome do interesse de entidades privadas.

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  64. «Recordo que o PS ganhou a última maioria absoluta por encantar os portugueses com a palavra “rigor”.»

    Sem querer entrar na discussão: o PS teve maioria absoluta porque toda a gente estava farta de um Primeiro Ministro chamado Santana Lopes, das «trapalhadas», do «bébé na incubadora», dos submarinos e outras que tais que se sucederam em menos de um ano. Só por isso, o PSD teve o pior resultado dos últimos 20 anos.

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  65. Bruce Lóse,
    Não chegaste a dizer o porquê de imaginares (via galinácea) que eu vou votar no PP.

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