A Espiritualidade da Oferta.
Artigo da autoria de Dom Mário Neto, Blinólogo e Sacerdote Blinico
Apesar de discordarmos em muito, o afecto que sinto pelo jovem Krippahl obriga-me, mesmo que futilmente, a tentar mostrar-lhe algo do significado profundo da vivência religiosa. Num texto recente, mais uma vez o meu jovem amigo revelou como lhe é difícil compreender este estado de espírito e esta forma de existir, no sentido pleno do termo.
Evidentemente, não é o ouro em forma de ratos, hemorróidas ou tumores*, enquanto bem material, que é relevante na oferta ao Divino. Isso sim seria adoptar uma relação mercantil com o Transcendente, típica das superstições primitivas nas quais o crente tenta enviar as oferendas aos deuses queimando ou deitando ao mar algo que lhe é precioso. Comida, ouro, incenso. Isso é ridículo, e, sinceramente, mete pena.
Numa religião evoluída, madura, e esclarecida como é o Blinismo, ou mesmo o Cristianismo e afins, não é nada disto que acontece. O crente não tenta comprar o seu deus com bens materiais. O crente esclarecido entrega a oferta ao sacerdote, de preferência em numerário, e é este que canaliza devidamente ao Divino toda a riqueza espiritual deste gesto de profundo simbolismo e Mistério religioso.
Quem não compreende o processo pode pensar que o crente se sacrifica e o sacerdote lucra. Nada disso. A oferta tem uma dimensão material, necessária para simbolizar o gesto ofertório, mas tem também uma dimensão espiritual. É esta que o sacerdote separa e Eleva. Ao subir, e por meio de um misterioso mecanismo de rodas e roldanas transcendentes, esta elevação espiritual faz apagar do crente os seus pecados, má consciência, sentimento de dever de caridade e até a tão perigosa capacidade de pensamento crítico e independente, tornando o uma pessoa melhor aos olhos Divinos.
Desprovida da sua dimensão espiritual, a vil matéria da oferta fica extremamente empobrecida. Recai assim sobre o sacerdote a árdua tarefa de respiritualizar estes bens materiais, e é por isso que este tem que passar tanto do seu tempo a distribuir esta riqueza material de uma forma espiritualmente enriquecedora. Quando paga a mulher a dias, a mercearia e o restaurante, a casa nova e o carro, ou mesmo o advogado por causa daquele mal entendido com os miúdos do coro, o sacerdote injecta na economia um capital que está de novo restituído desta imprescindível dimensão espiritual, e que pode novamente servir no ofertório. E em quase todas as religiões vemos a força espiritual dos grandes sacerdotes, capazes de suportar sozinhos o terrível fardo das roupas riquíssimas, jóias, obras de arte, palacetes e aviões privados. É deveras impressionante.
Sem o trabalho incansável destes homens (as mulheres têm outro papel) já não haveria dinheiro que cumprisse os exigentes requisitos espirituais do ofertório, e seria impossível aos crentes redimirem as suas faltas com uma ou duas notas (ou três). Lá teriam que enfrentar a necessidade de corrigir as consequências dos seus erros em vez de expiarem os seus pecados desta forma expedita.
Espero que tenha conseguido esclarecer o jovem Krippahl e os seus leitores. A oferta não é uma forma de comprar o favor divino com bens materiais. A matéria é imperfeita, vil, incapaz de agradar aos Seres Perfeitos senão como símbolo do Espirito Eterno. É esse espírito de sacrifício, do crente e do seu sacerdote, que ascende e expia as falhas daquele que oferece. Do crente por se apartar de algo que julgava de valor, e do sacerdote pelo seu empenho espiritual nesta difícil tarefa.
E deixo também a minha oferta de suportar o fardo dos vossos bens materiais sempre que sentireis a necessidade de vos libertar do peso que os vossos pecados exercem sobre o vosso espírito. Se quiserdes passar cheque, por favor passai-o em nome de Mário Neto para não incomodar os paroquianos com a papelada.
* Dom Mário Neto refere-se a este post.
Ludwig
ResponderEliminarCorrendo o risco de fazer fraca figura de novo... foste tu a escrever a "carta", certo????
Cara Aboborinha,
ResponderEliminarEu tenho contribuido vários textos para este blogue. Se quiser saber mais sobre a verdadeira Fé, poderá ler aqui mais sobre a Blinologia.
Talvez porque o meu nome é tão parecido com a palavra «marioneta» e por muitos desconhecerem a verdade acerca da tradição e fé Blinológica, é comum pensarem que sou apenas um personagem fictício, ou um pseudónimo do jovem Krippahl.
Mas quanto a isso, minha cara amiga, posso garantir com total confiança e certeza.
Eu queria era ver umas imagens das Joaninhas sagradas, para por no meu blog.
ResponderEliminarEstou quase quase convertida, mas falta isso, falta ver a imagem das Joaninhas!!!
Mário Neto
ResponderEliminarAgora é que eu estou convencida que é gozo! Mas "amande-me" o link, que estou precisadinha de rir (ou de um pouco de fé).
Abobrinha,
ResponderEliminarO D. Mário Neto está agora ocupado com a missa das 14:00 e, especialmente, com o ofertório das 15:00. Por isso respondo eu (mas é só por isso).
Basta clicares a tag blinologia que tens lá todos os artigos sobre o tema.
Jovem Krippahl
ResponderEliminarLi na diagonal (mas vou ler com mais atenção hoje à noite) e já percebi: não é treta. Pelo menos, já ouvi parecido, por isso não deve ser treta.
Já agora, não consideraste, jovem Krippahl, tirar a porra da verificação de caracteres? Não sei porquê, mas dou-lhes frequentemente ao lado!
Ou é isso, ou só deixar comentar quem tem login no blogger. Há queixas em ambos os casos (e o D. Mário Neto não tem login no blogger... teria que usar o meu)
ResponderEliminarMár... Jovem Krippahl (vê lá que o teu irmão já foi promovido a Herr Krippmeister)
ResponderEliminarEra só para ser mais rápido. Deixa lá! E eu não queria que o reverendo Mario Neta ficasse de fora! A minha salvação pode depender das contribuições dele!
Não ia comentar, juro que não ia. Porque não me quero meter numa conversa particular entre duas pessoas que muito aprecio; porque o post é auto-comentado; e porque não, argumento cuja validade a própria Abobrinha já reconheceu. Mas não posso, desculpem, mas é que não posso.
ResponderEliminarO problema é este, como deixar passar em branco a frase mais sublime da blogosfera? A frase, contextualizada, é a seguinte:
"Talvez porque o meu nome é tão parecido com a palavra «marioneta» e por muitos desconhecerem a verdade acerca da tradição e fé Blinológica, é comum pensarem que sou apenas um personagem fictício, ou um pseudónimo do jovem Krippahl.
Mas quanto a isso, minha cara amiga, posso garantir com total confiança e certeza."
A frase a que me refiro é a última, e o que a torna excelente é o facto de iludir por completo a questão. GA
aante, mas não diz o quê, sendo certo que o faz com total confiança e certeza. Brilhante, e é mais uma machadada do Ludwig... Peço que me desculpes por referir o óbvio, mas foi um dos raros casos em que me pareceu pior não o referir.
*Garante*, porra, garante. Quem foi o gajo que se lembrou de inventar estas máquinas diabólicas, seja como for? Mesmo o privilégio de um emprego simpático e repousante começa a parecer demasiadamente oneroso, face a estes insucessos.
ResponderEliminarNuno,
ResponderEliminarUm dos maiores trunfos da teologia (e da blinologia) é a capacidade de dizer coisa nenhuma com absoluta convicção e certeza.
Aliada à capacidade de resumir em 500 palavras o que se pode dizer em dez dá treta para milhares de anos :)
A Blinologia e a Teologia, pela sua natureza trancendental e incorpórea, apoiam-se frequentemente na Parlapiética Tretológica assim como na Tangologia Inventacional. Daí que segundo a lógica absurdacionalista inerente à fé, se possa afirmar coisa nenhuma com total convicção.
ResponderEliminarHerr Krippmeister
ResponderEliminarYou dirty talker...
Por motivo nenhum e daí não sei, cito Marilyn Manson:
"I memoriser the words
To the porno movies
They are a new religion to me"
Eu gosto muito de Marilyn Manson!