sábado, abril 11, 2009

Diz que é uma espécie de moral.

Muito do valor da nossa civilização é fruto do esforço colectivo para fundamentar a moral em algo que todos partilhem. O progresso tem sido lento e difícil, um longo caminho desde que os filósofos gregos começaram a pensar sobre o que é o bem e como devemos ser e agir. Mas, graças a este projecto em curso, reconhecemos hoje que as crianças também são gente, que os animais merecem consideração, que ninguém é menos que os outros só por ter aquele sexo ou cor da pele, ou mais que os outros por nascer naquela família ou ter um nome comprido.

O progresso na ética é difícil porque exige participação e consenso. É preciso que a maioria aceite os mesmos factos e adopte os mesmos valores, o que pode demorar muitas gerações. Mas é possível progredir sem coação quando os factos são verificáveis e os valores assentam na nossa capacidade de perceber a posição do outro. Por exemplo, durante muitos séculos a escravatura era socialmente aceite e as crianças eram consideradas propriedade dos pais. Mas é um facto que tanto crianças como escravos são gente. Sentem, pensam, têm vontade de um futuro, e isso qualquer um de nós pode constatar. E qualquer pessoa normal pode imaginar-se na posição do injustiçado e perceber o valor dos direitos das crianças ou condenar a escravatura. Desta forma não é preciso ameaçar sanções ou prometer recompensas para persuadir alguém a distinguir o bem e o mal.

As religiões têm atrapalhado este processo. Propagam os seus valores com promessas e ameaças, o que é imoral e fomenta conflitos sempre que não conseguem impor um consenso à força. Fossilizam mentalidades insistindo no ritual, na tradição e no sagrado bolor das velhas escrituras, o que dificulta a correcção de erros passados. E, nas religiões, nem os factos são confirmáveis nem os valores universais. As religiões distinguem-se por dar suma importância ao que, de tão arbitrário que é, se torna irrelevante para quem estiver de fora.

Por exemplo, o Bernardo Mota transcreveu no seu blog uma rábula do Nuno Serras Pereira, que compara a distribuição de preservativos a dar luvas de boxe aos homens que batem nas mulheres. A ideia é que devemos modificar os comportamentos em vez de dar profiláticos. Mas é uma comparação ridícula para quem não partilhar a sexofobia católica. O mal da agressão é evidente se nos imaginamos no lugar do agredido. Com ou sem luvas de boxe, poucos gostam de levar pancada e mesmo os que gostam reconhecem ser desagradável para quem não goste. Mas se imaginamos um acto de sexo consensual não se nota mal nenhum por ambos os parceiros decidirem usar preservativo. Ninguém sofre nem é sujeito a algo contra a sua vontade. O “mal”, neste caso, vem só da oposição arbitrária ao látex.

Por isso não há consenso acerca dos valores característicos de cada uma religião. O Miguel Panão escreveu que «Uma relação sexual em período infértil é um acto de Deus, porque foi assim que nos fez. No caso dos contraceptivos, é o casal que toma nas suas mãos os poderes de decidir ou não sobre a vida, colocando de lado a acção de Deus.» (2) Isto parte da premissa implícita que esse deus tem alguma coisa a ver com o que o casal faz na cama. Mas não é evidente que tenha. Seria uma intromissão ilegítima vinda do carpinteiro que fez a cama, do pedreiro que fez a casa ou dos pais do casal, que os criaram. Se eu me imaginar no papel de criador do universo também não vejo que legitimidade isso daria para me intrometer na intimidade alheia. Não há forma de partilhar este juízo de valor do Miguel. Ou se decide, porque sim, que o deus do Miguel é que manda na nossa cama ou se discorda da premissa e o argumento fica sem fundamento.

E nada justifica o alegado facto. Não temos evidências que o deus do Miguel exista, nada indica que, se existir, se preocupe com os nossos actos sexuais e mesmo que se preocupe não há indícios que prefira o calendário ao látex. Até pode ser o contrário. O próprio Miguel afirma que «Deus é insondável e os seus caminhos Misteriosos»(2). Com maiúscula e tudo. Com tanto mistério não há razão para crer que o Miguel saiba alguma coisa sobre o que afirma. Não faz mais que especular, tal como fazem os padres, os bispos e tantos outros auto-proclamados porta-vozes dos deuses.

Isto não é um bom fundamento para a moral. É um bom tacho para quem convencer os outros que sabe o que um deus quer e que isso importa para alguma coisa. Mas nem é uma maneira fiável de distinguir o bem e o mal nem nos dá uma base comum para resolver divergências de forma racional.

1- Bernardo Mota, 6-4-09, Luvas de boxe.
2- Comentário em Instrumentalizar a sexualidade

37 comentários:

  1. O segundo parágrafo do seu texto não é correcto. O Código Penal determina o que é o mal e tem ameaças e punições. Talvez seja inspirado nas "religiões" mas está lá tudo. Surpreendentemente, as transgressões a alguns mandamentos cristãos são penalizadas.

    Quanto aos outros parágrafos, não me pronuncio. Os bloguers visados farão a sua defesa, se o desejarem, e quanto ao resto não me considero guardião de todas as "religiões". Já a minha me fá muito trabalho.

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  2. Fumar é mau, mas o Código Penal não pune quem fuma. Só pune para defender quem não quer fumar. A Lei, a Ética e a Moral são coisas diferentes. Nós sabemos que a escravatura é sancionada na Bíblia, tanto nas Escrituras Hebraicas como as Gregas - aliás, existem evangélicos que a defendem [1], contrastando com o que dizem ser "escravatura secular". Não me parece que uma reforma na Lei (profana) fosse como uma reforma da Palavra de Deus (sagrada). É essa a questão. Foi preciso afastar-nos da Palavra de Deus para termos a Lei que temos hoje.

    "O próprio Miguel afirma que «Deus é insondável e os seus caminhos Misteriosos»"
    Para comparação: lnk1, lnk2.

    Deixo dois vídeos excelentes:
    * [1] Where does morality come from? (VFX Street Preaching Week #2)
    * South American Tribe Deconverts Christian Missionary to Atheism

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  3. António Parente,

    A lei não distingue o bem e o mal. Distingue o legal e o ilegal.

    E defendo até que é um dever de qualquer cidadão adulto num país democrático estar atento à grande diferença entre estas duas distinções, visto serem, em última análise, estes cidadãos os responsáveis pelas leis que têm.

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  4. "As religiões ... Fossilizam mentalidades insistindo no ritual, na tradição e no sagrado bolor das velhas escrituras, o que dificulta a correcção de erros passados."

    Plenamente de acordo. A questão que colocaria é a de como se fazer para se minimizar o impacto dessa fossilização. Por um lado há que refutar-se os argumentos religiosos, mas mais importante parece-me ser antes a defesa de uma prática de cidadania, que ajude a redefinir-se uma ética e uma moral social liberta dos preconceitos relogiosos.

    Cordialmente

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  5. pois, pois mas... boa páscoa!

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  6. Maria C.

    Obrigado. Boa páscoa também :)

    Mário Miguel,

    Os católicos agora sempre que falam de evolução vêm com a treta do Teillard de Chardin, como se isso não fosse o oposto da teoria (ganchos no céu em vez de gruas...)

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  7. Mário Miguel12/04/09, 22:21

    Ludwig,

    A questão é que com suficiente "cosmética" isso não é o «oposto da teoria». E assim continua o ram ram que se tem adaptado com razoável sucesso aos factos, que em princípio seriam contraditórios.

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  8. Mário,

    Acho que não há cosmética que disfarce a inversão do sentido. Na teoria da evolução, e na ciência, os processos descritos desenrolam-se do mais simples e elementar para o mais complexo e composto de várias partes. Da química à neurologia. E isto pela interacção local, esopontânea e não dirigida de partes elementares.

    Na teologia é um deus infinitamente inteligente que puxa tudo pelas orelhas. Essa hipótese é inútil e uma inversão injustificável dos processos que observamos.

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  9. Mário Miguel12/04/09, 23:45

    Ludwig,

    «Acho que não há cosmética que disfarce a inversão do sentido.»

    Eu acho que não entendeste bem o que eu referi em abuso de linguagem, ou então eu não entendi a tua resposta que talvez assuma o que eu queria dizer, mas seja uma resposta não dirigida a minha afirmação, mas sim um desabafo.

    O que eu queria referir é que estes toques de "cosmética", é o juntar a fome com a vontade de comer dos crentes, ou seja: a disponibilidade hipnótica dos crentes com esta cosmética, a coisa entra sem necessitar de empurrar. E acho que isto, vendo as tua opiniões aqui, deve ser pacificamente aceite por ti.

    Se não for isto, então, estou todo atrofiado :)

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  10. Caro Ludwig,

    Isto parte da premissa implícita que esse deus tem alguma coisa a ver com o que o casal faz na cama.

    Pode não ser evidente, mas tem.

    e eu me imaginar no papel de criador do universo também não vejo que legitimidade isso daria para me intrometer na intimidade alheia.

    Deus não se intromete na intimidade de quem não se relaciona com Ele, por isso, não te preocupes.

    Ou se decide, porque sim, que o deus do Miguel é que manda na nossa cama ou se discorda da premissa e o argumento fica sem fundamento.

    Deus não "manda", logo, pouco sabes ou exploraste a premissa. Aconselho-te o aprofundamento, por exemplo, da Teologia do Corpo de João Paulo II.

    Não temos evidências que o deus do Miguel exista

    ... mas também não tens que não exista. A ausência de evidência não é evidência de ausência. É o tipo de argumento que não passa de "mais do mesmo".

    nada indica que, se existir, se preocupe com os nossos actos sexuais

    Enganas-te. Preocupa-se na medida em que a nossa sexualidade, na sua totalidade, ou seja, que inclui a genitalidade, a afectividade, mas não se resume a estas, faz parte intrínseca do ser humano. E Deus preocupa-se com o ser humano, tal que se fez, também Ele, humano. O tipo de preocupação é simplesmente aquele de O descobrirmos até mesmo através de actos sexuais. Mas isto é pedir muito da tua racionalidade, imagino eu ...

    Com tanto mistério não há razão para crer que o Miguel saiba alguma coisa sobre o que afirma.

    Claramente ficaste no Iluminismo onde mistério tornou-se um enigma a resolver.

    Não faz mais que especular ... Isto não é um bom fundamento para a moral. (...) nem é uma maneira fiável de distinguir o bem e o mal nem nos dá uma base comum para resolver divergências de forma racional.

    Respeito a visão redutora que tens de Deus e da moral Cristã, mas seria preciso estudares mais sobre essa para não correres o risco de especular sobre o que conheces pouco. Saber não é sabedoria, mas se amares o saber, chegarás à sabedoria. É o que procuro fazer, e reconheço-me longe, mas convido-te a essa aventura.

    Cordiais saudações,
    Miguel Panão

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  11. Óh, já vi que já te desejaram boa pascoa!

    Paciência, fica na mesma Boa Páscoa :)

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  12. Miguel Panão,

    «Pode não ser evidente, mas tem.»

    Dizes tu. Se me imaginar no lugar de quem leva pancada do esposo percebo facilmente que a violência doméstica é uma coisa má. Mas se me imaginar no lugar do criador do universo não vejo porque a tua vida sexual me há de dizer respeito.

    «Deus não se intromete na intimidade de quem não se relaciona com Ele, por isso, não te preocupes.»

    Ora aí está. Se essas coisas de deus são ao gosto do freguês então não as invoquem como base para a moral. O uso do preservativo é uma questão de gosto pessoal.

    «Claramente ficaste no Iluminismo onde mistério tornou-se um enigma a resolver.»

    Não. Não me preocupa resolver esses teus mistérios. Aponto apenas a inconsistência de dizeres que é um mistério ao mesmo tempo que afirmas saber, por exemplo, que deus considera o calendário parte da nossa sexualidade mas exclui dela o látex.

    É que se o teu deus é um mistério não é legítimo afirmares seja o que for acerca dele.

    Explica-me, por favor, por que razão julgas ser conhecimento aquilo que julgas saber acerca desse deus.

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  13. Mario Miguel,

    A minha queixa era dirigida à treta católica recorrente de fingir que a teoria da evolução é compatível com um deus a puxar isto tudo, quando o resultado mais saliente desta teoria é explicar como não precisamos de deuses para nada.

    Mas como estou na terrinha com os miudos e net rascosa tenho disparado os comentários bastante à pressa :)

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  14. "Explica-me, por favor, por que razão julgas ser conhecimento aquilo que julgas saber acerca desse deus."

    Ludi,
    boa sorte com esta. Na minha experiência, esta é a altura em que o MP desaparece, para reaparecer a dizer as mesmas coisas e a não dar respostas às perguntas na próxima oportunidade.
    Cristy

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  15. Cara Cristy,

    eu não desapareço, mas há mais vida para além dos blogs como a família e o trabalho.

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    Caro Ludwig,

    se me imaginar no lugar do criador do universo não vejo porque a tua vida sexual me há de dizer respeito.

    Talvez seja por isso que não és o criador do universo, ou tenhas dificuldade em colocar-se no lugar dele.

    Se essas coisas de deus são ao gosto do freguês então não as invoquem como base para a moral.

    Eu diria que estão para além do gosto do freguês. E quando se invoca Deus como base para a moral penso ser uma visão demasiado simplista da moral, sobretudo a Cristã.

    Não me preocupa resolver esses teus mistérios.

    Não leste o meu post. Há mistérios que são enigmas e Mistérios que são vida.

    Explica-me, por favor, por que razão julgas ser conhecimento aquilo que julgas saber acerca desse deus.

    Não percebi porque julgas o contrário. Se me ajudares a perceber melhor, serei mais capaz de perceber aquilo que pretendes que te explique.

    Cordiais saudações,
    Miguel Panão

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  16. "eu não desapareço, mas há mais vida para além dos blogs como a família e o trabalho."

    Miguel Panão,
    percebo perfeitamente que opte por gerir o seu tempo em defesa dos seus interesses, que, obviamente, nada têm a ver com um diálogo aberto e voltado para resultados. Esse exige muito mais do que citar «sumidades» teollógicas: exige que se pense pela própria cabeça.
    Cristy

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  17. CHARLATANICES ANTI-CRIACIONISTAS DE PALMIRA SILVA, LUDWIG KRIPPAHL E PAULO GAMA MOTA


    Palmira Silva

    1) Ao tentar conciliar a lei da entropia com a evolução, e pensando com isso desferir um golpe letal nos criacionistas, defendeu a analogia entre a estrutura ordenada dos cristais de gelo e a informação complexa e especificada do DNA.

    Esqueceu-se apenas que se tivéssemos DNA do tamanho de um cubo de gelo de um refrigerante vulgar teríamos aí possivelmente armazenada a informação genética suficiente para especificar cerca de 50 biliões de pessoas, coisa que, nem de perto nem de longe se passa com um cubo de gelo, o qual é sempre um cubo de gelo, pelo menos até se derreter ou, partindo-se, dar origem a dois ou mais cubos de gelo.

    O DNA contém é um sistema optimizado de armazenamento de informação codificadora de estruturas e funções que não são inerentes aos compostos químicos do DNA.

    Essa informação pode ser transcrita, traduzida, executada e copiada com sucesso para criar e manter múltiplos e distintos organismos plenamente funcionais.

    O DNA codifica os 20 aminoácidos necessários à vida, de entre os 2000 existentes.

    Sequências precisas de aminoácidos darão, por sua vez, origem às cerca de 100 000 proteínas necessárias à realização das mais diversas e complexas funções biológicas.

    O DNA contém informação susceptível de ser transcrita, traduzida, executada, copiada e replicada, permitindo aos diferentes seres vivos reproduzir-se de acordo com a sua espécie, tal como a Bíblia ensina.

    As letras da molécula de DNA representam aminoácidos que só seram fabricados numa fase posterior, a fim de serem subsequentemente incorporados numa proteína.

    Assim, a informação não é uma estrutura material, mas sim uma grandeza imaterial capaz de representar de forma abstracta relações conceituais ou estruturas materiais.

    Essa representação é feita através de um sistema de codificação de informação, sendo que essas relações ou estruturas podem ser físicas, químicas ou biológicas.

    A realidade que é representada através do código (v.g. GCA GCC GCG GCU) é um aminoácido (Alanina) que não está presente como estrutura material no momento em que é representada.

    O aminoácido é fabricado mais tarde, através de um conjunto de instruções contidas na informação genética que o precede.

    Num cristal não existe a representação codificada de qualquer realidade para além do próprio cristal.

    A questão fundamental aqui nem sequer é a entropia, mas a origem da informação codificada no DNA.



    A teoria da informação diz-nos que toda a informação codificada tem uma origem inteligente.

    Diferentemente, os cristais de gelo são estruturas arbitrárias sem qualquer informação codificada.

    Ou seja, eles não conseguem codificar a sua estrutura e garantir a respectiva reprodução num momento ulterior.

    2) Tem criticado os criacionistas por os mesmos terem certezas absolutas.

    Para ela, não existem certezas absolutas, o que põe o problema de saber como é que ela pode ter a certeza absoluta de que as suas críticas ao criacionismo estão certas.

    Para a Palmira todo o conhecimento começa na incerteza e acaba na incerteza.

    As premissas são incertas e as conclusões também. Mas a Palmira parece ter a certeza de que isso é assim.

    Diferentemente, os criacionistas entendem que o conhecimento baseado na revelação de um Deus omnisciente e omnipotente é um excelente ponto de partida e de chegada para o verdadeiro conhecimento.

    Para a Bíblia o mundo foi criado por um Deus racional, de forma racional para ser compreendido racionalmente por pessoas racionais.

    Os criacionistas propõem modelos científicos falíveis, mas, partindo da revelação de Deus, estão convictos de que existe a possibilidade de certeza no princípio e no fim. Jesus disse: eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.

    3) Criticou a noção de dilúvio global (presente na bíblia e corroborada por relatos semelhantes em praticamente todas as culturas da antiguidade) com a ideia de que a água nunca chegaria a cobrir o Everest, esquecendo que é uma catástrofe das proporções do dilúvio que melhor permite explicar a origem do Everest e o facto de nos seus diferentes estratos e no seu cume se encontrarem fósseis de moluscos.

    Ainda recentemente, a revista on line Sciende Daily, de Junho de 2008, reportava que foram encontrados, no plateau dos Himalaias, 4,5 Kms acima do nível do mar, fósseis de plantas, peixes e animais próprios de zonas mais quentes e menos elevadas.

    Para os cientistas envolvidos, isso constituía evidência de grandes movimentações tectónicas, que os modelos actuais não conseguem explicar.


    Na altura, Wang Yang, Geólogo da Florida State University, afirmou:

    “A nova evidência coloca em questão a validade dos métodos normalmente usados pelos cientistas para reconstruir a história das elevações da região”

    É por estas e por outras que os geólogos criacionistas têm desenvolvido modelos de tectónica de placas catastrófica e de hidroplacas, a partir do testemunho histórico do dilúvio, para explicar o que a tectónica de placas não consegue explicar.

    De resto, existe ampla evidência de que o nível do mar se elevou no passado.

    Na verdade, ainda em Fevereiro de 2009 foi noticiado, pela Science Daily, que os cientistas descobriram, nas Bermudas, evidência fóssil e geológica inequívoca de que os oceanos se elevaram no passado muito acima do actual nível do mar.


    Nada que surpreenda os criacionistas bíblicos.

    A resposta está em Génesis.

    4) Apelou à introdução de uma suposta “Lei de Darwin”, para tentar “ilegalizar” as críticas a Darwin, esquecendo que as leis naturais descrevem em termos simples e incisivos regularidades observadas empiricamente, sendo em princípio cientificamente falsificáveis.

    Pense-se na lei da conservação da massa e da energia, na lei da entropia, na lei da gravidade, etc.

    Diferentemente, nunca ninguém observou a vida a surgir por acaso e uma espécie mais complexa a surgir de outra menos complexa.

    Se existe uma lei que podemos afirmar é esta: os processos naturais não criam informação codificada.

    Esta lei sim, nunca foi empiricamente falsificada. A mesma corrobora a criação, se pensarmos que o DNA é o sistema mais eficaz de armazenamento de informação.

    As leis naturais foram criadas por Deus, podendo por isso ser descobertas e formuladas pela ciência.


    Ludwig Krippahl:

    Há uns meses atrás, defendeu que a mitose e a meiose são modos de criação naturalística de DNA.


    A verdade, porém, é que apenas se trata aí de processos de cópia da informação genética pré-existente no DNA quando da divisão das células.

    Uma divisão de células adequada depende da máxima precisão na separação dos materiais genéticos contidos na célula mãe, os cromossomas, bem como na partição do conteúdo celular para as células filhas.

    Por sinal, trata-se de uma cópia extremamente rigorosa, equivalente a 282 copistas copiarem sucessivamente toda a Bíblia e enganarem-se apenas numa letra.

    Se o processo corre mal, existe risco sério de cancro ou de outras doenças.

    De resto, o processo de meiose corrobora a verdade bíblica de que todas as criaturas se reproduzem de acordo com a sua espécies, tal como Génesis 1 ensina.

    A mitose e a meiose não criam informação nova, capaz de criar estruturas e funções inovadoras.

    Elas limitam-se a recombinar informação genética pré-existente.

    Os erros aí ocorridos introduzem ruído na informação existente, assim se compreendendo o risco de doenças.

    A meiose e a mitose existem porque o DNA as torna possíveis.

    As investigações mais recentes sobre a mitose mostram que se trata de um processo extremamente complexo, complicado e dinâmico, inteiramente regulado por proteínas cuja existência depende da sua codificação no DNA.

    Por explicar fica a origem naturalística do DNA, enquanto sistema mais eficiente de armazenamento de informação que se conhece, e da informação codificada nele contida.

    2) Defendeu a evolução comparando a hereditariedade das moscas (que se reproduzem de acordo com a sua espécie) com a hereditariedade da língua (cuja evolução é totalmente dependente da inteligência e da racionalidade.)


    Em ambos os casos não se vê que é que isso possa ter que ver com a hipotética evolução de partículas para pessoas, já que em ambos os casos não se explica a origem de informação genética por processos naturalísticos.

    3) Defendeu que todo o conhecimento científico é empírico, embora sem apresentar qualquer experiência científica que lhe permitisse fundamentar essa afirmação.

    Assim sendo, tal afirmação não se baseia no conhecimento, segundo os critérios definidos pelo próprio Ludwig, sendo, quando muito, uma profissão de fé.

    Na verdade, não existe qualquer experiência ou observação científica que permita explicar a causa do hipotético Big Bang ou demonstrar a origem acidental da vida a partir de químicos inorgânicos.

    Ora, fé por fé, os criacionistas já têm a sua fé: na primazia da revelação de Deus.

    Se o naturalismo se baseia na premissa de que todo o conhecimento é empírico e se essa premissa não consegue satisfazer o critério de validade que ela mesma estabelece para o conhecimento, vê-se bem que o naturalismo não se baseia no conhecimento, mas sim na ignorância.

    4) Defendeu a incompetência do designer argumentando com o sistema digestivo das vacas e os seus excrementos.

    Esquece porém que esse argumento, levado às últimas consequências, nos obrigaria a comparar o cérebro do Ludwig com o sistema digestivo das vacas e os pensamentos do Ludwig com os excrementos das vacas.

    E poderíamos ter dúvidas sobre qual funciona melhor, já que para o Ludwig todos seriam um resultado de processos cegos e destituídos de inteligência.

    Apesar de tudo os criacionistas têm uma visão mais benigna do cérebro do Ludwig e dos seus pensamentos.

    As premissas criacionistas partem do princípio de que o Ludwig é um ser racional porque foi criado à imagem e semelhança de um Deus racional.

    As premissas criacionistas afirmam que a vida do Ludwig tem um valor inestimável, porque o Criador morreu na cruz para salvar o Ludwig do castigo do pecado.

    Segundo a Bíblia, todos pecámos e estamos separados da glória de Deus, podendo obter vida eterna mediante um dom gratuito de Jesus Cristo.

    5) Defendeu que a síntese de betalactamase, uma enzima que ataca a penicilina destruindo o anel de beta-lactam, é uma evidência de evolução.

    Nesse caso, o antibiótico deixa de ser funcional, pelo que os microorganismos que sintetizam betalactamase passam a ser resistentes a todos os antibióticos.

    A betalactamase é fabricada por um conjunto de genes chamados plasmidos R (resistência) que podem ser transmitidos a outras bactérias.

    Em 1982 mais de 90% de todas as infecções clínicas de staphylococcus eram resistentes à penicilina, contra perto de 0% em 1952.

    Este aumento de resistência ficou-se a dever, em boa parte, à rápida transferência por conjugação do plasmido da betalactamase.

    Como se pode ver, neste exemplo está-se perante síntese de uma enzima de banda larga com perda de especificidade e, consequentemente, com perda de informação.

    A rápida obtenção de resistência conseguiu-se por circulação de informação.

    Em caso algum estamos perante a criação de informação genética nova, codificadora de novas estruturas e funções.

    Na verdade, na generalidade dos casos conhecidos em que uma bactéria desenvolve resistência a antibióticos acontece uma de três coisas: 1) a resistência já existe nos genes e acaba por triunfar por selecção natural, embora não se crie informação genética nova; 2) a resistência é conseguida através de uma mutação que destrói a funcionalidade de um gene de controlo ou reduz a especificidade (e a informação) das enzimas ou proteínas; 3) a resistência é adquirida mediante a transferência de informação genética pré-existente entre bactérias, sem que se crie informação genética nova (o que sucedeu no exemplo do Ludwig).

    Nenhuma destas hipóteses corrobora a criação naturalista da informação codificada necessária à transformação de partículas em pessoas.

    6) Defendeu que o código do DNA, afinal, não codifica nada.

    Isto, apesar de o mesmo conter sequências precisas de nucleótidos com as instruções necessárias para a construção de aminoácidos, cujas sequências, por sua vez, conduzirão ao fabrico de cerca de 100 000 proteínas diferentes, com funções bem definidas para o fabrico, sobrevivência e reprodução dos diferentes seres vivos.

    Existem 2000 aminoácidos diferentes e o DNA só codifica os 20 necessários à vida.

    O DNA contém um programa com informação passível de ser precisamente transcrita, traduzida, executada e copiada com sucesso para o fabrico de coisas totalmente diferentes dos nucleótidos e representadas através deles.

    Curiosamente, já antes dos trabalhos de Crick e Watson, já Gamow, por sinal o mesmo cientista que fez previsões acerca da radiação cósmica de fundo, previu que o DNA continha informação codificada e armazenada.

    E acertou.

    De resto, é universalmente reconhecido que o DNA contém informação codificada.

    O Ludwig, por ter percebido que não existe código sem inteligência, viu-se forçado a sustentar que o DNA não contém nenhum código, apesar de ser óbvio que contém.

    Para ele, tudo não passa de uma metáfora.

    O problema para o argumento do Ludwig é que mesmo aqueles cientistas, citados no KTreta, que sustentam que só metaforicamente se pode falar em código a propósito do DNA, afirmam que melhor se faria em falar em cifra, isto, é, em linguagem cifrada e em decifração do DNA.

    Só que, longe de refutar o argumento criacionista sobre a origem inteligente da informação, estes cientistas acabam por corroborá-lo inteiramente, na medida em que sustentam que se está aí diante de informação encriptada.

    Refira-se que, em sentido não técnico, uma cifra é um verdadeiro código.

    Também aí tanto a informação, como a cifra (ou o código) usada para a sua transmissão, têm que ter uma origem inteligente.

    Recorde-se que o código Morse é, em sentido técnico, uma cifra, i.e., linguagem cifrada.

    Ora, o código Morse e a informação que ele pode conter nunca poderiam existir sem inteligência.

    Como demonstra a teoria da informação, e como o Ludwig reconhece, não existe informação codificada ou cifrada (como se quiser) sem uma origem inteligente.

    Daí que, tanto a origem acidental da vida, como a evolução de partículas para pessoas por processos meramente naturalísticos sejam uma impossibilidade científica.

    A abiogénese e a evolução nunca aconteceram.

    Assim se compreende que a origem acidental da vida nunca tenha sido demonstrada (violando inclusivamente a lei científica da biogénese) e que mesmo os evolucionistas reconheçam que o registo fóssil não contém evidências de evolução gradual.

    Por outras palavras, a partir da linguagem codificada ou cifrada do DNA, as conclusões são óbvias:


    a) o Big Bang é impossível, na medida em que a matéria e a energia não criam informação codificada;

    b) a origem casual da vida e a evolução de espécies menos complexas para mais complexas são impossíveis, na medida em que dependem intensivamente de informação codificada ou cifrada e esta depende sempre de uma origem inteligente.

    A esta luz, as mutações e a selecção natural diminuem a quantidade e a qualidade da informação genética pré-existente, pelo que nada têm que ver com a hipotética evolução de partículas para pessoas.

    Tudo isto pode ser empiricamente corroborado. Basta olhar para o mundo real do DNA, das mutações e da selecção natural.

    As mutações causam toda a espécie de doenças e a morte. A selecção natural elimina informação, mas não explica a sua origem.


    7) Defendeu que a ciência evolui como os organismos vivos supostamente evoluem.

    Sucede que a ciência evolui graças à inteligência dos cientistas e à informação por eles armazenada, sendo que nem aquela inteligência nem esta informação conseguem abarcar e compreender a quantidade e a qualidade de informação codificada contida nos organismos vivos, sendo que estes só podem existir e reproduzir-se se a informação necessária para os especificar existir antes deles e codificada dentro deles.

    A ciência e a tecnologia são um domínio por excelência do design inteligente, onde as experiências e os mecanismos são desenvolvidos com um fim preciso em vista, por cientistas inteligentes e com base em informação acumulada ao longo de séculos.

    Os cientistas não deixam os seus departamentos ao acaso, nem deixam que as experiências científicas sejam conduzidas por pessoas sem a mínima preparação.

    A produção de milhões de espécies altamente complexas e especificadas, funcionalmente integradas, num sistema solar e num universo sintonizados para o efeito, corrobora a presença de uma quantidade incompreensível de inteligência e poder.

    No registo fóssil não existe nenhuma evidência de que as espécies realmente evoluíram gradualmente.

    Nem se vê como as mutações aleatórias poderiam criar quantidades inabarcáveis de informação codificada altamente complexa.

    Nunca tal foi observado nem explicado por ninguém.

    8) Autodefiniu-se como “macaco tagarela”.

    Para os criacionistas, o Ludwig é simplesmente um tagarela. Mas, por mais que lhe custe, não é macaco.

    E ainda bem, porque senão teríamos um problema epistemológico muito sério, como já Charles Darwin suspeitava quando se interrogava:

    “the horrid doubt always arises whether the convictions of man's mind, which has been developed from the mind of the lower animals, are of any value or at all trustworthy.

    Would any one trust in the convictions of a monkey's mind, if there are any convictions in such a mind?”

    Ao auto descrever-se como "Macacus Tagarelensis" o Ludwig mete-se num beco sem saída epistemológico.

    9) Defendeu que a cebola é um exemplo de mau design, quando se trata de um prodígio terapêutico como tal reconhecido por todos os cientistas.

    10) Defendeu que a origem da vida é como atirar um balde de berlindes para o chão. Esqueceu-se de que esse método não cria sequências de berlindes codificadoras de informação para criar seres complexos, integrados e funcionais ou mecanismos de conversão de energia em matéria. Ora, o DNA é um sistema que codifica informação, capaz de ser lida, transcrita, traduzida, copiada e executada. O Ludwig opta por comparar alhos com bugalhos, o que é um disparate à potência mais elevada.


    Paulo Gama Mota

    1) Defendeu há alguns meses atrás a teoria da evolução com o argumento de que sem ela não haveria telemóveis! É verdade!

    Não se percebe neste argumento o que é que os telemóveis têm que ver com a hipotética criação de informação genética nova através de mutações e selecção natural.

    Por outro lado, esquece-se que os telemóveis são o produto de design inteligente, nunca podendo ser utilizados para tentar legitimar a evolução aleatória do que quer que seja, e muito menos de seres cuja complexidade excede largamente a dos telemóveis ou de qualquer outro mecanismo criado pela inteligência humana.

    A “evolução” dos telemóveis, produto de design inteligente e informação acumulada, não tem nada a ver com a suposta origem acidental da vida (nunca observada) e a suposta evolução aleatória de espécies menos complexas para outras mais complexas (também nunca observada).

    Os telemóveis confirmam a dependência da informação codificada de inteligência. Eles são um poderoso comprovativo de que sem inteligência não existe informação codificada.


    2) Apresentou a especiação dos Roquinhos nos Açores como um exemplo de evolução.

    No entanto, a especiação, alopátrica ou simpátrica, consiste na formação subespécies partir de uma população pré-existente, mediante especialização de informação genética, em que cada nova “espécie” tem apenas uma fracção da informação genética existente na população inicial.

    A especiação não é mais do que a divisão do “gene pool” de uma população, dando lugar partir daí a duas sub-espécies que eventualmente deixam de se reproduzir entre si.

    Mas tudo se passa dentro da informação genética existente na população original, sem que se acrescente informação genética nova ou surjam estruturas e funções inovadoras e mais complexas.

    A especiação em caso algum constitui uma transmutação capaz de transformar um determinado tipo noutro tipo completamente diferente e mais complexo.

    Assiste-se, na especiação, a uma diminuição da quantidade e qualidade de informação disponível para cada uma das novas “(sub)espécies”, o que é exactamente o oposto do aumento quantitativo e qualitativo da informação genética que existiria se a evolução fosse verdade.

    A evolução de um sapo para um príncipe requer a expansão do “pool” genético e não a sua contracção.

    A especiação pode ser observada e tem sido observada em muitos casos.

    Porém, a evolução de organismos simples para organismos totalmente diferentes e mais complexos, essa nunca foi observada nem dela existe qualquer evidência concludente no registo fóssil.

    Longe de ser ignorada ou negada pelos criacionistas, a especiação é até essencial dentro do modelo criacionista.

    Na verdade, a especiação permite explicar como é que, depois do dilúvio, um casal de cada tipo de animais deu lugar a tanta variedade de sub-espécies, a partir da região montanhosa de Ararat e das posteriores migrações dos animais pelos continentes e ilhas.

    A especiação dos Roquinhos (que nunca serão outra coisa que não uma variação a partir da informação genética da população inicial) é apenas mais um episódio desse processo de diversificação das formas de vida depois do dilúvio.

    No entanto, sabemos que isso nada tem que ver com a evolução, porque em caso algum é codificada informação genética nova, codificadora de estruturas e funções inovadoras e mais complexas.

    A especiação não acrescenta nada à informação genética existente na população original.

    3) Paulo Gama Mota defendeu recentemente que a existência de homologias genéticas e morfológicas entre animais prova a existência de um antepassado comum a partir do qual as diferentes espécies evoluíram.

    Na verdade, trata-se de um argumento frequentemente utilizado como “prova” da evolução nos manuais escolares e textos científicos.

    Muitas vezes, desde Richard Owen e Charles Darwin, as homologias têm sido apresentadas como a principal “prova” da evolução.

    No entanto, a ingenuidade infantil deste argumento é imediantamente visível.

    As homologias tanto podem ser usadas como argumento a favor de um antepassado comum como de um Criador comum.


    E na verdade, a opção por um Criador comum faz mais sentido.

    Sendo os pressupostos para a manutenção da vida (v.g. alimentação, respiração, locomoção, reprodução) idênticos nos vários seres vivos, não admira que existam importantes homologias entre eles.


    Isso faz todo o sentido à luz do Génesis, que diz que Deus criou todas os seres vivos na mesma semana para enfrentarem condições ambientais semelhantes, com nutrientes semelhantes.


    Na verdade, se não existisse qualquer homologia genética, morfológica ou funcional entre os vários seres vivos seríamos levados a duvidar da existência de um Criador comum.


    Por outro lado, o hipotético ancestral comum não teria muitas das características que os seres vivos que dele descendem têm (v.g. esqueleto, músculos, coração, sistema nervoso, sistema digestivo), pelo que não consegue explicar o seu desenvolvimento e a grande diversidade de design.


    Existem muitos casos em que seres vivos têm órgãos funcionalmente semelhantes (v.g. olhos, asas, garras) sem que os mesmos tenham qualquer homologia genética que demonstre uma proximidade evolutiva.


    Nestes casos (v.g. asas de aves, insectos e morcegos) os evolucionistas, como não conseguem interpretar as homologias funcionais para provar um antepassado comum evolutivo directo, dizem que houve evolução convergente ou paralela destes órgãos, usando a expressão “analogia” em vez de homologia.


    Existem outros casos em que homologias genéticas muito significativas conduzem a grandes diferenças morfológicas (v.g. o tenreco e o elefante).

    Estes casos também não são facilmente explicados por modelos evolucionistas.


    À medida que se vão acumulando novos estudos sobre os genomas, vão surgindo numerosos casos de homologias funcionais que nada têm que ver com homologias genéticas.


    A inversa também é verdadeira.
    Em muitos casos os estudos morfológicos contrariam os estudos da genética molecular.

    Eles mostram, em grande medida, que diferentes tipos, com um grande potencial genético, se foram desdobrando em diferentes (sub)espécies a partir da especialização de informação genética pré-existente.


    É por essas e por outras que a própria “árvore da vida” evolucionista (já tão duvidosa do ponto de vista paleontológico) tem vindo a ser posta em causa pela genética molecular.


    Um outro problema com o uso das homologias como argumento a favor da evolução a partir de um antepassado comum é que as conclusões a que se chega estão inteiramente dependentes das premissas de que se parte.


    As homologias só funcionam (e mesmo assim muito mal!) como argumento a favor da evolução para quem aceite, à partida, premissas evolucionistas, uniformitaristas e naturalistas.


    Elas só podem ser usadas para “provar” a evolução (e mesmo assim com muitas falhas) se se partir do princípio que houve evolução.


    Quem não partir dessas premissas interpreta os dados de forma substancialmente diferente.

    Para os criacionistas, as homologias moleculares, morfológicas e funcionais traduzem apenas o grau de semelhança e diferença entre as várias espécies criadas por um mesmo Criador, para viverem no mesmo planeta.

    Em última análise, o modo como uma pessoa interpreta dos dados observáveis depende muito das premissas adoptadas à partida. E estas dependem da sua visão do mundo.

    As homologias são uma poderosa mensagem biótica a favor de um Criador comum.

    Mais informação:

    www.creation.com

    www.answersingenesis.org

    www.icr.org

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  18. Mário Miguel13/04/09, 11:45

    Miguel Panão,

    «Talvez seja por isso que não és o criador do universo, ou tenhas dificuldade em colocar-se no lugar dele.»

    O teu "Talavez" é colocado minuciosamente para disfarçar que tu assumes que sabes que o Ludwig não é o criador do universo, sabendo algo que tu já afirmaste não poder saber. Mas pelo menos fica a contradição que lanças a hipótese de saber, o que não poderia ser sabido. Especulação pura.


    «Explica-me, por favor, por que razão julgas ser conhecimento aquilo que julgas saber acerca desse deus.

    Não percebi porque julgas o contrário. Se me ajudares a perceber melhor, serei mais capaz de perceber aquilo que pretendes que te explique.»


    Sabes ou não sabes? Concretiza por favor.

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  19. Ludwig,

    Obrigado pela visita ao meu blogue, e por dedicares algumas linhas ao que lá encontraste.

    Mas este teu "post" está todo ele equivocado.

    Escreves:
    «As religiões têm atrapalhado este processo.»

    Não entendo o que é que isto tem a ver com religião. A analogia do Padre Serras Pereira estava feita precisamente para mostrar, de forma clara, que a questão é puramente racional, e nada tem a ver com fés ou revelações.

    É curioso como tentas pegar no texto para lhe dar um ar religioso, usando a expressão "sexofobia católica" para descrever o conteúdo do texto que eu citei.

    Grossa asneira:

    a) não há sexofobia no texto

    b) não há nada de católico no texto

    Em relação à alínea a), está tudo por demonstrar: a analogia que lá se encontra nada tem de sexofobia. Uma pessoa infectada que, sabendo que o está, insiste na relação sexual está a colocar em risco o seu parceiro. Ora colocar a vida de alguém em risco é igual, ou pior, à violência doméstica mais agressiva. Por isso, a analogia está muito correcta: só por manifesta falência intelectual é que tanta gente, hoje em dia, não entende que o facto de sermos portadores de um vírus altamente perigoso, passável por via sexual, é uma razão suficiente para a abstinência.

    Esse era o ponto central do texto que citei: não deste por nada, Ludwig. Ficaste com a ideia de que havia sexofobia no texto, mas não disseste onde. O problema não está no sexo, mas sim na infecção.

    O erro comportamental visado pelo texto não está na decisão de ter sexo, "per se", mas sim na decisão de o ter ENQUANTO se está infectado.

    Assim se vê que não há sexofobia no texto. Também gostava de ver onde é que há catolicismo no texto. No título "Padre" do seu autor?

    Esta questão é perfeitamente racional, nada tem a ver com fés ou ideologias (católicas ou ateias).

    Gostava então que me mostrasses, se possível (não é, mas tenta, por favor...), onde é que no texto citado está:

    a) catolicismo

    b) sexofobia

    O argumento do Padre Serras Pereira é obviamente um argumento moral, mas cujo fundamento é universal e racional: não se devem violentar pessoas. Se o uso de luvas de boxe não desculpa que se violente fisicamente quem quer que seja, o uso de preservativo não desculpa que se coloque alguém em risco para satisfazermos os nossos desejos sexuais.

    Um abraço,

    Bernardo

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  20. Ludwig,

    Escreveste ainda isto:

    «Mas se imaginamos um acto de sexo consensual não se nota mal nenhum por ambos os parceiros decidirem usar preservativo. Ninguém sofre nem é sujeito a algo contra a sua vontade. O “mal”, neste caso, vem só da oposição arbitrária ao látex.»

    Ao que parece, não entendeste que o texto do Padre Serras Pereira se refere à polémica em torno da SIDA e do preservativo.

    É esse o contexto: noutros contextos, poderemos debater a imoralidade do preservativo (que é bem real) em termos bastante equilibrados e genuinamente católicos, como fez o Miguel Oliveira Panão.

    Mas o que se trata aqui é de outra coisa: é do uso de preservativo por parte de pessoas infectadas com SIDA.

    Dizes, de forma gratuita e insensata, que "ninguém sofre". Baseado em quê? Evidentemente, temos vários casos de sofrimento, motivados pela egoísta decisão de colocar a fruição sexual acima da protecção da saúde de outrém:

    1. Quando alguém consente no sexo sem saber que o parceiro está infectado

    2. Quando, mesmo sabendo ambos que um deles está infectado, consentem no sexo confiando no preservativo como protecção 100% eficaz

    Não preciso de entrar em discussões sobre o tamanho do vírus: basta o bom senso de saber que um preservativo pode ser mal colocado, que pode sair a meio do acto sexual, e outras situações igualmente arriscadas.

    A solução para a SIDA é realmente comportamental. Se estou infectado, e se a via sexual é a principal forma de propagar a epidemia, então abstenho-me de sexo.

    O único, exclusivo, problema de aplicar este raciocínio lógico e óbvio é só um: a sociedade moderna está sob o efeito anestésico de uma teoria irracional que dá pelo nome de "inevitabilidade do sexo".
    Essa teoria, bem irracional, diz que os nossos intelectos são escravos dos nossos desejos. E que não há qualquer forma de um intelecto humano exercer o seu livre arbítrio para * optar * por não ter sexo.

    Ah, suprema heresia da ideologia em voga: optar por não ter sexo é um pecado aos olhos da ideologia em voga.

    Nessa ideologia, perante a * inevitabilidade * de ter sexo, MESMO quando se está infectado, então o preservativo é visto como uma solução e até uma obrigação.

    Mas é uma atitude injustificada. Porque não se provou a premissa de que o sexo é obrigatório.

    Perante tudo isto, a tragédia anti-racional de não entender que o sexo é opcional para o ser humano (que temos liberdade para o não praticarmos), e que quando há infecção, o sexo torna-se irresponsável (com ou sem protecção), tragédia evidente para quem tem olhos para ver, junta-se ao também evidente negócio dos fabricantes de preservativos, juntamente com a trapalhada malthusiana dos iluminados políticos por detrás de muitas ONGs que fazem experiências sociais em África...

    Abraço,

    Bernardo

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  21. Peço desculpa pela intromissão, mas queria avisar o Miguel Oliveira Panão que coloquei um comentário na discussão que deu origem a este texto do Ludwig. O comentário está aqui

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  22. Na teoria da evolução, e na ciência, os processos descritos desenrolam-se do mais simples e elementar para o mais complexo e composto de várias partes. Da química à neurologia. E isto pela interacção local, espontânea e não dirigida de partes elementares.



    É isso mesmo, mas... como?!

    Ou melhor, é quase isso, que o não dirigida está a mais. Obviamente, tal refere-se a uma não causalidade externa, mas... e a interna?!

    Logo, vamos sempre dar ao mesmo ponto... e sem lhe acrescentar um conto! :)

    Ou seja, o segredo reside bem aí, no interior dessa interacção local, espontânea. How does it really happen?!

    Avançando um pouco mais, existe ou não na matéria mais elementar esse potencial para a vida e a inteligência e a própria consciência? Bem, creio que isso é evidente, pois tais propriedades manifestam-se, pelo menos aqui neste cantinho do Universo.

    Logo, há implícita uma proto-vida ou proto-inteligência ou proto-consciência em toda a partícula e onda material... since the very beginning of time and space!

    Antes da physis está a metaphysis, sempre anterior e bem superior. Sem compreender esta simples relação de subordinação, como é possível avançar no conhecimento seja do que for?

    No way!... que só a inteligência directa, imediata, intuitiva...

    Rui leprechaun

    (...súbito alcança a sabedoria viva! :))


    Louis Armstrong - What a Wonderful World

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  23. Miguel Panão,

    «Não percebi porque julgas o contrário. Se me ajudares a perceber melhor, serei mais capaz de perceber aquilo que pretendes que te explique.»

    OK. Tu sugeriste que usar preservativos é imoral, mas usar o calendário para ter sexo sem engravidar não é, porque o teu deus nos criou com intenção de sermos capazes de usar o calendário para este fim mas opondo-se a que recorramos ao látex para o mesmo propósito.

    A minha dúvida é como podes tu saber que isto é assim e não, por exemplo, o contrário, por exemplo. Que o teu deus fique furioso com quem se arme em esperto com o calendário mas aprove a responsabilidade reprodutiva e higiénica de quem usa preservativo.

    Como é que tu sabes? Quais são, objectivamente, aquelas evidências que me possas mostrar para justificar eu dar alguma credibilidade a estas tuas afirmações?

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  24. Bernardo (Espectadores)

    «Não entendo o que é que isto tem a ver com religião.»

    O meu post tem a ver com a religião. A tese apresentada é que as religiões são um mau fundamento para a moral porque se distinguem por juízos de valor que não são partilháveis (só são relevantes para quem for daquela religião) e porque invocam alegados factos que não são verificáveis (e só são aceites por quem for daquela religião).

    O preservativo é um exemplo, entre muitos.

    «É curioso como tentas pegar no texto para lhe dar um ar religioso, usando a expressão "sexofobia católica" para descrever o conteúdo do texto que eu citei.»

    Não era minha intenção dar tanta ênfase ao texto que transcreveste. Apenas o usei como exemplo dessa dificuldade. A analogia do preservativo com a luva de boxe pode parecer ter sentido para quem assumir que o preservativo é mau mas não faz qualquer sentido para quem não partilhar esse preconceito.

    «Uma pessoa infectada que, sabendo que o está, insiste na relação sexual está a colocar em risco o seu parceiro.»

    Pode ser. Mas uma pessoa que não saiba se está infectada pode usar o preservativo precisamente para reduzir esse risco. Estás a considerar apenas um cenário de entre muitos possívels.

    « Se estou infectado, e se a via sexual é a principal forma de propagar a epidemia, então abstenho-me de sexo.»

    A ideia da prevenção é usares o preservativo *antes* de estares infectado...

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  25. Ludwig,

    «O meu post tem a ver com a religião.»

    Sim, isso percebi.
    Só que o exemplo que citei, o tal das luvas de boxe, é um exemplo que não recorre a argumentação religiosa. Não é preciso ser crente para concordar com esse exemplo.

    «A tese apresentada é que as religiões são um mau fundamento para a moral porque se distinguem por juízos de valor que não são partilháveis (só são relevantes para quem for daquela religião) e porque invocam alegados factos que não são verificáveis (e só são aceites por quem for daquela religião).»

    Esta tua frase é demasiado genérica. Até concordo contigo que, na maioria dos casos, qualquer tese assente num pressuposto de crença não é universalmente partilhável. Mas:

    1) há excepções: só por crença é que confiamos nos sentidos (não apenas, mas muito), e isso é um exemplo de uma crença bastante sensata e partilhável; só por crença é que confiamos que estamos acordados enquanto debatemos estes assuntos (isto podia ser um sonho), e eu partilho contigo esta crença

    2) o exemplo que dei, o tal das luvas de boxe, não exige qualquer crença religiosa

    «O preservativo é um exemplo, entre muitos.»

    A argumentação católica (há outras argumentações, não católicas) acerca do uso do preservativo está toda ela assente na razão natural. Aliás, é uma característica nitidamente católica, em oposição à fundamentação exclusivamente bíblica que outros movimentos cristãos usam, esta de estabelecer fundamentos racionais para as questões da moral.

    Logo, a argumentação católica é uma argumentação jusnaturalista. Se for preciso, coloco aqui os seus principais pontos. Qualquer ateu que não tivesse preconceitos e estivesse motivado para a procura de uma moral exigente, racional e coerente, poderia adoptar perfeitamente os princípios jusnaturalistas defendidos pela Igreja Católica. Aliás, se leres com atenção os textos principais da Igreja nestes temas, notas que nela a Igreja faz um convite ao reconhecimento destes princípios universais, mesmo por quem não é católico.

    Nota o que surge logo no topo da Humanae Vitae, esse documento primordial no entendimento da moral sexual defendida pela Igreja:

    "e também a todos os homens de boa vontade."

    Está bem claro que a encíclica não está apenas dirigida aos católicos. Não se trata de um manhoso esquema de propaganda: a Igreja pesa e medita bem toda a palavra que escreve ou pronuncia: esse trecho está ali para explicar que o fundamento do ensinamento moral dessa encíclica está na lei natural, ou seja, na procura racional de uma vida moral íntegra, algo que é acessível a qualquer pessoa, católica ou não.

    «Não era minha intenção dar tanta ênfase ao texto que transcreveste. Apenas o usei como exemplo dessa dificuldade.»

    Mas é um mau exemplo: o texto que citei não é um exemplo de argumentação moral com base religiosa. Há exemplos desses (qualquer argumento para demonstrar o Primeiro Mandamento, por exemplo, é forçosamente um argumento de base religiosa). Mas este não é um bom exemplo. A base do exemplo que citei é puramente racional. É universal. Não pressupõe crença religiosa.

    «A analogia do preservativo com a luva de boxe pode parecer ter sentido para quem assumir que o preservativo é mau mas não faz qualquer sentido para quem não partilhar esse preconceito.»

    Ludwig: lê com atenção o texto que citei. Ninguém lá diz que o preservativo é mau. Uma luva de boxe não é uma coisa má. Estás a fazer uma tremenda confusão: em matéria de moral, o que interessa é o uso do livre arbítrio: a moral estuda comportamentos humanos (actos, omissões, etc.), não estuda objectos. Uma luva de boxe é moralmente neutra. Um preservativo é moralmente neutro. Uma criança pode usar um preservativo para fazer um balão. Que interessaria esse uso para a moral?

    A tua confusão é muita e em vários aspectos: nem a Igreja diz que certos objectos são maléficos ou imorais, nem a Igreja sequer diz que o sexo é mau ou prejudicial.

    Como qualquer sistema de ética, o da Igreja Católica procura verdades morais acerca do comportamento humano, que se apliquem a todo o ser humano.

    Logo, quando um católico diz que a contracepção artificial é imoral, está a basear-se em fundamentos universais de moral humana, e não em doutrina revelada por Deus.

    É mesmo URGENTE que tomes contacto com a argumentação jusnaturalista que subjaz às posições morais dos católicos.

    É normal que contactes muito com argumentação moral cristã apoiada exclusivamente nas Escrituras, o que sucede muito com os protestantes, ou com algumas seitas cristãs.

    E podes legitimamente discordar da argumentação jusnaturalista. Mas não podes dizer que a Igreja sustenta a moral que defende EXCLUSIVAMENTE na revelação cristã. Dizer isso é uma bruta falsidade, que só se pode dever ou à ignorância ou à má vontade.

    Conheço-te há tempo suficiente para pôr as minhas mãos no fogo, e dizer que não é por má vontade que dizes que este tipo de argumentação é religioso.

    A única forma honesta que eu vejo para contra-argumentar o jusnaturalismo está em usar a via filosófica para mostrar que esses argumentos são falsos. Essa é também a força da posição católica: ela não pede a crença como pressuposto para que alguém partilhe da mesma moral.


    Obviamente, a Igreja não visa apenas a moral, e há muito que fica de fora para quem não tem a mesma fé. Mas nestes temas da moral, a plataforma de entendimento é muito ampla, desde que as pessoas saibam esgrimir argumentos sem violar as regras da argumentação.


    ««Uma pessoa infectada que, sabendo que o está, insiste na relação sexual está a colocar em risco o seu parceiro.»

    Pode ser. Mas uma pessoa que não saiba se está infectada pode usar o preservativo precisamente para reduzir esse risco.»

    Uma pessoa que não saiba se está infectada não devia correr riscos. Ludwig, é estupidamente simples. Se eu sei que posso desmaiar ao volante, por causa de uma suspeita qualquer, simplesmente não conduzo!

    «Estás a considerar apenas um cenário de entre muitos possívels.»

    Estou a dizer que, em matéria de vida ou de morte, não se usa a vida dos outros para daí retirarmos prazer sexual.

    «A ideia da prevenção é usares o preservativo *antes* de estares infectado...»

    A ideia é pensar pela nossa cabeça, e tomar decisões responsáveis, em vez de enfiar um bocado de látex no pénis.

    Só há dois casos a considerar:

    a) o meu parceiro exclusivo e fiel não está infectado: então, a fidelidade garante que não haverá contágio no futuro

    b) o meu parceiro exclusivo e fiel está infectado: então, não faz sentido ter uma vida sexual que me trará riscos

    A SIDA espalha-se pelos chamados comportamentos de risco: partilha de seringas, e promiscuidade sexual. O resto é conversa.

    É uma perfeita irresponsabilidade promover o uso de um acessório de borracha que, longe de ser 100% eficaz, nada faz para alterar estes comportamentos de risco.

    Abraço,

    Bernardo

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  26. Ludwig,

    Esqueço-me sempre de alguma coisa.
    Deixa-me frisar de novo isto que escrevi, neste trecho:

    «Logo, quando um católico diz que a contracepção artificial é imoral, está a basear-se em fundamentos universais de moral humana, e não em doutrina revelada por Deus.»

    Obviamente, não é o meio mecânico ou químico, em si mesmo, que é imoral. Como o preservativo não é imoral, também não é imoral a pílula.

    O que a Igreja diz que é imoral é o uso do preservativo no âmbito de uma relação sexual. Do mesmo modo, é imoral o uso de um método artificial qualquer de contracepção, por exemplo a pílula, para evitar os nascimentos.

    Se um médico receita uma pílula para efeitos de saúde (casos raros, mas podem existir), e se a tomamos com vista a contrariar um problema de saúde, e não com vista à infertilidade, então não há problema moral.

    A pílula é um bom exemplo do que eu dizia: que a moral diz respeito às decisões e opções humanas, e não aos objectos considerados em si mesmos.

    A base moral disto tudo é surpreendentemente simples: nós não somos distintos do nosso corpo. Nós e o nosso corpo formamos um ente único. O ser humano é também o corpo humano, e não apenas a vontade de um intelecto humano. A esterilização voluntária (temporária - como na pílula ou no preservativo - ou permanente - como na vasectomia) atenta contra quem somos, ao perverter o fim fisiológico da reprodução humana.

    Pelas mesmas razões, é imoral qualquer operação de troca de sexo, que pretende, através do bisturi de um cirurgião experiente (caso se tenha sorte com o cirurgião), contrariar ou eliminar uma característica que faz parte de quem a pessoa é. Qualquer operação de troca de sexo consiste no materializar de uma mentira. Assim como usar contraceptivos artificiais é "brincar" às mentiras com o corpo (ou seja, connosco mesmos). É por isso que tais atitudes são imorais, para qualquer pessoa com uma moral exigente.

    Se eu sei que o sistema reprodutor humano tem certos fins, só me estou a enganar a mim mesmo se tomar decisões, ou escolher artimanhas, para contrariar quem eu sou.

    Abraço,

    Bernardo

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  27. Deixei um comentário ao artigo de Espectadores no seu blog. Um bocado grande (admito que sou dado a grandes comentários, mas não tão grandes como os do perspectiva), mas acho que não se importa.

    Deixo um excerto da opinião do bispo de Viseu:
    «E não tenhamos medo ou reserva mental ou hipocrisia de admitir esta doutrina! Não usamos tantos "auxiliares" artificiais para promover a vida e defender a saúde? As intervenções cirúrgicas, os fármacos, as próteses e tantas outras técnicas ao serviço da pessoa, em situação de doença, não são formas de ‘preservar’, defender e promover a saúde?...»

    Tenho uma dúvida: o que é a "lei natural" no argumento de João Paulo II em relação aos preservativos?

    Para quem diz que percebeu o Papa ter dito não-sei-o-quê:
    * Pope in Africa, uproar over anti-condom message* Pope: Condoms 'endanger public health'* Vatican backtracks over Pope's condom stanceverificação de palavras: redista

    ResponderEliminar
  28. Bernardo:

    Tenho estado a discutir este assunto com três comentadores católicos que frequentam este espaço, e mais profundamente com o Miguel Oliveira Panão.

    Este último em particular tem-se esforçado por esclarecer de forma séria a posição da ICAR a este respeito.
    Eu acredito que a posição da ICAR é incoerente, e têm-me tentado explicar que não é o caso, embora eu acredite que várias vezes têm caído em contradição.

    Independentemente de eu ter razão ou não quanto à incoerência interna da posição da ICAR (que acredito existir) aquilo que verifiquei ao longo do debate sobre este assunto em particular é que - ao contrário daquilo que alegas - os pressupostos não são partilháveis por um descrente. Em particular quando se alega que existe algo de pouco ético em usar o corpo para um fim diferente daquele que alegadamente Deus pretenderia; como poderia um ateu rever-se neste argumento?

    Convido-te portanto a participares nesta conversa, explicando não só em que medida é que a posição da ICAR não é contraditória; mas também em que medida é que a mesma pode possivelmente ser subscrita por um descrente.

    As últimas dúvidas que coloquei sobre este assunto, dirigindo-me ao Miguel Oliveira Panão e agora também a ti encontram-se aqui.

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  29. Combate à crise
    Igreja cria emprego para os mais pobres


    Reforço do apoio alimentar, promoção do emprego e dos cuidados de saúde continuados. Cardeal-patriarca reúne--se na sexta-feira com padres de Lisboa para divulgar estas medidas de apoio às famílias.


    A Igreja de Lisboa vai criar postos de trabalho nos centros sociais e paroquiais e quer fazer protocolos com os centros de emprego e formação do Estado. Esta é uma das medidas de combate à crise, que afecta cada vez mais famílias, que serão apresentadas aos padres da diocese lisboeta na sexta-feira, num encontro promovido pelo patriarca, D. José Policarpo.

    A curto prazo, a acção urgente do projecto "Igreja Solidária" passa pelo reforço da ajuda alimentar e pelo apoio às famílias no pagamento de créditos à habitação. Para isso, já começaram a ser angariados alguns fundos.

    "Há muita gente a precisar de emprego e as instituições precisam de pessoas para trabalhar", afirmou ao DN Francisco Crespo, director da pastoral sociocaritativa do patriarcado de Lisboa. Para além do trabalho nos centros sociais e paroquiais, que cresce à medida que sobem as necessidades das famílias, a Igreja está a estudar o alargamento das valências de algumas instituições, que necessitarão, assim, de mais funcionários.

    Outra medida, ainda em estudo e que avançará apenas numa segunda fase do projecto, passa pelo estabelecimento de protocolos com o Instituto de Emprego e Formação Profissional para a criação de empregos "para quem mais necessita", explica o cónego Francisco Crespo.

    No futuro, o patriarcado pondera avançar com a construção de equipamentos de prestação de cuidados de saúde continuados a nível paroquial, para libertar camas nos hospitais, actualmente ocupadas por alguns doentes que podem ser acompanhados noutras instituições. Neste momento, estão já a decorrer contactos com o Ministério da Saúde.

    A prioridade actual passa, contudo, por dar de comer a quem tem fome, sublinha o responsável do patriarcado de Lisboa, referindo que as paróquias têm sentido muito o aumento da crise e da procura de ajuda. "Temos cada vez mais gente a bater-nos à porta e sabemos que isto não vai acabar," diz Francisco Crespo.

    Em articulação com a Cáritas diocesana, pretende-se reforçar o serviço de refeições nos centros sociais e aos idosos que vivem sozinhos, o acesso aos cuidados de higiene e a distribuição de roupas. Outra prioridade é apoiar as pessoas no pagamento dos créditos à habitação e das rendas, para que não percam o direito à sua casa.

    "As situações serão estudadas caso a caso. O objectivo é envolver ao máximo as comunidades locais e, quando isso não for possível, encaminhar os pedidos para a Cáritas diocesana que não dará ajuda directamente às pessoas, mas apoiará quem está no terreno", explica Francisco Crespo. Para financiar estas acções, o projecto conta já com mais de dez mil euros - uma verba ainda insuficiente -, mas o grupo coordenador da diocese está já a recolher contributos monetários junto das empresas e da banca. Serão ainda lançadas campanhas de recolha de fundos, nomeadamente através da Rádio Renascença, apelando à generosidade de todos.

    O desafio lançado por D. José Policarpo aposta numa maior responsabilização dos padres na missão de ajudar os pobres. Por isso, e em ano de crise, para o encontro que anualmente costuma reunir apenas os responsáveis dos centros sociais foram convocados todos os párocos, mesmo os que não têm a seu cargo instituições de acção social, apurou o DN. Estes deverão ir acompanhados por um leigo da sua paróquia. Actualmente, ainda há paróquias sem centros de apoio social.

    O encontro do clero decorrerá na manhã de sexta-feira, no Centro de Espiritualidade do Turcifal, em Torres Vedras, onde haverá também um espaço de partilha de experiências que já estão a correr nas paróquias. O Projecto Igreja Solidária será apresentado pelo departamento da pastoral socio-caritativa aos padres e bispos e entrará imediatamente em vigor, não tendo data para terminar, uma vez que não se antevêem sinais de retoma económica.

    Francisco Crespo considera ainda que, na área social, a prioridade tem de passar também pela aposta na formação dos técnicos que trabalham nas instituições, pois a Igreja "não pode ajudar por ajudar, nem apenas abrir os cordões à bolsa". Fazer melhor acção social, acrescenta, passa por fazer um levantamento mais rigoroso das necessidades das pessoas, responsabilizando-as na construção do seu futuro, e dando respostas mais integradas.

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  30. Luís,
    não é novidade. A igreja católica gera emprego há muitos milhares de anos: sobretudo para ela própria. E tem vivido muito bem, muito obrigada, à custa da credulidade alheia. O trabalho «social» é a folha de parra.

    Cristy

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  31. A esterilização voluntária (temporária - como na pílula ou no preservativo - ou permanente - como na vasectomia) atenta contra quem somos, ao perverter o fim fisiológico da reprodução humana.Bernardo, quero apenas salientar que a tua definição de ser humano está irremediavelmente ligada à definição católica do ser humano, pelo que mentes quando dizes que esta moral é partilhada entre "todos", crentes e descrentes.

    E já agora adicionar que é uma definição errada do ser humano. Não vejo porque não há de o ser humano alterar-se a si, opcionalmente. Senão vejamos, não cortamos o nosso cabelo? Não fazemos a barba? Não nos vestimos, apesar da roupa não ser natural? Não fazemos tatuagens? Qual será o mal do pacemaker?

    Bem sei que dizes que para casos de saúde está tudo justificado mas nem sempre foi assim aos olhos teológicos e nem é preciso recuar muito tempo. Agora pensa, será moral a colocação de aparelhos que recuperem a vista ou a audição? E então se esses aparelhos não apenas recuperarem mas melhorarem enormemente? Deixaremos de ser quem somos?

    Se nos sentirmos do "outro sexo" do fundo do nosso ser, e se tivermos a possibilidade de corresponder o nosso aspecto físico ao psíquico, porque é que é imoral? Porque não nascemos assim?

    Isso quer dizer que alguém que nasça sem pernas nunca poderá fazer uma operação de colocar pernas novas (quando for possível)?

    Existem muitos dogmas nos teus raciocínios que são apenas reaccionários, manifestações do medo da mudança, da liberdade pessoal de se exprimir como desejar. Medo que essa expressão afunda a civilização por assim dizer.

    Nada há de mais errado nessa assunção. E digo eu, é uma atitude imoral.

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  32. Este comentário foi removido pelo autor.

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  33. Olhem, hoje, enquanto andava a navegar em sites porno, ocorreu-me uma questão curiosa. Pesquisei e não lhe encontrei uma resposta - embora tenha encontrado mais sites porno, mas isso é fácil. Aqui vai:

    À luz do criacionismo, porque é que o sexo dá prazer?A verdade é que ele nem é necessário para mostrar afecto pelo outro - sempre temos as rosas e as massagens com óleo perfumado -, nem para ter prazer físico - uma francesinha e uma imperial tratam bem disso - nem para testar a nossa resistência à tentação - para isso existe o poder, o dinheiro, as drogas, a preguiça, etc.

    Se a função reprodutiva não fosse tamanha fonte de prazer, não tínhamos todos os ditos problemas relacionados com uma sexualidade promiscua: as doenças sexualmente transmissíveis, o aborto, o incesto, etc. Sabendo tudo isto de antemão, qual era a ideia de Deus? O que diz a Bíblia sobre isto?

    Fiquei curioso :)

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  34. Caríssimo João Vasco,

    Já não trocávamos palavras há uns bons tempos!
    Tudo bem?

    «Convido-te portanto a participares nesta conversa, explicando não só em que medida é que a posição da ICAR não é contraditória; mas também em que medida é que a mesma pode possivelmente ser subscrita por um descrente.»

    Claramente, eu defendo que a posição da Igreja nesta matéria é perfeitamente coerente. Se assim não fosse, eu nunca defenderia uma posição incoerente.

    A mais elementar lógica obriga-nos a deitar ao lixo qualquer ideia incoerente, pois o incoerente nunca pode ser verdadeiro.

    Penso que é necessário distinguir a posição OFICIAL da Igreja Católica, presente em várias encíclicas e documentos papais, das opiniões de alguns dos seus prelados (mesmo bispos).

    Infelizmente, a confusão reina um pouco por toda a parte, e a Igreja não é excepção, e não é nada raro vermos pessoas com responsabilidade dentro da Igreja assumirem posições contraditórias com o Magistério. Mas isso é um problema dessas pessoas, e não da doutrina católica.

    Gostaria, por isso, de perceber, João Vasco, onde é que vês contradições. Se vires contradição entre o que a Igreja sempre afirmou, nomeadamente através do ensinamento constante de TODOS os Papas, e eventuais opiniões de alguns padres e bispos, então deves ter em consideração a possibilidade de tais opiniões estarem em contradição com a doutrina católica. A autoridade de um padre ou de um bispo, que não pretendo negar, não tem o mesmo peso que a posição formal de um Papa. E, nos recortes que se lê na imprensa, é difícil "descolar" o que são opiniões pessoais de certos prelados do que eventualmente decorreria do seu ensinamento institucional (por exemplo, durante uma homilia ou uma catequese).

    A posição que defendo nesta matéria, que é a posição católica de sempre, baseia-se, em grande medida, na chamada "lei natural", ou seja, na moral que se deduz da constatação da natureza do homem e da mulher, e na posição de que as atitudes realmente morais são aquelas que se adequam à nossa natureza.

    Neste ponto de vista, todo o ser humano pode perfilhar da "lei natural" e reconhecer a imoralidade da contracepção artificial.

    Tu escreves:

    «Em particular quando se alega que existe algo de pouco ético em usar o corpo para um fim diferente daquele que alegadamente Deus pretenderia; como poderia um ateu rever-se neste argumento?»

    Claro que um ateu não se pode rever neste argumento. Mas eu não escrevi tal coisa. A posição que defendo é bastante geral: que não é ético usar o corpo para um fim diferente daquele ao qual ele se destina.

    E como é que eu me dou conta deste fim? Observando e deduzindo: conhecendo o sistema reprodutor humano, eu sei EXACTAMENTE a que fim se destina a actividade sexual, a saber:

    a) a união entre homem e mulher num só corpo (com evidente complementaridade sexual entre os seus corpos), que inclui não só a união física e o prazer que daí decorre mas também, pelo facto de que o Homem tem intelecto, a manifestação de mútuo amor e afecto através da sexualidade

    b) a reprodução e perpetuação da espécie

    São fins óbvios e evidentes. O preservativo é um obstáculo a a) e a b). A pílula é um obstáculo a b).

    Não é preciso ser-se crente em Deus para dizer isto.

    Abraço

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  35. Está decidido: vou deixar de cozinhar 8-)

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  36. Caro "Barba Rija",

    «Bernardo, quero apenas salientar que a tua definição de ser humano está irremediavelmente ligada à definição católica do ser humano, pelo que mentes quando dizes que esta moral é partilhada entre "todos", crentes e descrentes.»

    A palavra "mentir" é um pouco agressiva, não achas? Eu não te chamo de mentiroso sem ter a certeza de que ments, e acho que deverias fazer o mesmo.

    Vê a minha resposta ao João Vasco, onde tento mais uma vez explicar que o direito natural é suficientemente universal para poder ser partilhado por qualquer pessoa.

    «E já agora adicionar que é uma definição errada do ser humano.»

    É a tua opinião.

    «Não vejo porque não há de o ser humano alterar-se a si, opcionalmente. Senão vejamos, não cortamos o nosso cabelo? Não fazemos a barba? Não nos vestimos, apesar da roupa não ser natural? Não fazemos tatuagens? Qual será o mal do pacemaker?»

    Estás a aglutinar numa só caixa várias coisas diferentes. Em parte alguma eu disse que não se podia tocar no ser humano. A nossa inteligência permite-nos diferenciar "saúde" de "doença", e permite-nos distinguir o que é essencial do que é acessório. Cortar o cabelo, fazer a barba, usar um aparelho para os dentes, tudo isso é normal, e não muda em nada a nossa essência porque não interferimos com os fins da nossa natureza.

    É parte da nossa natureza a reprodução e a união sexual homem-mulher num só corpo. Já o ter barba pode ser ou não parte da vida de um dado indivíduo em particular, mas não faz parte da natureza do ser humano, ou então TODOS teríamos barba.

    Em relação às doenças, a coisa é simples: é sempre moralmente legítimo intervir para tratar uma doença, uma vez que a doença é algo de prejudicial ao fim do ser humano. O ser humano funciona quando está saudável, e se está doente, então tem que ser tratado.

    Ora, a infertilidade procurada de forma artificial é algo que não é feito para contrariar uma doença.

    Por isso, tu misturas tudo: misturas intervenções para curar doenças com outras intervenções. E misturas intervenções neutras em termos da nossa natureza (barba, tatuagem, etc.) com intervenções não neutras, que atentam contra a nossa natureza: por exemplo, a esterilização.

    «Bem sei que dizes que para casos de saúde está tudo justificado mas nem sempre foi assim aos olhos teológicos e nem é preciso recuar muito tempo.»

    Hã?
    Exemplos...?

    «Agora pensa, será moral a colocação de aparelhos que recuperem a vista ou a audição?»

    Claro que sim. O fim do olho é ver, e o fim do ouvido é ouvir. Se o olho não vê e o ouvido não ouve, há que fazer alguma coisa.

    «E então se esses aparelhos não apenas recuperarem mas melhorarem enormemente? Deixaremos de ser quem somos?»

    Claro que não. Se o fim do olho é ver e o do ouvido é ouvir, ver melhor é sempre desejável e ouvir melhor também. Não é a escala (melhor, pior) que muda a natureza. Sugiro que penses mesmo sobre estes temas, porque vai para aí muita confusão. Porque é que ter uma audição ampliada, por exemplo, mudaria a finalidade do ouvido? Se amanhã, através de uma operação, eu passasse a ouvir ultra-sons, isso mudaria a natureza do ouvido?

    Nota que eu não estou nada contra certas intervenções "biónicas", com por exemplo, o uso de próteses artificiais ou outras, em muitos casos. Eu pensei mesmo nestes assuntos para defender uma posição coerente e cuidadosa. Sugiro que faças o mesmo.

    «Se nos sentirmos do "outro sexo" do fundo do nosso ser, e se tivermos a possibilidade de corresponder o nosso aspecto físico ao psíquico, porque é que é imoral?»

    Porque aquilo que somos não é aquilo "que sentimos". Essa visão emotiva e sentimentalona não muda, em nada, aquilo que somos. Eu posso "sentir" que sou uma reincarnação do D. Afonso Henriques. Eu posso até querer "ter filhos" como o Stan daquele filme dos Monty Python, mesmo sem ter um útero para os receber. O "sentir" é um problema do psicólogo e não do cirurgião.

    «Porque não nascemos assim?»

    Claro!
    É óbvio. Se nasci com órgãos sexuais masculinos, sou homem.

    «Isso quer dizer que alguém que nasça sem pernas nunca poderá fazer uma operação de colocar pernas novas (quando for possível)?»

    Livra, que é custoso fazer passar um raciocínio simples:

    a) um tipo sem pernas é um ser humano, mas sem pernas: poderia tê-las, porque tê-las é normal num ser humano

    b) um homem sem útero não pode ter um útero, porque não é normal um homem ter útero

    Isto é assim tão complicado?
    É preciso fazer um desenho?

    «Existem muitos dogmas nos teus raciocínios que são apenas reaccionários, manifestações do medo da mudança»

    ui, ui...
    Sim, medos reaccionários, fobia à mudança. Ai, ai de mim...

    «da liberdade pessoal de se exprimir como desejar»

    Sim, claro, sou um reprimido. Estou a tratar disso mediante psicanálise, e estou a olhar para os meus traumas sexuais de infância.

    Agora fora de brincadeiras: "Barba Rija", não irás longe se a tua atitude perante alguém que pensa de forma diversa de ti consiste na minimização dessa pessoa, na sátira, e no desprezo. Se desprezas o que não compreendes na minha atitude, nunca serás capaz de a refutar. Para a refutares, tens que compreender a minha atitude. e não perder o teu tempo a caricaturá-la.

    Cumprimentos,

    Bernardo

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