domingo, maio 18, 2008

Treta da Semana: Encontros Imediatos em Alfena.

Joaquim Fernandes criou, a HOP Filmes produziu, a RTP transmite e os nossos impostos pagaram «uma série documental que oferece uma vista imparcial do fenómeno OVNI em Portugal»(1). Joaquim Fernandes investigou os extraterrestres que visitaram Fátima em 1917 (2) e fundou o CTEC (3), que já foi tema desta rubrica semanal (4) e cujos estudos são a base desta série de programas. O primeiro episódio relata o insólito e dramático caso de um balão que passou sobre Alfena em 1990.

Apoiado por uma musica muito X-Files e em tom de por muito banal que isto seja vou contar como se fosse o fim do mundo, o narrador informa que o CTEC guarda «largas centenas de relatos considerados invulgares pelas testemunhas», demonstrando que não são tão invulgares como as testemunhas julgam. E acrescenta que quase todos são explicados «à luz dos conhecimentos científicos», mas «permanece uma pequena percentagem de situações cuja natureza última resta por identificar com total segurança.» E é assim, logo de inicio, que a ovniologia e o bom senso se despedem. Enquanto este não estranha que em centenas de relatos alguns não sejam resolvidos «com total segurança», aquela vê nisso evidência de coisas do outro mundo.

As testemunhas descrevem o objecto. Era parecido com um balão, uma betoneira, metade de uma pipa com janelinhas e uma cuba de aço inox. Acerca das fotografias, Richard Haines («conselheiro da NASA») concluiu que «o fotógrafo não só viu o objecto como apontou deliberadamente a máquina fotográfica». Não parece grande coisa, mas com musiquinha de fundo e voz de caso sério percebe-se a importância de ter amigos na NASA.

Sobe sobe, OVNI sobe...

Raul Berengel, analista informático do CTEC, concluiu que o OVNI teria «quatro metros e meio, era um objecto que se deslocava muito lentamente, quase ao sabor do vento. [...] Não era rígido. Poder-se-á pensar imediatamente então era um balão.» Isso é que era bom. Segundo o meteorologista entrevistado não era possível «fazer uma correspondência [da fotografia] com os balões sonda que utilizamos» nem poderia ser confundido com os balões sonda usados pela estação aerológica de Lisboa. Movia-se como um balão, tinha forma de balão e era flexível como um balão mas como não correspondia aos balões da estação aerológica de Lisboa não podia nunca ser um balão.

Mas não ficaram por aqui. A investigação exaustiva do fenómeno passou por enviar as fotografias para a NORAD, segundo a qual foi «impossível identificar a fotografia anexa; procurámos entre sete mil artefactos criados pelo homem para usar no espaço: satélites, componentes de foguetões, entre outros...». Ficou assim estabelecido que aquela bola flexível que flutuava lentamente como um balão não era nem um satélite nem componente de um foguetão. Faltou contactar o exército e a marinha dos EUA para eliminar a possibilidade de se tratar de um batalhão de tanques ou de um porta-aviões, deixando assim em aberto duas hipóteses para investigação futura.

Concluindo, o investigador do CTEC Mário Neves resume “ainda não sabemos” em 33 palavras:«a explicação à luz dos conhecimentos científicos não nos permite concluir em relação àquilo que efectivamente foi observado e como tal nós continuamos a catalogar este fenómeno como um fenómeno aéreo não identificado». E segundo Raul Berengel é mesmo essa a ideia: «O objectivo de todo este tipo de investigação e só um. É saber se é um ovni ou não é um ovni. Está identificado ou não está identificado. No caso de Alfena não foi identificado.» Ora bem. E quanto dinheiro é que gastaram para dizer isso em treze episódios de meia hora cada um?

Não tenho nada contra a ovniologia. Parece-me um passatempo inofensivo. Nem me oponho a que a RTP gaste dinheiro em programas de entretenimento. O que me chateia é que passem isto por um documentário científico. Científico era relatar as centenas de casos identificados. Que duzentos confundiram Vénus com naves espaciais, cento e cinquenta confundiram balões com naves espaciais, cem inventaram histórias de naves espaciais depois de umas cervejas e assim por diante. No fim mencionava-se a dúzia de casos como este que parecia um balão mas não se conseguiu ler o número de série na fotografia.

A ciência não explica tudo. Explica só aquilo que os dados permitem explicar. É por isso que a ciência se dedica a obter dados fiáveis e formular hipóteses rigorosas em vez de perder tempo com o diz que disse e dados de má qualidade.

1- RTP, Encontros Imediatos
2- Anomalist Books, ”Heavenly Lights” and “Celestial Secrets”
3- Centro Transdiciplinar de Estudos da Consciência.
4- Treta da Semana: Centro Transdiciplinar de Estudos da Consciência.
Os episódios da série estão disponíveis aqui

43 comentários:

  1. Ludwig

    Nem te passa o que me ocorreu agora: o programa da Teresa Guilherme, em 1900 e carqueja em que ela levava todo o tipo de bruxos e lançadores de búzios e adivinhos à televisão. Mas que pena na altura ainda não haver blogues.

    Gostei do "não sei" em 33 palavras! É cá dos meus: sucinto!

    O que interessa não é quanto custa um episódio destes. O que interessa é quanto custaria montes de episódios, de produção nacional ou importados, a explicar Ciência a sério. Por isso insisto contigo que o inimigo do conhecimento não é a religião mas a ignorância. Conhecer o inimigo é essencial para se combater. COmbater o inimigo errado pode ter consequências graves.

    Finalmente faço notar que se vires muitos programas no Discovery e mesmo no National Geographic, uma quantidade assustadora deles consiste de uma investigação com a finalidade de provar que os extra-terrestres construíram as cidades maias. E andam lá de um lado para o outro para, ao fim de 1 hora, concluir que os extra-terrestres podem ter construído as cidades maias... ou não... assumindo de todo que existem... mas isso é para outro programa. Por essas e por outras é que eu não tenho televisão em casa!

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  2. Pedido de ajuda (cientifica)
    ao dono do blog:
    tropecei recentemente neste site
    http://www.netsunsystems.com/03c19899d0096781d/index.html
    de um economizador de combustivel que funciona por imans, cheirou-me a treta , mas gostava de saber se isto tem algum fundamento cientifico ou se é apenas mais uma treta new age

    atentamente (e a taça é nossa)

    satanucho

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  3. Olha o Quim Fernandes, já quase me tinha esquecido dele! :)

    Bem, o tema de facto não me desperta grande interesse e como também não tenho TV, nem mesmo que quisesse podia ver os episódios.

    Mas lembro-me de ler os artigos dele no "JN", há já uns bons anos, que sempre tinham a vantagem de estimular alguma controvérsia em áreas menos consensuais, como é o caso desta.

    Por outro lado, já me parece bem mais interessante e profícuo esse Centro de Estudos da Consciência. Aliás, uma hipótese que muito me agrada para o fenómeno dos OVNI é os mesmos serem uma realidade subjectiva na consciência do observador. Não faço ideia se o prof. da Univ. Fernando Pessoa partilha este tipo de visão ou pelo menos o refere nos seus livros sobre Fátima.

    Como tive ainda recentemente oportunidade de referir, o caso das aparições de Međugorje tem sido muito estudado do ponto de vista do estado de consciência dos videntes, que é mesmo por aí que se deve começar. Que eu saiba, não há especulações sobre OVNI nesse caso e, tantos anos passados, dificilmente se poderá avançar algo mais sobre Fátima, a este respeito.

    Hummm... mas já que ando todo feliz da vida a ver vídeos e mais vídeos o dia inteiro, esta parece ser um boa oportunidade para mergulhar naquilo que se faz em Portugal neste domínio. Estou particularmente interessado em tudo o que diz respeito aos "estados modificados de consciência", claro, e que relação Joaquim Fernandes ou outros investigadores lá no CTEC estabelecem entre o fenómeno OVNI e consciência do observador. Ou seja, falamos de realidades objectivas ou subjectivas? Entendendo aqui por objectiva aquela que pode ser verificada pela grande maioria das pessoas, enquanto a subjectiva será, neste caso, aquela que contempla "visões" particulares fora da percepção generalizada de quem partilha o mesmo espaço temporal que o vidente.

    Ora bem, se descobrir alguma coisa interessante, logo a venho partilhar! :)

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  4. Abobrinha,

    «Por isso insisto contigo que o inimigo do conhecimento não é a religião mas a ignorância.»

    A ignorância é apenas a ausência de conhecimento. Os inimigos do conhecimento são as tretas, que é outra coisa :)

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  5. Ludwig

    A ausência de conhecimento pode ser causada por falta de oportunidades, falta de tempo para recuperar o tempo que se teve para aprender, a falta de bons mestres, a ausência de vontade de aprender... muitas causas! Essas sim causam as tretas... e a ausência de bom senso, mas aí a batalha já é outra!

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  6. Subscrevo tudo o que disseste e não posso deixar de observar o estranho fenómeno relacionado com os ditos avistamentos de OVNIs que reduz as melhores máquinas fotográficas a instrumentos arcaicos e ineficazes, incapazes de captar sequer uma imagem nítida.
    Bjs Karin

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  7. Quem se lembra daquele programa "choque" da RTP em que o José Rodrigues dos Santos (aquele que me pisca o olho no final dos noticiários - não penses que é para ti, Lud) convocou um painel de pensantes para interpretar as filmagens da autópsia de uma osga cabeçuda com uns olhos tipo os óculos escuros da moda? Hã? Ninguém se lembra?

    Já não sei quais foram os ilustres que se dispuseram ao comentário na boa tradição de dar o ** e os tostões para aparecer na TV, mas recordo o médico Pinto da Costa, emboscado em directo, enfurecendo-se contra o Portugal misérrimo que consome a fraude, cria galinhas e engana as finanças com a mesma porção do cérebro. Desta vez perdi o programa mas não me é difícil adivinhar: o Moita Flores (autor de "A Fúria das Vinhas", das mais recentes e conseguidas proezas da literatura nacional, especialista em infanticídio, barroco alemão, numismática e antigo Egipto) elaborou sobre a verdade dos factos.

    «Facts, Hercule, facts! Nothing matters but the facts. Without them the science of criminal investigation is nothing more than a guessing game. »
    Inspector Clouseau, "A Shot in the Dark"

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  8. Bruce

    Eu lembro-me disso... foi lindo! Se não me engano era da altura do famoso programa da Teresa Guilherme e o Herman fez um sketch de ir às lágrimas com esse programa.

    Não me lembrava de ter sido o José Rodrigues dos Santos a apresentar essa coisa, mas tenho um post sobre ele. E mais grave que piscar o olho (não é a mim, que eu não tenho televisão de momento) é dizer "mánchestâ iunóited" em vez de "manchéstér unaited".

    Guessing game? Não será o Crying game? Suponho que tenhas visto o filme. Se não, tenho que fazer um post acerca dele.

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  9. «E mais grave que piscar o olho (não é a mim, que eu não tenho televisão de momento) é dizer "mánchestâ iunóited" em vez de "manchéstér unaited".»

    E milôjêvitch. Ora nem mais.

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  10. Na minha modesta opinião, qualquer semelhança entre a RTP e o jornalismo é mera coincidência.
    Cristy

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  11. Bem, não consegui encontrar muita informação sobre os livros do Prof. Joaquim Fernandes e muito menos nada para download grátis! Bah, esta malta não segue o exemplo do Paulo Coelho que até tem um site pirata, como já mostrei num dos temas anteriores sobre copyright.

    Mas vi agora uma crítica à tradução inglesa do livro que ele publicou com Fina D'Armada: "Heavenly Lights: the apparitions of Fatima and UFO phenomenon". Sei que li esse livro quando foi publicado, mas não me despertou grande interesse, tal como alguns outros sobre esse tema e afins. E a questão é sempre a mesma: where is subjective reality or conscious creation in all of this?! Bem, uma vez que ele também investiga este campo, por certo que deve haver alguma referência, ainda que marginal, a esse tema que é fulcral no entendimento do fenómeno OVNI. Mas ainda não cheguei a explorar o CTEC... cada coisa à vez!

    Anyway... vi agora esta crítica ao tal livro, que vai na boa direcção, vide parágrafo final:

    I seem to have been hearing about Joaquim Fernandes's linking Fatima with UFOs for about 30 years now, and here at last is the English language edition of the full book. (...)
    What F and D'A do is take bits of what people say they experienced at Fatima and bits of UFO narratives and compare them. The authors claim to have gone back to the original sources, those created before the story was fully integrated into Catholic Marian tradition; this would have been a useful exercise if these sources had been quoted at length, unedited. As it is there is a whiff of convenient selection about the whole thing.
    Though the authors claim that the original stories were of extraordinary experiences perceived and interpreted in terms of the culture of the period, they fail to see that their own reinterpretation does exactly the same thing, replacing traditional religious ideas with those of late 20th century belief in extraterrestrials. This is not helped by the fact that their ufology is of a fundamentalist kind of ETHism based on the pseudoscientific flying saucer propulsion theories of the likes of McCampbell and Petit. (...)
    A more sophisticated analysis would be centred on the recognition that both Marian apparitions and UFO experiences are anomalous personal experiences perceived and interpreted in the terms and beliefs of the time and culture of the witnesses.


    Exactamente! This is the way to go... e por certo Fernandes também se deve ter apercebido que muito provavelmente aqui lidamos com "estados modificados de consciência", o que no mínimo é uma explicação bem mais simples e credível do que a realidade objectiva de ET e por aí.

    Mas atenção! Isso NÃO significa que estejamos perante meras ilusões ópticas ou alucinações - individuais ou colectivas - nesse pequeno nº de casos que permanecem inexplicados. Sugerir isso, tem o mesmíssimo valor da interpretação realista, os extremos andam sempre muito bem a par.

    Ora aqui, parece-me que abundam os negacionistas... uma mão cheia de ilusionistas! Vejamos o que consigo trazer para agitar as águas...

    Rui leprechaun

    (...OVNI e aparições à luz das fráguas! :))

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  12. This is getting interesting and exciting, after all! :)

    Este comentário à série da RTP já me agrada mais:

    Em cada episódio destaca-se o impacto da experiência subjectiva, considerada extraordinária, na personalidade dos observadores, deixando em aberto as respostas e soluções, mas apostando numa exposição clara e didáctica de todas as hipóteses científicas plausíveis.

    Por outro lado, ainda sobre Fátima, eis algo que vai no mesmo sentido... that is surely good!

    The historians had concluded that the apparitional process of Fátima must have passed for an alteration of the state of consciousness of the small shepherds, and that usual vocal production [speech] did not exist, but was a form of simultaneous translation directed into the brains of the children, a phenomenon referenced already in some foreign contacts.

    Por certo, uma afirmação destas é influenciada pelo conhecimento muito mais preciso do fenómeno das "aparições marianas" em Međugorje, que decorre ainda passado mais de um quarto de século sobre o seu início!!!

    Em "Fátima – Nos Bastidores do Segredo", Joaquim Fernandes já se parece aproximar desta hipótese... nice! :)

    ...é possível saber em que medida as experiências religiosas afectam determinadas áreas do cérebro e qual a relação biofísica com os estímulos externos (...) ultrapassam as interpretações dogmáticas e a polémica inútil e artificial entre crentes e descrentes, entre a fé popular e o anticlericalismo. (...) Apercebemo-nos de que existe um impulso externo que interfere em algumas regiões do cérebro mais sensíveis, nomeadamente do hemisfério direito, que levam o beneficiário da experiência a interpretá-la de uma forma muito particular (...) a chave da sua interpretação está no interior da própria pessoa.

    Excertos de algumas declarações do autor, ao qual enviei um mail em que solicito uma explicação mais precisa acerca da explicação objectiva e exterior – OVNI e ET – ou aquela que me parece central e essencial – estado superior de consciência.

    Vamos lá ver se ele responde ou, pelo menos, diz algo aqui no tema, já que naturalmente também o referi. Entretanto, continuo a devorar tudo o que sobre isto consigo encontrar...

    Rui leprechaun

    (...eu sou mesmo um pastorinho ET de pasmar!!! :))

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  13. Gosto de vos ler, tão cheios de certezas!

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  14. Eu, o E.Tolas, vou explorar, com sonda anal, o anónimo que se pasma com as certezas.

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  15. Não há a menor dúvida de que o auto-confesso pederasta activo E.Tolas baixou o debate ao seu nível.

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  16. Ludi

    Já viste que o ovni parece uma alforreca?
    Será que podemos assim concluir que as alforrecas são extraterrestres e, sendo assim, já fomos envadidos há muitos milhares de anos? ou se calhar não porque a terra só tem 6 mil, óh estou completamente baralhada ;)
    Bj

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  17. Joaninha,

    Sim. As alforrecas vivem no mar, por isso são extra-terrestres (ou será que isso é viver muito muito na terra? nesse caso são as minhocas :)

    Rui Leprechaun,

    "Realidade subjectiva" não será aquilo que normalmente se designa por fantasia, invenção ou disparate?

    Se eu disser que, para mim, está a chover elefantes de framboesa, como é que determinas se isto é treta ou se é uma realidade subjectiva?

    Para mim o que não tem diferenças é a mesma coisa. E isto parece-me realmente objectivo...

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  18. Ludwig

    Desde miúdo que sou alérgico à ficção científica, mas logo percebi que certas pessoas de espírito encaram a hipótese cosmológica de extraterrestres vogarem no espaço em passarolas de aço escovado como uma procedência quase tão natural, neste universo de Deus, como afiambrar um porco.

    O que eu não esperava de modo algum, e isto é a maior confidência que fiz até hoje na blogosfera, era um sacerdote jesuíta dizer-me que não há relativismo que chegue para interpretar a Bíblia. Aquém do Bruce Lóse está um Luís Silva, pálido, a contemporizar.

    (feito o desabafo, não voltarei a tocar no assunto)

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  19. "Realidade subjectiva" não será aquilo que normalmente se designa por fantasia, invenção ou disparate?


    Nada disso! Já expliquei anteriormente o que se deve entender por ambos os conceitos de realidade "objectiva ou exterior" e "subjectiva ou interior". Esse exemplo dos elefantes de framboesa... um pouco extremo mas saboroso... ;) até pode ser tomado assim, é certo. Se bem que um pouco improvável, p'ra que digamos. Se ainda fossem "cats and dogs"... ou até peixes e rãs, o que já foi verificado nem sei onde!

    A questão básica aqui é que cada indivíduo processa a realidade sensorial exterior de forma única. Contudo, e porque os nossos cérebros são similares, em condições normais os indivíduos normais e com cérebros normais têm sensivelmente o mesmo quadro interno da tal realidade objectiva.

    Começando mesmo pelo início, deveria começar por fazer-se a distinção entre ilusão sensorial e alucinação mental.

    A 1ª é muito fácil de compreender e interpretar, já que diz respeito a uma realidade exterior ao sujeito, mas que é apercebida de forma distorcida, como no caso das ilusões ópticas. Trata-se simplesmente das limitações próprias dos nossos órgãos dos sentidos, mas aqui existe sempre um estímulo sensorial objectivo.

    No caso das alucinações, já o caso é muitíssimo mais bicudo, e aqui é que o tal conceito de "realidade subjectiva" adquire enorme importância. Na ausência de um estímulo exterior comprovável ou detectável - caso das visões e aparições, por exemplo - o sujeito relata uma percepção que por vezes pode ser consideravelmente mais intensa ou real do que aquela dita normal. Por exemplo, as cores são muito mais vívidas, com tonalidades novas, ou os sons podem ser mais nítidos e claros, etc.

    O ponto central aqui, no que se refere aos estudos sobre os tais "estados alterados de consciência", é que pode eventualmente existir um outro tipo de "alucinação" não patológica ou que não seja o resultado do uso de drogas alucinogénas e outras que interferem no SNC - incluindo o álcool - psicose, perturbações neurológicas (incluindo aneurismas e tromboses), hipnose e até condições fisiológicas anormais, como a falta de sono ou o jejum.

    Um tal exemplo pode muito provavelmente ver-se nos 6 videntes de Medugorje, já que têm sido sujeitos a exames rigorosos por diversas vezes, tal como referi noutro tema. A este propósito, encontrei um documento pdf que pormenoriza ainda mais os vários testes efectuados nos 3 estudos científicos levados a cabo até hoje nessas pessoas.

    Are the Apparitions of Medjugorje Real?

    De notar que esse paper aponta para a realidade paranormal do fenómeno, o que do ponto de vista da "realidade subjectiva" não é assim muito importante, já que neste caso a suposta visão é limitada a um número restrito de pessoas, logo não existe uma "realidade objectiva" para as restantes.

    Hummm... deixa lá ver o que o Prof. Joaquim Fernandes me diz, já que sempre gostava de saber o que se investiga neste campo da "supra-consciência" aqui pela nossa terra.

    Aliás, aproveitei para lhe enviar também os vários links referentes à Dra. Jill Taylor, talvez ele ainda nem saiba desse episódio, afinal só muito recentemente começou a ser noticiado em larga escala, com a publicação do seu livro.

    So... what is truly Real?...

    Rui leprechaun

    (...here's the eternal quest of Love's will! :))


    PS: Ah! E nem sequer tocámos na outra realidade do sono e do sonho... esse ápex de subjectividade!!!

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  20. IF "Leprechaun" THEN

    JUMP o mais rápido que conseguíres

    END IF

    Leprechaun... Mais resumidito, please.

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  21. Sou pedastra, particularmente com
    Anónimos que gostam de ler coisas com certezas.

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  22. LOL !!! Mas olha que isso é muito difícil, ó informático!!! :)

    Continuando ainda no campo da tal elusiva realidade, Ramachandran estudou 2 fenómenos intrigantes, ou as tais anomalias de que ele tanto gosta, e que servem como uma bela introdução a este tema do modo como percebemos subjectivamente uma realidade que não é a mesma para toda a gente.

    Os interessados podem ver este vídeo de 23 minutos no TED, em que o neurologista fala de sensibilidade nos membros fantasmas (amputados) e de sinestesia:

    Ramachandran – A journey to the center of your mind

    O exemplo da sinestesia é perfeito para introduzir esta distinção entre o mundo objectivo - uma aproximação à realidade que de facto NÃO existe! - e o mundo subjectivo da percepção consciente... a nossa verdadeira realidade!

    Cerca de 1 em 200 pessoas, ou algo como 30 milhões em todo o mundo, associam espontaneamente números ou sons a cores, e há ainda outras associações sensoriais. Mas estas são as sinestesias mais vulgares. Logo, tais pessoas têm outra percepção mais alargada da realidade do que a comum.

    No casos dos membros fantasmas, a diferença é que aqui de facto não existe um estímulo sensorial "real", mas o mesmo é ainda percebido na zona do córtex associada à área que foi perdida.

    Passando para o reino animal... mai-la a discussão anti-especista!... sabemos que os outros animais têm uma percepção da realidade diferente da nossa, o que é normal, já que os seus sentidos e o seu cérebro não são iguais. O olfacto e a audição do cão, ou a visão nocturna do gato e assim por diante são exemplos muito conhecidos. Diferentes gamas de frequência luminosa e sonora são apercebidas pelos super-sentidos de certos animais, que aí superem o ser humano.

    Isto significa também que o conceito de "realidade material" é altamente ilusório e talvez filosoficamente indefensável. Mas há mais ainda, porque sabemos pela física moderna que a realidade a nível das partículas-ondas não tem nadinha a ver com aquilo que os nosso sentidos apreendem... nem pouco mais ou menos!

    Para ser sucinto, volto apenas a chamar a atenção para a descrição que Jill Taylor faz do modo como perdeu essa sensação de individualidade e como se sentiu unificada com a energia que, deveras, é TUDO o que existe!

    I could no longer clearly discern the physical boundaries of where I began and where I ended. I sensed the composition of my being as that of a fluid rather than that of a solid. I no longer perceived myself as a whole object separate from everything. Instead, I now blended in with the space and flow around me. (...) As my consciousness slipped into a state of peaceful grace, I felt ethereal.

    Em resumo, aquilo que pretendo dizer é que ouvir um tal relato, que é aliás comum a muitas outras pessoas em diferentes circunstâncias, apenas como ilusão sensorial ou alucinação provocada por algum tipo de trauma que o cérebro experimenta, é vastamente diferente de considerar a possibilidade de quem assim fala estar apenas a experimentar a autêntica realidade e ver a matéria-energia tal como ela é verdadeiramente: um Todo contínuo sem intervalos nem separação!

    May be the same way little tiny babies do see and feel when they come out to greet this whole material world... this fabulous illusion of Maya!

    Just more food for thought...

    Rui leprechaun

    (...what reality have we got?! :))

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  23. Muitas e muitas novidades... é só luminosidades!!! :)

    Anyway... desta feita vou ser mais breve... e enigmático! ;)

    Já recebi a resposta do prof. Joaquim Fernandes com alguma informação adicional, incluindo links para outras organizações científicas que estudam vários fenómenos intrigantes que, no fundo, têm a ver com a consciência. Ou seja, as tais anomalias de que Ramachandran fala, ainda que duvido que as estude...

    Mas uma vez que a área de investigação do neurologista indiano é mesmo a visão, porque não escrever-lhe também a respeito da possível super-sensibilidade dos nossos órgãos dos sentidos em condições invulgares - aquilo a que se chama hiperestesia?!

    Ou ainda, existem limitações físicas dos próprios órgãos sensoriais - gamas de cores e sons ou frequências luminosas e vibratórias - ou é apenas o modo como essas informações são filtradas e processadas nas áreas visuais e outras que nos faz perceber a realidade as "it is not"?! Meaning, nós NÃO experimentamos aquilo que deveras é, mas apenas uma ínfima porção e bem distorcida ou superficial. Is it because of our senses or our brain or both? And can we really go beyond, as some claim to have done?!

    Claro que tudo isto está ainda relacionado com a vivência de Jill Taylor e outras similares, por exemplo, Benny Shanon e a ayahuasca, e também alguns casos raros e sempre controversos de pessoas com capacidades visuais invulgares. Por exemplo, a recente controvérsia sobre a jovem russa que afirma ter visão raios X, podendo ver dentro do corpo humano.

    E não digo mais, desta feita preservo os meus segredos! :)

    Mas tenho ainda algo a comentar acerca de um vídeo de Dan Dennett que vi ontem, a 1ª vez que conheci algo do filósofo americano e o modo como ele encara a mente humana. Algo limitado, it seems... ;)

    And so another beautiful day...

    Rui leprechaun

    (...comes to greet us in love's way! :))


    PS: Ai! eu bem tentei ser breve... but how can I?! :D

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  24. As pessoas mais susceptíveis de acreditar em vida em outros planetas são os evolucionistas.

    Curiosamente, eles também estão na linha da frente no que toca a refutar supostas "aparições" de OVNIs.

    Do ponto de vista Bíblico, a procura de vida em outros planetas é uma perda de tempo, uma vez que, segundo a Bíblia, Deus só criou vida na Terra.

    Como tal, partindo da Palavra de Deus, pode-se dizer que não há vida em mais lado nenhum em todo o universo a não ser no planeta Terra. Até hoje, nenhuma evidência foi oferecida que refute este princípio Bíblico.

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  25. "As pessoas mais susceptíveis de acreditar em vida em outros planetas são os evolucionistas"

    Caro Mats, essa é mais uma das suas afirmações fundamentadas e baseadas em estudos científicos a que já nis habituou?
    Cristy

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  26. Mats

    O evolucionismo não é um sistema de crenças, daí que não faz sentido a afirmação de os evolucionistas acreditarem ou não seja no que for.

    O que faz sentido é dizer que, pela lógica, poderá haver vida em outros planetas. Ou não: ninguém chegou lá ainda, por isso ninguém viu (mmmm... esta afirmação é-me familiar).

    É lógico que tenha havido condições idênticas às da Terra no restante Universo. Por outro lado, pode ser que não. Mas não sabemos porque não vimos nada ainda e porque não temos a noção do que o resto do Universo é.

    O que é que vai acontecer quando se mostrar que afinal há vida miscroscópica em cometas e outros planetas? Vai-se encontrar uma alínea na Bíblia que descreve esse caso particular ou vai-se descredibilizar aos cientistas? Não gosto de nenhuma das hipóteses. E se aparecer vida inteligente de outros planetas, como é?

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  27. «As pessoas mais susceptíveis de acreditar em vida em outros planetas são os evolucionistas.»

    Ao que acrescento:

    As pessoas mais susceptíveis de acreditar em vida em outros planetas são os não-geocentristas

    Se lessem a Bíblia sabiam que a terra plana está no centro do universo, e que Deus não criou ETs a raptarem pessoal para fazer experiências sexuais. OVNIS, só se forem anjos.

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  28. Ora porra, embrulhei e não disse ao que ia!

    O que eu queria dizer é que um céptico pode pensar que é lógico que haja vida noutros planetas, mas enquanto não lhe mostrarem provas ele não acredita. O que exclui em princípio alforrecas voadoras fotografadas com péssima definição e sondas anais.

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  29. "As pessoas mais susceptíveis de acreditar em vida em outros planetas são os evolucionistas"


    E o Vaticano também

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  30. Um excerto de "O Mundo Assombrado Pelos Demónios", de Carl Sagan (esta é a versão brasileira):

    A ciência está longe de ser um instrumento perfeito de conhecimento. É apenas o melhor que temos. (...) A ciência convida-nos a acolher os factos, mesmo quando eles não se ajustam às nossas preconcepções. Aconselha-nos a guardar hipóteses alternativas em nossas mentes, para ver qual se adapta melhor à realidade. Impõe-nos um equilíbrio delicado entre uma abertura sem barreiras para ideias novas, por mais heréticas que sejam, e o exame céptico mais rigoroso de tudo: das novas ideias e do conhecimento estabelecido.

    Ainda que seja muito discutível essa afirmação inicial de que a ciência é o instrumento (...) de conhecimento (...) melhor que temos, numa concepção filosófica mais abrangente sobre aquilo que é o acto de "conhecer" e mais ainda o que é a "realidade", a citação do astrónomo americano parece-me enquadrar-se muito bem nesta discussão.

    Mas é mesmo a fortíssima limitação dos paradigmas - os quais já são "preconcepções" sobre a realidade - que continua a impor barreiras ao conhecimento pleno e autêntico.

    So... once again, what is truly real?...

    Rui leprechaun

    (...besides the way we think or do feel?! :))


    PS: Ah! outra semelhança, agora reparo... nice! :D

    Por essas e por outras é que eu não tenho televisão em casa!

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  31. "Realidade subjectiva" não será aquilo que normalmente se designa por fantasia, invenção ou disparate?


    Ainda acerca dessa questão, ou o conhecimento da mente na 1ª pessoa (introspecção, meditação) e o mesmo conhecimento na 3ª pessoa (investigação científica), descobri agora um documento sobre uma série de debates entre a comunidade científica e monges budistas, com a presença do Dalai Lama at MIT: "Investigating the mind: Exchanges between Buddhism and the biobehavioral sciences on how the mind works."

    Os 3 campos em discussão são a atenção, as imagens mentais e a emoção.

    Há uns 10 anos atrás, a Editora Asa publicou o livro "Os caminhos cruzados da consciência", um debate desse tipo com diversos cientistas, entre os quais António Damásio, e ainda o Dalai-Lama. Nunca o li, apenas o mirei e não vi... pity!

    Informações fresquíssimas sobre as mais recentes conferências "Mind and Life", que se realizaram o mês passado, podem ser encontradas em Investigating the Mind-Body Connection: The Science and Clinical Applications of Meditation. E com vídeos, agora não faço outra coisa e o pior é que a minha conta este mês se vai aproximando do limite... et très vite!!! :(


    With the ever growing impact of science on our lives, religion and spirituality have a greater role to play reminding us of our humanity. There is no contradiction between the two. Each gives us valuable insights into the other. Both science and the teachings of the Buddha tell us of the fundamental unity of all things. - Dalai Lama

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  32. mats,
    sou evolucionista, e portanto é lógico que a hipótese de existência de vida sem ser na Terra me parece muito menos remota queb a hipótese da existência dum deus.
    Creio, no entanto, que a hipótese de nos cruzarmos com extra terrestres suficientemente evoluídos para conseguirem saír do seu planeta e vir ter conosco na mesma altura em que nós estamos suficientemente evoluídos para assimilar este facto seja muuuuiiito remota, mas mesmo assim não tão remota como a da existência de deuses.
    Bjs Karin

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  33. Qual remota, qual carapuça... linda Karin germana ou russa! :)

    Olha que a chave está nesse mistério chamado "consciência", provavelmente a substância real de TODO o Universo... isto sim, é que é ciência!

    Do you understand what that really means?! Limites físicos como a velocidade da luz são irrelevantes aqui, logo ter-se-ia de conceber tudo num molde vastamente diferente, englobando um continuum espaço-temporal onde de facto o nível de (super)consciência é determinante... because there is an eternal NOW that goes beyond anything, anyhow!

    E, afinal, parece que o Prof. Joaquim Fernandes também pensa nesses moldes, ora isso assim já me interessa mais!

    Logo, esse conceito "feel-think" de Deus é real...

    Rui leprechaun

    (...aqui e agora uma vivência experimental! :))


    If you want to build a ship, don't drum up the men to gather wood, divide the work and give orders. Instead, teach them to yearn for the vast and endless sea.
    Antoine de Saint-Exupéry

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  34. Leprechaun
    tens duas respostas, escolhe:
    A - Oh beauty of the multiverse,sendo nós tão limitados.
    Todos somos um nesta grande consciência que é a nossa Galáxia, mas sendo nossa, não o é, por poder ser dos outros.
    O andrógino perfeito, a solução? Ou a força, may the force be with you.
    The dark holes are beautiful and deep
    but I have miles to go before I sleep

    B - WTF?

    Bjs Karin

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  35. LOL

    Afinal o talento para reproduzir e brincar com os estilo de discursos alheios não é exclusivo do Ludwig.

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  36. Científico era relatar as centenas de casos identificados. (...) No fim mencionava-se a dúzia de casos como este que parecia um balão...


    Bah! isso é ciência do passado e esta já está no futuro! :)

    Este tipo de investigação debruça-se sobre as "anomalias" que restam, depois da maior parte dos fenómenos terem sido explicados ou, no mínimo, terem uma hipótese razoavelmente credível de explicação. Um pouco como sucede nas curas milagrosas, afinal, embora aqui os cada vez maiores poderes da mente humana possam levar já a novas interpretações mais naturais mas não menos milagrosas, no sentido da sua invulgaridade.

    De notar ainda que as tais "anomalias" são o campo de estudo de muitos cientistas respeitáveis, claro, como é o caso de Ramachandran, que tem dado explicações neurológicas convincentes para fenómenos que por vezes até já eram conhecidos há muito, mas que ninguém teve a curiosidade de estudar.

    Por fim, insisto na mesma tecla: esta questão dos OVNI pertence bem mais ao misterioso mundo da consciência do que ao universo da tecnologia. É inquirindo dentro e não fora que resolveremos este mistério!

    So... hail to Rama and Dalai Lama!!! :)

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  37. Ena, ó nórdica Freyja! Isso é alguma citação do Discworld!? ;)

    Bem, parece-me que está tudo muito poético nesse Amanhã angélico! :)

    Mas talvez só sejamos tão limitados fisicamente e não nessa grande consciência.

    The dark holes are beautiful and deep
    but I have miles to go before I sleep



    Such a fine ending e em verso...

    Rui leprechaun

    (...viva o Karin multiverso! :))


    Why are so piercing
    Freyja's looks?
    Me thinks that fire
    burns from her eyes.

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  38. Leprechaun,
    substitui dark holes por woods e provavelmente reconheces o poeta americano do qual plagiei este verso.:)
    Bjs Karin

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  39. Um plágio?! Mesmo para um versinho tão simples... bah!

    Bem, o nome que logo me ocorre é Walt Whitman, mas não encontro esse verso em lado nenhum. Logo, talvez não seja bem um plágio mas mas uma subversão do original. Ou ainda, fonte de inspiração, soa melhor! :)

    Viste esse vídeo cujo link eu indiquei no tema "Darwin and God"? Do see it, please, it is heart opening, indeed... São só 26 minutos, estou a ouvi-lo de novo em fundo.

    "Compassionate and Mindful End-of-Life Care", pela Dra. Joan Roshi. Extremely beautiful cause...

    As nothing in this life that I've been trying
    Could equal or surpass the art of dying


    George Harrison - Art of Dying

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  40. Acerca do tal vídeo de Dan Dennett: Can we know our own minds, que referi num comentário anterior, fiquei algo perplexo com aquilo que me pareceu uma identificação da mente com a consciência. O certo é que ambos os termos são muito difíceis de definir com precisão, e de facto em linguagem comum são facilmente equiparados.

    Em essência, Dennet falou da percepção sensorial e do modo como a mente ou consciência vigil reage e processa essa informação, preenchendo ainda as falhas, através de mecanismos associativos ou "gestalt".

    Ou seja, nada mais do que a mente analítica e reactiva, que interpreta a realidade objectiva, algo que está muito aquém da noção mais vasta de consciência, que abrange ainda o inconsciente, subconsciente e supraconsciente... tudo uno!

    Anyway... do que li na biografia da Wiki, ele nega a existência dos qualia, o que equivale a dizer que não há pois realidade subjectiva. Very queer, indeed!!!

    Mas houve algo que me agradou muitíssimo, pois tem deveras a ver com tudo o que ando por aqui a dizer... de forma mui sub-reptícia ainda! ;)

    No quadro de Canaletto, tal como na foto de Einstein, ou no exemplo da sucessão de frames parados no cinema, Dennet recordou aquilo que deve ser óbvio, a saber: nós NÃO vemos a realidade tal qual ela é, mas apenas segundo o modo muito particular como os sentidos e a mente a constroem. Ou seja, os diminutos pixels juntam-se para formar um todo coerente, da mesma forma que átomos e moléculas não são percebidos em si mas como um objecto muito concreto e definido.

    Dito ainda de outra forma, processamos o todo... Gestalt... integrando nele as diversas partes e preenchendo até as lacunas que possam existir.

    É interessantíssimo comparar isto com o relato da experiência de Jill Taylor e outras descrições similares, como as referentes ao uso de substâncias psicoactivas, nas quais a percepção da tal realidade exterior é muitíssimo mais "real", decomposta nos seus ínfimos elementos e unificada de uma forma onde já não existe separação entre os vários objectos. Afinal, eles são apenas colecções de partículas-ondas, ainda que a nossa experiência sensorial quotidiana não nos dê a perceber essa realidade científica, que para nós existe ao nível intelectual mas não sensorial ou experiencial.

    Ora isto é deveras mind-opening, caso recusemos o rótulo simplista de "alucinação", um termo que aqui até soa comicamente irónico, pois num estado alucinatório percebemos mais fielmente a realidade do que no estado de vigília normal! How can it be?!


    The fourth state [of consciousness] is not that which is conscious of the subjective, nor that which is conscious of the objective, nor that which is conscious of both, nor that which is simple consciousness, nor that which is all-sentient mass, nor that which is all darkness. It is unseen, transcendent, the sole essence of the consciousness of self, the completion of the world.

    Mandukya Upanishad

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