Treta da semana: de tudo um pouco.
Aristóteles escreveu sobre quase tudo, da física à ética. Hipátia de Alexandria foi uma matemática, filósofa e astrónoma de renome. Tendo em conta que era mulher, deve ter sido verdadeiramente excepcional para que lhe reconhecessem algum mérito. Leonardo da Vinci foi um artista da ciência e um cientista da arte. Einstein deu contributos importantes à teoria atómica e à mecânica quântica, além de ter concebido a teoria da relatividade. John von Neumann foi um nome de relevo em campos tão diversos como a teoria de conjuntos, computação, economia e modelação de explosões. Pessoas como estas há poucas e, até recentemente, julgava que Portugal não teria sido agraciado com nenhuma. Mas, graças à Heloisa Miranda e ao seu canal Sapo Zen, descobri o José Antunes.
José Antunes (1) é o autor do livro “Consciência: Um Percurso Singular”, participou no I Congresso Internacional de Sincronização com o Planeta Terra e no congresso “Jornadas Quânticas” por Amit Goswami. Fez também o curso da “Parapsicologia enquanto Estudo da Comunicação Anómala”, e vários cursos no Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia e também no Centro de Altos Estudos da Consciência. E tem uma «Pós-Graduação em Psicologia da Consciência na UAL, pela ALUBRAT». Ou seja, o curso decorreu nas instalações da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), mas foi concedido pela prestigiada Associação Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal (ALUBRAT).
Foi com base nesta formação diversificada, «no âmbito da sua pesquisa sobre a psique humana», que José Antunes contribuiu para elucidar a natureza da consciência e criar poderosas ferramentas conceptuais para lidar com este fenómeno até agora tão elusivo. No vídeo abaixo deixo a explicação pelas palavras do próprio, mas queria salientar algumas das suas descobertas mais importantes.
Primeiro, consciência é uma energia. Isto dá imenso jeito porque assim podemos medi-la em joule e sabemos que é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz. Em segundo lugar, nós somos consciências e, conclui o José Antunes, por isso somos um espírito. Em terceiro lugar, por «um ciclo reencarnativo vamos ganhando cultura de uma alma porque vamos mexendo nas energias do amor». Mas o que é a alma? perguntará o leitor. O José esclarece isso também. «A alma é, digamos, fracções do amor... entra connosco... que nós conseguimos adquirir.»
(Deixo só a ligação para o vídeo, porque não parece haver maneira de o calar se o incluo aqui)
Tem de tudo. Tem amor, energia, consciência, alma e espírito. Penso que só lhe falta a imanência transcendente, ou a transcendência imanente, para ter uma teologia completa. Mas, confesso, não consegui ver os vídeos todos (2). Se calhar também tem disso, ou algo equivalente.
Tenho defendido aqui que uma diferença importante entre o conhecimento e as várias especulações infundadas que por ele se fazem passar é que o primeiro forma um todo consistente enquanto as últimas vão cada uma para seu lado, desligadas das outras e muitas vezes contradizendo-as. No entanto, em certos aspectos sinto que tenho de rever a minha posição acerca disto. Tenho de admitir que, pelo menos no que toca ao discorrer prolongado em verborreia sem sentido, a treta parece cada vez mais ser toda o mesmo.
1- Consciência 21
2- Sapo Zen, Psicologia da Consciência 1