Treta da Semana: Espaçonumerática.
Esta semana quero homenagear o trabalho de investigação de Lucília Barata, fundadora do Centro Holístico Internacional, criadora da «Espaçonumerática – uma linguagem científica e simbólica», e que, «guiada pela intuição e impelida por uma fé inquebrantável, depois de um percurso extraordinariamente labiríntico, alcançou por fim a simplicidade que procurava.» Obrigado ao comentador anónimo que me indicou esta maravilha.
Lucília Barata explica que chama «espaçonumerática» à Geometria Sagrada porque se aplica a todo o Cosmos e porque «do muito que li sobre a Geometria Sagrada, jamais encontrei um trabalho sistematizado que a elevasse à categoria de ciência propriamente dita, com as suas próprias leis e axiomas.»(2) Fica aqui a dica para outros visionários cuja tretomática esteja aquém de uma ciência (propriamente dita). Inventem as vossas próprias leis e axiomas, que é do mais científico que pode haver.
A obra de Lucilia é vasta e... bem... é vasta. Não posso, nem quero, cobrir todo o seu contributo para a simbologia sagrada do matemático-científico cosmológico. Mas chamo a atenção para o capítulo intitulado «O Despertar da Humanidade» (3), que relata com ilustrações um hilariante bailado geométrico de Adão e Eva. Terão sido criados os dois esticados, de pés juntos e braços afastados como no desenho de Da Vinci. Ergueram-se nesta posição, o que não é fácil, e começaram a desenhar círculos, quadrados, flores e peixes, tudo com profundo simbolismo. Provavelmente foi por este estranho comportamento que Deus correu com eles do Paraíso. Sempre me pareceu que aquilo da maçã era desculpa.
Outra contribuição importante é a demonstração do último teorema de Fermat, que diz que a equação zn=xn + yn não tem soluções inteiras não nulas para n superior a 2. Lucília Barata apresenta uma demonstração espaçonumerática para n=3, e deixa aos matemáticos «a tarefa de desenvolver e sistematizar os princípios aqui expostos» para os valores que sobram.
Mas o último teorema de Fermat é apenas difícil de demonstrar. O que demorou aos matemáticos 357 anos a provar não é sequer um desafio para Lucília Barata. Difícil foi resolver o problema da quadratura do círculo, que desde 1882 está provado ser impossível. O problema é desenhar, a partir de um círculo, um quadrado com a mesma área. Como π é um numero transcendente, não é raiz de qualquer polinómio de coeficientes racionais, é impossível resolver o problema geometricamente num número finito de passos. A solução de Lucília Barata revela bem do seu domínio do espaço e do número: «... se substituirmos o valor de π por 3,14 ...»(4). Genial.
Aguardo assim com antecipação mais resultados do Centro Holístico Internacional, no sentido de «reunir e interligar diferentes áreas do Conhecimento através da EspaçoNumerática (ciência do Espaço e do Número), também conhecida por Geometria Sagrada», e também conhecida aqui entre nós por... nah, é fácil demais.
1- Centro Holístico Internacional, retirado deste livro. Ver também www.chi.com.pt/.
2- Lucilia Barata, Espaçonumerática, pag 50. Disponível aqui.
3- Ibid., páginas 25 a 45.
5- Ibid, pg. 149.
Delicioso. Não resisto a contar o meu primeiro contacto com o CHI, há cerca de um mês.
ResponderEliminarEstava a passar por um dos corredores da U.Minho e ouço um tipo (provavelmente docente) a comentar com outro: «Manel, ele não pode falar assim de mim: Manel, eu sou do Centro Holístico Internacional». A pertença ao Centro Holístico Internacional foi repetidamente referida, com as devidas pinceladas de orgulho indisfarçável.
Fiquei curioso e, chegado a casa, decidi meter no google. E saiu-me aquilo. Também passei bons momentos às custas do CHI, confesso$.
Impressionante. Nem um único argumento crítico.
ResponderEliminar«Como π é um numero transcendente, não é raiz de qualquer polinómio de coeficientes racionais, é impossível resolver o problema geometricamente num número finito de passos. A solução de Lucília Barata revela bem do seu domínio do espaço e do número: «... se substituirmos o valor de π por 3,14 ...»(4). Genial.»
ResponderEliminarQuem não entende matemática nem sequer entende a crítica que aqui é feita.
O sentido de humor do Ludwig às vezes é um tanto elitista, e depois os anónimos queixam-se.
Não há direito!
O meu comentário referia-se ao pedro romano, João.
ResponderEliminarIncrivel... só de pensar que estão a matar arvores para vender a versão impressa deste livro fica chateado.
ResponderEliminar"O que demorou aos matemáticos 357 anos a provar não é sequer um desafio para Lucília Barata."
ResponderEliminarE na primeira vez a prova volumosa tinha erros, e teve de ser repetida. LOL
"Quem não entende matemática nem sequer entende a crítica que aqui é feita."
Quando só li "demonstração do último teorema de Fermat" (o tal da margem...) fiz logo download. Fui lendo, e fiquei confuso com o tal parágrafo.
Quando reparei que esse era o hábito dela («... se substituirmos o valor de π por 3,14 ...»), ainda por cima com um problema indeterminável e mostrando que ela não entendeu-o (deve ter problemas com abstracções, para achar que basta encontrar uma solução para resolver os problemas) é que acendeu-se uma luz e apercebi-me que estava a ser idiota. LOL
Revela bem o rigor presente na pseudo-ciência.
ResponderEliminarO método da Lucília é genial, e pode ser utilizado noutras áreas, por exemplo para resolver o desafio da pedra filosofal. Basta substítuír o chumbo por ouro!
ResponderEliminarKripp,
ResponderEliminarAté estou a visualizar a senhora a fazer o jack in the box num só poligono... Estou a ficar deprimido com a tecnologia.
O grande problema que perturba os matemáticos, demonstrar a falisade de P = NP ou encontrar um caso em que seja verdadeiro.
ResponderEliminar(http://en.wikipedia.org/wiki/P_%3D_NP_problem)
Eu cá sou ainda melhor que a Lucília Barata porque encontrei a solução que passou despercebida a todos os medalhas Fields e todos os académicos preocupados com formalismos inúteis e exacerbadamente complexos.
Basta considerar o caso em que P é igual a 0!
E publico essa resposta aqui, sem cobrar nada por isso, em honra à ausência de direitos reservados neste blogue.
Vá, façam o que quiserem com esta resposta para um dos maiores problemas matemátics de sempre, mas não se esqueçam de aderir ao PiPismo (http://pipismo.blogspot.com/), e NÃO pagar a dízima (nós contentamo-nos com 90% do vosso rendimento, não somos exploradores)
João,
ResponderEliminarE mesmo com P=0, se N=infinito...
Isso fica indefinido. :-P
(Desculpa lá mas não resisti a fazer figura de quadradão) :-)
Não!
ResponderEliminarA Lucília Barata facilmente te responderia que isso apenas mostra que o zero e o infinito são um todos que se conjuga e complementa. Na verdade são uma e a mesma coisa na harmonia cósmico-nergética que nos rodeia, e é a própria abordagem holística Espaçonumerática do problema P = NP que o prova.
Como vez não perdes nada em aderir ao PiPismo, a única religião em que a Lucília Barata é profeta, mesmo sem o saber. Ela e o Quim Barreiros, entre muitos outros.
ResponderEliminarBestial...
ResponderEliminarAgora também eu posso ser um messias!
Já agora, alguém quer matar alguém ao som da minha musica? Era o passo seguinte para ficar famoso. :-)
Eh!Eh!Eh! :)
ResponderEliminarO livro "O Segredo", também daria uma boa Treta da semana.
ResponderEliminarMais uma treta.
ResponderEliminarhttp://opiratinha.blogspot.com/2007/11/repostagem-ezsp-reprogramao-mental.html#links
"Kripp,
ResponderEliminarAté estou a visualizar a senhora a fazer o jack in the box num só poligono... Estou a ficar deprimido com a tecnologia."
António, ela devia era ficar toda contente com o Poly Counter, com tantos algarismozinhos onde pespegar significados cósmicos, ou seja lá o que fôr.