quarta-feira, agosto 01, 2007

Perdendo a fé.

No L.A. Times há um artigo interessante onde William Lobdell conta como ser repórter numa coluna acerca de religião o converteu de Cristão renascido em ateu (1). Resumindo, quanto mais descobria acerca de como funciona a fé e a religião na prática mais difícil lhe era acreditar num ser omnipotente e benevolente. Parece que até para os crentes mais fervorosos há alguma esperança.

Achei graça a esta citação de um tele-evangelista. Esta espécie de sanguessuga em forma de pessoa vive da venda e distribuição de fé. Na Trinity Broadcasting Network (TBN), uma das redes de televisão onde apanham crentes, avisou: «Se foi curado ou salvo ou abençoado através da TBN e não contribuiu... está a roubar a Deus e perderá a sua recompensa no paraíso.»

Nem nisto as discográficas inovaram. Apenas copiaram a aldrabice mais antiga da história da humanidade.

1- William Lobdell, 21-7-07 Religion beat became a test of faith

Editado a 3-8-07: tinha-me esquecido de referir o Secular Outpost como fonte.

2 comentários:

  1. Sim, é de facto uma históra pessoal muito interessante, sem dúvida.

    Claro que se refere a um conceito religioso de Deus... and I mean... concept, human idea!

    Na vida dos crentes, utilizando o termo numa acepção espiritual mais vasta e não estritamente ligada a qualquer denominação religiosa, a ideia do que é "Deus" vai, naturalmente, evoluindo. É claro que uma criança tem um conceito antropormófico do Pai Celestial, que se vai refinando progressivamente. Deveras, em religiões como o Budismo e o Taoísmo e outras crenças orientais, a imagem do Divino já não tem nada de exteriormente humano, digamos.

    Ou ainda, e até porque São João da Cruz - um dos adoradores em Espírito e Verdade! - é citado na sua maravilhosa "noite escura", existem na religião organizada dois aspectos que são bem diferentes, tendo apenas em comum um laço cultural e a respectiva instituição ou denominação religiosa: o lado exotérico, ou dos rituais, e o esotérico, ou da plena experiência interior. E, enfim, também há o fanatismo decabelado, é certo.

    Por exemplo, hoje em dia que tanto se fala do Islão, por motivos tantas vezes pouco felizes, quantos daqueles que criticam acerbamente essa religião sabem o que é o Sufismo - o lado esotérico, claro! - ou alguma vez leram... e sentiram, entenderam!... o espantoso testemunho escrito de Rumi e outros tantos crentes autênticos? Deveras, o Sufismo contém algumas das pérolas máximas da sabedoria humana, na íntima e invisível comunhão da alma com o divino.

    Faltam-te pés para viajar?
    Viaja dentro de ti mesmo,
    e reflecte, como a mina de rubis,
    os raios de sol para fora de ti.

    A viagem conduzirá ao teu ser,
    transmutará teu pó em ouro puro.


    Ou ainda:

    Não temos nada além do amor.
    Não temos antes, princípio nem fim.
    A alma grita e geme dentro de nós:
    - Louco, é assim o amor.
    Colhe-me, colhe-me, colhe-me!


    More!!!

    A fé da religião do Amor é diferente.
    A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
    Tudo que aprendes na escola é diferente.
    Tudo que aprendes do Amor é diferente.


    Sim, claro que quem não cumpre o mandamento basilar do "amar o próximo", obviamente não abrasa neste amor, que jamais a outrem causa dor!!!

    Por fim, os extremos unem-se e o círculo completa-se. A perda da fé religiosa "exterior", por assim dizer, ou o passar da crença infantil para a descrença adulta, é também um processo natural. Mas aquele que deveras busca, talvez regresse mesmo ao mundo da infância revisitado, agora com uma superior compreensão do que é essa íntima visão do Bem-Amado!!!

    Porque nem tudo se soletra em palavras... como dizer o que SÓ sabe o Coração?!?!

    Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio:
    - Não me escondas nada dos segredos do mundo!
    Muito docemente, ele murmurou-me ao ouvido:
    - Shiu! Podemos compreender, mas não exprimir!


    A super dificuldade é sempre, sempre, sempre a mesma: you do not go there through mere reason, that is NOT the way!!!

    Quero fugir a cem léguas da razão,
    Quero da presença do bem e do mal me libertar.
    Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser.
    Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis!


    That's all I can say...

    Rui leprechaun

    (...to that Beauty I do pray!!! :))


    PS: Ou a Unidade para além do dualismo... apenas sinto, não cismo!!! :))

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  2. Omnipotente e omnibenevolente, ainda vá - se não for omnisciente. Do mesmo modo, aceita-se - mal - um ser omnipotente e omnisciente, ou omnibenevolente e omnisciente.
    As três coias juntas é que não pode ser de maneira nenhuma.

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