segunda-feira, março 24, 2008

A moedinha.

Continuando a nossa conversa sobre o copyright, o Desidério mostrou-se preocupado com vários problemas imaginários. Preocupa-se com a Wikipedia porque se uma enciclopédia usa «o trabalho de outras pessoas [...] então esses criadores devem ser pagos» (1). É fácil perceber o erro se perguntarmos quem deve pagar pelo contributo voluntário dos autores da Wikipedia. Em geral, quem tem o dever de pagar a prestação de um serviço? Obviamente, quem se comprometeu a pagá-lo. Mais ninguém.

Se um mecânico afina o tubo de escape do meu carro* para que fique mais silencioso não são os moradores do bairro que devem pagar por usufruírem do silêncio. Nem sou eu que devo pagar só porque o carro é meu. Deve pagar quem combinou o arranjo. E se o mecânico fez o serviço porque lhe apeteceu ninguém tem obrigação de lho pagar. É o que se passa na Wikipedia. Ninguém tem a obrigação de remunerar contributos voluntários, usufrua ou não deles.

Por confundir o usufruto com o dever de remunerar o Desidério não percebe os Creative Commons e preocupa-se com o efeito pernicioso desta “mentalidade”. «Esta campanha protege os criadores do quê, exactamente? De nada. Qualquer pessoa pode dar o que quiser, para isso não precisa de protecção legal. E as leis existentes já impedem o aproveitamento comercial do que as pessoas criam, sem o seu consentimento. O movimento Creative Commons não tem por objectivo proteger os criadores, mas antes espalhar uma mentalidade na Internet: a mentalidade de que é feio pedir dinheiro pelo trabalho criativo.»

Vou contar o que me aconteceu. Se eu quisesse “proteger” estes textos plastificava-os e guardava-os numa gaveta. Se os publico é porque quero que os leiam, e isso não torna ninguém responsável por me pagar. Só que a lei “protege-me” os textos por omissão. Assim que os escrevo é ilícito publicá-los, traduzi-los, imprimi-los ou gravá-los sem me pedir licença. Mas o que escrevo é só Português e opiniões. O primeiro é de todos e as últimas de quem quiser. Por isso eu queria mandar a lei passear e pôr este material no domínio público. Fui ao site da Creative Commons buscar o ícone e descobri que «A dedicação ao Domínio Público não se aplica à jurisdição Portuguesa.»(2)

Estes malvados estiveram a estudar as leis e agora atrevem-se a dizer-me o que eu preciso saber. De graça. Deve ser um plano maquiavélico para me convencer que não tenho a obrigação de pagar por coisas que não encomendei. Em contraste, escrevi um email ao Gabinete do Direito de Autor (3) a perguntar como disponibilizar os meus textos sem restrições. Talvez por receberem ordenado dos meus impostos falta-lhes a tal mentalidade e já lá vai mais de um ano sem resposta. Eu quero que o que escrevo não seja propriedade. Quero que seja como a regra de três simples ou os sonetos de Camões. Mas a lei exige que eu morra, espere cinquenta anos e depois logo se vê se não aumentaram o prazo entretanto.

O Desidério acrescenta que «O que precisamos é de uma campanha como o Fair Trade (4), mas para o mundo digital.» Isto teria piada se não fosse tão triste. Há desgraçados a apanhar café ou a cortar cana de açúcar de sol a sol para não morrer à fome. Ganham uma miséria enquanto os donos das plantações fazem fortuna, mas se protestam ou se demitem morrem mesmo à fome. Estes precisam que alguém os ajude a renegociar essa transacção injusta. O autor no “mundo digital” dificilmente terá o mesmo problema.

Se eu quiser ser blogger profissional recuso-me a escrever por menos de dois mil euros por mês. E se não me pagarem não escrevo. Tenho o poder de impor as minhas condições. É claro que não me vão pagar. Perder tempo com estas tretas à borla já é ela por ela; a pagar não vale mesmo a pena. Mas não há nada de injusto nisso. Eu decido quanto quero receber e vocês decidem se estão dispostos a pagar. Até agora houve consenso quanto ao valor justo, mas se um dia não houver nem eu vou morrer à fome nem vocês têm a obrigação de pagar só porque eu quero.

Não é uma mentalidade nova. Sempre foi assim. Se não encomendo o sermão posso ouvi-lo, mas não tenho que o pagar. Comércio justo é os autores pedirem o que entenderem pelo seu trabalho e serem pagos por quem se comprometer fazê-lo. O profissional dá um orçamento e faz o trabalho quando se comprometem pagar-lhe. Tocar primeiro e depois andar a passar o chapéu pode dar algum mas é uma coisa diferente.

* Este é um exemplo para ilustrar a regra. Não é um argumento por analogia.

1- Desidério Murcho, 22-3-08, Eldorado II
2- Creative Commons, Public Domain (Não sei se o conteúdo da página depende do país de onde estão a aceder).
3- http://www.gda.pt/
4- Fair Trade

54 comentários:

  1. Caro Ludi

    Vou voltar a insistir. Eis o teu erro fundamental: estás a pensar caso a caso. Pensando caso a caso tudo parece perfeito: é exactamente como tu descreves. Mas se pensares no efeito que isto tem na economia de todos, e não caso a caso, vês o problema.

    Vejamos um exemplo. Um tipo tem uma fábrica. Ganha milhões com ela. E há tanta gente sem trabalho que ele contrata as pessoas por quase nada. Se olhares para cada uma das pessoas em particular, nada parece estar errado. O empresário, está apenas a fazer o que pode fazer porque o mercado é como é. E o Zé que vai trabalhar para lá oito horas por dia para sobreviver, nada está a fazer de errado. Cada um deles está a agir em função do mercado que tem.

    O mesmo acontece na Internet. Um empresário abre uma publicação online. Como não pode pagar, pede voluntários. Como há sempre voluntários para tudo, aparecem voluntários. Ele arrecada a receita, os outros têm o gozo de meter o nome deles numa coisa pública qualquer. Ninguém está a fazer nada de errado.

    Mas globalmente, há algo de errado nisto. O que há de errado é não permitir o jornalismo profissional que não seja alimentado pela publicidade, por exemplo. Exactamente como os jornais em papel. Mas os jornais em papel são caros por causa do papel; online, as pessoas poderiam pagar exactamente o mesmo que pagam por eles em papel e não ter publicidade nenhuma. Mas preferem não pagar. Cada uma das pessoas também não está a fazer nada de errado: limita-se a ir ler outro jornal para o lado. Globalmente, contudo, gerou-se uma economia que vive da publicidade ou da economia não digital.

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  2. Caro Desidério,

    copiar "coisas" é caro, gasta recursos, dá trabalho.

    copiar "bytes" é barato, não gasta nada, e não dá trabalho nenhum.

    São coisas diferentes, têm de funcionar de maneira diferente.

    O Ludwig defende exactamente isso: o que dá trabalho deve ser pago, o que não dá trabalho não há razão nenhuma para se obrigar a ser pago.

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  3. O custo anual do papel, da impressão e da distribuição de um jornal em papel representa menos de 1% do custo total de um jornal. Na verdade é mais barato que o custo anual dos servidores/serviços técnicos para manter os mesmos conteúdos online.

    Cumpts

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  4. desidério:

    Realmente não consigo encontrar o que é que existe de errado em aproximar quem quer escrever textos voluntariamente de quem os quer ler sem pagar.

    O Desidério escreve textos no "De Rerum Natura"; para ler outras opiniões pessoais posso pagar "O Público" ou "O Expresso". Mas mesmo que a gratuitidade dos textos do Desidério colocasse em causa o ganha pão dos opinadores que escrevem nesses jornais, eu veria algo de errado nisso. Emergeria das escolhas livres da comunidade, e o impacto geral seria positivo.

    O caso da wikipedia (em inglês) é gritante: o conhecimento sobre diferentes assuntos está hoje mais acessível do que alguma vez esteve - em grande medida graças á wikipedia.
    Quem criou a plataforma que aproxima aqueles que querem ensinar aos que querem aprender prestou um serviço valioso à nossa comunidade. É um trabalho que não é fácil, e merece ser recompensado.

    Sinceramente não vejo o que é que existe de tão negativo nesse sistema.

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  5. Desidério,

    Não estou a pensar caso a caso. Estou a pensar numa regra geral. Quem deve pagar ao prestador de um serviço?

    A- Quem copiar listas de números codificando uma descrição de algo gerado por esse serviço.

    B- Quem encomenda o serviço.

    Tu escolhes A, eu escolho B.

    «há tanta gente sem trabalho que ele contrata as pessoas por quase nada.»

    «O mesmo acontece na Internet. Um empresário abre uma publicação online. Como não pode pagar, pede voluntários. Como há sempre voluntários para tudo, aparecem voluntários.»

    Continuo a pensar que é diferente estar desesperado para alimentar a família e ter que aceitar um emprego com um ordenado miserável ou fazer algum trabalho voluntário na Internet. Já fiz o segundo sem problema, mas espero nunca estar na situação do primeiro.

    Globalmente e localmente há algo de errado em explorar pessoas que estão desesperadas. Globalmente e localmente não há nada de errado em contribuir voluntariamente para algo.

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  6. Anónimo,

    «O custo anual do papel, da impressão e da distribuição de um jornal em papel representa menos de 1% do custo total de um jornal. Na verdade é mais barato que o custo anual dos servidores/serviços técnicos para manter os mesmos conteúdos online.»

    Parece improvável. Pode mostrar os dados em que se baseou?

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  7. Sinceramente, também não percebo qual é o mal do voluntarismo.

    É um pouco como dizer que a caridade leva à vadiagem.

    Acho que o exemplo da fábrica apenas tem vagas semelhanças com o exemplo da Internet.

    O exemplo do jornalismo é um extremo porque para fazer jornalismo é necessário que uma pessoa acompanhe eventos durante longos períodos de tempo. E duvido que alguém se voluntarie para cobrir a guerra do Iraque.

    Se o Desidério estava a pensar em publicações como a Wikipedia, nesse caso ainda mais me aproximo da opinião do Ludwig. Porque entre pagar a enciclopedistas e procurar na Wikipedia de borla pela mesma qualidade na informação, opto obviamente pela Wikipedia. Claramente o preço do trabalho do enciclopedista só paga o peso de vários volumes de papel a ocupar-me a estante. Se eu quiser saber em que ano se lançou o Sputnik ou quando se inventou a pólvora, justifica-se pagar o preço da Larousse? Só se não puder usar a Internet nem ir à biblioteca mais próxima. É bom que a cultura seja mesmo posta à disposição de tudos sem custos. Mesmo que isso seja mau para os enciclopedistas - isso só prova que o seu trabalho já não é necessário. E isso não é bom?

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  8. «O custo anual do papel, da impressão e da distribuição de um jornal em papel representa menos de 1% do custo total de um jornal. Na verdade é mais barato que o custo anual dos servidores/serviços técnicos para manter os mesmos conteúdos online»

    Os custos de impressão de facto não são muito altos. Com uma tiragem de 10.000, o custo médio por exemplar exemplar é cerca de 10cêntimos. Para uma tiragem maior, o custo médio diminui bastante.

    Se um diário nacional custar uns 80 cêntimos, e levando em conta que as vendas são uma pequena parte das receitas (a fatia de leão vai para a publicidade), 1% parece-me um valor perfeitamente razoável.

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  9. Ludwing,


    «A- Quem copiar listas de números codificando uma descrição de algo gerado por esse serviço.»


    Nas telecomunicações (Internet) eu estou a receber uma descrição de tudo, meu computador é que se encarrega de descodificar as listas de números; no entanto pago esse serviço ao ISP. Nesse caso, pela tua ideia, não deveria pagar nada ao ISP, esses pulhas! O mesmo na televisão onde há uma codificação e descodificação, mesmo não sendo digital. E na rádio. Mas se embirrares com os exemplos analógicos, deixa estar: fica só pela Internet, já sobeja.

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  10. Se o Belmiro de Azevedo descobre que nesta caixa de comentários há tão bons analistas de custos daqui por umas horas o Público tem uma nova administração.

    "É bom que a cultura seja mesmo posta à disposição de tudos sem custos"

    O pessoal do teatro que pede subsídios estatais não deve estar muito de acordo. É que isto de jejuar só os cristãos é que estão habituados e mesmo assim já são poucos.

    "Mesmo que isso seja mau para os enciclopedistas - isso só prova que o seu trabalho já não é necessário. E isso não é bom?"

    Bom, se decretarmos o fim da física teórica (mais nada para investigar) parece-me que também pode ser muito bom. Fecha-se o CERN.

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  11. Ludwig,

    A tua ligação (2), Creative Commons, efectivamente depende do país de onde se está a aceder.

    Acedendo através de uma outra máquina, por intermédio de um proxy remoto, a página vem diferente, neste caso particular, como estivesses em Washington DC; é onde está a máquina em causa. Experimenta aqui, colocando a ligação (2) no campo do fim da página,

    Para saberes onde é que está a máquina basta ir aqui.

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  12. Caros,
    Creio que não se pode colocar o problema como voluntarismo. É a ilusão de mercado que está em causa. Os criadores são forçados a vender o seu trabalho à publicidade quando o poderiam vender directamente. O que o Desidério está a defender faz muito sentido: se a internet poderia ser a oportunidade de uma distribuição de riqueza mais equitativa, com efeito, não o foi e engorda tipos que vivem à pála do trabalho gratuito de outros. Há sentido nisto??? Se antes da internet ninguém achava muita piada a isto (menos os gordos) porque é que com a net as pessoas passaram a achar piada? Por causa das borlas que cria a ilusão que se está a dar alguma coisa. Quer dizer, na verdade, está mesmo a dar-se alguma coisa: o trabalho do criador que não é pago. Caramba, os negócios não nasce na terra como nascem as couves. Obedece a determinadas convenções. O que o Desidério está a considerar é que as convenções estão a ser pensadas pelos poderosos e isso não é um mundo livre, mesmo que a malta pense que é porque tem acesso à wikipédia e afins..... Se cada fulano que escreveu um artigo para a wikipédia recebesse 1€, ganhasse 0.50€ e doasse a outra metade para combater o analfabetismo no mundo, o que teríamos??? Os criadores mais compensados, os ricos talvez menos ricos e os pobres menos pobres. É claro?
    abraço a todos
    Rolando Almeida

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  13. Pedro Romano,

    «Se um diário nacional custar uns 80 cêntimos, e levando em conta que as vendas são uma pequena parte das receitas (a fatia de leão vai para a publicidade), 1% parece-me um valor perfeitamente razoável.»

    Se cada exemplar custa 80 cêntimos a imprimir e distribuir, e se isso é 1% do custo total, então cada exemplar custa €80 em trabalho. Isso quer dizer que o jornal tem que ganhar em publicidade pelo menos €80 por cada exemplar que vende. Parece-me excessivo.

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  14. Mário,

    «Nas telecomunicações (Internet) eu estou a receber uma descrição de tudo, meu computador é que se encarrega de descodificar as listas de números; no entanto pago esse serviço ao ISP.»

    Sim. Pagas o serviço de transmitir os dados até tua casa, independentemente se descrevem alguma coisa ou não. Mas nota que se eu levar um CD a tua casa e o copiares aí não pagas nada ao ISP. Só lhes pagas o serviço que eles prestam.

    O modelo do copyright é muito diferente. Em vez de pagares ao músico pelo serviço que ele presta terias que pagar pela autorização de copiar o meu CD, ou os ficheiros no meu PC.

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  15. Rolando,

    «Os criadores são forçados a vender o seu trabalho à publicidade quando o poderiam vender directamente.»

    Não. Os criadores podem vender o seu trabalho directamente desde que vendam o trabalho e não a licença de cópia daquilo que já fizeram antes.

    Se ninguém lhes quiser comprar o trabalho então os criadores podem fazer o que quiserem. Não são forçados a nada. A ideia que alguém vai passar fome porque nem sequer como estrela rock consegue emprego parece-me um absurdo.

    «Se cada fulano que escreveu um artigo para a wikipédia recebesse 1€, ganhasse 0.50€ e doasse a outra metade para combater o analfabetismo no mundo, o que teríamos???»

    Se cada criminoso deixasse a vida de crime o que teriamos? O fim do crime. Era óptimo. Mas que adianta isso?

    A questão do que bom que seria se eu recebesse 1€ de cada visitante a este blog é irrelevante. Não recebo, não me querem dar, a realidade é essa.

    A questão relevante é se há alguma obrigação à qual estão a faltar por não me darem esse 1€. Não há. Ninguém tem obrigação de me pagar por isto ou por o quer que seja que eu faça se não houver primeiro um compromisso nesse sentido.

    Isto não tem nada a ver com ilusões de borla ou Internet. Isto é a forma como gerimos todas as transacções. Combinamos um preço, trocamos o bem ou serviço por esse dinheiro. Pagamos ao canalizador de acordo com o orçamento e compramos a torradeira pelo preço que lá está. Não pagamos ao canalizador cada vez que abrimos a torneira nem temos que ir à loja pedir autorização para fazer torradas para um amigo ou familiar.

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  16. Francisco,

    «O exemplo do jornalismo é um extremo porque para fazer jornalismo é necessário que uma pessoa acompanhe eventos durante longos períodos de tempo. E duvido que alguém se voluntarie para cobrir a guerra do Iraque.»

    Isso é verdade, mas os jornalistas normalmente não são pagos pelo copyright. Até porque a notícia não é coisa que venda durante cinquenta anos após a morte do jornalista, porque a notícia em si não é protegida (se cai uma bomba qualquer um pode dizer que caiu uma bomba), e porque a lei (pelo menos a nossa) exclui os relatos de acontecimentos deste sistema de protecção.

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  17. Rolando:

    Não entendo o que é que a wikipedia tem a ver com o copyrigth. Na wikipedia, cada pessoa que escreve algo SABE que outros poderão aceder e alterar o que escreveu. Só escreve lá quem quer oferecer o seu trabalho, por isso ninguém "rouba" ninguém.

    Ser contra a forma de funcionar na wikipedia porque "os gestores estão a viver à custa dos criadores" ou porque "os criadores trabalham deviam ser melhor pagos" são ideias contrárias ao funcionamento do mercado livre - o que não tem mal nenhum por si, mas é curioso da parte de alguém que aparece a criticar a esquerda.

    Na verdade, creio que os gestores (e advogados, etc) da wikipedia merecem ser pagos porque prestam um serviço a todo o mundo. Um serviço valioso. E não obrigam ninguém a pagar-lhes: apenas quem se sente agradecido pelo seu trabalho, e quer que continuem.

    Quanto aos criadores de conteúdos da wikipedia, era óptimo que fossem pagos - eu já teria recebido algum - mas com que dinheiro? Se a wikipedia mal tem dinheiro para mater os servidores a funcionar, como raio pagaria aos criadores?
    E vamos pôr a questão do analfabetismo de lado. Se eu quiser combater o analfabetismo faz mais sentido dar X para essa causa do que dar X à wikipedia e pagar metade disso para criadores de conteúdos bem alimentados que estariam a escrever o mesmo gratuitamente pelo prazer de espalhar o conhecimento.

    Claro que uma maneira seria cobrar por aceder à wikipedia. Mas isso destruiria o coração do projecto, que é precisamente o de o conhecimento estar acessível a todos, em todo o mundo. É o de ensinar gratuitamente. Quem mais precisa de conhecimento, muitas vezes é quem menos pode pagar.

    Se tantos criadores de conteúdos, em todo o mundo, pelo prazer de ensinar e de espalhar o conehcimento, utilizam uma plataforma para criar uma enciclopédia gratuita, fiável, muito completa, muito actual, não vejo porque raio é que este trabalho em equipa deverá ser desacreditado.
    A mim parece-me dos projectos mais bonitos da internet.

    O Desídério critica-o por ser "um negócio normal", e o Rolando, enquanto critica "a esquerda", subscreve as críticas do Desidério. Mas ainda não consegui entender nenhuma crítica a este projecto que fizesse sentido.

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  18. «Se cada exemplar custa 80 cêntimos a imprimir e distribuir, e se isso é 1% do custo total, então cada exemplar custa €80 em trabalho. Isso quer dizer que o jornal tem que ganhar em publicidade pelo menos €80 por cada exemplar que vende»

    Ludwig, os 80 cêntimos não são custos de produção por edição. São o preço de venda ao público (pvp)de cada exemplar.

    O raciocínio é este. Se um jornal custar 80 cêntimos (pvp), e levando em conta que as vendas são apenas 1/5 das receitas (o resto é a tal publicidade), então as receitas são cerca de 4 euros por edição.

    Depois, é fazer as contas. 10 cêntimos é 2,5% de 4 euros. Mas, para uma tiragem de 100.000, o custo médio de impressão deve ser bastante inferior a 10 cêntimos, e daí o valor de 1% não me parecer exagerado.

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  19. Wig, há tretas que me incomodam e é aqui que também eu desabafo.

    O Dério anda a dizer no blogue dele que o "Linux é uma treta e não é rápido" e esta ficou-me atravessada. Tenho o hábito de usar os meus computadores até caírem para o lado com a língua de fora - julgo que isso faz parte daquilo a que chamo consciência ecológica. Por isso pergunto-lhe como seria capaz de correr o Vista ou o Leopard num laptop com 128MB de RAM, AMD a 400 Mhz e FSB de 100Mhz...

    Enquanto não me responderem vou continuar a ser um orgulhoso utilizador de um portátil Linux, "ripado", é certo, mas mais rápido do que eu, interface gráfica ajanelada, wireless wpa2, vários compiladores, audio e video para a maioria dos formatos, texto, folha de cálculo, encriptação tinoni, etc, etc. Foi comprado com Win98 e "crashava" de hora a hora. Quase nove anos depois e algum tweaking está rijo como uma cabra. Linux é uma treta? Não é rápido? Ó-lá-lá...
    E digo mais: como o disco duro fazia um certo ruído (tipo corta-relva) dei-lhe a extrema unção e pus-lhe um adaptador IDE-para-CompactFlash e agora é mais silencioso que um Mac Book Air com SSD de 2878 baunilhas. Só raramente uso outra máquina, mesmo em última instância.

    Para acabar o desabafo. Algumas distribuições Linux são já entregues com hardware novo:
    - Asus EEE (Xandros, um sucesso/brinquedo global fulminante);
    - Laptops DELL nos EUA (Ubuntu);
    - Alguns fabricantes "marca branca" em Portugal despacham com Linux;
    Tudo leva a crer que os primeiros passos estão a ser dados no sentido de oferecer uma "garantia" e confiança aos compradores de novo equipamento sem Windows. É certo que a malta prefere pagar para ficar descansada, só espero é que isso não venha a ser uma prescrição filosófica porque, pela minha experiência, nem tudo o que é proprietário é bom e nem tudo o que é livre é mau.
    Ditto.

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  20. Caros Jo e Ludwig,
    Eu não critico as ideias de esquerda por serem de esquerda, mas porque me parecem ideias erradas. Também não vejo mal agum que os gestores da wikipedia enriqueçam com o seu trabalho. O que creio estar errado num sistema de borlas é que esse sistema acaba a ser mais injusto do que um sistema em que pagaríamos o produto sempre que o usamos. O Ludwig defende que o criador deveria ser pago pelo seu trabalho e não pela cópia do seu trabalho. Mas Ludwig, o problema é mesmo esse: é o que acontece com as borlas: não ganham os criadores, é certo, uma vez que o seu trabalho, ou cópia, circula gratuitamente, mas há gente que ganha dinheiro, rios de dinheiro com isso. E tal não é justo. Eu não gostaria de ver os barões a enriquecerem com o meu disco ou o meu livro, ao passo que eu tinha recebido nenhures. Claro que o Ludwig pode objectar argumentando que se o meu disco ou livro circular muito, vou ter mais barões a quererem contratar-me. Mas Ludwig, porque razão não aceitam essa situação os criadores que mais dinheiro dão a ganhar? O Cristiano Ronaldo aceitaria uma coisa dessas?
    Não posso ser hipócrita: uso software à borlix. O que defendo é que não é o sistema mais justo.
    Abraço e thanks
    Rolando A

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  21. Rolando Almeida:

    Eu nem sequer discuto o copyrigth, mas o que é que a wikipedia tem a ver com isso.

    Os criadores põe lá os conteúdos de borla, e mesmo assim aquilo funciona. O que eu não entendo é: onde é que está o mal?

    Notem que eu não estou a falar de música, cinema, livros. Estou a falar da wikipedia, em que cada autor tinha como alternativa não ganhar nada. Assim não ganha nada à mesma, mas ajuda outros a aprenderem. Para quem quer isto mesmo, qual é o mal de colaborar?

    A lógica de "mas deviam cobrar pelo vosso trabalho, e metade do dinheiro podia ser usado para combater o analfabetismo" não tem nada a ver com nada. Ninguém me pagaria para escrever artigos de enciclopédia quando me desse na real gana; que tanto podiam ser correctos como uma grande treta.
    Não faria sentido exigir dinheiro por isto, pois ninguém mo pagaria.

    O que me desgosta nisto é que quando alguém dá algo, há sempre quem critique. Não sei se é por culpa, não sei se é pela crítica, ou não entendo as razões.

    Na wikipedia há quem dê o seu contributo com conteúdos e informação; com correcções a conteúdos alheios; ou com apoio financeiro para manter a plataforma. Há quem faça as três coisas. O quem não entendo é que se critique cada um destes gestos, com que fundamento.
    Desde chamar "papalvos" aos que financiam a wikipedia, a criticar os contribuidores por não cobrarem, como se em alternativa pudessem diminuir o analfabetismo, estes últimos dias foram uma surpresa para mim.

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  22. «Sim. Pagas o serviço de transmitir os dados até tua casa, independentemente se descrevem alguma coisa ou não.»

    Exacto, o pagar, eventualmente, por coisas que não descrevam nada, não ofusca o facto de pagar efectivamente por coisas que
    descrevem algo de concreto. E a transmissão do que descreve deverá ser a maioria do volume de transmissão... Os erros devem ser negligenciáveis, mas mesmo que não o fossem, seria irrelevante.

    «Mas nota que se eu levar um CD a tua casa e o copiares aí não pagas nada ao ISP.»

    Sim. E se eu levar sopa de espinafres a tua casa e tu comeres, também não pagas nada ao ISP. Isso é completamente irrelevante.
    O que interessa é que o ISP faz, na sua essência, copias de descrições de um lado para o outro, e isso é pago (esse serviço). E aqui
    tens um grave problema em toda a tua teoria, não sei se te apercebeste.

    «Só lhes pagas o serviço que eles prestam.» ..... De fazer copias vezes sem conta das descrições de um disco rígido algures, para o teu Explorador de Internet/disco rígido, exactamente da mesma forma como fazem as discográficas com rodelas de plástico, em vez de usarem a transmissão electrónica (o que algumas já fazem hoje em dia em simultâneo). Ao ISP tu pagas sem argumentar nada contra, as discográficas deverias fazer exactamente o mesmo.


    «Em vez de pagares ao músico pelo serviço que ele presta terias que pagar pela autorização de copiar o meu CD, ou os ficheiros no meu PC.»

    No ISP, não pagas; simplesmente não tens as cópias, a "torneira" fecha-se... Não sei se estas a ver a situação embaraçosa. Da mesma forma que vais a uma loja e não pagas, não tens CD's (as cópias das descrições).

    O ISP vive de copiar descrições de um lado para o outro, mais nada. E faz isto descaradamente, e levam dinheiro, esses patifes! E parece que os que vendem CDS (não contando
    com o plástico) fazem o mesmo! Mas os ISP's até à data ainda não mereceram a tua reprovação.

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  23. Continuando...

    Como os ISP's não mereceram a tua reprovação - pagas a cópia da descrição sem teres a hipótese de não pagar, e obteres por essa via a descrição - a tua opinião para a discográfica não deveria ser diferente; mas é.

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  24. Queres entrar pela metafísica da Internet? ;-)

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  25. Bruce Lóse,

    Discordo de ti sobre o Linux (e eu até uso o Pinguim).

    Primeiro: pelo que percebi, tu "despiste" (ripadando) o Linux, o mesmo se pode fazer com o XP, e até está acessível na net esses pacotes feitos por nerds, já vi o XP (despido) num Pentium 333 MHz com 128 de RAM, logo esse tuning também existe no XP.

    Segundo: estas manobras de "descasque" do sistema operativo, bem como para leres a maioria de formatos de áudio e vídeo, tiveste que te mexer. A esmagadora maioria não está para fazer isto, e dentro dessa maioria, a maior parte não o sabe fazer. E a curva de aprendizagem do Linux é mais íngreme.
    Para instalares um periférico mais exótico terás que travar uma luta atá à morte, nesse lote estão os scanners webcams, modems usb,
    etc... Um martírio. Se instalares uma distro (Distribuição Linux) recente, equivalente na versão ao Vista, não verás grande diferença no desempenho, algumas distros que eu tenho visto até são mais pesadas, e os drivers continuam a ser uma lástima. Já não falar que há infinitamente mais software para Windows do que para Linux, e o que há para Linux, a nível de funcionalidade para o utilizador comum, nessa óptica é inferior.

    Ou seja, o Linux equivalente, a uma versão do Windows, não é mais rápido. E não está adequada para o cidadão comum. É óbvio porquê.
    Para o utilizador comum, o Linux é uma dor de cabeça que ele não quer ter. Repara que eu digo isto e sou um utilizador de Linux.

    Na óptica da maioria dos utilizadores domésticos, o Linux é uma banhada, e nisto O Desidério tem toda a razão. E isso é absolutamente comprovado com a penetração do Linux nesse segmento,
    que é o que se sabe; uma miséria.

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  26. Caro antónio parente,

    Encerrar a Física Teórica? Fecha-se o CERN?

    Bem, a Física não se encerra como uma mercearia e no CERN faz-se sobretudo Física Experimental.

    A questão não é acabar com uma actividade. A questão é deixar de pagar por uma actividade que continua da mesma forma.

    Quando ao pessoal do teatro, concordo que não goste de ouvir. Se os portugueses não vão ao teatro seja de que maneira for, faz sentido continuar a pedir ao Estado que dê apoio aos criadores de teatro? A que preço? É uma pergunta interessante. Nesse caso, acho pouco provável que os actores se dediquem ao teatro sem remuneração. Mas o caso da Wikipedia é diferente.

    Qual é o mal de deixar de haver enciclopedistas bem pagos se alguém faz o mesmo trabalho sem custos? Esse problema é diferente do do teatro.

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  27. Ludwig,

    «Isso é verdade, mas os jornalistas normalmente não são pagos pelo copyright.»

    Certo, mas eu dizia isso assumindo uma comparação implícita com a Wikipedia. Porque do facto de a Wikipedia existir não segue que as consequências negativas para o enciclopedismo clássico se traduzam numa perda para a sociedade.

    Nesse caso o Destak, o Metro e afins seriam perniciosos para o formato jornalístico tradicional.

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  28. Francisco,

    «Nesse caso o Destak, o Metro e afins seriam perniciosos para o formato jornalístico tradicional.»

    Quem vende jornais diz que sim. O que não é de admirar e tem algumas semelhanças com esta discussão ;)

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  29. Mário,

    «Como os ISP's não mereceram a tua reprovação - pagas a cópia da descrição sem teres a hipótese de não pagar, e obteres por essa via a descrição - a tua opinião para a discográfica não deveria ser diferente; mas é.»

    A minha opinião é igual. Um ISP tem o direito de me pedir dinheiro para transportar os bits até minha casa. A discográfica tem o direito de me pedir dinheiro por gravar CDs, empacotá-los e levá-los até à loja.

    O ISP não tem o direito de me pedir dinheiro (ou proibir) se eu ligar os meus PCs em rede lá em casa. A discográfica não tem o direito de me pedir dinheiro (ou proibir) se eu copiar um CD lá em casa.

    Não é metafísico...

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  30. Anónimo,

    «O raciocínio é este. Se um jornal custar 80 cêntimos (pvp), e levando em conta que as vendas são apenas 1/5 das receitas (o resto é a tal publicidade), então as receitas são cerca de 4 euros por edição.

    Depois, é fazer as contas. 10 cêntimos é 2,5% de 4 euros. Mas, para uma tiragem de 100.000, o custo médio de impressão deve ser bastante inferior a 10 cêntimos, e daí o valor de 1% não me parecer exagerado.»


    Os 4 euros por exemplar parece-me exagerados. O mercado publicitário da imprensa nacional é de cerca de 200 milhões de euros por ano. Os 5 principais jornais diários portugueses têm uma tiragem total de mais de 300 mil exemplares. A 4€ cada dava 450 milhões por ano...

    Mas concordo que o preço do papel deve ser uma fracção pequena, senão não havia jornais à borla.

    O que discordo é que o custo da impressão e papel seja inferior ao custo de pôr o jornal na internet. A linha de base, de custo mínimo, era distribuir em redes p2p os pdfs que mandavam para a gráfica. Isto teria custo praticamente nulo, exigindo uns minutos e um PC para fazer o seeding inicial.

    Mesmo um servidor próprio seria muito mais barato que a cópia em papel. Por exemplo:

    http://www.dreamhost.com/

    500Gb de disco e 5 Tb de largura de banda por mês por $6/mês. Se cada jornal for um pdf com 50mb distribuir 100,000 custa menos de cinco euros. Compare com os cerca de 10,000 euros de imprimir 100,000 jornais.

    Admito que os jornais gastem muito com os sites na net, mas isso não é porque querem disponibilizar o conteudo. É porque querem pôr publicidade, convencer o pessoal a comprar, mostrar partes das notícias para se comprar o resto, etc... Isso dá mais trabalho. Mas se fosse uma página com os pdfs era praticamente de borla.

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  31. Mário Miguel,

    Discutir se usar Linux é mais fácil ou mais difícil que usar Windows é treta: nem é uma coisa nem é outra. São SOs diferentes com paradigmas diferentes. Quem está habituado a A e passa para B sentirá sempre algum atrito, independentemente de A ser Linux ou Windows. É perfeitamente possível instalar e deixar uma distro suficientemente acessível para qualquer pessoa, mas é claro que há sempre aqueles para quem acessível significa "que funcione como o Windows". E isto é treta.

    Mais treta é a performence: o kernel Linux é mais leve que o kernel Windows. Ponto final. Mas façamos comparações reais: rodar o Compiz Fusion é muito mais vistoso que rodar o Vista Aero e come menos 400mb de RAM! Mais: o meu portátil não aguenta o Windows Vista a não ser com todas as "luzinhas apagadas", mas desliza muito bem o openSuse 11 com KDE 4.0 a exibir-se com todos os penduricalhos possíveis.

    Também treta é dizer que há mais software para Windows que para Linux: basta uma visita a um único repositório de uma distribuição popular para se perceber que existem centenas de aplicativos exclusivos para Linux. O que poderá não haver é modo de correr algum software popular - mas popular não é nem nunca foi sinónimo de "mais fácil" e/ou "melhor".

    Discutir porque é que muitos periféricos exigem esforços de gigante para funcionar em Linux já não é treta, até porque implica chafurdar nas politicas comerciais microsofteanas. Não é por má programação que "as coisas não funcionam em Linux": é, pura e simplesmente, por razões comerciais. E essa batalha, enfim, Linux nunca poderá ganhar.

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  32. Sou director de sistemas de informação de um portal nacional.

    Se se pretende uma plataforma sólida para tudo o que o público tem online, por exemplo, os custos não têm nada a ver com os 6€/mês.

    Como é normal, em Portugal existe uma ignorância tremenda no que diz respeito a sistemas de informação e mesmo quem faz escola em publicação de blogs que falam de ciência mostra que nesse campo temos muito caminho a percorrer.

    Não sei quanto o Público paga ao seu ISP/Datacenter mas nós pagamos cerca de 13 mil euros por mês e a isto há que acrescentar as licenças anuais da Microsoft para os nossos 21 servidores. Os custos crescem exponencialmente com o numero de serviços e audiência (número de users conectados simultaneamente).

    Colocar um pdf em p2p?! Essa é uma proposta válida para um site de um jornal?! Subscrever um serviço de hosting de 6€/mês?! Maezinha parece um criacionista a falar de ciência!

    O custo mensal de impressão de um jornal diário nacional é MUITO inferior ao custo mensal de manter um site com os mesmo conteúdos mas com os serviços que por exemplo o publico forneçe online.

    Exemplo extremo: Alguém faz idéia de quanto custa ter online a amazon por exemplo? Mais por dia que alguma vez a maior parte dos ocidentais ganha numa vida. E isto sem contar com licenças ou hardware. Porque raio eles não subscrevem um serviço de hosting de 6€/mês... devem ser muito pouco inteligentes coitados...

    Como sei quanto custa o hosting da amazon?? Bom a amazon está cotada e as contas são públicas. É só procurar o rel de cotas do ano passado.

    Cumpts

    (Mantenham-se - os autores do blog - a falar de ciência porque de TI... santa ignorância que espelha o Portugal neste campo...)

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  33. Ludwig,

    «Um ISP tem o direito de me pedir dinheiro para transportar os bits até minha casa.»

    Quer queiras quer não, estás a pagar por descrições ao ISP. Se não concordas que se pague pelas descrições, caso contrário ficas privado delas, e é isso que os ISP's fazem; não pagas não tens, deves então ser contra este facto.

    Os ISP's vivem de copiar coisas de um lado para o outro, é esse o seu negócio. Um pirata na feira da ladra que copiou um CD e vende-o a quem passa, é como um ISP (muito menos eficiente, limitado, e caro).

    Afirmaste que eras contra a venda de pirataria, então terás que ser contra os ISP's, quando fornecem essas descrições.
    Quando apareceu a Tele2 a fornecer Internet de banda larga, um dos anúncios tinha como comparação a descarga de mp3, era qualquer coisa como: «com este preço faça download de x mp3», em alusão ao limite de tráfego generoso que eles tinham na altura. Mais óbvio e explicito não pode haver. Até eles o referiam como um atributo a ter em conta.

    Vou pegar na tua frase novamente...

    Se «um ISP tem o direito de me pedir dinheiro para transportar os bits até minha casa», um mp3 por exemplo; uma pessoa (pirata) tem o direito de me pedir dinheiro para transportar os bits até minha casa, o mesmo mp3 referido inicialmente; através de uma pen drive, CD, etc...

    Tu dizes estar de acordo com a primeira e em desacordo com a segunda, mas as coisas são idênticas. Até as frases são praticamente idênticas.

    «O ISP não tem o direito de me pedir dinheiro (ou proibir) se eu ligar os meus PCs em rede lá em casa.»

    Concordo. Podes ligar os PC's que quiseres em tua casa; ligar PC's, torradeiras, máquinas de lavar, batedeiras, tudo em rede até fazer faísca... Isso é completamente irrelevante para o caso. Pois quem disponibiliza a informação na Net, concordando com que ela seja livremente divulgada. Logo, ser na Net ou na tua rede privada, tanto dá.

    «A discográfica não tem o direito de me pedir dinheiro (ou proibir) se eu copiar um CD lá em casa.»

    Quando se compra e se sabe as regras, concorda-se. Se não se concorda, não se compra. A música não é insulina. O pior que te pode acontecer por não poderes aceder à musica é uma birrinha.
    Há acordos que da mesma forma entram pela tua casa a dentro, limitando a tua acção sobre a coisa adquirida; se compras uma obra da arte, estando ela na tua casa, não a podes alterar.

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  34. Anónimo,

    «Se se pretende uma plataforma sólida para tudo o que o público tem online, por exemplo, os custos não têm nada a ver com os 6€/mês.»

    Certo. Mas se se pretende simplesmente disponibilizar o jornal electronicamente basta pôr os pdfs num servidor. Quem quiser serve-se e lê em casa.

    Esses custos não têm nada a ver com os custos de distribuição da informação. São custos do negócio. O design para atrair visitantes, os serviços cobrados aos subscritores e toda a parafernália associada.

    Mas se o objectivo é simplesmente tornar a informação disponível o custo é irrisório.

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  35. Mário,

    «Quer queiras quer não, estás a pagar por descrições ao ISP.»

    Não. Estou a pagar pela largura de banda.

    Tu não pagas à companhia dos telefones por conversas. Tu pagas um canal de comunicação que depois usas para conversas, mas ninguém cobra a conversa. Tanto que se conversares por outra via não lhes pagas nada.

    «Afirmaste que eras contra a venda de pirataria, então terás que ser contra os ISP's, quando fornecem essas descrições.»

    Quase. Eu sou contra a regulação da cópia para fins pessoais. A regulação da cópia para fins comerciais é, em principio, aceitável. Pode ser uma solução razoável cobrar uma taxa aos ISPs (que será paga por nós, eventualmente) que depois reverte para os autores. Mas isso é uma questão ao nível da licença para ser taxista ou para abrir um bar na praia. Não é particularmente interessante, por isso não tenho opinião formada acerca disso.

    «Quando se compra e se sabe as regras, concorda-se. Se não se concorda, não se compra.»

    No problemo. O meu irmão compra o CD e ele sabe que não o pode copiar. Eu não compro o CD porque não quero respeitar essa regra. O meu irmão empresta-me o CD (isso ele pode) e eu copio. :)

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  36. Leandro Ribeiro,

    «Discutir se usar Linux é mais fácil ou mais difícil que usar Windows é treta:»

    Primeiro que tudo, repito: sou utilizador de ambos. É mais do que óbvio que o Windows esforça-se e consegue que a sua utilização seja mais fácil do que a do Linux. Se eu não fosse utilizador de Linux, ainda poderias argumentar que seria devido a esse facto. Lembra-te que a utilização do SO implica tudo: instalar uma webcam, um scanner, gravar um cd, instalar um programa, fazer um backup, ler um formato de áudio e vídeo pouco usual etc...

    «Mais treta é a performence:»

    O que eu disse foi: «Se instalares uma distro (Distribuição Linux) recente, """equivalente""" à versão do Vista, não verás grande diferença no desempenho» e é isso mesmo que eu vejo, nenhuma diferença significativa a abrir um documento "doc", ou a navegar na net, etc...

    «Também treta é dizer que há mais software para Windows que para Linux:»

    Com alguma paciência para quem tiver dúvidas, procure uma dada aplicação para fazer algo específico, e verá a discrepância das ocorrências. E disto eu não tenho a culpa.

    Os factos não se alteram por eu querer que sejam de outra forma, eu até preferia que o Linux "pontapeasse" o Windows. Mas afirmar coisas que não o são só porque gosto mais do Linux, não é muito sensato.

    Para ter uma máquina em Linux com as mesmas características em termos de instalação, demoro mais do dobro do tempo numa instalação de raiz.

    Conheço mais do que uma pessoa que se iniciou na informática em Linux, e posteriormente ingressou no Windows, todas concordam num ponto: para o utilizador normal o Windows é mais fácil. Isto, por enquanto, parece-me não ser discutível.

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  37. Mário Miguel,

    Concordo com alguns pontos, discordo de outros, mas arrependi-me de ter dado corda ao assunto: não está lá muito relacionado com o post do Ludwig, pois não? :)

    Mas existem sempre emails e cartas escritas à mão.

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  38. Leandro Ribeiro,

    Presumo que o Ludwig não se importa (endereço-lhe aqui a pergunta), e ficando aqui publicado terá a utilidade de esclarecer outras pessoas. De forma indirecta a coisa está relacionada.

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  39. Não me importo nada. Discussões Windows vs Linux são de rigeur em qualquer forum na net :)

    Já agora lanço uma acha na fogueira, apesar de não usar linux (tenho sempre desenvolvido software para o windows, porque era para pessoal que usava windows).

    Eu acho que o Linux é um piano e o Windows um realejo. Para quem não sabe tocar, o último basta dar à manivela. Mas para quem sabe o que faz o primeiro é melhor.

    Pelo menos era assim há uns anos. Acho que a diferença está cada vez menor.

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  40. Ludwig

    «Não. Estou a pagar pela largura de banda.»

    Ninguém pagaria ao ISP só por ter largura de banda «sem mais nada».

    O pirata da feira da ladra pode dizer que está a transportar
    o CD, e que a sua largura de banda é o tamanho da sua mochila multiplicada pala frequência que ele vai à feira.
    Porque é que o pirata da feira da ladra não pode fazer recorrendo a outra estratégia (fisicamente) o que o ISP faz. Imagina que o Pirata, mediante um dado código (equivalente a um clic especifico numa dada página), interpretava como sendo o pedido para "descarregar" o álbum X do U2, esse código seria trivialmente: quero o álbum X dos U2, que equivale clicar numa página e mandar vir. É a mesma coisa, feita de forma infinitamente menos eficiente.


    «No problemo. O meu irmão compra o CD e ele sabe que não o pode copiar. Eu não compro o CD porque não quero respeitar essa regra. O meu irmão empresta-me o CD (isso ele pode) e eu copio. :)»

    No problemo. O meu irmão compra uma casa e ele sabe que não pode fazer o mínimo barulho após as 6 da tarde (cláusula do contrato). Eu não compro a casa porque não quero respeitar essa regra. O meu irmão empresta-me a casa (isso ele pode) e eu faço barulho após as 6 da tarde. :)


    Mesmo sem contracto, moralmente terei que respeitar as regras quando uso a coisa, da mesma forma como tivesse comprado, parece-me, o teu argumento é um expediente para aldrabar.

    Não sei como é que a lei funciona no caso do CD se for emprestado, parece-me que não ficarias impune ao copiares um cd emprestado, no caso da casa a PSP puxava-te as orelhas, mesmo não sendo o dono.

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  41. Ludwig,

    Relativamente ao Linux vs Windows, o que tu dizes é o que ocorre, estando relacionado com a forma como os sistemas foram criados de raiz, encaixando perfeitamente em tudo o que eu disse. Por isso mesmo, quando se navega na Net, a quantidade de máquinas em Linux a suportar os conteúdos são muito superiores em percentagem comparado com o uso domestico.

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  42. Mário,

    O ISP fornece um meio de comunicação entre pessoas. Esse serviço é pago. Eu pago o mesmo por mês independentemente de para o que o uso.

    A Galp fornece gasolina ao feirante para ele poder ir vender coisas à feira, e ao comprador para as poder ir lá comprar. Se queres fazer uma analogia com a feira, o ISP é a Galp. Dá os meios para que os intervenientes comuniquem.

    O feirante copia CDs e vende-os na feira, facilitado pela Galp. Quem partilha ficheiros troca-os com outros pares facilitados pelos ISP.

    Eu proponho que o negócio da Galp e do ISP é legítimo. Eles dão os meios para as pessoas interagir, e o que as pessoas fazem não é com eles. Nem a Galp deve ter a responsabilidade de olhar para os carros de quem mete gasolina a ver se há CDs piratas lá dentro, nem o ISP deve ter a responsabilidade de examinar os pacotes que passam pela rede.

    Se quiseres uma analogia melhor, o pirata copia CDs e vende-os pelo correio, recebendo as encomendas por carta. Os CTT são o equivalente ao ISP.

    Onde a analogia com o p2p falha é que no p2p há o negócio no fornecimento dos meios de comunicação mas não na cópia em si. A venda de cópias de CDs é diferente neste aspecto.

    Dito isto, não ponho de parte uma taxa à Galp, aos CTT ou aos ISP para recompensar os autores pelos lucros que estes negócios têm devido à pirataria. Desde que isso se justifique economicamente, não vejo nada de imoral ou condenável. Não está ao nível de proibir as pessoas de trocar bits ou de violar a sua privacidade.

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  43. Até concordo: indirectamente são assuntos relacionados :)

    «É mais do que óbvio que o Windows esforça-se e consegue que a sua utilização seja mais fácil do que a do Linux.»

    Quando se fala de facilidade de utilização fala-se de várias coisas: instalação do SO, utilização regular, instalação de software adicional e de hardware.
    Todas estes pontos dependem da distribuição.

    Ubuntu é mais fácil e rápido de instalar que XP na mesma máquina e com as mesmas configurações. Outras distribuições há (como o Slackware ou Gentoo) que obrigam a "saber Linux" e a configurar tudo à unha - e isso já não é pêra doce, embora tenha muito potencial.

    Depois segue-se a utilização básica. Navegar na net, criar documentos, ouvir música, etc. Uma máquina com Linux pode ser deixada de modo a tudo isto ser igualmente fácil.

    A instalação de software em Linux pode ser mais fácil ou mais difícil que em Windows, dependendo se o programa desejado existe nos repositórios (mais fácil) ou se temos de o compilar (mais difícil).

    A instalar hardware é que Linux se torce todo. Mas, insisto, não por sua própria culpa.

    «O que eu disse foi: «Se instalares uma distro (Distribuição Linux) recente, """equivalente""" à versão do Vista, não verás grande diferença no desempenho»

    O que significa isso do "equivalente"? O exemplo que eu dei é de dois SOs equivalentes: openSuse 11 e Windows Vista. No meu portátil o primeiro corre com tudo ligado e o segundo só corre com tudo desligado. Mas quando correm, correm a velocidades semelhantes para as funções que referiste, claro. Mas não te esqueças de considerar o factor "registry key", que faz o XP ir abrandando com o tempo.

    «Com alguma paciência para quem tiver dúvidas, procure uma dada aplicação para fazer algo específico, e verá a discrepância das ocorrências.»

    Há realmente muitas aplicações que não existem para Linux, mas o oposto também é verdade - e por isso é que é uma questão irrelevante. A questão relevante é há necessidades sem resposta em Linux? De cabeça ocorrem-me poucas. Uma aplicação para trabalhar em Flash é um exemplo importante. O Gnash ainda não é uma alternativa madura. Também não há nada tão fácil como o DVD Shrink para Linux, embora a mesma tarefa se consiga com recurso a outras ferramentas mais complicadas. Não estou a lembrar-me de mais nada.

    «Isto, por enquanto, parece-me não ser discutível.»

    A coisa está a mudar vertiginosamente e parece-me que já é discutível. Imagina alguém que só usa o computador para funções comuns e que não tem de ser administrador do sistema: precisa de Windows? Tem a vida facilitada se o usar?

    E admitamos: também já não é preciso ser-se "geek informático", saber configurar a memória RAM ou atribuir o comando sei-lá-o-quê à pen drive para administrar um computador com uma distribuição popular, como Ubuntu, PCLinuxOS ou OpenSuse. Até já tens distribuições que vêm por defeito com capacidade para correr tudo o que é multimédia, incluindo DVDs. Que mais queres tu? :)

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  44. É pá, Tretas, és mesmo um pilantreca de troca tintas!

    O teu irmão comprou um CD duma merda qualquer, e pagou-o. Ao comprá-lo, pagou ao transportador (o editor do CD) e aos artistas. Segundo o contrato, comprou-o para ouvir (podendo copiar para uso pessoal, para preservar o original, ou para emprestá-lo ou para doá-lo para o mesmo fim). Tu pedes-lhe emprestado, para ouvir: Se para além de o ouvires o gravas estás a violar o contrato (implícito) que celebraste com o teu irmão, ou a confiança que ele depositou em ti, para além do contrato que o teu irmão celebrou ao comprar o CD. Como não foste tu a celebrar qualquer contrato, achas-te no direito de violar o contrato que o teu irmão celebrou. No fundo, comportas-te como um vulgar trapaceiro, que é o que são os apologistas e praticantes da cópia pirata, valendo-se da impunidade de não ser apanhado.

    Entretanto, alguém violou um contrato e colocou uma cópia duma merda qualquer na Internet. Tu descarregas essa merda qualquer através da Internet e pagas ao ISP (o transportador). Neste caso, pagas ao transportador e acabas a não pagar aos artistas.

    Afinal, tu achas bem pagar aos transportadores (editores e ISPs); só não achas bem pagar aos artistas, os gajos que criaram e interpretaram o que constitui o serviço que tu vais usufruir.

    Esta tua mentalidade é a do burocrata funcionário que nunca criou nem criará nada na vida. Para quem dizia estar contra os lucros astronómicos dos editores e contra os parcos rendimentos que os artistas receberiam pela cedência dos direitos de cópia, não está mau, não senhor. Não admira que os artistas ainda vão preferindo celebrar contratos de cedência dos direitos de cópia; entre o pouco que lhes é pago pelas editoras e o nada que os borlistas piratas lhes entendem pagar, eles preferem o pouco.

    E em relação às carrinhas dos feirantes. Não sabes que as carrinhas usadas no transporte são confiscadas? Por isso, os ISP têm alguma responsabilidade sobre o que transportam e, no caso de servidores de p2p, preferem não arriscar, porque sabem o que eles fornecem e sabem que podem acabar por ser responsabilizados por veicularem produtos ilegais. Mas o teu exemplo da GALP é uma maravilha! Por analogia, um dia destes alguém ainda acaba responsabilizando a EDP pelo uso que a gente dá à electricidade!

    É pá, Tretas, não ensines estes subterfúgios aos teus alunos de pensamento crítico. Corres o risco de seres despedido, por ensinares a trapacear e a pensar por sofismas, e de seres preso, por incentivares ao crime dos direitos de cópia.

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  45. João Vasco,
    admirável coragem de defender de forma decidida e sem papas na língua a própria opinião, desde que ... anónimo, pelo sim pelo não, não vá o diabo tecê-las, nunca se sabe quem é que está a ler isto e se um dia não pode vir a dar jeito, e tal... ;-)

    Cristy

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  46. Anónimo,

    «O teu irmão comprou um CD duma merda qualquer, e pagou-o. Ao comprá-lo, pagou ao transportador (o editor do CD) e aos artistas. Segundo o contrato, comprou-o para ouvir (podendo copiar para uso pessoal, para preservar o original, ou para emprestá-lo ou para doá-lo para o mesmo fim). Tu pedes-lhe emprestado, para ouvir: Se para além de o ouvires o gravas estás a violar o contrato (implícito) que celebraste com o teu irmão, ou a confiança que ele depositou em ti, para além do contrato que o teu irmão celebrou ao comprar o CD.»

    Se o contrato que o meu irmão celebrou permite-lhe emprestar-me o CD, ele não está a quebrar contrato nenhum. Além disso, o meu irmão não tem obrigação de celebrar contratos comigo nem pode ser responsável pelo que eu faço com o CD.

    A ideia que a discográfica, por vender um CD ao meu irmão, tem o direito de me proibir de o copiar é que é uma bela treta.

    «Esta tua mentalidade é a do burocrata funcionário que nunca criou nem criará nada na vida.»

    Discordo. Já publiquei vários trabalhos originais, já criei muitos textos para este blog e até já ganhei um prémio pelos algoritmos que desenvolvi.

    Mas confesso-me culpado de disponibilizar gratuitamente o que crio. Só espero que isso não passe a ser crime.

    «E em relação às carrinhas dos feirantes. Não sabes que as carrinhas usadas no transporte são confiscadas?»

    Eu falei na Galp, não nas carrinhas. Se o pirata vender pelo correio vão confiscar os CTT?

    «É pá, Tretas, não ensines estes subterfúgios aos teus alunos de pensamento crítico. Corres o risco de seres despedido, por ensinares a trapacear e a pensar por sofismas, e de seres preso, por incentivares ao crime dos direitos de cópia.»

    Não... vou ensiná-los a ser objectivos, racionais, e apresentar sempre argumentos fundamentados e bem estruturados. Assim como os teus :)

    Quanto ao crime dos direitos de cópia, nunca o icentivei. Tenho sempre protestado contra isso. Nisso estamos de acordo. É de facto um crime que alguém tenha o direito exclusivo de copiar informação.

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  47. Pois, eu também suspeito que na vida real ele até seja um tipo porreiro, pacato, que não diz mal de ninguém. Mas de vez em quando sente a necessidade de disparatar, e aí os comentário anónimos dão jeito.

    É que se ele for mesmo assim deve ter uma vida tramada...

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  48. Depois deste pequeno fait-divers chego à conclusão ( também por experiência própria) que mais importante que o pensamento crítico é a capacidade de aguentar uma provocação e não perder a serenidadde. Não sei se isso também se ensina mas que faz muita falta ... faz... !

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  49. É pá, Tretas, estás brabo! Não fiques brabo com o que eu te digo; fica antes brabo com o que tu dizes. Evitando dizer tanta treta, fazias melhor figura.

    Que se saiba, quando envias uma cópia pirata pelos CTT não escreves na embalagem o que ela contém; mas quando copias da internet, está lá escarrapachado o que contém. Por desconhecimento, os CTT não podem ser penalizados; por conhecimento, os fornecedores de serviços p2p e os ISP que permitem o tráfego deles oriundo, poderiam ser penalizados.

    O contrato de compra que o teu irmão celebrou permite-lhe emprestar-te (ou doar-te) o CD para o mesmo fim: ouvi-lo. Se tu lho pedes para ouvi-lo e o ouves, é uma coisa; se o copias é outra. No primeiro caso, tudo bem; no segundo, tudo mal. O teu irmão é responsável pelo uso indevido do CD; se foi conivente, é responsável; se não o foi, meteste-o tu em sarilhos, quebrando a confiança que depositou em ti. Com a tua filosofia da treta, és bem capaz disso.

    Pois, o exemplo que deste da GALP foi tudo menos adequado, como é teu hábito, porque a gasolina não transporta nada. Mas o uso que fazes de exemplos despropositados já não admira.

    A cada tua intervenção vem uma treta melhor, cada vez mais clara. Agora, o direito de cópia exclusiva é crime, e, como tal, tu estás contra esse crime. Para ti é crime o criador ser detentor dos direitos de cópia das suas criações ou de concedê-los em exclusividade a alguém.

    Já reparaste bem nas barbaridades que dizes?

    Também és criador, Tretas? Quais são as tuas produções artísticas; são de fado, de rock ou de chá-chá-chá? Tens de pôr aqui um cheirinho ou dizeres onde se compram.

    Ah, criaste algoritmos! Belo exemplo de criação artística. E ofereceste-os, foi, Tretas? Pagaste a sua produção do teu bolso, produziste-os no teu tempo ou no tempo do patrão? Se foi no do patrão, não eram teus; foi para isso que ele te pagou, como tu gostas de exemplificar com o serviço do jardineiro e de quejandos. Se foi no teu, também é duvidoso que não tenha tido a contribuição de nenhum tempo do que vendeste ao patrão, porque não compartimentos temporais para pensar.

    Mas, adiante. Se eram teus (não apenas a autoria, mas também a propriedade) e resolveste disponibilizá-los para cópia gratuita, fizeste uma boa acção. Fica-te bem, és um altruista. E fizeste-o com base no direito de propriedade, que ninguém te pode negar. Então, com que direito queres tu negar a outros esse mesmo direito de propriedade e a opção de não oferecerem o produto do seu trabalho?

    Fazes lembrar-me um sujeito que conheço, que também tem umas ideias parecidas às tuas: o que é dele, é dele; o que é dos outros, é dos outros e dele. Assim és tu em relação aos direitos de cópia: o que tu dizes que crias é teu e podes fazer com o teu direito de propriedade o que quiseres; o que os outros criam não é deles ou não podem fazer com o seu direito de propriedade o que quiserem (até ofertá-lo, se assim o decidirem).

    Se o teu pensamento crítico é deste calibre, tem cuidado, ó Tretas, porque estás a ensinar sofística. Se o teu patrão se dá conta, estás lixado. Então é que vai passar a viver das criações e a cedê-las à borla. Ah, és funcionário... e público, ninguém avalia a qualidade do teu trabalho.

    Agora para os anjinhos que te abanam o leque: rapaziada, quedem-se a abanar o leque, está bem?

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  50. Reportagem obtida no sítio da RTP, por Miguel Moreira - "EU, O PIRATA".

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  51. Toma lá para que vejas que eu não sou faccioso ou parcial.

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  52. Sendo os U2 o que são, e podendo dar-se ao luxo para fazer o que querem, eles assinam pela Live Nation como se pode ler aqui.
    No entanto deveriam segui outro caminho, sugerido por ti, mas não. Porque será?! Algo similar ocorreu com a Madona recentemente.

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  53. isso do ISP saberem o conteúdo do que passa nas suas redes é errado. Só o sabem se juntarem 1 número de pacotes e o analisarem. Caso contrário, vêem 1s e 0s.

    O mesmo se passa com os CTT: cada pacote é um conjunto de coisas distintas, mas sabem o q se está a passar se o abrirem e o analisarem.


    Em relação ao debate Linux/Windows, para além de argumentos menos verdadeiros, o q me mais choca é dizerem que há mais software para windows do que para Linux. Bom, sendo eu estudante, a maior parte do software disponível para windows que não seja FLOSS está fora de questão (pelo seu lado económico), logo a lista de possibilidades fica reduzida a um par de alternativas, quanto muito.

    Ainda ontem assisti a um episódio típico:
    um colega instalou um Windows novo, e depois teve que andar a procurar espalhados pela internet, individualmente, software para cada necessidade. Alguns são grátis, outros são trial, a maior parte são pirateados.

    Isto é a realidade estudantil, mas duvido que o resto da população não se comporte muito diferentemente.

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