quarta-feira, janeiro 28, 2009

Perguntem ao Sr. Harry Buttle...

O Supremo Tribunal dos EUA decidiu há duas semanas que são admissíveis em tribunal provas obtidas por erro nas bases de dados da polícia. O motivo foi a prisão de um homem do Alabama por um mandato de captura que não devia constar na base de dados. Quando a polícia o prendeu encontrou uma arma ilegal e anfetaminas, o que lhe valeu vinte e sete meses de prisão. O argumento da maioria de cinco juizes, contra quatro dissensores, foi que excluir provas obtidas indevidamente só serve para dissuadir a polícia de agir propositadamente em desrespeito da lei. Segundo estes juizes não se deve aplicar o princípio da exclusão quando o erro é não é intencional. Mas este é o problema de sempre. Os polícias são gente.

Em ciência sabemos bem disso. Muitas pessoas que se sentem incomodadas com alguns resultados da ciência, como a Terra ter mais que um punhado de milénios de idade, por exemplo, apontam que os cientistas são pessoas falíveis. Que cometem erros, que são teimosos e que alguns até chegam a ser aldrabões. Com se isso fosse novidade. Quem trabalha com eles, quem é um deles, sabe bem que são pessoas como outras quaisquer, com todas as virtudes e defeitos. É por isso que em ciência nos torcemos todos para que o erro não compense. Mesmo que seja sem intenção. Detalhamos os procedimentos, revemos os artigos uns dos outros, tentamos reproduzir os resultados independentemente e assim por diante para que ninguém beneficie com erros ou aldrabices. É a única forma de desencorajar a bandalheira.

Esta regra que o Supremo Tribunal americano aprovou é perigosa porque faz o contrário. Incentiva o desleixo. Desde que não pareça propositado, cometer erros é vantajoso à polícia. E sabe-se lá quantos “erros informáticos” vão acontecer quando um polícia se chateia com um vizinho ou quando lhe falta prender meia dúzia para preencher a sua quota anual.

Não sei como as coisas funcionam por cá mas, pelo tenho ouvido, parece-me que também precisamos desencorajar os erros nas investigações. É certo que isto dificulta o trabalho da polícia, que acaba por apanhar menos meliantes. Mas não podemos esquecer que somos todos da mesma espécie; nós, os meliantes e os polícias. O que nos distingue são as circunstâncias e, quase sempre, é a ocasião que faz o ladrão.

Acerca deste caso:
Electronic Privacy Information Center, Herring v. US.
New York Times, 14-1-09, Supreme Court Eases Limits on Evidence.

Via Schneier on Security.

13 comentários:

  1. E cá voltamos nós ao problema das intenções e consequencias.

    Mas para complicar as coisas, aqui a intenção não pode mesmo ser uma medida. Porque, tratando-se de algo importante como uma base de dados, ao erro por lapso chama-se negligencia. Ou poderia chamar-se.

    Se se admite a falta de intenção como justificação, está se a admitir que as bases de dados podem ter erros e que ninguem é responsavel por eles.

    ResponderEliminar
  2. "Em ciência sabemos bem disso."

    Em ciência sabemos que a presença de informação codificada num sistema é sempre evidência de inteligência, sendo que os sistemas biológicos dependem de informação codificada.

    Em ciência sabemos que a vida só pode ter surgido por intervenção de uma causa inteligente.

    Isso não é acreditar em milagres, porque a informação codificada é sempre evidência de inteligência.

    Acreditar em milagres é acreditar que a informação codificada no DNA pode surgir sem inteligência. É que nunca se viu informação codificada sem inteligência.


    "Muitas pessoas que se sentem incomodadas com alguns resultados da ciência, como a Terra ter mais que um punhado de milénios de idade, por exemplo,"

    A esmagadora maioria da evidência aponta para uma Terra recente:

    1) a origem recente das civilizações

    2) os níveis de crescimento demográfico

    3) a quantidade de sal nos oceanos

    4) a quantidade de sedimentos nos oceanos

    5) as taxas de erosão dos continentes

    6) a redução e degradação nos genomas

    7) a quantidade de hélio na atmosféra

    8) a quantidade de hélio nas rochas,

    9) a quantidade de C-14 em diamantes, rochas, fósseis, carvão, etc.

    10) o decaimento do campo magnético da Terra

    11) a velocidade de recessão da Lua, etc.

    12) A evidência de deposição rápida dos sedimentos

    13) A evidência de contaminação dos isótopos

    14) A existência de rochas recentes datadas de milhões de anos

    15) A evidência de catastrofismo na coluna geológica

    16) A proliferação de fósseis vivos

    17) A descoberta de ossos e tecidos moles de dinossauros não fossilizados



    Sinceramente, não sei em que é que alguém se pode basear para afirmar uma Terra antiga.

    Mesmo os modelos sobre a origem antiga do Universo são todos os dias desmentidos pelas observações.


    "...apontam que os cientistas são pessoas falíveis. Que cometem erros, que são teimosos e que alguns até chegam a ser aldrabões. Com se isso fosse novidade."

    Isso é verdade. Recordemos as recentes fraudes do antropólogo Reiner Protsch von Zieten, que aldrabou totalmente as idades dos alegados homens antigos.

    Alguns crâneos com 200 anos foram datados por ele e por outros cientistas como tendo 40 000 anos.

    "Quem trabalha com eles, quem é um deles, sabe bem que são pessoas como outras quaisquer, com todas as virtudes e defeitos."

    Claro. Pessoas que interpretam a evidência consoante as suas próprias visões do mundo e descartam a evidência quando ela não interessa.

    Só assim é que se pode compreender que um pretenso cientista possa negar a existência de informação codificada nos genomas, só para concluir, um pouco mais tarde, que essa tarefa é simplesmente impossível.


    "É por isso que em ciência nos torcemos todos para que o erro não compense."

    Infelizmente, muitos têm sido induzidos em erro.

    Durante algum tempo pensava-se que existiam órgãos vestigiais, apenas para se descobrir que eles têm funções.

    Durante algum tempo pensava-se que a maior parte do DNA é junk, apenas para se descobrir que afinal tem códigos epigenéticos.

    Durante algum tempo acreditava-se na existência de uma árvore da vida evolucionista construída com base num ancestral comum, para se descobrir que afinal existe o surgumento (criação) paralelo das diferentes espécies.

    Durante muito tempo pensava-se que os processos geológicos sempre se mantiveram constantes, para agora se compreender o papel da catástrofe na formação de fósseis e rochas.

    Durante muito tempo pensava-se que as mutações e a selecção natural favorecem a evolução das espécies, para se compreender que diminuem e degradam os genomas.

    Emfim, o erro não compensa. A verdade é que nos pode afastar do erro. A Palavra de Deus é a verdade.

    Todas as teorias que a contrariam à partida estão erradas à chegada.

    "Mesmo que seja sem intenção. Detalhamos os procedimentos, revemos os artigos uns dos outros, tentamos reproduzir os resultados independentemente e assim por diante para que ninguém beneficie com erros ou aldrabices."

    É graças a essa metodologia que os erros da teoria da evolução têm vindo a ser expostos.

    Sempre que as hipóteses origem acidental da vida ou a evolução do simples para o complexo têm sido testadas e investigadas, em laboratório ou no registo fóssil, têm-se mostrado erradas.


    "É a única forma de desencorajar a bandalheira."

    Bandalheira é o que tem caracterizado a teoria da evolução.

    Na verdade, um modelo que supõe a origem acidental da vida e das espécies só pode pretender elevar a bandalheira a princípio cósmico e existencial.

    É para acabar com a bandalheira que os criacionistas propõem um Universo criado de forma racional por um ser racional, para ser compreendido racionalmente por seres racionais.

    É para acabar com a bandalheira que os criacionistas alertam para o pecado e as suas consequências físicas e morais e para a necessidade de restauração de todas as coisas pelo Criador.

    Essa restauração começou com a vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus Cristo, que pagou o castigo pelos nossos pecados, oferece-nos vida eterna num corpo incorruptível e promete novos céus e nova Terra, onde não haverá pecado, morte, doenças, sofrimento e... bandalheira.

    ResponderEliminar
  3. IBAN-gélico.

    eh eh! Fui eu que inventei! Fui eu.

    ResponderEliminar
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  5. @perspectiva

    Segundo o ponto de vista antropocêntrico do universo, TUDO tem informação codificada, à espera de ser lida. É assim que os nossos cérebros funcionam, procuramos padrões, informação, em tudo quanto é sítio. Quantas vezes não vemos formas ocultas nas nuvens? Mera ilusão causada pelos mecanismos intelectuais que possuímos.

    A nossa tendência para encontrar padrões não implica necessariamente a existência de uma ou mais entidades divinas com qualquer tipo de influência sobre o universo.

    E não é por repetir o seu ponto de vista primitivo que conseguirá convencer quem é capaz de raciocinar e perceber que o que diz é falso e demagógico. Pelo amor de Yog-Sothoth, vá evangelizar (IBAN-gelizar? :) outros.

    ResponderEliminar
  6. Meqif,

    "Quantas vezes não vemos formas ocultas nas nuvens? Mera ilusão causada pelos mecanismos intelectuais que possuímos."

    Nããããão! não me digam que aquele elefante branco que eu vi o outro dia a avoar, avoar sobre os céus de lisboa era uma ilusão!

    vou chorar....

    ResponderEliminar
  7. "IBAN-gélico!!"

    Não percebi.

    E Ludwig, tens de pesquisar sobre se existe algum tipo de comentários em blogues em que se possa fechar qualquer comentário como se fecham pastas no Finder do Mac, e assim só precisava de clicar uma vez "click" cada vez que vejo um nome a começar por "pers..", ou duas ou três vezes (depende dos dias, não é verdade?), e escusava de passar uns bons minutos da minha vida a fazer scroll para baixo.

    Just sayin...

    ResponderEliminar
  8. Ah pera, mas isto é possível no Blogger!!! Olha que fixe! De repente a caixa de comentários parece tão mais razoável... :)

    ResponderEliminar
  9. Barba Rija,

    Sim, dá para fechá-los. Mas porreiro era pô-los todos fechados por default e só se abria os que se queria ver... infelizmente, não encontrei como fazer isso. Se alguém souber de uma maneira fácil de o fazer, agradecia :)

    ResponderEliminar
  10. Barba Rija,

    "IBAN" é para International Bank Account Number. A razão de ser mais doutrinária do multibando IBANgélico. Tá entendendo?

    ResponderEliminar
  11. hi hi hi hi hi

    IBAN-gélico! Fui eu, Perspectiva.

    ResponderEliminar
  12. Num raro clarão de consciência apercebi-me de que é um bocado foleiro dizer gracinhas sobre IBANs na internet, de utilizadores da internet. Má prestação na ludwiki.

    (estão a ver? é a forquilha criacionista)

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.