Free Ride.
O problema dos free riders é a subprodução de um bem público porque alguns beneficiários não contribuem. Já falei nisto uma vez (1) mas alguns mal entendidos continuam a atravancar a discussão. O João Vasco deu um exemplo em que cem mil pessoas estão interessadas em pagar um álbum, o artista precisa apenas que mil pessoas o façam mas nem 1% quer fazê-lo ficando todos à espera que alguém pague primeiro (2). Isto é um problema de free riding mas causa alguma confusão.
Alguns confundem o problema com o free ride em si. O Desidério perguntou «que raio de sentido faz que 1% das pessoas paguem para todos os outros?»(3). Se pagam voluntariamente e por interesse próprio faz todo o sentido. Robert Koch dedicou muito tempo e esforço a desenvolver uma metodologia para identificar micróbios patogénicos. Hoje andamos à boleia deste trabalho que foi pago por uma fracção ínfima dos milhares de milhões de pessoas que beneficiaram dele.
O free ride só é problema se impedir a produção de um bem desejado. O João Vasco assume que nem 1% dos interessados quer pagar. O Desidério diz que «só 1% das pessoas que podem consumir um produto sem o pagar estão dispostas a pagar. Por isso com 20 mil fãs só terás 200 papalvos dispostos a pagar». Ambos apresentam cenários pouco realistas. É improvável que em cem mil interessados nem mil se comprometam a pagar e a inferência do Desidério assume que é «fã» todo aquele que «pode consumir o produto».
Vamos supor que um músico profissional precisa de €50.000 por álbum, metade para ele e metade para a gravação e produção, que a música produzida fica disponível gratuitamente e que o músico não tem outras fontes de rendimento. Evita-se o problema do free riding se 5.000 pessoas derem €10 cada para ele criar o álbum. A julgar pelo preço dos concertos e pelo número de pessoas que assistem (4) não me parece que um artista mesmo de fama modesta tenha problemas em encontrar quem o financie. Não há problema de free riding para todos os músicos que tenham mais que 5.000 pessoas dispostas a dar o preço de um CD para que eles possam criar um álbum. Mesmo que o copyright garantisse a «sustentabilidade económica» daqueles a quem nem 5.000 pessoas querem pagar era uma justificação fraca para uma lei que se intromete tanto na nossa vida privada.
Uma objecção do Desidério é que isto faz dos que pagam uns «papalvos». Não concordo. Pagam por interesse e sabendo o que compram. Um investigador publica a estrutura de uma proteína e uma empresa farmacêutica usa-a para criar um antibiótico que salva milhões de pessoas e traz uma fortuna à empresa. Parece-me incorrecto chamar papalvo ao investigador que faz o que gosta e cujo trabalho beneficia tantos só porque alguém beneficiou sem lhe pagar. E duvido que o Desidério se recuse a emprestar um CD a um amigo para evitar ser «papalvo». Penso que este argumento de papalvos é apenas um efeito da propaganda do copyright que tem interesse em criar problemas onde não existem.
E é curioso propor o copyright como solução para o hipotético problema de ficar sem música por não haver contributo suficiente para a sua criação. O bem que interessa é a música que todos possam ouvir e que todos possam usar livremente para criar mais música. O copyright elimina o mais benéfico deste bem criando custos artificiais, restringindo o acesso e proibindo durante décadas a reutilização criativa da obra. Isto é tratar a dor de cabeça à martelada.
Finalmente, os dados que temos contradizem o modelo pessimista. Há anos que a partilha de ficheiros é o tráfego principal na Internet e os fabricantes de CDs queixam-se muito. Mas o resto da indústria vai bem. Os músicos ganham cada vez mais dinheiro em concertos, há cada vez mais músicos a deixar de precisar de copyright, surgem novas formas de criar música que transgridem ou abandonam por completo o copyright e a música como arte criativa parece estar melhor por isso.
O copyright é que está moribundo. Para uma geração inteira partilhar o que se gosta é perfeitamente aceitável. Com IPods de 40Gb nem fechando a Internet acabam com a partilha. E quando esta geração começar a votar o copyright desaparece. A discussão dos méritos e deméritos do copyright é interessante mas a questão relevante na prática é como financiar a arte sem isso. O “se” já está resolvido há anos.
1- A treta do copyright: a tragédia dos comuns e os free riders.
2- O que está em causa.
3- Um modelo novo velho.
4- A.P. , 28-12-06, Rolling Stones among biggest 2006 tours
É bastante interessante o debate sobre prevermos se o modelo económico capitalista sobrevive ou não ao fim do copyright. Penso que num certo sentido é disso que se tem vindo a tratar aqui nos últimos tempos.
ResponderEliminarPenso também que nenhum dos contendores assumiu verdadeiramente o fim absoluto dos direitos de autor. O que autor deste blog fez foi deslocar o copyright de espaço e tempo: a música distribui-se gratuitamente na internet, mas depois paga-se o concerto ao vivo.
Do outro lado, Desidério Murcho, menos cerebral, ainda vive no século XX. De facto o digital e o aumento exponencial da circulação da informação tornou obsoletas as ideias tradicionais de protecção de alguns objectos imateriais.
Nietzsche tinha uma tese interessante (cito de cor): "não é tão importante sabermos quem originou algo como quem o levou à sua máxima potencialidade." De facto a originalidade é um graal muito difícil de encontrar. No limite, até as obras de arte mais adoradas são em grande parte resultado de citações camufladas.
Por outro lado, se a assinatura for totalmente abolida faltará a muitos inconformistas a vontade de serem grelhados em lume brando à espera que uma humanidade póstuma venha finalmente reconhecer o seu génio.
Assim, como em quase tudo deste mundo hiper-complexo, há-de haver vários caminhos, fracassos e vitórias, soluções óbvias e outras excêntricas, o esperado e o inesperado.
O direito de autor vai continuar a ser uma figura jurídica, económica e mental. Mas não será mais possível blindá-lo no copyright modelo século XX.
Caro Ludi
ResponderEliminarO teu problema é estares mergulhado numa confusão fundamental. Repara como seria maravilhosa a Internet se as pessoas não copiassem ilegalmente: um músico independente tem subitamente resolvido o seu problema fundamental, que é a distribuição. Põe a sua música na Internet, pede 5 dólares por 90 minutos, e as pessoas pagam. Mesmo que tenha apenas 10 mil fãs espalhados pelo mundo, pode viver da sua música: encaixa 50 mil dólares, fica com 20 mil para ele e o resto paga a produção e distribuição. Era isto que se pensava que a Internet iria permitir, no início. Criadores independentes de música, de software, de livros, etc., teriam subitamente a possibilidade de viver das suas criações sem precisar de se envolver com editoras que só estão interessadas em produtos para milhões de pessoas porque é aí que está o cacau chorudo. Este Eldorado acabou com o Bittorrent e a cópia pirata generalizada. E voltámos à mesma. Para se ser criador temos de ter uma carteira imensa de fãs, para se poder viver do que pagam 1% deles, porque os outros vão todos à boleia. Esta é a realidade.
É empiricamente falso que mais de 1% das pessoas que consomem um produto o paguem se puderem consumi-lo de borla. É por isso que o teu modelo só promove uma coisa: Madonnas e NIN. Música que gere milhões de fãs, para que aquele 1% que o consome seja suficiente para sustentar o músico.
Repito: empiricamente, só 1% da população paga o que pode ter de graça. O mesmo acontece com a publicidade na Internet, que só gera receita se as pessoas clicarem no anúncio. Quantas vezes já clicaste num anúncio? Já te perguntaste como é possível tornar rentável uma coisa dessas na Internet? A resposta é: se tiveres milhões de consumidores e pelo menos 1% deles clicar, ganhas. É assim que o Google faz milhões. (E é por isso que o Google quer gente como tu e eu a produzir conteúdos de borla na Internet. Mas isso é outro assunto.)
Nos dois casos, qual é o preço a pagar? Para que 99% tenham uma coisa de borla, essa coisa tem de ser popularucha, para que os 1% pagantes gerem receita suficiente para o tornar economicamente viável.
Não há escolha, Ludi. Ou tens o modelo soviético, em que toda a gente é empregado do estado para poder fazer tretas que depois todos pensam falsamente que consomem de borla -- mas pagaram indirectamente com os impostos. Ou tens produtos popularuchos a fingir que são de borla para que 1% dos pagantes seja suficiente para sustentar a coisa economicamente.
Esta é a realidade. O resto é ficção.
E isto nada tem a ver com o séc. XX ou XXI. Na verdade, o modelo da borla aparente é uma invenção do séc. XX: é a televisão aberta e os jornais e revistas cheios de publicidade. O que o teu modelo provoca é uma Internet cheia de igual à televisão aberta, e em que os criadores ficam neste dilema: ou se fazem funcionários públicos para poderem fazer alguma coisa de jeito, ou fazem coisas como os NIN e a Madonna, para que 1% dos pagantes papalvos seja suficiente para financiar a coisa.
Finalmente: não podes comparar a situação actual de partilha de ficheiros com o que seria se passasse a ser legal fazer isso. Pois apesar de ser hoje fácil copiar qualquer software, filme ou música, a generalidade das pessoas não o faz porque 1) não sabe entrar na Internet subterrânea e 2) tem medo de o fazer e ser apanhada. Apesar de tudo, a lei ainda é um desencorajador. SE fosse legal fazer o download dessas coisas sem as pagar e o pagamento fosse opcional, quantas pagariam? Sempre que há essa situação, qualquer economista te diz: 1%. Muitas vezes, metade disso. Esta é a realidade.
Falas dos concertos. Quantas pessoas achas que pagariam entrada se pudessem ir de borla? Na verdade, muitos conseguem furar os controlos e gabam-se de assistir a todos os concertos que querem de borla. Se fosse opcional o pagamento, terias o mesmo: 1% a pagar, o resto a chamar estúpidos aos que pagam. E acabavam os concertos.
Dionisio,
ResponderEliminar«Penso também que nenhum dos contendores assumiu verdadeiramente o fim absoluto dos direitos de autor. O que autor deste blog fez foi deslocar o copyright de espaço e tempo: a música distribui-se gratuitamente na internet, mas depois paga-se o concerto ao vivo.»
Por copyright refiro-me apenas à exclusividade sobre o fabrico de cópias. Não ponho de parte licenças para uso comercial, direitos de autor e tudo o resto. Apenas rejeito que a música seja considerada propriedade que só uns possam usar.
Desidério,
ResponderEliminar«Põe a sua música na Internet, pede 5 dólares por 90 minutos, e as pessoas pagam.[...] Era isto que se pensava que a Internet iria permitir, no início.»
Não sei quem é que pensava isso, mas posso-te garantir que não foi quem desenvolveu os protocolos de comunicação, as BBSs, o html, os browsers, o p2p e todas as coisas que hoje qualquer um pode usar gratuitamente. Nem foram as pessoas que começaram a usar isto. O que se pensava inicialmente é que a internet seria uma forma excelente de comunicar e de partilhar informação instantaneamente e sem custos. É uma das razões porque não pagas licença de utilização do HTML, por exemplo.
«É empiricamente falso que mais de 1% das pessoas que consomem um produto o paguem se puderem consumi-lo de borla.»
Sim, mas é economicamente irrelevante se o custo desse consumo adicional for nulo. O que interessa é que os custos de criar o produto sejam cobertos por alguém. Se outros usufruem (não consomem) à borla sem custos adicionais não há mal nenhum.
Terias razão se quem ouvisse música fizesse desaparecer parte da música.
«Falas dos concertos. Quantas pessoas achas que pagariam entrada se pudessem ir de borla?»
Poucas. E aí tens razão. Ao contrário do conteudo digital, o número de pessoas no recinto é limitado e um tira o lugar a outro. Mas nessa situação tens um bem que é escasso e não é preciso uma lei para inventar escassez.
Quantas pessoas pagariam para usar a função seno se pudessem usá-la à borla? Poucas. Mas qual é o custo adicional cada vez que alguém usa a função seno? Nenhum. Nem um lugar no recinto se perde com isso. Por isso o mais razoável é o pessoal deixar usar as funções seno à vontade.
Isto não é metafísica. Um ficheiro mp3 é basicamente um conjunto de parâmetros para a função seno.
Não se pode partir do principio que a única motivação para criar é a monetária. Porque este principio é falso. Ainda que não seja tão linear, no caso dos discos motivação para gravar um disco e por-lo no mercado é monetária. O objectivo principal por parte do artista pode até não ser gerar grandes lucros com a venda de discos mas inegavelmente vai pretender cobrir os custos associados com este processo.
ResponderEliminarNo caso da Madonna ou dos NIN os custos associados a todo o processo efectuado até chegar ao produto final são estupidamente irrisórios quando comparados com os custos de divulgação. Para este tipo de artistas, por muito afectados que sejam por a partilha de ficheiro, o negócio é sempre rentável. O que acontece nos outros 99% dos casos? Na minha opinião só têm a ganhar, o dinheiro que possivelmente perdem na venda de discos vão ganhá-lo nas entradas de concertos, merchandising, vendas de discos "tour only" e um largo etc. Tudo porque estao muito mais expostos que antes e não são estes nem as ditas editoras independentes a maior parte da divulgação.
E se não apoiem-se em factos: vejam como aumentam a quantidade de concertos e de publico, como aumenta a quantidade de discos e bandas novas que aparecem no mercado. Este são indicadores de a musica está de boa saúde. Reparem na quantidade de concertos que há em lisboa, porto, braga, famalicão, leiria, beja, etc etc e comparem-no com o que havia há 10 anos atrás. O problema das grandes editoras é que ao contrário do que acontecia antes é que perderam o control absoluto sobre os media e isso preocupa-as. A mim não.
Já disse nas respostas do post anterior: perguntem-se porque numa banda como os mao morta os seus elementos preferem manter trabalhos normais e nao se dedicarem exclusivamente à música quando podiam e podem viver desta. Mesmo sem vender discos.
Ao contrário do Dério, julgo que a confusão fundamental do Ludwig é esta:
ResponderEliminar«O free ride só é problema se impedir a produção de um bem desejado.»
Esta merda é o fim do civismo.
Lud, espero que mudes de tema depressa porque é muito mais giro estar de acordo contigo.
"Um ficheiro mp3 é basicamente um conjunto de parâmetros para a função seno."
ResponderEliminarHoje fez-se história neste blogue. Um pirata deixou de ser um pirata e foi promovido à categoria de coleccionador da função seno.
Parece que há uma vasta comunidade de coleccionadores da função seno espalhada por esse mundo. O que é interessante é que o pessoal gosta de ter variantes da função seno. Não se contenta só com uma. Enche o disco rígido com milhares de funções seno. É uma colecção muito estranha.
Bruce,
ResponderEliminarAchas que os cientistas deviam deixar de trabalhar enquanto não receberem de cada pessoa uma compensação proporcional aos benefícios que a ciência lhe dá?
Isso é que era civismo?
Parece-me que a ideia de só beneficiar os outros se me pagarem em proporção é precisamente o contrário do civismo.
Eis a minha contra proposta: civismo é beneficiar os outros sempre que isso não custa, e exigir em proporção aos nossos custos e não em proporção aos beneficios que eles auferem.
O resto não é civismo. É ganância, o que é perfeitamente aceitável e não condeno mas não acho que deva ser protegido por lei.
António,
ResponderEliminarO computador é uma máquina de fazer contas. Podemos ligar os resultados dessas contas a impressoras, monitores, colunas ou campainhas da porta e representar esses resultados como quisermos.
O ficheiro mp3 é interpretado como parâmetros de funções que são calculadas. Os resultados podem ser usados para mostrar um gráfico, uma animação no media player ou sons nas colunas, mas não muda nada o que se está a fazer com o ficheiro: calcular funções trigonométricas.
Lud,
ResponderEliminarNão nos conhecemos pessoalmente mas, se bem percebo, seguiste uma carreira académica. Terás então a bondade de reflectir sobre o que isso significa para ti e para a tua comunidade. A tua profissão colhe a compensação prevista na primeira das três trajectórias que me lembro de ter aqui sugerido nos comentários.
Se por outro lado vivesses apenas da relação do teu trabalho com a VENDA (infelizmente somos muitos a chafurdar nesta estrebaria) terias como horizonte outro cenário de compensações possíveis.
Permite-me ainda que sugira aos teus leitores um conceito diferente:
-- sindicalismo--
A-ha! A velha dicotomia! O que todos desejam é que as sociedades de autores não sejam gigantes bêbados que deixem sistematicamente o Pai Natal comer o coelhinho. A solução para os problemas que todos reconhecem da defesa dos interesses dos vários agentes perante o arcaboiço das editoras/distribuidoras passa muito mais pela organização corporativista num cenário preferencialmente civilizado, do que por essa história de transformar o mundo em bit(aite)s e deixar os músicos a tocar no metro tipo efeito colateral. Não existe outra maneira de resolver aquilo que é um velho problema de abuso de posição dominante. Oferecer o abuso de posição a outros grupos económicos e com isso virar o disco? Jamé.
Exercício1:
perguntem lá aos farmacêuticos se já alguém lhes foi chatear o retalho com a Nova Ordem dos Bit(aite)s.
Ludwig
ResponderEliminarJulgo que interpretei bem o seu pensamento. O mundo divide-se, afinal, em duas espécies de cidadãos: os que pagam as funções seno, onde eu me incluo e a que chamarei carinhosamente "otários", e os outros, os "bright", que coleccionam as funções seno sem as pagar.
Bruce,
ResponderEliminar«Se por outro lado vivesses apenas da relação do teu trabalho com a VENDA (infelizmente somos muitos a chafurdar nesta estrebaria) terias como horizonte outro cenário de compensações possíveis.»
Eu vendo o meu trabalho. Mas com a venda de produtos é o mesmo.
Se eu vivesse da venda de martelos pedia um preço por cada martelo. Podia ser espertalhão e cobrar mais aos carpinteiros profissionais que aos amadores. Afinal os primeiros vão ganhar dinheiro com os martelos que lhes vendo. E se uma firma com muita massa me quiser contratar como consultor ou coisa assim cobro-lhes mais que à faculdade. Em parte porque gosto mais do ensino e investigação, e em parte porque eles podem pagar. Não condeno que se tente sacar o máximo de um negócio.
O que condeno é uma lei que force os outros a pagar pelos benefícios em vez de pelos custos. Uma lei que obriga a quem compra martelos que os pague a quem vende é uma lei justa. Uma lei que obrigue que paguem os martelos em função do benefício que estes lhes trazem é um disparate.
António,
ResponderEliminar«Julgo que interpretei bem o seu pensamento. O mundo divide-se, afinal, em duas espécies de cidadãos: os que pagam as funções seno, onde eu me incluo e a que chamarei carinhosamente "otários", e os outros, os "bright", que coleccionam as funções seno sem as pagar.»
Se interpretou bem o meu pensamento o que escreveu depois não teve nada a ver com a interpretação. Espero que esteja eu a interpretar mal as sua intenção ao escrever isto...
Estamos de volta às origens neste séc. XXI !
ResponderEliminarNascemos da cópia (do ADN) dos nossos pais.
Aprendemos a sorrir por imitação.
Aprendemos a falar por imitação.
Aprendemos a ler e a escrever por um exercício de memorização e reprodução de um gesto.
Imitamos os nossos pais, amigos, familiares, desiludimo-nos com eles (por vezes) e procuramos novos modelos para seguir.
Reproduzimos os pensamentos dos nossos professores que reproduzem os deles que aprenderam com outros que ...
Aprendemos por cópia, transformamo-nos por cópia, acrescentamos um infinitésimo que fomos buscar à pool de dados das cópias que já fizemos e, por vezes, até parecemos originais.
Copiamos tudo o que conseguimos, somos uns copiadores natos.
E também temos prazer em ensinar e em reproduzirmo-nos em novas cópias de ADN.
Esta é a essência do ser humano e também é a sua grande riqueza: copiar e reproduzir informação está na nossa natureza.
Copiar é natural !
Copiar é essencial à vida como respirar !
Por isso o direito à cópia é imperativo.
Proponho a seguinte definição de copyright :
Copyright (direito à cópia) - Direito natural que os seres vivos têm (em particular humanos e outros primatas) de copiar ou memorizar toda e qualquer informação que entendam relevante para o seu bem estar, aprendizagem ou sobrevivência.
Obs.1 : Este direito é absoluto e em caso algum poderá o indivíduo ser privado de o usufruir.
Obs.2 : Este é um direito natural e como tal será integrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem como o artigo nº. 4, sendo todos os artigos subsequentes numerados em mais uma unidade.
Proponho ainda a seguinte adenda à caracterização do conceito Informação:
Informação - Bem imaterial não susceptível de posse. A informação pode ser materializada para fins comerciais e outros. O suporte que materializa a informação é susceptível de posse. A informação uma vez difundida pode ser materializada em qualquer suporte adequado. Actividades tendentes a impedir ou suprimir a materialização da informação difundida são punidas por lei como atentado ao (novo) artigo 4º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Apesar da discussão ser vagamente interessante, na minha opinião, hoje em dia, já é mais do que redundante. Basta ter o mínimo de bom-senso.
ResponderEliminarSe é possível fazer 50000 cópias seja do que for a custo 0, o preço dessa coisa será 0. Chama-se mercado. Qualquer esforço em contrário é contraproducente. Riqueza é um conceito absoluto. Um sistema que permite 3 mil milhões de pessoas terem acesso aos (alegados) 10€ é um sistema melhor do que aquele em que só 10 000 têm.
Claro que há esforços em contrário, dos carteis habituados a fazer milhões à custa de sistemas antigos e redundantes.
Podem espernear o quanto quiserem. A selecção natural ao longo do tempo vai encarregar-se do resto. É uma questão de tempo, é só isso.
Mesmo que por uma razão qualquer inexplicável, os artistas deixassem de ter dinheiro para trabalhar, o que aconteceria seria que muitos continuariam a fazer música na mesma, e arranjariam empregos. Outros, talvez mais habilidosos, arranjariam outro método qualquer para serem pagos. É o que eventualmente irá acontecer. Já aconteceu o mesmo, foi quando inventaram o copyright. Dantes só havia música ao vivo. Depois inventaram uma coisa horrível: um sistema de "gravar" a música. E já não eram precisos os músicos. Ia ser o fim do mundo. Claro que não foi, inventou-se o copyright, e passou a haver mais música do que nunca, mais riqueza tanto para os ouvintos como para os músicos, e, espante-se, para intermediários. Actualmente é outro passo do género. Sem copyright haverá mais riqueza para todos. Pelo menos para os intervenientes úteis no processo.
Podemos ter a atitude de fazer a transição o mais rapidamente possível para um sistema melhor. Acho que é isso que o Ludi está a defender. Infelizmente, estamos habituados à economia da escassez, e isto das novas tecnologias confundem as ligações cerebrais de qualquer "macaco", nos quais me incluo, obviamente.
Ainda temos muito que aprender, e a beleza também reside aí.
Os meus 0.02€.
Concordo com o ludwig em algumas coisas:
ResponderEliminarO preço dos CD's é demasiado elevado em relação aos custos de produção. Mas temos de compreender que a maior fatia é das distribuidoras e não das editoras. Temos também de compreender que os CD's levam a taxação de 21% de IVA, reservada aos bens não essenciais.Interessante esta visão do estado que considera a cultura um bem não essencial... Num CD de 20€, 5€ são para o estado. Dos quinze restantes, e dependendo do artista e do factor novidade, grande parte (não sei o número exacto) é da distribuidora. A fnac, por exemplo, não perde dinheiro quando vende CD's a preço verde (5-10€).
A percentagem da venda dos CD's que é destinada aos artistas é demaisiado pequena. Mas isto acontece na maior parte dos ramos de actividade, o produtor de um bem ganha aoenas uma pequena fracção do preço final. Daí começarem a aparecer agora as lojas de "comércio justo".
O modelo de copyright que existe está ultrapassado, necessita de ser reestruturado para se poder adaptar à globalização.
É importante notar que é profundamente errado lutar contra algo que consideramos estar errado cometendo ilegalidades. É igualmente importante notar que as ilegalidades de que falamos são consideradas pela lei como roubo e sendo o roubo uma violência, não é difícil fazer analogias ao terrorismo (que até há quem diga poder estar a ser financiado pela venda de pirataria).
Posto isto é importante atentarmos a algumas das consequências negativas do hipotético fim do copyright no que há música respeita:
- Bilhetes para concertos muito mais caros (Os radiohead cobram no reino unido preços entre os 60 e 70 euros e preparem-se para pagar preços semelhantes em Portugal)
- CD's muito mais caros (tomo como referência o preço do album da maria schneider)...
- O desaparecimento das lojas de CD que implica que apenas poderemos ouvir e adquirir música pela net.
- progressivo desaparecimento de CD's com bom som (grande parte dos artistas não verão qualquer vantagem em gastar dezenas de milhar de euros na gravação de um albúm que poucas pessoas comprarão). Teremos canções com a qualidade sónica do que se ouve no youtube ou no myspace, gravada com material amador, por amadores.
- Excessiva oferta musical ao ouvinte. Todos os novos artistas estarão igualmente disponíveis na internet. Poderá parecer uma coisa boa, mas imagine as horas de pesquisa que terá de dispender para encontrar algo que seja bom. Para bem e para o mal, as editoras e as lojas ainda filtram muita música, também filtram boa música, dirão alguns, mas a maior parte é má. Imagine um mundo onde procurar um artista do nosso agrado será como fazer um casting para os Ídolos.
- Malware disfarçado de ficheiros musicais. Nada de novo aqui, apenas os números de vítimas aumentarão.
- Progressivo desinvestimento na indústria audio. Menos investigação implicaria menos tecnologias e estagnação. O conceito do Hi-fi desapareceria. Menos software de criação musical, menos instrumentos novos, menos técnicos a dar o seu contributo para "push the envelope" da arte em si.
E isto apenas no que respeita à música. Imagine o que aconteceria com dvd's, jogos, livros, software e até com as transmissões televisivas. O fim das consolas de jogos. Sem copyright as empresas de software estariam condenadas. Quantas pessoas sabem discernir entre bom open source e mau open source?
E as pessoas sem acesso à internet?
Toupeira,
ResponderEliminarnão seja profeta da desgraça.
Deixe isso para os criadores!
Hoje em dia já qualquer macaco consegue ter em casa um estúdio de qualidade profissional.
A tecnologia digital permite maravilhas no campo áudio e vídeo, muitas das quais ainda estão para vir. E a um custo ínfimo do que se fazia há 10 anos atrás. Vai ver que vamos assistir a uma verdadeira explosão de criatividade.
Olhe, digo-lhe o mesmo que disse ao Desidério, não fique murcho! Tenha fé !
Ludwig
ResponderEliminarNão há maldade nem segundas intenções no que escrevi. Procurei traduzir de um forma simples o que percebi da sua teoria. Se estou errado então corrija-me, por favor. Se estiver interessado nisso, é claro.
Eu acredito cegamente que a partilha de ficheiro não vai acabar com a música, nem com os músicos nem mesmo com os discos (O cd tem os dias contados e espantem-se: o vinilo está aí a para ver)
ResponderEliminarA partilha de ficheiros só democratiza o sistema. Aumenta as oportunidades dos mais desconhecidos para serem divulgados, o que no sistema tradicional significa os que não se submetem ou nao têm o apoio das grandes editoras monopolistas. Eu antes de comprar um disco quero ouvi-los antes. Quero ouvir toda a música pela que sinto curiosidade, mas como vivo numa aldeia em que a loja de discos mais próxima está 100 km nao tenho essa oportunidade. Ou me submeto à burrice da tv e da maioria dos programas de rádio ou arrisco a comprar a música pela qual sinto curiosidade. Se mandar vir 3 discos de uma loja de lisboa vou pagar entre 50 a 60 euros. Como ganho 400 euros por mês (trabalhando como um escravo a fazer algo que não gosto? isto representa entre 12,5 a 15% do meu vencimento. E agora venha um paspalho qualquer, que tem um tacho numa universidade (que não lhe exigem qq produção cientifica) e que se intitula investigador mas em vez de investigar passa os dias a pensar nos comentários que vai escrever no blog do seu arquienimigo, dizer que eu nao tenho o direito moral de escutar a música pela que sinto curiosidade antes de a comprar...
Neste exemplo respondo também ao toupeira: repare EU NÃO QUERO QUE AS LOJAS E AS EDITORAS ESCOLHAM A MUSICA POR MIM. A questão que levanto é mesmo essa e para mim é a maior vantagem da partilha de ficheiros. Nao quero que sejam as lojas, nem editoras, nem revistas nem jornais, nem tv, nem programas de rádio que escolham a música que eu vou ouvir. QUERO SER EU A ESCOLHER, QUERO PASSAR HORAS A PROCURAR E A INVESTIGAR ATÉ ENCONTRAR AQUELA MUSICO OU AQUELA BANDA QUE PARA MIM SÃO VERDADEIRAS PÉROLAS.
"E agora venha um paspalho qualquer, que tem um tacho numa universidade (que não lhe exigem qq produção cientifica) e que se intitula investigador mas em vez de investigar passa os dias a pensar nos comentários que vai escrever no blog do seu arquienimigo,"
ResponderEliminarIsto estava a correr tão bem.
Assim perde-se a moral.
Ataque-se os argumentos e não as pessoas.
Nuno, se não fosse a cópia pirata, muitos músicos poderiam viver directamente da venda da sua música. E isso seria incrivelmente barato. Você poderia pagar 2 euros por 90 minutos de música, depois de a ter ouvido para ver se gosta. E se todos pagassem 2 euros, esse músico underground de que você gosta poderia dedicar-se inteiramente à música, em vez de ter de ser taxista. Porque provavelmente esse músico de que você gosta até tem 10 mil fãs espalhados pelo mundo. Só que como nenhum lhe paga cheta, ele não pode fazer música a tempo inteiro.
ResponderEliminarSe não fosse a cópia pirata, arrumava-se de vez as grandes companhias, Nuno. Dividia-se as águas: as grandes editoras ficavam para o povão, porque só lhes interessa mercados de milhões. Mas os músicos alternativos, como eu conheço e gosto de vários, poderiam viver da sua música, pois têm fãs em número suficiente para isso — se todos pagassem uma ninharia. Mas como só 1% deles paga alguma ninharia, esses músicos — que no sistema antigo dos discos e CD’s podiam viver só da sua música — deixam de poder viver só da sua música.
Desidério,
ResponderEliminar«Nuno, se não fosse a cópia pirata, muitos músicos poderiam viver directamente da venda da sua música. E isso seria incrivelmente barato. Você poderia pagar 2 euros por 90 minutos de música,»
Já me acusaste de ser pouco realista, mas isto parece-me mesmo fantasia. Copiar a música custa 0 e todos o podem fazer. Não é um bem comercializável a menos que se proíba a cópia a todos menos a alguns que vendem licensas.
Achas que implementar isto é barato? Achas que um sistema dissuasor que impeça dezenas de milhões de pessoas de fazer um click com o rato em sua casa não tem custos? O sistema que temos agora não faz praticamente nada e já está a mobilizar forças policiais, tribunais, empresas de investigação e a mandar pessoas para a prisão por gravar filmes no cinema. Parece-me que isto tem custos.
Muito mais razoável é os músicos venderem aquilo que só eles podem fazer -- o trabalho de compor -- em vez de venderem o que todos podem fazer -- a cópia.
Deisdério,
ResponderEliminarJá disseste várias vezes que só 1% dos fãs é que está disposto a pagar para o músico criar. Não explicaste de onde voste buscar esse número, e não me parece que estejas a usar a definição de fã que está no dicionário:
«Fã:
do Ing. (E.U.A. ) fan, abrev. de fanatic, fanático
s. m.,
pessoa que tem grande admiração por certo artista popularizado pelo cinema, teatro, televisão, rádio, música, etc. .»
Não me parece razoável assumir que só um em cada 100 fãs está disposto a pagar uns euros para o seu ídolo compor o próximo album.
O que me parece é que estás a classificar como fã qualquer um que descarregue uma música do autor, mesmo que seja no meio de outras 10,000 que nunca vai ouvir.
Os Radiohead distribuiram o álbum In Rainbows digitalmente, e cada um pagava o que queria. 38% das pessoas que o descarregou pagou, em média, $6.
http://www.comscore.com/press/release.asp?press=1883
Mesmo assumindo que todos os que foram ao site descarregar o álbum eram pessoas com «grande admiração» pelos artistas a tua estimativa dos 1% falha bastante.
Se considerarmos que houve com certeza pessoas que foram lá para experimentar e que não eram fãs deles, a percentagem de fãs dispostos a pagar é bastante maior.
Finalmente, se usarmos a tua estimativa com a informação que houve 400,000 downloads pagos concluimos que os Radiohead têm cerca de quarenta milhões de fãs.
Não me parece que estejas a usar correctamente o termo.
Desidério, eu não conheço nenhum sitio onde possa comprar 90 minutos de música por 2 euros. Ainda que conhecesse não o faria porque na minha opinião o mp3 não têm a qualidade suficiente para pagar por ele por muito caseira que seja a produção do disco. Da mesma forma que prefiro pagar 10 euros por um livro físico do que 2 em formato pdf. Será que o faria se não o conseguísse obter gratuitamente. Provavelmente não.
ResponderEliminarNo fundo, à parte das questões morais implicadas com a descarga gratuita de ficheiros que nalguns casos são reprovadas pelos artistas mas em outros não o são, nós discordamos no ponto em que tu achas que a maioria dos músicos perde dinheiro com este processo e eu não. Alguns músicos perdem dinheiro com este fenómeno, dentro de este grupo uma boa fracção pode continuar a ganhar rios de dinheiro. Na minha opinião, a maioria dos artistas só têm a ganhar. Basta olharmos para os factos: aumento do número de concertos, aumento do número de pessoas a assistir a concertos, uma variedade incrivel de músicos ao quais provavelmente nunca teriamos acesso e que hoje em dia podem estar a tocar no clube ao aldo da nossa casa. É fantástico. Tu imaginavas uma banda de norte-americana, sul-americana, asiática, etc, que só edita em net-labels e cd-r's feitos à mao a fazer digressões pela europa? Achas que estes músicos perdem com a partilha de ficheiros? Achas que os arcade fire, os artic monkeys, os clap hand say yeah perderam dinheiro com a partilha de ficheiros? Neste momento talvez, mas só chegaram onde estão devido à partilha de ficheiros que eles mesmos disponibilizaram gratuitamente na rede. Caso contrário, e se um tipo qq de uma editora os encontrasse e achasse que eles não tinham potencial comercial provavelmente nunca tinham saído da garagem. Conseguíram assinar contratos com editoras grandes devido aos piratas que roubam a sua música e fizeram deles fenómenos antes mesmo de terem assinado por qq editora. É por isso que eu acho que este fenómeno torna as coisas mais democráticas, hoje em dia a probabilidade de um artista atingir o reconhecimento depende mais do público do que da opinião dos caça talentos que andam por aí espalhados ao serviço das grandes editoras. O potencial comercial já não é o único factor para as coisas saírem cá para fora.
No dia em que a partilhe de ficheiros for controlada e se acabe com a pirataria voltamos para trás. No dia em que se pague um euros por um álbum voltamos à estaca zero, porque eu sei e tu sabes que os grandes monopólios vão controlar o sistema e pervertê-lo. Por isso prefiro o mal menor que é a partilha gratuita de ficheiro e mais o google comigo nao ganha nada no que à partilha de ficheiros diz respeito. Quando descargo uma música não sou nem nunca fui exposto a qq tipo de publicidade.
Da mesma forma o sistema do ludwing é utópico o teu também o é, porque se acreditas que o que o teu sistema nao é monopolizado em três dias é muito ingénuo da tua parte.
Ludwing, faltou dizer que depois dos radiohead lançarem o disco em formato físico para o mercado estiveram em primeiro lugar no top de vendas do reino unido. Mas claro, os radiohead enquanto artistas consagrados não são exemplo e não se pode extrapolar grandes conclusões acerca do fenómeno.
ResponderEliminarNuno,
ResponderEliminarConcordo, e foi por isso que escolhi este exemplo. Uma banda como os Radiohead atrai muito mais gente que apenas os fãs. Pela publicidade que têm, eu até diria que os 62% de pessoas que não pagaram quando descarregaram o àlbum não eram fãs, mas sim pessoas que também não iam comprar o disco e só foram lá por curiosidade.
Por isso os 38% de pagadores voluntários é uma estimativa por baixo do que se pode esperar dos fãs. E está muito acima do pessimista 1% do Desidério que nem sequer parece consistente com a definição de fã.
Nova definição:
«fã: pessoa com 1% de probabilidade de dar meia dúzia de euros para ajudar o artista a compor»
:)
Lud,
ResponderEliminarJá agora um pouco de recursividade.
Artista: aquele que tem fãs, ou não é artista.
Bruce,
ResponderEliminarEu não usava a recursividade.
Artista: aquele que produz algo digno de admiração.
Artista profissional: aquele cujo trabalho é suficientemente admirado para que voluntariamente lhe paguem para o fazer.
Artista amador: o que faz umas coisas engraçadas mas que é melhor não contar com isso para comer.
http://www.openbusiness.cc/
ResponderEliminar- com - da +:
ResponderEliminar"Hoje em dia já qualquer macaco consegue ter em casa um estúdio de qualidade profissional.
A tecnologia digital permite maravilhas no campo áudio e vídeo."
Quem o lê pode pensar que fazer, gravar, misturar, masterizar
Quando muito, qualquer macaco consegue ter em casa ferramentas de qualidade profissional.
Em casa não tem a acústica de um estúdio profissional, nem uma reggie calibrada, e muito dificilmente um bom par de monitores de resposta "linear" (são bem caros). Já para não falar dos microfones. E não me diga que um ou dois chegam perfeitamente porque se pretender gravar uma bateria vai ter muita dificuldade em fazê-lo só com dois microfones num espaço não tratado acusticamente.
E se têm o software necessário é porque ou o piratearam ou gastaram uns poucos milhares de euros para os ter. E não falámos do custo dos instrumentos ou da insonorização sonora para que os vizinhos não enlouqueçam ou chamem a polícia.
E para além disso tudo, falta ao macaco a capacidade técnica para manipular os programas de áudio que tem. A não ser que invista muito tempo e muito dinheiro nisso.
Quando ao profeta da desgraça (belo nome para uma banda), não o pretendo ser, pretendo apenas fazer ver que a solução radical da extinção do copyright é perigosa e pode acabar por tirar a música das pessoas.
A primeira frase do meu comentário anterior ficou incompleta.
ResponderEliminar"Quem o lê pode pensar que fazer, gravar, misturar, masterizar é fácil e não exige conhecimento."
- com - dá +
ResponderEliminar"Vai ver que vamos assistir a uma verdadeira explosão de criatividade."
Ciuidado com este argumento. Os meios técnicos de que fala já existem a algum tempo a um preço razoavel. A massificação da música, para o qual o file sharing e a MTV contribuiram, levou a que muito mais pessoas ouvissem a mesma coisa. O que tem resultado é cada vez mais as bandas, nos seus estilos, sejam mais iguais umas às outras. É claro quue existem bons artistas, mas a banalização sonora das fórmulas trouxe-nos mais-do-mesmo em maior quantidade do que artistas realmente criativos e originais.
Toupeira,
ResponderEliminarPenso que o argumento não era que é fácil mas que não é preciso ser rico.
Aproveito que o meu irmão Bruno está no hospital a recuperar de uma apendicite para pôr aqui o link para uma música dele:
Post no blog dele. Ficheiro mp3.
Assim se ele me acusar de violar direitos de autor espeto-lhe um dedo na costura.
nuno:
ResponderEliminar"EU NÃO QUERO QUE AS LOJAS E AS EDITORAS ESCOLHAM A MUSICA POR MIM. A questão que levanto é mesmo essa e para mim é a maior vantagem da partilha de ficheiros. Nao quero que sejam as lojas, nem editoras, nem revistas nem jornais, nem tv, nem programas de rádio que escolham a música que eu vou ouvir"
As editoras não escolhem por si. As editoras têm um catálogo e é desse catálogo que você escolhe, ou não, o que comprar.
Que ouvir antes de comprar? Tem o site da banda onde normalmente tem sempre algumas músicas para escutar ou, se puder, dirija-se uma discoteca, e oiça.
"QUERO SER EU A ESCOLHER, QUERO PASSAR HORAS A PROCURAR E A INVESTIGAR ATÉ ENCONTRAR AQUELA MUSICO OU AQUELA BANDA QUE PARA MIM SÃO VERDADEIRAS PÉROLAS."
Mas assim como o mercado está, você pode fazer isso na mesma! Myspace e outros que tais tem mais bandas do que você consegue ouvir no seu tempo de vida (digo eu).
Toupeira,
ResponderEliminar"O que tem resultado é cada vez mais as bandas, nos seus estilos, sejam mais iguais umas às outras. É claro que existem bons artistas, mas a banalização sonora das fórmulas trouxe-nos mais-do-mesmo em maior quantidade do que artistas realmente criativos e originais."
Não vejo que relação tem este facto (discutível) com a abolição ou não do copyright.
O que menciona é um fenómeno puramente estatístico: a "verdadeira" originalidade é rara, é como encontrar um génio. Um Isaac Newton para cada mil milhões! Agora se a música chegar a mais e inspirar mais criadores teremos, na mesma proporção, mais probabilidades de encontrar um novo Mozart, ou Frank Zappa se for o caso).
Nuno:
ResponderEliminar"Ainda que conhecesse não o faria porque na minha opinião o mp3 não têm a qualidade suficiente para pagar por ele por muito caseira que seja a produção do disco. "
O fim do copyright implica uma grande redução da disponibilidade do formato PCM (.wav; .aiff, etc) para o consumidor de música.
No itunes os ficheiros mp3 estão entre 128kbps e 192 kbps. Se compararmos com o os formatos PCM em que o bitrate é de 1411kbs vemos que estes mp3 têm 10% da informação presente num PCM.
As pessoas estão-se borrifando para o wav ou para o mp3, querem é ter a música o mais rápido possível. Quem é que quer ter o disco de 70gb com apenas 100 albuns quando podem ter 1000?
- com - dá +
ResponderEliminarUsei esse argumento em relação à "explosão de criatividade" estar directamente relacionada com a democratização dos processos de produção. Apenos lhe queria dizer que não existe aí uma porporção directa.
Toupeira
ResponderEliminarAs pessoas estão-se borrifando para o wav ou para o mp3, querem é ter a música o mais rápido possível. Quem é que quer ter o disco de 70gb com apenas 100 albuns quando podem ter 1000?
Em cheio! Independentemente do modelo "do Ludwig" vingar ou não, essa é a parte inevitável de tudo isto que tem acontecido nos últimos anos. Amplificadores de marcas reputadas a trabalhar com chips pelintras, fotografia digital a envergonhar os padrões do Velvia e do Delta 100, etc etc etc.
A perda de qualidade geral não se fez esperar. Até me custa folhear a National Geographic por dar de caras com o "purple fringing".
Estão a transformar-me num totó ecléctico contra a minha vontade.
"Penso que o argumento não era que é fácil mas que não é preciso ser rico."
ResponderEliminarSe esse foi o argumento, apenas tenho a acrescentar:
O equipamento chamado semi profissional, tem quase as memsas capacidades sónicas do equipamento profissional. No entanto tem outras limitações que, se quiserem, poderei enumerar aqui. Mas mesmo este equipamento não é barato. É mais barato que o equipamento profissional, mas continuamos a falar de vários milhares de euros entre computador, interface, software, plug ins, instrumentos, microfones, cabos, munição, etc..
Toupeira, Nuno,
ResponderEliminarnão é verdade que um MP3 tem 10% da informação de um PCM. Um MP3 tem de facto menos informação (arriscava qqr coisa como menos 0,1% a 1%) que o formato wav correspondente mas a diferença de 90% de memória necessária para armazenar o mp3 vem essencialmente da forma mais "inteligente" de representar a informação em mp3. Na pratica só mesmo um audiófilo com uma muito boa aparelhagem consegue notar alguma diferença e isto para compressões maiores que 300 kbps.
As limitações tecnológicas de velocidade de transmissão e de capacidade de memória que levaram à proliferação de formatos comprimidos estão hoje em dia muito esbatidas. Na realidade já é muito plausível usar-se um formato mp3 lossless em que não perdes informação e ocupa sensivelmente 2/3 de um wav.
ResponderEliminarÉ claro que ainda temos os saudosistas do analógico vinil o que, tirando a questão sentimental e as maravilhosas capas de outrora, é um perfeito disparate.
- com - dá +:
ResponderEliminarO formato mp3 reduz o tamanho do ficheiro usando vários príncipios psicoacústicos.
- O cérebro humano ignora (nao a nível de processamento, mas a nível de percepção) picos ou depressões muito rápidos (20 ms - 200 ms) na forma de onda. A nossa percepção de volume é muito mais próxima de uma média RMS (root mean square) num intervalo de tempo relativamente grande (600 ms- 1000 ms). Como tal, o algoritmo do mp3 retira essa informação, considerada descartavel, do ficheiro. No entanto, a maior parte da informação que o nosso cérebro descodifica para identificar um som está no ataque desse som. Uma das caraterísticas de vários instrumentos é o ataque cheio de rápidos e intensos "transients" (será a tradução correcta transitórios?), pelo que este processo deturpará o carácter deles.
- Quando uma frequência x tem uma amplitude grande em relação ás frequências vizinhas, o cérebro humano descarta essas frequências. Este processo é usado na codificação para mp3. Isto torna-os "ocos" porque o seu conteúdo harmónico é reduzido.
- Outro processo que ocorre na codificação é a alterarção da relação de fase entre as várias frequências. Isto resulta numa imagem stereo adulterada, graves sem corpo e agudos distorcidos.
O que quero dizer com isto tudo é que 90% da informação presente num pcm não está, de facto,presente num mp3. Na maioria da música dos nossos dias, como está dinâmicamente super-comprimida, os artefactos causados pela codificação ficam mascarados. No entanto, mesmo num ficheiro mp3/300kbs (que tem mais do dobro da informação de um a 128kbs, mas pouco mais de 20% da informação de um PCM) é perfeitamente possível ouvir esse artefactos, em música que tenha um conteúdo harmónico rico e variado e/ou que seja rica dinamicamente (que tenha partes em que o volume seja muito forte e outras em que seja muito fraco), tipicamente a "clássica" e o jazz, mas não só.
Em relação ao que diz sobre o analógico apenas lhe quero dizer que o som analógico é objectivamente melhor que o digital, no que ás caracetrísticas sónicas diz respeito. O médium do analógico é que possui desvantagens em relação médium do digital.
Toupeira,
ResponderEliminarnão faço idéia qual é a sua formação ou actividade. Pelo que vejo conhece o áudio.
É certo que o mp3 (o lossy) altera e elimina informação presente no original. Todos os efeitos que descreveu estão correctos mas, insisto, isso representa 0,1% a 1% da informação. Não sei como é que está a medir o conteúdo de informação; talvez a sua actividade o torne muito sensível a todos esses efeitos levando-o a dizer que isso é 90% da informação mas não é! Pergunte a qualquer mortal se ele está a ouvir apenas 10% do som.
- com - dá +:
ResponderEliminarSabe aquele mail em que as letras das palavras são substituidas por números, mas mesmo assim conseguimos descodificar a informação? Ou aquele outro em que as letras no meio das palavras são trocadas?
Ou melhor ainda:
Agora eskrevess msgs no tlm abrviando as palvrs tds cm s na houvess amnhã!
Repare quanta informação não está presente.
No entanto o cérebro consegue descodificar a mensagem, Já imaginou o que seria se tivesse de ler poesia assim?
Quando lhe digo 90% baseio-me no facto de o bitrate de um PCM AIFF a 16 bit/ 44.1 kHZ (uma música num CD audio) ser 1411 e num ficheiro mp3 a 128 kbr ser... 128. Os 90% são um número redondo e usei-o por preguiça (não me apeteceu fazer contas).
O facto é que essa informação não está lá, o algoritmo de codificação ignora e descarta essa informação. Outro facto é que o cérebro consegue compensar essa falta de informação e nós não percepcionamos esses 90%. de diferença. Mas a diferença de qualidade percepcionada não pode ser objectivamente medida, daí que se usem critérios subjectivos de avaliação dessa mesma qualidade.
É por isso que algumas músicas resultam melhor que outras em mp3. E é por isso que quanto melhor A verdade é que o algoritmo é muito bem feito e muito inteligentemente desenhado e o que pecepcionamos não é uma diferença assim tão grande. Acha que consegue quantificar a diferença entre a mesma música em PCM e em mp3 só pela audiçao? Se fizer este teste com várias músicas em vários dias diferentes chegará a quantificações diferentes da diferença de qualidade porque a percepção é subjectiva e não-linear.
Já agora, o mp3 é sempre lossy.
ResponderEliminarCaro Ludi
ResponderEliminarO número de 1% é o que está no artigo da Wired que referi e é o que qualquer criador que venda coisas na Internet te diz:
“A typical online site follows the 1 Percent Rule — 1 percent of users support all the rest. In the freemium model, that means for every user who pays for the premium version of the site, 99 others get the basic free version. The reason this works is that the cost of serving the 99 percent is close enough to zero to call it nothing.” http://www.wired.com/techbiz/it/magazine/16-03/ff_free?currentPage=all
O caso dos Radiohead é irrelevante, porque é parasitário em relação ao velho sistema dos CD: já eram antes famosos.
Mas parece-me que estás a dar um passo em frente. Admites que:
1) SE fosse verdade a lei do 1%, as cópias de borla não seriam uma ideia assim tão boa.
2) O verdadeiro problema é que os custos de controlar as cópias ilegais são muito elevados.
Portanto: estás a dizer que as cópias ilegais estão aí para ficar, mas isto não é um mundo mais bonito. É assim porque não se consegue parar os borlistas. Mas parece-me tão absurdo bater palmas a isto como bater palmas ao SPAM e aos vírus. Também não se consegue parar isto, e quaisquer medidas mais duras para o fazer seriam pouco sensatas. Mas por que raio havemos de bater palmas a isto?
Eu digo que a sociedade digital borlista é uma bosta. Porque é um mundo no qual o egoísmo económico normal das pessoas tem efeitos perversos na sociedade. É parecido ao dilema dos prisioneiros. Cada qual faz o que lhe parece melhor para si: puxa coisas sem pagar. E no fim ficamos todos piores, porque eliminámos os criadores pequenos, a diversidade, a concorrência. Ficamos apenas com os grandes grupos económicos, os Radio Head e as tretas populistas.
O caso do software é ainda mais evidente. Se não houvesse cópias pirata há muito que as grandes companhias teriam ou fechado as portas ou mudado de comportamentos. Mas assim nada pode acontecer. Um criador pode ser muito talentoso e mete o seu software na Internet. Mas já nem se dá ao incómodo de tentar ganhar dinheiro com isso. De maneira que não passa de uma palermice que não põe em causa os grandes negócios dos grandes grupos económicos. Mas agora imagina que em vez da mentalidade borlista que impera na Internet e que tu aplaudes, as pessoas tinham um comportamento diferente. Chegavam ao site do homem, puxavam o software, testavam durante 30 dias, e achavam excelente. Iam lá e pagavam-lhe 10 euros — uma ninharia comparando com o produto dos grandes grupos, que custa 10 vezes mais. Esse criador, e outros, rapidamente punham em causa o negócio dos tubarões, poderiam dedicar-se a tempo inteiro a aperfeiçoar a sua criação. Mas o que acontece em vez disso? O pessoal vai ao maravilhoso Bittorrent e puxa uma versão pirata. E assim o tubarão nunca é posto em causa porque tem 20 engenheiros a trabalhar num software e o outro gajo só ao fim de semana é que analisa umas linhazitas de código — o resto do tempo, tem de estar a trabalhar para outro tubarão qualquer: uma universidade, uma empresa, qualquer coisa. O que ele não pode é ser auto-suficiente, não pode viver directamente da sua criatividade e inventividade. Para o fazer terá de fazer como Bill Gates e montar um semimonopólio ao longo de anos — e tornar-se um homem de negócios, em vez de um criador inventivo de software.
Pode ser que na música as coisas sejam diferentes, mas duvido muito. Penso que poderão aparecer músicos num sistema em que a música circule legalmente na Internet e sem se pagar coisa alguma. Mas não acredito que não sejam populistas. Têm de o ser para encher estádios de futebol com regularidade e poder viver disso. Ou então terão de ser tão popularuchos que podem dar-se ao luxo de só 1% das pessoas que ouvem a sua música lhes paga.
Portanto, gostava que pelo menos aceitasses claramente isto:
— Era muito melhor se as pessoas pagassem directamente aos criadores digitais as coisas que usam.
Gostava que não misturasses esta questão puramente económica com questões metafísicas sobre a metafísica do valor e da cópia, nem com sonhos sobre um Admirável Mundo Novo em que as pessoas são todas boazinhas e pagam aos criadores por sua livre iniciativa. Só 1% das pessoas o faz, Ludi. Porque num sistema em que toda a gente pode ir ao supermercado buscar e só paga se quiser é óbvio que só uma pequeníssima percentagem irá pagar.
- com - da + disse...
ResponderEliminar"É claro que ainda temos os saudosistas do analógico vinil o que, tirando a questão sentimental e as maravilhosas capas de outrora, é um perfeito disparate."
Esse sou eu. Só que não sou saudosista porque nunca deixei de ouvir e comprar vinil. Não quero desviar a discussão da partilha de ficheiros mas dou-te algumas razoes pelas que acho que não é um disparate assim tão perfeito ouvir musica em vinil.
O som é melhor, com uma razão sinal ruído mais baixa que o cd é certo, mas com maior capacidade de reprodução do som original. Claro que este é um argumento estúpido no caso da gravação original ter sido efectuada através de meios digitais, como são quase todas hoje em dia (quase).
Enquanto documento é melhor porque dura mais que um cd. Tenho discos de vinil com 40 anos em perfeito estado de conservação mas o mesmo nao posso dizer dos cds com 15 anos.
Os discos de vinil valorizam-se. Se algum me fartar desta treta da música e decidir vender a minha colecção de discos de vinil acho que nao perco dinheiro e que pelo contrário vou fazer umas massas.
Bom, deixemos-nos de teorias e passemos a factos e a estudos fundamentados. Aqui fica o abstract do estudo realizado pela que conclui que o file sharing nao diminui as vendas de discos mas pelo contrário as AUMENTA. Naturalmente suporta a minha teoria baseada nos meus hábitos de consumo e me mete no rebanho.Pelo menos no rebanho canadiano.
ResponderEliminarAbstract
The primary objective of this paper is to determine how the downloading of music
files through Internet peer-to-peer (P2P) networks influences music purchasing in
Canada. P2P networks permit members to transfer digitally-stored information to one
another over the Internet; popular examples include BearShare, LimeWire and eMule.
Using representative survey data from the Canadian population collected by Decima
Research on behalf of Industry Canada, we attempt to quantify this economic
relationship, while accounting for other factors that influence music purchasing. We
undertake a variety of econometric estimations for the population of Canadians who
engage in P2P file-sharing (P2P “downloaders”), as well as for the whole Canadian
population. To our knowledge, this is the first study on P2P file-sharing that analyzes
original and representative microeconomic survey data from the Canadian population.
Few previous studies have analyzed representative microeconomic data, for Canada
or any other country.
The existing literature identifies two competing effects associated with the P2P music
file-sharing: the sampling and substitution effects. The sampling effect is
characterized both by individuals downloading music in order to listen to it before
buying it as well as by individuals downloading music that is not available in stores,
while the substitution effect is characterized by individuals downloading music
instead of purchasing it. In this paper, we further disentangle the sampling effect by
adding a market segmentation effect, characterized by individuals engaging in P2P
file-sharing because they do not want to purchase the entire bundle of songs on a CD.
Our review of existing econometric studies suggests that P2P file-sharing tends to
decrease music purchasing. However, we find the opposite, namely that P2P filesharing
tends to increase rather than decrease music purchasing.
Among Canadians who engage in P2P file-sharing, our results suggest that for every
12 P2P downloaded songs, music purchases increase by 0.44 CDs. That is,
downloading the equivalent of approximately one CD increases purchasing by about
half of a CD. We are unable to find evidence of any relationship between P2P filesharing
and purchases of electronically-delivered music tracks (e.g., songs from
iTunes). With respect to the other effects, roughly half of all P2P tracks were
downloaded because individuals wanted to hear songs before buying them or because
they wanted to avoid purchasing the whole bundle of songs on the associated CDs and
roughly one quarter were downloaded because they were not available for purchase.
Our results indicate that only the effect capturing songs downloaded because they
were not available for purchase influenced music purchasing, a 1 percent increase in
such downloads being associated with nearly a 4 percent increase in CD purchases.
We find evidence that purchases of other forms of entertainment such as cinema and
concert tickets, and video games tend to increase with music purchases. It has been
argued in the literature that the increase in the number of entertainment substitutes has
led to a decline in music purchasing, but our results do not support this hypothesis.
As expected, we find that reported interest in music is very strongly associated with
music purchases. Finally, our results suggest that household income is not important
in explaining music purchases.
O artigo completo pode ser descargado legalmente e free of charge neste endereço:
http://strategis.ic.gc.ca/epic/site/ippd-dppi.nsf/vwapj/IndustryCanadaPaperMay4_2007_en.pdf/$FILE/IndustryCanadaPaperMay4_2007_en.pdf
Desidério, se o escolhessem para referee deste artigo aceitava-o para publicação?
Independentemente das questões relacionadas com o valor da cópia e da descida dos preços do material, e outros delirios frequêntes, nem com material ultra barato um estudio de gravação fica acessível a quem quer que seja! Eu estou a tentar construir um mini estudio em casa, e mesmo com material barato as minhas contas vão para cima do 5000 euros, e é só pelo mais basico dos setups!
ResponderEliminarA questão de o MP3 ser pior, mas, de forma imperceptível é um engano!
Se estivermos a falar de música moderna, é menos notório, pois a compressão dinamica excessiva torna a música numa amalgama homogénia de graves, que não é ouvida com detalhe. Se alguém pegar num som com uma masterização bem feita que permita a abundância de detalhes na música, a conversão para qualquer formato MP3, mesmo seja 360mbps, vai sempre deixar marcas muito perceptíveis. Eu só oiço MP3 no leitor do carro, e em comparação com CDs normais, é obvia a diferença.
Olá, Nuno!
ResponderEliminarComeçando pelo fim: se eu fosse referee do artigo iria ver se ele não fez batota com os números ou se não deixou de fora factores que possam mudar radicalmente os resultados. Se o artigo for cientificamente sólido, claro que recomendaria a sua publicação. Mas ainda bem que fazes essa pergunta. Pois parece-me que entre os Evangelistas da Borla as coisas não são assim. Não há qualquer disposição para mudar de ideias se a realidade mostrar que estão enganados. É pura fé. Parecem os criacionistas. Irra!
Imaginemos que os resultados deste artigo são sólidos e se aplicam em todas as sociedades e não apenas à música (não acredito nisso — basta pensar no software). Isto não vindica o fundamental do que o Ludi pensa. O Ludi pensa que as pessoas não devem pagar pelas cópias — ele não defende que as cópias devem ser legais porque em qualquer caso as pessoas depois vão comprar os CD. Não. Ele pensa que as pessoas não devem mesmo pagar aos músicos porque os músicos devem dar-nos música de borla. Ora, se for verdade que as pessoas primeiro copiam para ver se gostam e depois acabam por pagar aos músicos, comprando os CD, cai por terra o anunciado Eldorado Digital em que toda a malta tem de borla toda a música.
E se for verdade que as pessoas primeiro copiam mas depois compram, a sustentação económica dos músicos não fica em causa. E é só disso que eu tenho estado sempre a falar. Eu não defendo teses metafísicas destrambelhadas acerca da natureza última da cópia, como o Ludi. Nada tenho a dizer sobre isso. Só me importa uma coisa: como é que os criadores vão poder viver. Nada mais. O resto são filosofices.
Basta pensares numa coisa simples, Nuno: quantas pessoas conheces que pagaram directamente aos autores do freeware que usam? E repara que neste caso não há conversa fiada nenhuma sobre os grandes editores ficarem com o dinheiro todo (uma falácia — ficam com apenas uma percentagem, o lojista com outra, o gajo que desenhou a capa com outra etc. etc. e o músico com outra parte). Quantas pessoas conheces que usam o FileZilla e pagaram algo aos criadores? Ou, mais irónico ainda, quantas pessoas conheces que usam o eMule ou outro software de filesharing e que tenha pago um centavo aos autores? Pois... Para mim é só isso que está em causa. Qualquer pessoa que ponha qualquer coisa à venda na Internet sabe que se aplica a lei do 1%. A esmagadora maioria das pessoas, se pode ter sem pagar, não paga. E por isso, se tal prática se generalizar, o criador não pode viver do seu trabalho.
Olá,
ResponderEliminarDe facto também nao me fiaria a 100% no artigo e muito menos extrapolaria um estudo feito no Canadá para Portugal e nem sequer para os estados unidos. Por outro lado também nao me fio dos estudos "encomendados" pelos gigantes da industria discográfica.
Se tenho muitas dúvidas sobre quanto o file sharing prejudica os músicos, e repara que me refiro aos músicos, nao é por uma questao de fé nem de hipocrisia para ficar com a consciência tranquila. Posso assegurar-te que gastos rios de dinheiro em música todos os meses, seja em discos ou em concertos. E asseguro-te que a industria musical não perde dinheiro comigo.
Enfim, o que quero dizer é que no que diz respeito à música os efeitos do file sharing não são tão óbvios como se à querido fazer ver. E que mantenho as minhas dúvidas.
Quanto ao software suponho que as coisas são muito diferentes e com acesso ao file sharing ninguém compra software. Também serão diferentes em relação ao cinema e em relação ás batatas e ás couves. Sobre estes assuntos não me pronuncio porque não tenho conhecimento.
Voltando à música aqui fica um artigo interessante escrito pelo guru Steve Albini que demonstra por a+b como os músicos sao explorados pelas grandes editoras.
The Problem With Music
by Steve Albini
Whenever I talk to a band who are about to sign with a major label, I always end up thinking of them in a particular context. I imagine a trench, about four feet wide and five feet deep, maybe sixty yards long, filled with runny, decaying shit. I imagine these people, some of them good friends, some of them barely acquaintances, at one end of this trench. I also imagine a faceless industry lackey at the other end holding a fountain pen and a contract waiting to be signed. Nobody can see what's printed on the contract. It's too far away, and besides, the shit stench is making everybody's eyes water. The lackey shouts to everybody that the first one to swim the trench gets to sign the contract. Everybody dives in the trench and they struggle furiously to get to the other end. Two people arrive simultaneously and begin wrestling furiously, clawing each other and dunking each other under the shit. Eventually, one of them capitulates, and there's only one contestant left. He reaches for the pen, but the Lackey says "Actually, I think you need a little more development. Swim again, please. Backstroke". And he does of course.
Every major label involved in the hunt for new bands now has on staff a high-profile point man, an "A & R" rep who can present a comfortable face to any prospective band. The initials stand for "Artist and Repertoire." because historically, the A & R staff would select artists to record music that they had also selected, out of an available pool of each. This is still the case, though not openly. These guys are universally young [about the same age as the bands being wooed], and nowadays they always have some obvious underground rock credibility flag they can wave.
Lyle Preslar, former guitarist for Minor Threat, is one of them. Terry Tolkin, former NY independent booking agent and assistant manager at Touch and Go is one of them. Al Smith, former soundman at CBGB is one of them. Mike Gitter, former editor of XXX fanzine and contributor to Rip, Kerrang and other lowbrow rags is one of them. Many of the annoying turds who used to staff college radio stations are in their ranks as well. There are several reasons A & R scouts are always young. The explanation usually copped-to is that the scout will be "hip to the current musical "scene." A more important reason is that the bands will intuitively trust someone they think is a peer, and who speaks fondly of the same formative rock and roll experiences. The A & R person is the first person to make contact with the band, and as such is the first person to promise them the moon. Who better to promise them the moon than an idealistic young turk who expects to be calling the shots in a few years, and who has had no previous experience with a big record company. Hell, he's as naive as the band he's duping. When he tells them no one will interfere in their creative process, he probably even believes it. When he sits down with the band for the first time, over a plate of angel hair pasta, he can tell them with all sincerity that when they sign with company X, they're really signing with him and he's on their side. Remember that great gig I saw you at in '85? Didn't we have a blast. By now all rock bands are wise enough to be suspicious of music industry scum. There is a pervasive caricature in popular culture of a portly, middle aged ex-hipster talking a mile-a-minute, using outdated jargon and calling everybody "baby." After meeting "their" A & R guy, the band will say to themselves and everyone else, "He's not like a record company guy at all! He's like one of us." And they will be right. That's one of the reasons he was hired.
These A & R guys are not allowed to write contracts. What they do is present the band with a letter of intent, or "deal memo," which loosely states some terms, and affirms that the band will sign with the label once a contract has been agreed on. The spookiest thing about this harmless sounding little memo, is that it is, for all legal purposes, a binding document. That is, once the band signs it, they are under obligation to conclude a deal with the label. If the label presents them with a contract that the band don't want to sign, all the label has to do is wait. There are a hundred other bands willing to sign the exact same contract, so the label is in a position of strength. These letters never have any terms of expiration, so the band remain bound by the deal memo until a contract is signed, no matter how long that takes. The band cannot sign to another laborer or even put out its own material unless they are released from their agreement, which never happens. Make no mistake about it: once a band has signed a letter of intent, they will either eventually sign a contract that suits the label or they will be destroyed.
One of my favorite bands was held hostage for the better part of two years by a slick young "He's not like a label guy at all," A & R rep, on the basis of such a deal memo. He had failed to come through on any of his promises [something he did with similar effect to another well-known band], and so the band wanted out. Another label expressed interest, but when the A & R man was asked to release the band, he said he would need money or points, or possibly both, before he would consider it. The new label was afraid the price would be too dear, and they said no thanks. On the cusp of making their signature album, an excellent band, humiliated, broke up from the stress and the many months of inactivity. There's this band. They're pretty ordinary, but they're also pretty good, so they've attracted some attention. They're signed to a moderate-sized "independent" label owned by a distribution company, and they have another two albums owed to the label. They're a little ambitious. They'd like to get signed by a major label so they can have some security you know, get some good equipment, tour in a proper tour bus -- nothing fancy, just a little reward for all the hard work. To that end, they got a manager. He knows some of the label guys, and he can shop their next project to all the right people. He takes his cut, sure, but it's only 15%, and if he can get them signed then it's money well spent. Anyways, it doesn't cost them anything if it doesn't work. 15% of nothing isn't much! One day an A & R scout calls them, says he's 'been following them for a while now, and when their manager mentioned them to him, it just "clicked." Would they like to meet with him about the possibility of working out a deal with his label? Wow. Big Break time. They meet the guy, and y'know what -- he's not what they expected from a label guy. He's young and dresses pretty much like the band does. He knows all their favorite bands. He's like one of them. He tells them he wants to go to bat for them, to try to get them everything they want. He says anything is possible with the right attitude.
They conclude the evening by taking home a copy of a deal memo they wrote out and signed on the spot. The A & R guy was full of great ideas, even talked about using a name producer. Butch Vig is out of the question-he wants 100 g's and three points, but they can get Don Fleming for $30,000 plus three points. Even that's a little steep, so maybe they'll go with that guy who used to be in David Letterman's band. He only wants three points. Or they can have just anybody record it (like Warton Tiers, maybe-- cost you 5 or 7 grand] and have Andy Wallace remix it for 4 grand a track plus 2 points. It was a lot to think about. Well, they like this guy and they trust him. Besides, they already signed the deal memo. He must have been serious about wanting them to sign. They break the news to their current label, and the label manager says he wants them to succeed, so they have his blessing. He will need to be compensated, of course, for the remaining albums left on their contract, but he'll work it out with the label himself.
Sub Pop made millions from selling off Nirvana, and Twin Tone hasn't done bad either: 50 grand for the Babes and 60 grand for the Poster Children-- without having to sell a single additional record. It'll be something modest. The new label doesn't mind, so long as it's recoupable out of royalties. Well, they get the final contract, and it's not quite what they expected. They figure it's better to be safe than sorry and they turn it over to a lawyer--one who says he's experienced in entertainment law and he hammers out a few bugs. They're still not sure about it, but the lawyer says he's seen a lot of contracts, and theirs is pretty good. They'll be great royalty: 13% [less a 1O% packaging deduction]. Wasn't it Buffalo Tom that were only getting 12% less 10? Whatever. The old label only wants 50 grand, an no points. Hell, Sub Pop got 3 points when they let Nirvana go. They're signed for four years, with options on each year, for a total of over a million dollars! That's a lot of money in any man's English. The first year's advance alone is $250,000. Just think about it, a quarter million, just for being in a rock band! Their manager thinks it's a great deal, especially the large advance. Besides, he knows a publishing company that will take the band on if they get signed, and even give them an advance of 20 grand, so they'll be making that money too. The manager says publishing is pretty mysterious, and nobody really knows where all the money comes from, but the lawyer can look that contract over too. Hell, it's free money. Their booking agent is excited about the band signing to a major. He says they can maybe average $1,000 or $2,000 a night from now on. That's enough to justify a five week tour, and with tour support, they can use a proper crew, buy some good equipment and even get a tour bus! Buses are pretty expensive, but if you figure in the price of a hotel room for everybody In the band and crew, they're actually about the same cost. Some bands like Therapy? and Sloan and Stereolab use buses on their tours even when they're getting paid only a couple hundred bucks a night, and this tour should earn at least a grand or two every night. It'll be worth it. The band will be more comfortable and will play better.
The agent says a band on a major label can get a merchandising company to pay them an advance on T-shirt sales! ridiculous! There's a gold mine here! The lawyer Should look over the merchandising contract, just to be safe. They get drunk at the signing party. Polaroids are taken and everybody looks thrilled. The label picked them up in a limo. They decided to go with the producer who used to be in Letterman's band. He had these technicians come in and tune the drums for them and tweak their amps and guitars. He had a guy bring in a slew of expensive old "vintage" microphones. Boy, were they "warm." He even had a guy come in and check the phase of all the equipment in the control room! Boy, was he professional. He used a bunch of equipment on them and by the end of it, they all agreed that it sounded very "punchy," yet "warm." All that hard work paid off. With the help of a video, the album went like hotcakes! They sold a quarter million copies! Here is the math that will explain just how fucked they are: These figures are representative of amounts that appear in record contracts daily. There's no need to skew the figures to make the scenario look bad, since real-life examples more than abound. income is bold and underlined, expenses are not.
Advance: $ 250,000
Manager's cut: $ 37,500
Legal fees: $ 10,000
Recording Budget: $ 150,000
Producer's advance: $ 50,000
Studio fee: $ 52,500
Drum Amp, Mic and Phase "Doctors": $ 3,000
Recording tape: $ 8,000
Equipment rental: $ 5,000
Cartage and Transportation: $ 5,000
Lodgings while in studio: $ 10,000
Catering: $ 3,000
Mastering: $ 10,000
Tape copies, reference CDs, shipping tapes, misc. expenses: $ 2,000
Video budget: $ 30,000
Cameras: $ 8,000
Crew: $ 5,000
Processing and transfers: $ 3,000
Off-line: $ 2,000
On-line editing: $ 3,000
Catering: $ 1,000
Stage and construction: $ 3,000
Copies, couriers, transportation: $ 2,000
Director's fee: $ 3,000
Album Artwork: $ 5,000
Promotional photo shoot and duplication: $ 2,000
Band fund: $ 15,000
New fancy professional drum kit: $ 5,000
New fancy professional guitars [2]: $ 3,000
New fancy professional guitar amp rigs [2]: $ 4,000
New fancy potato-shaped bass guitar: $ 1,000
New fancy rack of lights bass amp: $ 1,000
Rehearsal space rental: $ 500
Big blowout party for their friends: $ 500
Tour expense [5 weeks]: $ 50,875
Bus: $ 25,000
Crew [3]: $ 7,500
Food and per diems: $ 7,875
Fuel: $ 3,000
Consumable supplies: $ 3,500
Wardrobe: $ 1,000
Promotion: $ 3,000
Tour gross income: $ 50,000
Agent's cut: $ 7,500
Manager's cut: $ 7,500
Merchandising advance: $ 20,000
Manager's cut: $ 3,000
Lawyer's fee: $ 1,000
Publishing advance: $ 20,000
Manager's cut: $ 3,000
Lawyer's fee: $ 1,000
Record sales: 250,000 @ $12 =
$3,000,000
Gross retail revenue Royalty: [13% of 90% of retail]:
$ 351,000
Less advance: $ 250,000
Producer's points: [3% less $50,000 advance]:
$ 40,000
Promotional budget: $ 25,000
Recoupable buyout from previous label: $ 50,000
Net royalty: $ -14,000
Record company income:
Record wholesale price: $6.50 x 250,000 =
$1,625,000 gross income
Artist Royalties: $ 351,000
Deficit from royalties: $ 14,000
Manufacturing, packaging and distribution: @ $2.20 per record: $ 550,000
Gross profit: $ 7l0,000
The Balance Sheet: This is how much each player got paid at the end of the game.
Record company: $ 710,000
Producer: $ 90,000
Manager: $ 51,000
Studio: $ 52,500
Previous label: $ 50,000
Agent: $ 7,500
Lawyer: $ 12,000
Band member net income each: $ 4,031.25
The band is now 1/4 of the way through its contract, has made the music industry more than 3 million dollars richer, but is in the hole $14,000 on royalties. The band members have each earned about 1/3 as much as they would working at a 7-11, but they got to ride in a tour bus for a month. The next album will be about the same, except that the record company will insist they spend more time and money on it. Since the previous one never "recouped," the band will have no leverage, and will oblige. The next tour will be about the same, except the merchandising advance will have already been paid, and the band, strangely enough, won't have earned any royalties from their T-shirts yet. Maybe the T-shirt guys have figured out how to count money like record company guys. Some of your friends are probably already this fucked.
Steve Albini is an independent and corporate rock record producer most widely known for having produced Nirvana's "In Utero".
Toupeira,
ResponderEliminarEste post já vai longo e por isso este será o meu último comentário sobre este assunto, até porque tenho a clara noção que é só uma questão de detalhe. Se o entender poderemos continuar a discussão por e-mail (está visivel no meu perfil num dos comentários acima).
A analogia que faz com as letras é falaciosa porque o decoder faz esse trabalho para o ouvinte.
Sim, de facto não existe mp3 lossless, na verdade queria-me referir ao seu primo wma. Já faz algum tempo que o usei. Fui confirmar e a relação para o wav é cerca de 40% sem perdas!, ou seja a informação está lá toda ! quando o reproduz ouve exactamente o mesmo que o wav que lhe deu origem. Conclusão lógica : Quantidade de bytes usados é diferente de quantidade de informação.
A questão da quantidade de informação é mais um detalhe mas é um detalhe importante. A quantidade de informação foi definida definitivamente pelo Sr. Claude Shannon em 1948 como a entropia da sua representação binária, não é uma questão subjectiva sujeita à sensibilidade aguçada do audiófilo.
Parece-me até que a mensagem que quis passar é que a música está toda nesse fine tuning; talvez isso seja 90% do trabalho dos técnicos e engenheiros de som mas não é 90 % da informação. Experimente dizer a um músico que 90% da música dele é feita pelo engenheiro de som que vai ver o que ele lhe responde. É de facto uma mensagem que só interessa às Editoras e a quem vive à sombra dos verdadeiros músicos.
Curiosamente esta questão é no fundo a mesma da discussão criacionismo x evolucionismo, isto é: causa de facto alguma perplexidade perceber que o ADN do Homem e do Chimpanzé são 98% (ou 96%) iguais, mas são! A informação é quase toda a mesma : a diferença entre o homem e o chimpanzé é uma questão de detalhe.
Não é fácil calcular a quantidade de informação tal como Claude Shannon definiu. Na realidade não se sabe bem ainda até que ponto será possível compactar um ficheiro sem que haja perda, mas é possivel ter uma comparação aproximada da quantidade de informação. Sugiro-lhe o seguinte exercício que já lhe dará uma idéia:
Pegue num ficheiro wav e no seu (odiado) mp3 correspondente. Converta o mp3 para wav e terá a representação digital desse som altamente degradado. Faça a representação no domínio do tempo desses dois sinais digitais (o wav original e o wav produzido pelo mp3), subtraia-os e já começa a ver qualquer coisa, faça o RMS desse sinal e compare-o com o RMS do wav original.
Depois diga-me qqr coisa.
- com - dá +:
ResponderEliminarNão me parece que estejamos em desacordo, parece-me que estamos a discutir coisas diferentes.
Mea culpa.
O meu comentário foi em resposta ao que disse em:
"Não sei como é que está a medir o conteúdo de informação; "
E aí expliquei-lhe como tinha chegado a esse número.
Terei errado quando foquei a minha atenção na diferença de informação (bits) presente num e noutro. E essa diferença é de 90%..
Não percebi quando me disse que
"Todos os efeitos que descreveu estão correctos mas, insisto, isso representa 0,1% a 1% da informação:"
se estava a referir à diferença de percepção (embora não perceba como chegou a esses valores).
O mp3 usa um conceito muito diferente de codificar informação analógica para digital - o perceptual coding, que em vez de se basear naquilo que estamos a ouvir, concentra-se no como o ouvimos. É realmente um algoritmo mais inteligente e eficiente (no que ao espaço de disco diz respeito) mas com muitas falhas. Mesmo a 320kbs, continua a produzir mais artefactos do que o formato pcm. E não há (que eu saiba) muitas lojas online a vender mp3 a 640kbs.
Quanto à experiência que me propõe, o método usado é falacioso por vários motivos e nao entendo o que posso concluir ao medir o RMS (loudness?).
O método mais correcto (e interessante!) seria arranjar codificadores (pcm e mp3) em tempo real, alimenta-los com a mesma fonte analógia, codificar o áudio tendo cuidado com as diferentes latências dos codificadores, inverter a fase de um, voltar a converter para a forma analógica, somar os dois sinais et voilá!, ouvir a diferença.