Treta da (próxima) Semana: o PPM.
Vou estar fora durante a próxima semana, mas queria partilhar esta treta. No site do Partido Popular Monárquico pode-se ler um texto do seu presidente, o Nuno da Câmara Pereira (1):
«O Rei é de todos e para todos, esta a substancial diferença com a república; onde o seu Chefe de Estado, não vindo da dinastia, é um delegado de força (s) política ou poder económico que o promoveu» (1)
Da primeira vez que li isto não percebi. Nem da segunda. Nem da décima. Isto não faz sentido. Não é por «vir da dinastia» que um tipo é mais de todos ou para todos que qualquer outro. Todos somos filhos de pai e mãe, todos temos família, e não é por ser o não sei quantos de não sei onde e sei lá mais o quê que vai ser um bom Chefe de Estado.
E é irónico. O Nuno da Câmara Pereira foi eleito no XX congresso do PPM. Não por ser da dinastia, mas por representar a(s) força(s) política(s) dos que defendem que:
«não cabe ao PPM discutir o problema da sucessão ao trono de Portugal, devendo ser os portugueses a escolher através das cortes ou do Parlamento quem deverá ocupar o trono» (2)
Incrível. O Chefe de Estado tem que ser da dinastia, e não eleito. Qual dinastia? Bem, depois logo se elege uma. Ou talvez a ideia seja outra. Algo como Sua Majestade Fidelíssima Dom Nuno I, O Fadista...
Era de esperar que houvesse reis nos tempos em que um tipo contratava uns mercenários, dava pancada na mãe e desatava a fundar o juízo a toda a gente. Não havia nada a fazer. Ninguém queria meter-se à frente desses doidos a cavalo, de armadura e espada em riste. O melhor era deixá-los entretidos e esperar que fossem conquistar para outras bandas.
Hoje é diferente. Os reis de agora são como os aquedutos. Quem os tem, e se não estorvam, pois que os deixe estar. Ficam bem nos postais. Mas não vamos construir mais. Não precisamos de arcos enormes de pedra quando se resolve o problema com um tubo de plástico. Não queremos guerreiros, nem conquistadores, nem primos deste e daquele para combinar mais casamentos entre primos. O que queremos num chefe de estado é um tubo de plástico, que deixe passar as coisas sem incomodar ninguém.
É isto que eles não compreendem na democracia. As eleições não são para garantir que se escolhe um Grande Chefe de Estado. Até porque esses são perigosos. A democracia serve para mudar o tubo de quatro em quatro anos para não ficar tudo entupido.
E por agora é tudo. Vou estar sem ‘net até dia 19. Até lá divirtam-se, que eu também.
1- Site do PPM
2- Lusa, 6-5-05, Nuno da Câmara Pereira é o novo presidente do PPM
Ou eu ainda não consegui voltar completamente de férias, ou foste tu que partiste mais cedo. Seja como for, é bonito (e inesperado) ler isto no "Que Treta":
ResponderEliminar"As eleições não são para garantir que se escolhe um Grande Chefe de Estado. Até porque esses são perigosos. A democracia serve para mudar o tubo de quatro em quatro anos para não ficar tudo entupido."
Então é isso que é a democracia, um sistema que funciona. Emperra de vez em quando, mas muda-se o tubo, e fica tudo resolvido. Percebi.
Só não te desejo boas férias, porque vejo que já as estás a passar. Diz-me só uma coisa, ainda têm vagas, nesse local paradisíaco onde a democracia funciona? Anda-me a apetecer mudar de ares.
(peço desde já desculpa de qualquer tom menos amável que pareça transparecer neste comentário, a verdade é que estava mesmo a precisar de ir de férias. Não tens que me dar desconto, claro, eu é que peço que o dês. À parte isso, devo dizer que não sou monárquico, e concordo a 100% com o essencial do teu post. Boas férias).
Oi Nuno,
ResponderEliminarMuito rapidamente, porque vou sair daqui a pouco. A minha opinião é a de Churchill:
"Democracy is the worst form of government, except for all those other forms that have been tried from time to time."
Boas férias.
A despropósito:
ResponderEliminarhttp://www.400monkeys.com/God/index.html
Caro W,
ResponderEliminarEssa é a FAQ mais eficiente que já tive oportunidade de ler.
Eu vou mais longe: a monarquia é contra os direitos humanos!!! Que jeito tem um gajo ter o destino traçado à partida? Isso era no tempo das castas e no tempo feudal!! Um homem tem que ter direito à liberdade de escolha. Assim como assim as escolhas já estão condicionadas demais.
ResponderEliminarDito isto, rei por rei, podíamos arranjar alguma coisinha com mais jeito!
E que dizer dos privilégios que os nossos "herdeiros" ainda têm? Não os sei ao pormenor, mas sejam eles quais forem em relação aos restantes cidadãos, são demais! Porque eles não são mais que ninguém!
Parabéns pelo post....
ResponderEliminarDesculpa, não resisti a dar-te os parabéns.
Caro Rui,
ResponderEliminarSou muito tolerante a receber parabéns, por isso desculpo sem problema :)
Obrigado.