Roubaram o carro do Tózé Brito (ou como que, segundo ele).
A propósito de uma série de palestras sobre a «Industria da Música em Portugal»*, o Tózé Brito afirmou que «Quando as pessoas ou as empresas compreenderem que o fornecedor de Internet lhes veda o uso, por causa de `downloads` ilegais, o fenómeno desaparecerá»(1). Nesta curta notícia o Tózé demonstra grande mestria na arte de cavar minhocas.
É comum alegarem que os downloads são ilegais, mas os processos em tribunal têm visado só o upload. É distribuir o conteúdo que viola a lei. Obter uma cópia para uso pessoal, por si só, parece ser insuficiente para levar alguém a tribunal. E como a discografia completa do Tózé Brito cabe num cantinho de um cartão de memória, com as fotografias das férias e meia dúzia de filmes, mesmo que essa medida funcionasse apenas mudaria a forma como se copia ficheiros de música. O que dá chatices ao Tózé Brito não é a Internet. É a tecnologia que permite descrever músicas em sequências de zeros e uns e depois transmitir essas descrições ou andar com um milhão delas no bolso**.
E a Internet é cada vez mais importante na nossa vida. Todos gostamos de ouvir música de vez em quando, mas a Internet é correio, telefone, jornais, televisão, enciclopédia e ferramenta de trabalho para cada vez mais gente. Subordinar isto tudo à venda de CDs é de uma miopia que seria cómica se não fosse a tragédia de o levarem a sério. Como a Patrícia mencionou, propostas absurdas como a que o Tózé Brito papagueia estão a ser consideradas em vários países, o que «deve preocupar mesmo aqueles que não se interessam muito por estas coisas porque afecta a privacidade e a liberdade de toda uma sociedade»(2).
Na cavadela seguinte,«através do número de identificação do computador, as operadoras de telecomunicações sabem quem faz "downloads" ilegais, podendo, por isso, cortar-lhe o acesso à Internet, e avisar as autoridades para que o computador seja apreendido». Não há número de identificação do computador. Em alguns casos, como nas ligações por cabo, há um número do modem. Mas em muitos tipos de ligação nem isso há. O número que o Tózé refere é o endereço IP, e esse é atribuído pelo ISP à ligação, não ao computador nem à pessoa. Um endereço IP pode depois ser usado por vários computadores numa rede interna, que é o que acontece com quem tem wireless em casa. Além de não poder associar um endereço IP a uma pessoa ou a um computador, quando as empresas discográficas encontram um endereço IP suspeito nem sequer têm garantias de estar a ser usado para algo ilegal (3). Não se contentando com sacrificar a Internet pelo seu negócio, os Tózés também querem deitar fora a justiça e mandar a polícia entrar em casa das pessoas sempre que suspeitarem que alguém ouve música sem lhes pagar.
Finalmente, o costumeiro «roubar uma música é igual a roubar um carro». Teria razão se investisse trabalho e dinheiro a gravar uma música e alguém lhe roubasse todas as gravações e cópias de segurança, obrigando-o a fazer tudo de novo. Isso seria como roubar um carro no sentido de o privar de algo que ele já tinha e que lhe custa repor. Mas partilhar ficheiros mp3 é copiar descrições numéricas das músicas. Se a música está publicada é como copiar do catálogo informação pública acerca do carro. Grave seria se a informação copiada fosse pessoal ou privada; a capacidade de violar a esfera pessoal é uma consequência preocupante desta tecnologia. Mas o Tózé não parece ser contra isso. Pelo contrário, se for para ganhar mais uns euros é até a favor de bisbilhotar o que as pessoas fazem e mandar lá a polícia se for coisa que ele não gosta.
Como compositor e autor o Tózé Brito talvez continue a ter sucesso. Mas se apostar na venda de CDs está tramado. Há coisas mais bonitas, mais em conta, e melhores que os CDs para evitar que os copos manchem a mesa.
* Começa hoje na FCSH. Infelizmente, é às 11:00, e estou a dar aula. Mais detalhes no Misurato.
** Não é hipérbole. Um disco de 2 terabyte tem o tamanho de um livro de bolso, custa uns 200€ e cabe lá cerca de um milhão de ficheiros mp3.
1- RTP (Lusa), 5-3-09, Produtor musical Tózé Brito defende corte de acesso à Internet a quem descarregue músicas ilegalmente. Obrigado ao Francisco Burnay pelo link.
2- Comentário em O julgamento dos piratas.
3- Mais detalhes sobre estas trapalhadas no post Um, dó, li, tá. Inclui a história da impressora que recebeu uma notificação para não partilhar filmes...
Tó-Ze Brito tem toda a razão.
ResponderEliminarPessoas como tu, deveriam viver sem música, ou então deveriam comprá-la ao dobro do preço.
Vais ao teatro, cada vez que vês a performance, pagas. Vais ao Futebol, cada vez que o fazes, pagas. Compras um medicamento, ou software, pagas, e não te chega saber a fórmula ou o código-fonte do mesmo para que a lei te dê direitos de o replicar e distribuir.
Copia e distribui o que criaste. Sua, trabalha, que decerto além de textos deslavados, não dás nada de teu a ninguém.
Comprares algo que alguém criou para teu próprio usufruto, não te dá o direito de distribuires esse algo a toda a gente por quem o queiras fazer.
Sorte a tua, que a classe dos músicos é muito desunida.
Vai-te Lixar!
Ass: Um Músico sem dinheiro para comer.
OLha sabes o que te digo...
ResponderEliminarBonito, bonito são... as canções do Tózé Brito ;)
Beijos
Alguém que adora Música,
ResponderEliminaro teu problema não são os Ludwigs deste mundo. o teu problema são as editoras/distribuidoras que teimam em tentar o impossível.
Eu já disse aqui que compraria musica, filmes e séries se estas estivessem disponiveis a um click de distancia em HD, sem DRMs e a preços baixos (centimos a musica, dezenas de centimos os episódios das séries ou um euro o filme/série completa).
Como não disponibilizam isso assim não ganham um cêntimo comigo e olha... vejo e ouço tudo sem eles facturarem nada comigo. Tenho para mim que há por aí dezenas de milhões como eu.
Mas se insistes em colocar as culpas nos Ludwigs só estás a prolongar a tua falta de dinheiro para comer.
O modelo de negócio tradicional está morto e parece que só quem está no meio musical é que ainda não percebeu isso.
Musico esfomeado,
ResponderEliminarLamento que nunca tenha ouvido um CD emprestado sem remunerar os autores, que nunca tenha contado uma anedota sem pagar a quem a inventou. Que cada vez que usa uma roda, uma palavra ou uma nota musical tenha de dar dinheiro aos seus inventores, e que cada vez que faz algo que lhe ensinaram pague a que lho ensinou. Se não fosse assim, talvez estivesse menos miserável.
Mas tem uma safa. Em vez de cobrar pela distribuição da sua arte, distribuição essa que hoje é gratuita, sugiro que peça dinheiro pelo serviço de a criar. Saia do anonimato, fale com os seus fans e diga-lhe que se querem as suas magníficas obras têm que recompensar o seu trabalho pagando-lhe como a um profissional. Pelo trabalho que faz em vez de cobrando bilhete por cada vez que o ouvem.
Se, por infortunio do destino, os seus fãs não quiserem este negócio, sugiro que se procure outra profissão e que se dedique à música como amador. Como alguém que faz arte porque gosta do que faz e não necessariamente pela capacidade de persuadir outros a pagar pelo seu esforço.
Quanto ao que eu crio, ainda nunca cobrei pelo acesso ao que produzo, seja artigos, aulas ou software. Só cobro pelo trabalho que faço. Penso que é mais digno como profissional e mais justo para todos.
Alguém que adora Música,
ResponderEliminarDá-me uma boa razão (que passas fome por insistires em fazer música não é uma boa razão para mim) para eu, quando me dá na cabecinha ver determinado filme, tenha de me levantar do sofá, enfrentar o frio, gastar gasóleo e mecânica do carro, ir até à confusão de um shopping abarrotado de pessoas, gastar 20 euros num disco primitivo, lento e cheio de apresentações e comunicados que não me interessam nada e que nao posso passar à frente, sujeito a DRMs estanhos que às vezes me impedem de ver/ouvir o conteúdo e ainda me instalam coisas no pc sem eu dar autorização quando posso faze-lo sentado no quentinho do safá sem gastar um tostão e sem ter qualquer chatice?
Ponham tudo online, fácilmente disponível e com os conteúdos por mim escolhidos bem organizados de modo a que me dê vontade de voltar e voltar e voltar. Preços baixos e já está. Tens dinheiro para comer.
Até lá... estão a combater moinhos de vento.
Ludwig,
ResponderEliminar"[peça dinheiro]Pelo trabalho que faz em vez de cobrando bilhete por cada vez que o ouvem."
A não ser que seja num concerto ao vivo, pois há uma "prestação de serviço". Há imensa música de domínio público para piano que eu próprio toco mas, se fosse tocada pelo Evgenny Kissin, eu pagaria (e muito) por essa prestação de serviço.
Ao músico sem dinheiro para comer:
ResponderEliminarPara sua informação a música não apareceu quando inventaram os discos de vinil, nem com a rádio e nem com os CD's, já existia há muito antes e continuará a existir independentemente do resto.
A vossa conversa é sempre a mesma. Foi assim quando apareceram as cassetes de audio e de vídeo, quando apareceu a rádio também disseram que as pessoas iam deixar de ir aos concertos, quando da televisão disseram que os cinemas iam acabar, agora é o papão da internet.
Em vez de andar aqui à procura de "bodes espiatórios" revolte-se antes contra a máfia das editoras que pagam uma miséria à maioria dos artistas e ficam com a maior fatia do bolo e continuam a insistir num modelo de negócio falido.
A tecnologia veio para ficar, não há volta a dar, adapte-se a ela ou mude de profissão como fizeram outros antes.
Olá, respectivamente, "mamã eu quero" e "Ludwig",
ResponderEliminarQue bem que se "cosem"...
Que bem que se entrosam nesta sociedade do "é tudo nosso", do "tiro a todos e está tudo bem, só espero que não me tirem nada a mim".
Muito bem tentam ironizar e até ensinar. A ironia, diverte-me. Os ensinamentos, quando tendenciosos, lançados para tentar rebaixar, ou como base de sustentação para um discurso, são, regra geral, ridículos.
Aprendam a respeitar. Numa altura em que as "paneleiras" se querem casar e toda a gente lhes dá um moderno "àmen", porque se deve respeitar o modo como cada um vive a sua sexualidade, por mais anti-natural que seja, tira-se com a outra mão. Expoliam-se os direitos de autor dos criadores de música.
Música, deveria ser de facto mais acessível, tem todas as condições para que isso possa acontecer, mas gratuita? ou, refraseando, roubada legalmente..; Isso Não!
Quem quiser fazer das suas criações domínio público, pode fazê-lo, mas quem não quer fazê-lo e vê as suas obras roubadas á frente de todos sem que ninguém faça nada para o impedir, está mal.
Sr Ludwig, não sabe, nem sonha quem sou, pois se defendo que se paguem os direitos de autor, será bem provável que tenha algum valor a receber... ou não, talvez esteja a defender terceiros, porque as minhas obras não valem nada. Não tente tirar ilações redutoras de mim, só porque me assinei como "Um Músico sem dinheiro para comer" e isso deverá querer dizer que não sou conhecido, logo, não presto. As suas paródias aos meus pouco prováveis fãs e á sua assumpcão da minha falta de qualidade, são tão básicas, como o texto contra o qual me insurjo.
É lógico que também já consumi música ou software ilegal, infelizmente, quem não o fez..! Uma coisa é, ao sabor dos tempos, errar, outra é tentarmos convencer-nos de que esse erro que cometemos, não só não existe, como ainda tentamos que se perpetue. O problema aqui existe quando o " correcto" é substituído pelo "está errado, mas dá-me jeito".
Acho que não vale a pena continuar a tentar explanar o meu ponto de vista que sinto ser absolutamente contra-corrente, pois a pirataria musical, generalizou-se, agora falta só que se tirem das consciências dos piratas/ladrões, esse peso.
Espero que se devolva o seu a seu dono.
Um Músico Esfomeado de Justiça!
Alguém que adora Música,
ResponderEliminarVocê é o Tó-Zé Brito!!!!
Lol,
ResponderEliminarNão sou o Tó-Zé Brito. Conheço-o, e até nem gosto dele.
Aqui nesta batalha, partilho porém, com ele o mesmo lado da barricada.
Alguém que adora música,
ResponderEliminarFoi só um "lucky guess".. :)
Engraçado, como sinto nostalgia dos tempos do vinil.
ResponderEliminarToda a música que ouvia era comprada, tinha orgulho na minha discografia e o mesmo se passava também com todas as pessoas com quem me relacionava.
Havia na compra de um àlbum uma magia que temo, infelizmente, a malta nova não venha nunca a experienciar.
Ouvir as músicas, fazer as escolhas, poupar o dinheiro, comprar o LP, abri-lo, metê-lo debaixo do braço, convidar um ou dois amigos e irmos ouvir aquelas 6 a 8 músicas com um deleite que hoje, tenho receio, já não exista.
"Numa altura em que as "paneleiras" se querem casar e toda a gente lhes dá um moderno "àmen", porque se deve respeitar o modo como cada um vive a sua sexualidade, por mais anti-natural que seja, tira-se com a outra mão".
ResponderEliminarafinal é o Zéquinha.
Cristy
Músico esfomeado,
ResponderEliminareu tenho a mesma sensação com o vinil. Adoro aquelas grandes rodelas de plástico e o seu som, o artwork das capas, etc.
A minha média de há 3 anos para cá tem sido 1.5 vinis por mês, já tenho mais de 50, e com muito orgulho. Nunca mais comprei um CD.
A única diferença entre nós é que eu ao menos testo a música (via download "ilegal") antes de me decidir pela sua compra ou não!
É que os mais de 1000 euros que já lá estão investidos custaram-me bem a ganhar para andar a comprar barretes! (isto para não falar dos 200+ CDs que os antecederam).
Músico anónimo,
ResponderEliminar«Que bem que se entrosam nesta sociedade do "é tudo nosso", do "tiro a todos e está tudo bem, só espero que não me tirem nada a mim".»
Eu não sou músico. Canto no duche e, felizmente, ainda não corro o risco de ter que pagar por isso. Espero que não considere que isso também é roubar.
Mas sou professor, ensino informática e faço investigação. Uma coisa que sei bem é que o conhecimento e a informação, quando se transfere, ninguém fica privado dela.
Outra coisa que sei bem é que ficheiros de computador são apenas informação, abstracta, codificada em números.
Por isso sei que é absurdo isso que diz, do "tiro a todos". É como dizer que os meus alunos me tiram conhecimento quando aprendem algo nas aulas.
Se o anónimo ouvir uma música no rádio e a cantar em sua casa não está a roubar nada a ninguém. E se copiar para o seu computador uma sequência de números que descreve as frequências de som também não tirou nada a ninguém.
«Música, deveria ser de facto mais acessível, tem todas as condições para que isso possa acontecer, mas gratuita? ou, refraseando, roubada legalmente..; Isso Não!»
O que se transfere na partilha de ficheiros são sequências de zeros e uns. E na matemática, ao contrário do que querem fazer com a música, aquilo que alguém cria é de todos. Não se pode roubar números.
«Sr Ludwig, não sabe, nem sonha quem sou,»
E é pena que não diga quem é. Sabe que é difícil ter respeito por um interlocutor encapuçado, que pode vir aqui dizer os disparates que quiser sabendo que não lhe serão atribuidos...
Porquê o anonimato? Tem vergonha do que escreve?
«só porque me assinei como "Um Músico sem dinheiro para comer" e isso deverá querer dizer que não sou conhecido, logo, não presto.»
No meu comentário em resposta ao seu enumerei duas possibilidades. Ou o anónimo é um músico com talento e não tem problemas em convencer as pessoas a pagar-lhe pelo seu trabalho (não pelo acesso à música, mas pelo trabalho de a criar, que é isso que os músicos fazem melhor). Ou então não há pessoas suficientes a querer pagar-lhe para exercer a sua profissão de músico. Nesse caso, apenas sugeri que arranjasse outra.
Não assumi nada acerca de qual destas é a verdadeira. Apenas apontei que o trabalho de um artista é criar arte e não copiar CDs. É por isso mais razoável que receba pela criação da arte e não pela cópia das rodelas de plástico.
«O problema aqui existe quando o " correcto" é substituído pelo "está errado, mas dá-me jeito".»
É precisamente esse problema que aponto no post. Está errado tratar a partilha de ficheiros como um crime. Mas dá jeito a algumas pessoas, e por isso continua a fazer-se.
«Toda a música que ouvia era comprada, tinha orgulho na minha discografia e o mesmo se passava também com todas as pessoas com quem me relacionava.»
Lamento que na sua juventude não tivesse tido dinheiro para um rádio nem amigos ou familiares que cantassem e que ninguém nunca lhe tivesse emprestado um disco. Mas, sendo assim, compreendo um pouco a sua amargura. Só teve a experiência da música como um bem de consumo, algo comprado às rodelas, e nunca a viu como parte da sua cultura, daquilo que partilhamos livremente com os outros.
Sr Ludwig,
ResponderEliminarAcabou de dizer que tudo que é binário, pertence a todos...são meros arrays de zeros e uns...
A sua identificação, o registo do(s) seu(s) carro(s),casa(s) e todo o dinheiro que possa ter guardado num banco, seria bom que de repente fosse distribuído por um qualquer funcionário com os conhecimentos/privilégios necessários ao acto e que partilhasse do seu ponto de vista.
Ah... Amigos, muitos e continuam a sê-lo, infância com dificuldades, felizmente não sei o que possa ser.
Livros ou discos emprestados, não fazem parte da minha biblioteca/discografia, são, tal como acabei de dizer, emprestados, pertencem a outrém.
Amigos, música, instrumentos, cantos, quadros, livros, tiveram função muito importante na minha formação como ser humano
Sr Ludwig,
Continue a fazer muitos downloads, continue a pensar bináriamente. Calor humano, justiça e emoções, são talvez, coisas muito analógicas para a sua sofisticação.
Seja Feliz.
Músico Anónimo,
ResponderEliminar«A sua identificação, o registo do(s) seu(s) carro(s),casa(s) e todo o dinheiro que possa ter guardado num banco, seria bom que de repente fosse distribuído por um qualquer funcionário com os conhecimentos/privilégios necessários ao acto e que partilhasse do seu ponto de vista.»
Se seguir a tag "copyright" verá que já lidei com esse comentário absurdo muitas vezes. Vou dar novamente um exemplo, a ver se fica claro.
Eu tenho um código de 4 algarismos para o cartão multibanco. É secreto. Tenho o direito de não o divulgar. Tenho o direito de que não mo tentem descobrir e que o banco não o divulgue.
Mas não sou dono desse número. Se escrever todos os números de 0 a 9999, vai lá estar o meu código multibanco de certeza. Mas não o posso processar por me ter roubado o código.
A sua privacidade defendo-a. Não reconheço a ninguém o direito de ir a sua casa bisbilhotar-lhe as músicas que compõe, o que tem no computador ou até o que faz com a sua ligação à internet.
Mas não lhe reconheço o direito de exigir que certas sequências de números sejam propriedade sua.
Cristy: «afinal é o Zéquinha.»
ResponderEliminarFoi o que pensei logo quando comecei a ler paneleirices nos comentários.
Existem livros gratuitos na Web que podem ser comprados on-line, como o "The Art of Unix Programming" de Eric S. Raymond. Na Web podem obter e-books das obras de Stephen King por cerca de 7$. Por um livro, King tem um lucro de cerca 450.000$ - que seria significativamente menos através de uma distribuidora.
No caso das músicas, os intérpretes podem lucrar com concertos - os escritores não têm esse privilégio. Não me parece que um interprete de música clássica, que com o seu instrumento caro, fatinho caro e educação musical cara, que toca num local caro, exija direitos de cópia. Um CD de música clássica custa pouco mais de 1 euro.
Os que trabalham para o Google não andam a morrer de fome. Andam é a jogar ténis no seu local de trabalho.
Parece que, finalmente, os Metallica ficaram a saber como funciona o que tanto combatem. Aposto que estes que já compreendem a facilidade do uso do p2p já não vão lutar mais para acabar com ele. Devem ter visto, finalmente, os moinhos de vento.
ResponderEliminarAqui
O link não entrou.
ResponderEliminarDe novo:
Aqui
Leia sobre Dom José Cardoso, Arcebispo de Recife e Olinda,no Brasil e comente a respeito , meu nome é Rogerio , rio de janeiro Bra.
ResponderEliminarResumindo: Tudo o que possa ser convertido digitalmente, seja música, filme, livro, fórmula...é algo que passa a ser do domínio público. É a sua opinião.
ResponderEliminarEspero que os ISP's sejam forçados a impedir o download/partilha de obras sujeitas a direitos de autor, o mais depressa possível. Este é o meu desejo.
E Ficamos por aqui, Ludwig, seja feliz..!
Cumprimentos a todos os intervenientes nesta mini-discussão.
Musico que gosta de comprar Arte.
Alguém,
ResponderEliminar«Resumindo: Tudo o que possa ser convertido digitalmente, seja música, filme, livro, fórmula...é algo que passa a ser do domínio público. É a sua opinião.»
Não. Nada é convertido digitalmente. A coisa continua o que era. O que se faz digitalmente é descrever as coisas. Eu posso descrever o meu carro digitalmente especificando todas as dimensões, criando identificadores para cores e materiais, etc. Isto não converte o meu carro em coisa nenhuma. Simplesmente codifica informação acerca do carro. Descreve-o.
Uma lista de valores de intensidade sonora em função do tempo não converte a música em coisa nenhuma. Descreve um aspecto da música.
E isso não passa a ser do domínio púlbico porque as sequências de números sempre foram do domínio público. Nunca o copyright cobriu tabelas de números (pode registar o aspecto gráfico ou algo assim, mas não pode dizer-se dono da sequência de números em si).
O problema, em grande parte, é a falta de compreensão desta tecnologia, que faz com que muitas pessoas pensem que uma lista de números é a "conversão" de algo e que por tal é proprietária. Esta confusão permitiu que se adaptasse abusivamente o copyright aos conteúdos digitais.
«Espero que os ISP's sejam forçados a impedir o download/partilha de obras sujeitas a direitos de autor, o mais depressa possível. Este é o meu desejo.»
Se as pessoas se ligarem por modem para trocar ficheiros vai cortar-lhes o telefone? Se enviarem cartões de memória pelos correios proíbe-os de enviar cartas? Ou deseja que os CTT leiam a correspondência de toda a gente, não vá passar alguma cançãozinha do Tozé Brito? E se partilharem ficheiros um HDD no bolso vai pôr um polícia em cada esquina com um portátil para ver o que as pessoas levam?
Parece-me que, à parte dos erros conceptuais, os seus valores estão um bocado trocados...
«Uma lista de valores de intensidade sonora em função do tempo não converte a música em coisa nenhuma. Descreve um aspecto da música.»
ResponderEliminarIsso é ainda mais óbvio na venda de partituras musicais. Quando estudava música, comprar partituras editadas de Bach ou Mozart era um balúrdio. Fotocopiá-las rouba não sei muito bem quem, ao certo... A indústria do papel? O Bach e o Mozart não são, com certeza.
O próprio Bach transcreveu uma vez, de ouvido, um concerto de Vivaldi (Op. 3, nº 11, RV 565) que adaptou a um concerto de órgão (BWV 586). Na altura, isso era visto como um elogio. Hoje é violação de copyright, e o mesmo que roubar a pensão de uma velhinha reformada.
Uma pequena gralha: é BWV 596, para se alguém quiser ir ouvir ao Youtube.
ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarHoje, no Figaro (jornal francês), vinha esta notícia:
"L’Assemblée nationale examine à partir de demain le texte visant à lutter contre le téléchargement illégal.
ADOPTÉ en moins de 24 heures au Sénat, le 30 octobre dernier, dans un climat de consensus général, le projet de loi Création et Internet arrive demain à l’Assemblée nationale sur fond de bras de fer. Une poignée de députés, notamment de l’UMP, sont très hostiles à ce texte. Tous reconnaissent que le piratage Internet est une plaie pour la création artistique. Mais ils sont aussi nombreux à juger le projet inadapté. Les opposants les plus virulents critiquent un dispositif antipiratage qui pourrait aller jusqu’à la suspension de l’abonnement Internet. Certains parlementaires craignent que cette loi déplaise particulièrement aux jeunes. Depuis quelques semaines, de nombreux internautes se mobilisent sur le Web."
Parece que o Tó-Zé não criou a ideia, pois esta está espalhada por muito lado...
Pedro Ferreira,
ResponderEliminarSim, a ideia não é do Tózé. Já anda por aí há uns anos. Até já foi rejeitada no Parlamento Europeu.
Esta lei francesa foi originalmente concebida pelo Olivennes, o predisente da FNAC. Mais um exemplo da independência e idoniedade do braço legislativo...
é BWV 596, para se alguém quiser ir ouvir ao Youtube.
ResponderEliminarI am listening now... morning birds singing loud! :)
Bach - Concerto em Ré menor, BWV 596, segundo Vivaldi Opus 3, nº 11 (flauta)
A "Grande Roubalheira" pode estar a chegar ao fim.
ResponderEliminarhttp://www.musica.iol.pt/noticia.php?id=1049051&div_id=4060
"You may say i'm a dreamer, but I'm not the only one".
ResponderEliminarVejam quem mais se sente roubado:
http://www.featuredartistscoalition.com/who_we_are.html
Alguém,
ResponderEliminarEstás a confundir as coisas. Lê o manifesto dessa associação.
«Featured Artists, those credited on recordings and who are the primary named performers, are responsible for the majority of income in the music industry. Their interests need to be properly represented.
[...]
The industry needs to change fundamentally to address these issues. Artists need an effective collective voice to represent them and have a real say in shaping the future of the industry.»
Eles não portestam dos fãs partilharem ficheiros. Eles protestam dos Tozés Britos lhes ficarem com o dinheiro.
E nisso estou de acordo. Um sistema de licenciamento comercial faz sentido, e deve favorecer o criador e não o distribuidor como o sistema que temos agora.
Mas deve ser um sistema de regulação comercial e deve ficar fora da esfera pessoal.
Caro Ludwig, parece, que finalmente há uma ligeira convergência de opiniões...!
ResponderEliminarAlguém,
ResponderEliminarNáo sei de onde vem esse finalmente. Talvez náo tenhas lido os meus (muitos...) posts anteriores sobre este tema. Mas nunca me opuz a um sistema de regulação comercial. Não estou convencido que seja muito necessário, mas também não vejo que tenha algum mal. Os benefícios podem bem ser superiores aos custos. Mas, como tenho dito várias vezes, tal sistema de regulação comercial preocupa-me tanto como as licenças que as pastelarias têm que pagar para abrir portas ao público.
Aquilo que oponho é o policiamento da informação que as pessoas guardam, acedem ou trocam para fins pessoais, desligado de qualquer relação comercial. Isso infringe direitos muito mais fundamentais do que a regulação do comércio. Como o direito de acesso à informação, a liberdade de expressão e privacidade.
Em suma, que regulem o negócio da música como bem entenderem. Mas não se metam na vida das pessoas, desligar a internet ou a atropelar coisas bem mais importantes que vender CDs.
Só voltei para deixar um pensamento:
ResponderEliminarMúsica deixou de se pagar, porque os ISP's, dão largura de banda e downloads ilimitados.
Os ISP's, que florescem, estão a ficar com todo o dinheiro que deveria ficar na mão dos músicos/compositores.
Se os ISP's filtrassem as descargas de músicas/filmes protegida(o)s por direitos de autor, será que tinham tantos clientes, ou digamos de outra forma, far-se-iam pagar pelos mesmos preços?
Os Consumidores de Internet, têm no acesso gratuito a obras que de outra forma teriam de pagar, um dos grandes incentivos para aderirem aos serviços dos ISP's.Não fora a descarga dos conteúdos que acima menciono, será que seriam necessários "downloads ilimitados"?
No fundo, o consumidor acaba por pagar, só que á entidade errada.
Obrigado por me lerem.
Alguém,
ResponderEliminarHá diferenças importantes.
Uma é que o que pagamos ao ISP é o serviço de transmitir zeros e uns pela sua rede de comunicação, enquanto que o que pagamos às editoras discográficas é a autorização para usar uma certa sequência de zeros e uns. Enquanto que o serviço de transmitir dados é algo que faz sentido pagar, a licença para usar números é um absurdo. Isto quaisquer que sejam os números.
A outra diferença é a relação qualidade/preço. Se compro um CD de música pago 10 ou 20 euros e serve-me de pouco sem que passe tudo primeiro para mp3, que até me dizem que ser ilegal. Mas descarregar um CD custa-me zero porque pago uma tarifa plana pelo tráfego mensal, e mesmo que não fosse 20 mp3 saía prái a um cêntimo.
E se alguém descarrega uma música de borla o autor ganha praticamente o mesmo que quando compram a música online. Quem sai a perder é o distribuidor. Mas se os distribuidores desaparecerem ninguém nota porque a distribuição pela internet é muito melhor.
Mas a diferença fundamental é que os ISP, tal como qualquer prestador de serviços ou bens tangíveis, não precisam de leis monopolistas que proibam o acesso para que possam vender licenças. Quem quer o serviço paga, quem não quer não paga e a lei não proibe ninguém de se ligar à net de borla (pedindo para usar a rede wireless do vizinho, por exemplo)
Em contraste, o modelo de negócio da industria que defendes é um parasita das restrições legais. Só vive disso. Se o deixarmos competir pelos clientes da mesma forma que fazemos na maioria dos mercados os distribuidores de música desaparecem. Os músicos não, que esses têm um serviço a prestar pelo qual há muita gente que quer pagar. Mas os cobradores de licenças só ganham porque a lei obriga a pagar-lhes.