Miscelânea Criacionista: A Segunda Lei.
O «Mats» afirma que «Ainda há evolucionistas que não concordam com o facto de que a teoria da evolução vai contra a 2ª lei da Termodinâmica»(1) e cita vários “evolucionistas” a afirmar que tudo tem que estar de acordo com a 2ª lei da termodinâmica. Ironicamente, a única coisa nesta discussão que contraria a termodinâmica é o abracadabra criacionista.
Das citações do «Mats», a mais recente tem 32 anos. Talvez os criacionistas imaginem que os cientistas tenham passado três décadas sentados nas mãos. Ou talvez pensem que o que está escrito nunca pode mudar. Mas o que tem mais graça é citar trabalhos que mostram o contrário do que eles propõem. Por exemplo, cita o «Prémio Nobel Ilya Prigogine»:
«The point is that in a non-isolated [open] system there exists a possibility for formation of ordered, low-entropy structures at sufficiently low temperatures. This ordering principle is responsible for the appearance of ordered structures such as crystals as well as for the phenomena of phase transitions. Unfortunately this principle cannot explain the formation of biological structures.
[I. Prigogine, G. Nicolis and A. Babloyants, Physics Today 25(11):23 (1972)]»
É verdade. A formação dos cristais processa-se perto do equilíbrio termodinâmico. Moléculas de sacarose vão se agregando ao cristal enquanto outras se libertam e vagueiam pelo chá. É um processo reversível que pode criar ou desfazer o cristal conforme as condições. Com bastante açúcar, arrefece-se o chá e o cristal cresce. Aquece-se e o cristal dissolve-se. É um processo espontâneo que aumenta a ordemlocalmente mas não explica bem os seres vivos porque sistemas longe do equilíbrio termodinâmico funcionam de maneira diferente.
Um laser, um tornado, um oscilador químico (2) ou um ser vivo dependem de processos irreversíveis. Ao contrário do cristal, em que há um equilíbrio dinâmico entre a formação e dissolução, um remoinho ou um ser vivo são sistemas em “desequilibro”. Vivemos a caminho da morte. Não ficamos ora mais novos ora mais velhos conforme a temperatura. Estes processos são diferentes dos que formam os cristais. Mas em ambos os casos verifica-se a segunda lei da termodinâmica. Se assim não fosse já não seria uma lei da termodinâmica.
O irónico é que o artigo citado explica precisamente isso. Os criacionistas é que se “esquecem” de citar a parte onde os autores dizem «The functional order maintained within living systems seems to defy the Second Law; nonequilibrium thermodynamics describes how such systems come to terms with entropy.» Prigogine ganhou o prémio Nobel precisamente por explicar a termodinâmica destes sistemas, entre eles os seres vivos. Ou seja, por explicar detalhadamente como isto da evolução contradizer a termodinâmica é um disparate. Cito agora eu, do discurso proferido por Sig Claesson na entrega do Nobel a Prigogine:
«O método que Prigogine usou para estudar a estabilidade de estruturas dissipativas é de grande interesse geral. Torna possível o estudo dos problemas mais variados, como problemas de tráfego nas cidades, a estabilidade de comunidades de insectos, o desenvolvimento de estruturas biológicas ordenadas e o crescimento de células cancerosas, para mencionar apenas alguns exemplos»(4)
O «Mats» afirma que «A 2ª Lei ainda é um problema não resolvido, no que toca à teoria da evolução. Não é um problema inventado pelos criacionistas, mas pela própria ciência.» Isto é falso. A 2ª Lei é uma descrição resumida de algo que observamos na Natureza. Globalmente, a desordem aumenta. A termodinâmica explica porquê e como localmente pode acontecer o contrário. Em conjunto com a teoria da evolução e as outras partes da ciência isto dá-nos ferramentas para compreender um universo cheio de coisas intrigantes. As peças encaixam tão bem que mesmo em artigos com trinta anos é preciso mutilar as citações para dar a impressão do contrário.
Problema é a hipótese de um deus ter criado tudo por magia em seis dias há poucos milhares de anos. Isso viola a 2ª Lei, viola o que sabemos acerca da formação e idade do universo, da Terra e da vida, viola até o bom senso. E em vez de explicar cria um enigma maior. As coisas já são suficientemente complicadas sem andarmos a inventar bruxarias que não explicam nada.
1- Mats, 30-3-08, A 2ª Lei da Termodinâmica – 2
2- Wikipedia, Belousov-Zhabotinsky reaction
3- Wikipedia, Ilya Prigogine
4- Nobelprize.org, The Nobel Prize in Chemistry 1977, Presentation Speech
«Globalmente, a desordem aumenta.»
ResponderEliminarPor acaso acho que esta forma de explicar induz aqueles que conhecem pouco o tema em erro.
Quando um bocado de água aquece aumenta a entrpia, e quando arrefece diminui, mas ninguém vê a ordem ou desordem aumentar.
Claro que existe uma relação: há mais formas de um quarto estar desarrumado do que arrumado; por isso nós podemos dizer que um macro-estado que é compatível com mais micro-estados é mais "desarrumado" fazendo a analogia.
Na verdade existem mais micro-estados compatíveis com 1 l de água a 6º do que o mesmo litro a 5º. É nesse sentido que se diz que o aumento de entropia é aumento da "desordem".
Mas se o termo é útil para quem queira entender a questão a fundo, a verdade é que é enganador para quem não leia mais do que isso.
Mesmo que a entropia aumente, as coisas não tendem para a "desordem" no sentido comum da palavra. A morte térmica do universo, por exemplo, no sentido comum da palavra, soa pouco a desarrumação.
Mas acho que no contexto de analisar sistemas muito organizados (ordenados) faz mais sentido falar de desordem.
ResponderEliminarNão percebo porque é que os criacionistasse insistem tanto neste ponto da violação da 2ª lei da termodinâmica. A lei aplica-se para as condições específicas de sistemas isolados - faz parte do enunciado da lei. Sistemas abertos sejam organismos vivos, a mancha vermelha de Júpiter ou um "simples" escoamento pelo ralo do lavatório podem exibir ordem expontânea.
ResponderEliminarO que de facto falta é uma formalização adicicional da termodinâmica que permita compreender melhor a ordem "grátis" em sistemas abertos.
Acho que a 2º lei da termodinâmica não passa de um "meme" para os criacionistas. Depois é transformado numa arma de arremesso contra cépticos como eu que não pescam nada de física. O mesmo se passa com a teoria quântica no que respeita os homeopatas, praticantes de florais de Bach, reiki: dá imenso jeito atirarem me com a teoria quântica para os olhos quando eu duvido da eficácia destes "tratamentos" devido à sua falta de lógica.
ResponderEliminarKarin
eheheh, muito bom!
ResponderEliminarPensei em citar uma coisa ou outra mas todo ele é uma pérola.
http://br.youtube.com/watch?v=QmC4dwCcsUs&feature=related
Fim do mundo
ResponderEliminarCulto russo começa a sair de caverna
Isto poderia ter piada se não tivesse sido tragico, é o que dá ter fé.
O que de facto falta é uma formalização adicional da termodinâmica que permita compreender melhor a ordem "grátis" em sistemas abertos.
ResponderEliminarOra é isso mesmo, ó sábio! :)
Eu cá por mim também adoro almoços grátis... tudo dadinho é comigo! ;)
Pois talvez essa consciência primordial tenha algo a ver com isso... why not?!
Aliás, é bem provável que neste momento, alguém fora dos cânones "mainstream" tenha já elaborado um edifício teórico (in)completo incorporando essa elusiva constante da consciência imaterial.
Deveras, o tal movimento ou motor perpétuo poderia ter aí a sua origem. Ainda recentemente, um grupo de engenheiros irlandeses anunciou algo assim, esse contínuo sonho da "free energy"...
Bem, mas divago... Na hipótese "consciência" como origem da matéria-energia, de que modo poderia isso ser matematicamente descrito?! Ou ainda, se do vácuo surgem espontaneamente partículas-ondas, qual é mesmo a formulação matemática desse fenómeno?! Possui o vácuo energia?!
E por falar nisto, a bem moderna concepção científica de que a energia total do universo é Zero, ou que toda a matéria existente equivale à anti-matéria noutra parte presente, valida esse espantoso conceito oriental de Maya, ou a ilusão irreal do universo fenomenal.
So nothing is real but ME...
Rui leprechaun
(...conscious of Infinity! :))
...dá imenso jeito atirarem me com a teoria quântica para os olhos quando eu duvido da eficácia destes "tratamentos" devido à sua falta de lógica.
ResponderEliminarLógica, ó Karin? A do amor ou de mim?! ;)
Bem, não sei que explicação será essa, mas deve ter por certo algo a ver de novo com a tão elusiva "consciência", ou o esbater da objectividade que algumas formulações da física quântica sustentam.
Mas a lógica e a mente racional apenas nos proporcionam uma aproximação à realidade sem nunca a atingirem plenamente. Logo, tendem para o infinito, mas só dele se aproximam... not bad!
Enfim, lá chegaremos um dia a melhores explicações da realidade fenomenal e da consciência primordial que lhe deu origem. Deveras, é nesse princípio que se baseia tudo o que ainda está para além da ciência, toda a "magia"... nova e antiga alquimia! :)
A propósito disto e do que escrevi antes, há de facto um físico conhecido que defende precisamente a superioridade da mente sobre a matéria, por assim dizer. Nunca li nenhum dos seus livros... aliás, sou um óbvio ignorante, como logo se vê!... mas um deles trata justamente dessa interpenetração do imaterial no material.
Mind into Matter - A new alchemy of science and spirit - Fred Alan Wolf
Seria muitíssimo mais interessante debater tais ideias e concepções, simultaneamente físicas e metafísicas, do que esta tão inútil batalha religião vs. ciência e sucedâneos. Mas é mais difícil fazê-lo, este é um território que está de novo a ser explorado após ser muito conhecido no passado.
Cause you can close your eyes and see...
Rui leprechaun
(...Your Highest Reality!!! :))
Without going out the door,
you can know everything.
Without looking out your window,
you can see Heaven within.
The further you go, the less you know.
Learn to arrive without leaving,
to see without looking,
to achieve without doing anything.
Tao Te Ching, 47
«Quando um bocado de água aquece aumenta a entropia, e quando arrefece diminui, mas ninguém vê a ordem ou desordem aumentar.»
ResponderEliminarTalvez fosse um bom exemplo o de um copo de água salgada deixado a secar ao Sol. Pode ver-se a ordem do sal a aumentar à medida que os cristais se formam e a desordem crescente da água que se dispersa na atmosfera (para a água voltar ao copo seria necessário chover uma quantidade de água muito superior ao volume do copo). Até porque neste caso é fornecida energia ao sistema.
olá leprechaun
ResponderEliminarvou contextualizar: uma amiga minha homeopata atacou-me com esse argumento quando duvidei da eficácia dos remédios dela visto que a quantidade do princípio activo nas soluções era nulo ou quase nulo devido à extrema dissolução em água. Primeiro argumentou que bastava a "memória" que o líquido retinha do princípio activo, e quando eu pus em dúvida a existência de memória em matéria inerte disse que eu nunca iria entender a não ser que me explicasse em termos de física quântica. Claro que respondí então explica lá, e a explicação foi ficar ofendida comigo.Ok, sempre é mais fácil do que tirar um curso de cinco anos de física, fazer o mestrado e o doutoramento.:)
Karin PS. por coincidência ela usa o mesmo estilo linguístico que o leprechaun, estilo esse que tende a ser indecifrável, mesmo para uma pessoa com um curso de letras como eu.
Sim?! Ena! Apresenta então a mística amiga a mim!!! :)
ResponderEliminarÉ que o tal Vegetalzinho não me liga um cibinho! :(
Pois... eu sou zero assediável e isso é mui lamentável... ;)
Ora bem, mas namoro em sítios públicos como este... virtualmente também!
Anyway... vou ver se encontro algo grátis de Alan Wolf aqui na Net. Essa é mesmo a ciência do futuro, não tenho dúvidas sobre isso, mas talvez já não possamos contemplar essa união dos ainda opostos que um dia deixarão de o ser...
...na unificação universal...
Rui leprechaun
(...dessa Ciência real !!! :))
PS: Mas a propósito da cura... you've got to believe, so go for what you feel more comfortable with.
Deveras, o simples poder curativo do toque é tão enorme e efectivo que torna mesmo verdadeiro esse princípio homeopático do similia similibus curantur!
Ora vê: Love cures and still there is no cure for love...
...O my peaceful Karin dove!!! :)*
Místico,
ResponderEliminarvamos lá a ver se a gente se entende, parece-me que, mais uma vez, pegaste no que eu disse, descontextualizaste e fizeste uma inversão de 180º para expores as tuas convicções.
Eu, e penso que muitos outros que comentam aqui, tenho um caminho que se chama LÓGICA, por vezes cometo erros de lógica e na falta de dados suficientes procuro escolher a hipótese que seja mais consistente com os dados que tenho ou, no pior dos casos, não tiro partido por nenhuma.
O problema é que eu não consigo entender (e penso que ninguém aqui) a substância ou consistência das tuas ideias. Apresentas argumentos fragmentados: vais buscar textos do Tao e articulas-os com hipóteses da física quântica que nem tu, nem eu que sou físico de formação, entendemos, quanto mais decidir a favor ou contra.
É muito bom ter uma intuição (um shortcut para a lógica), "um feeling", sobre o que quer que seja, mas isso não chega! Há muitos feelings errados, que não encaixam quer na lógica quer na realidade sensível. É preciso testá-los. Suspeito que a relevância que dás à intuição é uma diferença fundamental entre nós.
Mas vamos por partes porque eu não quero ninguém chateado :)
O que é a consciência ?
O que é a consciência primordial ?
Porque é que a consciência têm que ser anterior à vida, à matéria, à energia, ao espaço e ao tempo, quando vemos em tudo à nossa volta que essa capacidade de reflectir sobre si próprio só começa a partir de um certo limiar de desenvolvimento neuronal?
Não devemos estar a falar da mesma consciência !
É certo que há questões fundamentais muito mal respondidas mas estas estão mais ao nível da natureza do espaço-tempo. Os teóricos da gravidade quântica (Ashtekar, Lee Smolin, Rovelli) põem a hipótese de o espaço-tempo não ser contínuo mas sim uma espécie de espuma e vão mais longe: talvez o tempo não tenha existência real e seja apenas uma ilusão macroscópica. Mais esotérico ainda talvez o espaço-tempo e energia-matéria não seja mais que informação !
Mas não fiques já a esfregar as mãos de satisfação, informação não significa consciência! Não esperes encontrar consciência numa pedra de calçada ou, no electrão mais extremo da ponta do dedo do pé.
Consciência implica complexidade organizada!
Primeiro temos que deixar o universo evoluir!
O argumento utilizado pelo Ludwig neste post confunde alhos com bogalhos. Ele coloca no mesmo saco cristais ou DNA.
ResponderEliminarNo entanto, são coisas totalmente diferentes. Uma coisa é a estrutura ordenada dos cristais. Outra, completamente diferente, é a informação codificada do DNA. Mais uma vez se vê que os argumentos do Ludwig não vão a lado nenhum.
Os argumentos do Ludwig estão sistematicamente errados.
Os cristais são estruturas arbitrárias destituídas de qualquer informação codificada. Por outras palavras, eles não conseguem codificar a informação necessária à sua posterior reprodução.
Assim, a estruturas cristalinas de um metal, do sal ou de gelo não integram informação que codifique estruturas e funções que não lhes sejam inerentes. As estruturas cristalinas não codificam nada.
Diferentemente, o DNA contém informação susceptível de ser transcrita, traduzida, executada, copiada e replicada, permitindo aos diferentes seres vivos reproduzir-se de acordo com a sua espécie, tal como a Bíblia ensina.
As letras da molécula de DNA representam aminoácidos que só seram fabricados numa fase posterior, a fim de serem subsequentemente incorporados numa proteína.
Assim, a informação não é uma estrutura material, mas sim uma grandeza imaterial capaz de representar de forma abstracta relações conceituais ou ou estruturas materiais. Essa representação é feita através de um sistema de codificação de informação, sendo que essas relações ou estruturas podem ser físicas, químicas ou biológicas. A realidade que é representada através do código (v.g. GCA GCC GCG GCU) é um aminoácido (Alanina) que não está presente como estrutura material no momento em que é representada.
O aminoácido é fabricado mais tarde, através de um conjunto de instruções contidas na informação genética que o precede.
Num cristal não existe a representação codificada de qualquer realidade para além do próprio cristal.
A questão fundamental aqui nem sequer é a entropia, mas a origem da informação codificada no DNA.
A vida exige sempre informação. A informação exige sempre um código. Um código exige sempre uma convenção de símbolos. Informação codificada é sempre o produto de uma inteligência.
Isto é inteiramente congruente com a ideia de que Deus criou os diferentes seres vivos, criando um mecanismo de transcrição, tradução, execução e replicação da informação, de forma a garantir a respectiva reprodução.
As mutações aleatórias e a selecção natural não criam informação genética nova, que codifica estruturas e funções mais complexas e inovadoras. Elas diminuem a qualidade e a quantidade de informação genética disponível.
Isto é inteiramente congruente com a doutrina bíblica da corrupção de toda a Criação depois do pecado humano.
As respostas estão em Génesis.
Voltaremos a este ponto mais tarde.
Mais esotérico ainda talvez o espaço-tempo e energia-matéria não seja mais que informação! Mas não fiques já a esfregar as mãos de satisfação, informação não significa consciência!
ResponderEliminarÉ interessante que há dias eu pensei trazer aqui justamente essa questão da informação, a propósito de um comentário suponho que do Perspectiva. Mas sim, há alguma semelhança entre isso e aquilo que eu pretendo dizer, claro. Ou seja, "consciência" ou "informação" são aqui meros conceitos que também têm um significado comum: conhecimento!
Seja como for, essas teorias por certo não são compatíveis com o realismo materialista e estão muitíssimo mais perto do pensamento filosófico da antiguidade, tanto o oriental como o platónico. Ora só isso já é extremamente interessante e significativo.
Porque a questão da "consciência primordial" ou o espírito anterior à matéria é, de facto, a 1ª hipótese natural para explicar a última realidade, ou o autêntico Real!
A consciência também é ou contém informação, especialmente no auto-conhecimento e afirmação de si própria, expressa na formulação do "EU SOU!", que é o nome de Deus em muitas religiões.
É a este estado de SER que eu chamo "consciência primordial ou original", o tão misterioso "Tao":
Darkness within darkness.
The gateway to all understanding.
De resto, parece ser verdade que essa capacidade de reflectir sobre si próprio só começa a partir de um certo limiar de desenvolvimento neuronal. Essa é já a outra consciência secundária que implica complexidade organizada fruto da tal evolução da matéria a qual, contudo, contém em cada uma das suas mais ínfimas partículas esse gérmen da consciência primeva.
Sim, em essência este é o pensamento religioso e filosófico do Oriente, tal como está expresso em tantas passagens do Gita e dos Upanishades, por exemplo:
The Spirit by whom this entire universe is pervaded is indestructible.
Logo, a palavra "espírito", no sentido de algo imaterial, tem aqui o mesmo significado dessa consciência divina original.
E que relevância tem isso para o mundo actual ou a ciência moderna?! Muitíssima, já que todas as hipóteses teóricas que questionam a realidade da matéria-energia e do espaço-tempo se aproximam necessariamente dessa visão imaterial que é um dos pilares do pensamento religioso ou espiritual.
Tudo isto é intrinsecamente muito lógico, desde que se parta desse simples axioma da pré-existência de um Algo anterior a este universo fenomenal e que é deveras a sua origem... the eternal void filled with infinite possibilities.
Como chegará aí o conhecimento humano? Ora, por certo só através do mistério da sua própria consciência ou, parafrasendo o "Tao Te Ching":
Consciousness within consciousness.
The gateway to all understanding.
O mesmíssimo que Kabir afirmou, 20 séculos volvidos:
Tell me, what is God?
"He is the breath within the breath!"
Karin
ResponderEliminar"[quando] disse que eu nunca iria entender a não ser que me explicasse em termos de física quântica"
Até eu, que sou só um vegetal com alguma experiência em tretas (experiência, tipo... experimental) sei explicar-te isso em termos de fisica quântica!
É assim: "quan(d)ico" fisicamente as coisas não funcionam na homeopatia... é porque não fizeste bem! Percebes? Não é por falta de memória da água, porque esse conceito até ganhou um prémio Nobel (não sei porquê, a imprensa acrescentou um "ig" atrás e ficou "igNobel", o que tem uma conotação estranha... mas é só más línguas e invejas!).
Diante da segunda lei da termodinâmica, os evolucionistas tentam demonstrar que a mesma não constitui obstáculo à evolução.
ResponderEliminarMuitos cientistas continuam cépticos dessas tentativas.
entanto, como a teoria da evolução é o paradigma dominante, muitos outros preferem não pensar muito no problema ou pensar superficialmente, recorrendo a histórias da carochinha em torno dos sistemas abertos, das probabilidades, da auto-organização, etc.
Os criacionistas, por seu lado, não têm que tentar compatibilizar a segunda lei da termodinâmica com a sua visão das origens, na medida em que a mesma é um elemento integrante do modelo bíblico que vê a natureza como fisicamente decaída depois da queda.
Na verdade, a Bíblia refere-se à mesma expressamente, numa linguagem não técnica mas totalmente rigorosa:
Na verdade, a Bíblia, na Carta aos Hebreus, 1:10-11, afirma:
“Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; eles perecerão, mas tu permaneces; e todos eles, como roupa, envelhecerão”.
Em termos simples, para poupar o tempo dos leitores, iremos sumariar o essencial da visão criacionista sobre a segunda lei da termodinâmica e a sua relação com as questões da origem da vida e da evolução.
Mais informação pode ser encontrada nos sites especializados, como seja www.creationwiki.org
A entropia pode ser caracterizada como a medida da desordem num determinado sistema.
Embora se diga que a segunda lei da termodinânica é uma noção estatística, a verdade é que tudo o que sabemos acerca da segunda lei da termodinânica torna extremamente improvável a origem evolutiva das estrelas, das galáxias, dos planetas, do sistema solar a partir da condensação de nuvens gasosas.
Recorde-se que mesmo astrofísicos como Stephen Hawking, George Ellis, Joseph Silk ou Roger Penrose ainda estão por encontrar uma explicação plausível para a origem acidental das estrelas e das galáxias.
Isto, para não falar na radical improbabilidade da origem acidental da vida.
Todos os cientistas, criacionistas ou não, reconhecem que a segunda lei da termodinâmica, ou lei da entropia, pode ser afirmada de várias maneiras.
Dizer que a entropia no Universo tende para um ponto máximo é o mesmo que dizer que a energia reutilizável, ou transformável me trabalho, tende a diminuir.
Falar na lei da entropia é dizer que a ordem tende para a desordem.
Quando a entropia é examinada pela termodinâmica estatística, ela pode ser considerada uma medida da aleatoriedade.
Quanto mais aleatório é um sistema, tanto mais desordenado ele é.
Os sistemas desordenados têm um número muito elevado de configurações igualmente prováveis, podendo ser consideradas inevitáveis.
Entropia não é o mesmo que desordem, mas está logaritmicamente relacionada com a desordem.
A entropia pode ser considerada como uma medida da desordem.
A entropia tende naturalmente a aumentar porque os estados desordenados são muito mais prováveis do que os ordenados.
Acresce que já que os sistemas complexos têm muito poucas configurações igualmente prováveis, eles são extremamente improváveis.
Na verdade, pode dizer-se que eles são uma impossibilidade estatística.
Daí que se possa concluir com segurança que um sistema altamente complexo, como a vida, não pode surgir por acaso.
De resto, tal nunca foi observado, nem conseguido em laboratório mesmo com a inteligência acumulada dos cientistas.
Do ponto de vista da teoria da informação, diz-se geralmente que a informação tende a deteriorar-se, à medida que o ruído aumenta.
Uma forma muito simples de falar em entropia é dizer que as roupas tendem a envelhecer, assim como as latas num ferro velho tenderão a enferrujar e não a auto-organizar-se para a produção de novos veículos totalmente eficientes.
Um sistema isolado não troca energia e matéria com o ambiente circundante.
O Universo como um todo pode ser considerado como um sistema isolado.
A entropia total de um sistema isolado nunca diminui.
O Universo está a perder energia.
Por exemplo, as estrelas tenderão a apagar-se com o tempo.
Os criacionistas, entendem que se a qualidade da energia do Universo está a diminuir, isso significa que na origem do Universo havia menos entropia.
De resto, não são apenas os criacionistas que pensam assim.
Do mesmo modo, isso significa que o Universo teve um princípio.
Se o mesmo fosse infinitamente antigo, ele já teria experimentado uma “morte quente”.
Ora, se o Universo teve um princípio, ele teve que ter uma causa.
E ele não pode ter sido a sua própria causa.
A Bíblia diz que Deus, no princípio, criou o Universo de forma racional e sistemática, isto é, com ordem, ou seja, baixa entropia.
Também aqui não se vê como é que a segunda lei da termodinâmica poderia ser utilizada para refutar o que a Bíblia ensina.
Relativamente aos sistemas abertos, os mesmos trocam matéria e energia com o ambiente circundante.
Muitos evolucionistas têm afirmado que a segunda lei da termodinâmica, ou da entropia, não se aplica aos sistemas abertos.
No entanto, mesmo muitos não criacionistas chamam a atenção para o facto de que não existem violações conhecidas da segunda lei da termodinâmica.
De acordo com este entendimento, que está longe de ser um exclusivo dos cientistas criacionistas, a segunda lei da termodinâmica aplica-se a todos os sistemas, sejam eles isolados ou abertos.
Assim, os sistemas abertos também têm a tendência para a desordem.
Podem existir casos localizados de redução da entropia, como sejam a formação de cubos de gelo ou cristais, mas a desordem aumenta no sistema aberto globalmente considerado.
No caso dos cubos de gelo, trata-se de uma realidade termodinamicamente irrelevante quando se trata da origem da vida.
O processo de congelamento liberta energia para o ambiente envolvente, aumentando a entropia circundante.
Todavia, a formação de proteínas e ácidos nucleicos a partir de aminoácidos e nucleótidos não apenas reduz a sua entropia, mas remove energia e entropia do ambiente.
Assim, os aminoácidos os nucleótidos não irão formar espontaneamente ácidos nucleicos ou proteínas em nenhuma temperatura.
Acresce que os cristais são exemplos de ordem, mas não de complexidade irredutível.
Esta supõe a convergência simultânea de diferentes partes, de forma especificada, integrada e interdependente, para a realização de uma função inovadora, não possível a partir das partes isoladamente.
Ou seja, uma coisa é ordem, outra, bem diferente, é complexidade.
O crescimento de um cristal envolve regularidade.
Se partirmos um cristal de sal obtemos cristais de sal mais pequenos.
Diferentemente, se partirmos a molécula de uma proteína biológica (v.g. insulina) não obtemos insulina em quantidades mais reduzidas.
Deixamos de ter insulina porque destruímos a informação contendo as sequências especificamente codificadoras da insulina.
A formação de um cristal envolve a assunção, por parte das moléculas, de um padrão pré-determinado, sem qualquer aumento de informação e complexidade.
No que diz especificamente às máquinas, as mesmas vencem a entropia graças à informação dos engenheiros que as programam, informação essa que dirige a energia de forma precisa e especificada, no sentido de manter ou aumentar a complexidade.
Mas aí, a redução da entropia necessita de duas coisas.
A existência de informação, por um lado, e de um sistema de conversão da energia, por outro.
Na falta destes elementos, a mera existência de energia não garante o aumento da complexidade.
Os seres vivos adquirem complexidade, durante o seu processo de formação, graças à existência de um código com informação pré-existente (v.g. DNA), contendo as instruções complexas e especificadas para a criação da vida e sistemas altamente precisos de conversão da energia (v.g. fotosíntese, digestão, respiração, circulação sanguínea), também ele codificado no DNA.
Em todo o caso, esses sistemas não protegem dos raios solares, especialmente quando a camada de ozono, desenhada para nos proteger dos raios ultra-violeta, está a ser destruída!
Se nos deixarmos estar ao Sol durante muito tempo, o mais provável é ganharmos um cancro na pele, destruindo o nosso corpo e a informação nele contida.
Uma exposição prolongada ao Sol não irá permitir a aquisição de novas estruturas e funções mais complexas.
Ela irá causar mutações e estas irão destruir a informação do genoma.
Na verdade, nem as mutações nem a selecção natural acrescentam informação ao genoma, sendo que a informação só existe significativamente num contexto inteligente.
O argumento dos sistemas abertos não ajuda a causa da evolução.
A energia em estado puro é insuficiente, por si só, para criar complexidade especificada.
Esta depende essencialmente de informação, sendo certo que esta, tanto quanto podemos observar, depende de inteligência.
Não existe nenhum outro mecanismo naturalista que permita criar informação. Por outro lado, se não existirem sistemas complexos de conversão da energia, o fluxo de energia só irá acelerar o processo de entropia.
No caso, das plantas, por exemplo, não basta energia pura.
Em primeiro lugar, é necessário uma camada de ozono que filtre a radiação letal e deixe passar a luz solar com a qualidade certa.
Depois, é necessário que a luz solar atravésse o complexo mecanismo fotosintético, operando sob a direcção do código genético.
A não ser assim, a luz solar aumenta a desordem, e não a ordem.
O crescimento de uma planta não é uma excepção ao princípio da entropia, na medida em que ele depende da informação previamente codificada, com todas as instruções necessárias a um crescimento estruturado e funcional.
A evolução exige processos que aumentem a informação no genoma.
O crescimento de uma planta, embora dependa inteiramente da informação contida no genoma, não acrescenta informação nova ao genoma.
O crescimento de uma planta confirma a verdade bíblica de que as plantas se reproduzem de acordo com a sua espécie.
Hoje sabe-se, de resto, que mesmo a fotosíntese depende, para ocorrer, de um conjunto altamente sintonizado de factores, como sejam o tipo de energia da luz estelar, a atmosfera, a quantidade de vapor de água e as capacidades dos organismos.
Reduzir toda esta complexidade a um mero “sistema aberto” ou “basta juntar energia” é uma ingenuidade acientífica do maior calibre.
[Veja-se, John Raven, “Astrobiology: Photosynthesis in watercolours,” Nature, 448, 418 (26 July 2007)]
Esta sintonia é um facto observável.
As especulações evolucionistas em torno dos sistemas abertos são pura superstição e têm que ser denunciadas como tais a bem da ciência.
Os evolucionistas têm uma receita muito simples para a vida e para a evolução: basta juntar água e misturar alguma energia!
Ah, como seria bom para os evolucionistas se as coisas fossem tão simples! O problema é que não são.
O simples contacto da energia (e da água) com uma hipotética sopa primordial de químicos inorgânicos nunca tenderia a favorecer a auto-organização das moléculas para a vida.
De resto, tal nunca foi observado. Pelo contrário, a energia iria conduzir à destruição dessas moléculas.
O fabrico de proteínas depende da informação codificada no DNA e de uma maquinaria extremamente complexa de transcrição, tradução e execução das instruções codificadas.
Na verdade, como podemos ler em Neil Broom, How Blind Is the Watchmaker, 2001, 80,
“A fundamental problem that science has never been able to solve is how to produce energy flow through the system to do this work of coding in order to produce, for example, a functioning protein.
Living systems do, of course, harness energy for this purpose, but only because the required, purposefully assembled metabolic machinery is already in place and functioning.”
O DNA é um livro de instruções, que permite fabricar os mecanismos que irão ler, compreender e executar essas mesmas instruções.
O mais incrível, é que o DNA nunca poderia subsistir em um complexo sistema de reparação, que tem ele mesmo que ser codificado pelo DNA!
O ateu convicto Carl Sagan (que agora já percebeu o quanto estava enganado!), dizia que uma célula tem mais informação do que a Biblioteca do Congresso.
Por seu lado, Richard Dawkins afirmava que o DNA tem mais informação do que toda a Enciclopédia Britânica multiplicada varias vezes.
Os criacionistas não podem estar mais de acordo.
Por seu lado, Bill Gates reconheceu que o DNA é um software mais complexo do que qualquer coisa que o ser humano pode conceber.
O físico alemão Werner Gitt calculou que uma quantidade de DNA do tamanho de uma cabeça de alfinete contém tantos bits de informação como uma pilha de livros da Terra até à Lua, multiplicada por quinhentos!!
Se quiséssemos escrever em livro a informação necessária para construir o organismo mais simples que se conhece, necessitaríamos de cerca de mil páginas, de acordo com estimativas geralmente aceites.
Diferentemente, a informação necessária para construir um ser humano nunca caberia em menos que quinhentos livros de mil páginas.
E isto, note-se, numa estimativa feita por baixo.
O recente projecto ENCODE, ao multiplicar exponencialmente a complexidade do genoma, virá certamente a obrigar a uma revisão desta estimativa em alta, para gáudio dos criacionistas.
É, por isso, pura fantasia, destituída de qualquer comprovação empírica, considerar que tanta informação e que sistemas tão complexos para a sua transcrição e tradução poderiam ter surgido por acaso, ao longo de milhões de anos (que ninguém observou!).
É mais provável acreditar que um macaco poderia escrever os Lusíadas.
Mas mesmo que isso fosse possível (o que não acredito), os Lusíadas só seriam reconhecidos como tal se previamente existisse uma convenção de símbolos que permitisse adscrever um significado informativo à respectiva sequência de sinais.
E isso, quer os evolucionistas gostem quer não, requer sempre inteligência.
Para quem procura inteligência no Universo, não precisa de ir mais longe.
O DNA é a expressão, por excelência, de um Deus que se autodefine na Bíblia como LOGOS.
Os criacionistas partem da Bíblia, que aceitam, pela fé, como Palavra de Deus.
Mas a verdade é que a evidência científica encaixa perfeitamente.
De resto, os cépticos da Bíblia têm visto as suas posições sucessivamente desmentidas pelas mais diversas e fascinantes descobertas arqueológicas.
Como se vê, não está em causa um conflito entre ciência e religião. O que está em causa é um conflito entre uma visão bíblica do mundo (confirmada pela ciência) e uma visão naturalista do mundo (sistematicamente desmentida pelas observações científicas em si mesmas).
olá leprechaun
ResponderEliminarsó lhe posso responder com uma citação de George Mikes "when I'm alone at night in a forest, jumping from one tree to another, I often think that life is so srtange".
Karin
olá abobrinha
só consigo justificar a homeopatia como placebo
Karin
Jónatas,
ResponderEliminar«Se o [unuverso] fosse infinitamente antigo, ele já teria experimentado uma “morte quente”.
Ora, se o Universo teve um princípio, ele teve que ter uma causa.
E ele não pode ter sido a sua própria causa.»
O universo pode ter uma duração finita sem ter tido um inicio. A geometria do espaço-tempo pode ter um volume finito sem fronteiras.
Numa analogia, considere o conjunto de números reais ]0,1]. O "comprimento" é uma unidade, e é finito. Vai de 0 a 1. Mas como o 0 não pertence ao conjunto não há nenhum numero que seja o primeiro. Não tem início.
Também não é verdade que se teve inicio tem que ter tido causa. Isso é algo que extrapolamos da nossa experiência comum mas não é verdade em todos os casos.
E nada disto justifica assumir que foi o seu deus em particular que o causou.
Já agora vejam este link, pode ter interesse para a discussão:
ResponderEliminarhttp://www.astro.ucla.edu/~wright/infpoint.html
Fica aqui um pedacinho da ideia:
"The Universe was not concentrated into a point at the time of the Big Bang. But the observable Universe was concentrated into a point.(...)"
When I'm alone at night in a forest, jumping from one tree to another, I often think that life is so strange.
ResponderEliminarCitação bem gira e eu nem conhecia esse autor! :)
E será que os macacos pensam mesmo isso?
Ei, espera!!! Há um vídeo divertidíssimo com um macaquito atrevido... eu não me importava nada de ser assim tão vivo como ele!!!
Macaco e filhotes de tigre
ok. leprechaun
ResponderEliminaresse livro não tem nada a ver com macacos nem a citação referida.Chama-se "How to be an Alien", e, antes que pense em extra terrestres, alien significa estrangeiro. O autor é húngaro e emigrou para o Reino Unido. Neste livro goza com os inglêses e os seus hábitos. A citação é um "overstatement". Mais explicações só pagas. :)
Karin