Treta da semana: WISDOM COACHING INTEGRAL®
A Vera Faria Leal é licenciada em Relações Internacionais e «Investigadora de Psicologia Espiritual, criou um grupo de investigação do Divino Feminino onde se estudam os arquétipos da Alma Feminina e se redescobrem as deusas Lusitanas, de acordo com um repto que lhe foi lançado por uma sacerdotisa do templo da Deusa, em Avalon, Glastonbury». É também «Formadora de Desenvolvimento Pessoal, criou o seu Método pessoal de Desenvolvimento transpessoal: WISDOM COACHING INTEGRAL®», como se pode ver na sua página pessoal (1). Com base neste Método, a Vera oferece um Curso de «WISDOM COACHING INTEGRAL® - MENTE E ALMA (®Todos os direitos reservados)»(2), que passarei a designar por WCI para poupar o caps-lock.
«É um Curso completo, um Programa extenso que visa aprofundar na excelência do Ser que você é. […] Este Método visa o crescimento integral do Ser, em todas as vertentes da vida e em todos os aspectos de si: alquimia emocional, reprogramação de crenças, sabedoria dos relacionamentos, abrir a mente e o coração à consciência de prosperidade, desenvolver a criatividade, integração de ensinamentos e valores.»(2)
Apesar das aparências, eu sou bastante sensível a estas coisas. Suscitam sempre no meu Ser uma certa inquietude, um grande assombro, e esta profunda questão existencial:
WTF!?
A Vera descreve que o seu método «é inspirado na estrutura universal dos cinco elementos (água, terra, fogo, ar e éter ou espírito) para integrar todas as dimensões da vida». À primeira vista, isto parece estranho. Por um lado, porque nenhum destes “cinco elementos” é elemento. São uma substância molecular, duas misturas, uma reacção química e uma hipótese descartada. Por outro lado porque, mesmo que fossem elementos, esta inspiração faria tanto sentido como estruturar um curso de psicologia no hidrogénio, oxigénio, carbono e azoto.
Mas esta abordagem nasce de um fundamento mais abrangente, que é partilhado por todos os profissionais da tretologia. Está patente na sua explicação do método de Luise Hay, um «conjunto de exercícios, técnicas e práticas que visam, fundamentalmente, trabalhar a consciência, ajudar-nos a cuidar melhor de nós próprios no todo que somos»(3). Ou nas suas previsões astrológicas para 2010, onde consegue falar durante dezoito minutos sem dizer nada de concreto, excepto que 2010 vai ser um “ano muito positivo”(4) para quase todos os signos. Deve-lhe ter escapado o PEC em ascendente.
O princípio subjacente é simples e lucrativo. É apresentar como certezas afirmações cuja verdade ninguém pode determinar. E exprimi-las de forma sonante mas tão vaga que nem se perceba exactamente de que se trata. É receita para muito negócio. Serve para astrologias, religiões, medicinas alternativas, macumbas, vidências, e até Métodos® de Coaching® Integral®.
Mas, no meio desta treta, ainda fui parar a uma coisa engraçada. Na sua página pessoal, a Vera Faria Leal dedica a todos os visitantes uma «antiga bênção celta». Pelo Google encontrei-a numa página de ditados e bênçãos irlandesas (5). E, logo no início da página, há uma quadra que mostra como este problema não é recente.
«When the eagle shall nest in the hollow glen
When mountain and fen shall from mists be free
When the priests shall no longer for gold be seeking
The crow shall be speaking as plain as we»
1- Vera Faria Leal. Atenção: site em Flash...
2- Vera Faria Leal, WCI. Atenção: em HTML, mas com javascript irritante e muitas cores.
3- Vera Faria Leal, Sapo Zen, Método Luise Hay
4-Vera Faria Leal, Sapo Zen, Previsões 2010 – Astrologia
5- Corsinet, Unusual Trivia Collection
Editado a 11-10, para tirar um acento a mais. Obrigado ao Zarolho, que mais uma vez demonstra que um olho bom é melhor que dois míopes.
São uma substância molecular, duas misturas, uma reacção química e uma hipótese descartada
ResponderEliminaro fogo vulgo plasma não é uma reaça química
é o 4º estado da matéria
valha-me São João Vasco o patrono dos....bolseiros???
Talvez seja ingénuo mas em alguns destes casos de tretologia fico intrigado e com algumas dúvidas sobre se, estas pessoas que se afirmam deste modo, o fazem com a convicção da falsidade do que fazem ou se genuinamente se convencem das bacoradas que dizem e fazem.
ResponderEliminarJoão
ResponderEliminaré mesmo aquilo a que eu chamo pessoas fluídos ....
O mundo são fluídos, quando fumam ganzas ficam com mais certezas, se experimentam cogumelos então é o fim.
Muito visto durante a época de 60's os fluídos continuaram a existir :)))
O mundo e tudo está tudo ligado, estás a ver ???
Asmo,
ResponderEliminar«o fogo vulgo plasma não é uma reaça química
é o 4º estado da matéria»
O plasma é um estado da matéria, sim. Mas quando dizemos "fogo" normalmente não queremos dizer "plasma". Não dizemos que os raios são feitos de fogo ou que as lâmpadas fluorescentes têm fogo lá dentro.
Quando falamos de fogo o mais normal é referirmos uma reacção de combustão.
When the priests shall no longer for gold be seeking
ResponderEliminarParece que o paganismo e o ateísmo tem muitas coisas em comum.
MATS
ResponderEliminarO paganismo é muito mais divertido que um tipo pregado numa cruz que salva o mundo estando pregado. É um religião chata, de origem pouco sã e que glorifica pouco as alegrias da vida, como sejam o sexo, os banquetes, o vinho , a diversão pura.
Nisso os pagãos eram muito mais saudáveis, porque depois esses interditos todos acabam mal canalizados.
Prefiro "acreditar" nas florestas cheias de faunos do que o céu cheio de querubins, prefiro imaginar as ninfas do que arcanjos, e nada melhor que as histórias de deuses e do seus ciúmes para mostrar como é chata e delirante a chamada paixão de cristo.
Cristo glorifica o sacrifício mas apenas porque sabe muito bem que vai para o céu e é filho do patrão.
Os heróis clássicos arriscavam mesmo a pele nas histórias, cristo faz batota do início ao fim, era muito inteligente desde a infância, é o fruto de uma impossibilidade, e mais tarde tem poderes especiais muito estranhos.
É mais uma versão de super-heroi que perde os poderes que de um deus como deve ser.
Mas isso sou eu que acordei para o outro lado
Bom, para mim tenho que o paganismo feito como deve ser resulta sempre numa cópia do Império Romano... e quando o Hitler tentou refazer a coisa digamos que não foi minimamente bonito.
ResponderEliminarA revolução humanista e liberal tem muito a dever ao judaísmo e ao cristianismo pelo seu carácter "anti-natural" (anti-pagão) muito embora nada tenha a dever às instituições que apenas servem para proteger dogmas ridículos e tradições parvas.
Dizer que o fogo não é uma reacção, mas um plasma, é como dizer que um bife não é carne, mas sim um pedaço de músculo...
ResponderEliminarPara esclarecer as confusões:
ResponderEliminarFogo é uma manifestação de uma reacção química de combustão em que se os gases produzidos forem suficientemente quentes podem se tornar ionizados, produzindo um plasma.
Fire is the rapid oxidation of a material in the chemical process of combustion, releasing heat, light, and various reaction products. Slower oxidative processes like rusting or digestion are not included by this definition.
The flame is the visible portion of the fire and consists of glowing hot gases. If hot enough, the gases may become ionized to produce plasma. Depending on the substances alight, and any impurities outside, the color of the flame and the fire's intensity might vary.
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In physics and chemistry, plasma is a substance similar to gas in which a certain portion of the particles are ionized. The presence of a non-negligible number of charge carriers makes the plasma electrically conductive so that it responds strongly to electromagnetic fields. Plasma, therefore, has properties quite unlike those of solids, liquids, or gases and is considered to be a distinct state of matter. Like gas, plasma does not have a definite shape or a definite volume unless enclosed in a container; unlike gas, in the influence of a magnetic field, it may form structures such as filaments, beams and double layers. Some common plasmas are stars and neon signs.
Fonte: Wikipedia
http://en.wikipedia.org/wiki/Fire
http://en.wikipedia.org/wiki/Plasma_%28physics%29
tá bem uma chama que não chegue ao branco ou ao azul
ResponderEliminare seja só vermelhinha tem gases ionizados de certeza
e o fogo solar é uma reacção química de natureza termonuclear?
ou é devida à reacção termonuclear que é libertada energia suficiente para ionizar as camadas exteriores da fotosfera
a reacção química de combustão
pode produzir ou não manifestações ionizantes
posso provocar reacções de combustão sem comburente?
óbvio qui no
posso provocar "fogo" ou estados de ionização da matéria numa atmosfera inerte e sem comburente?
claro que si...
e um bife pode ser um bocado de tecido muscular com gordura e outros tecidos associados nomeadamente vasos sanguínios e células de outros sistemas
mas não nos chateamos por isso
amanhã volto infelizmente a ter uma ou se calhar duas actividades extras
fogo....vocês implicam com tudo
fogo...é uma expressão fogo é um conjunto de letras
fogo é uma abstracção se fosse só fog podia ser nevoeiro ou uma expressão matemática f o g g o f
fogo inflexões da vida
isto é cá uma camarilha
olhem vão deitar fogo no olhar
ou então numa Câmara Municipal
a de Setúbal já não arde desde o 4-10-1910
ainda conheci um charroco pescador que ajudou a deitar-lhe fogo
infelizmente o fogo como reacção muda pouco
como plasma é muito mais poético...fogo!!!!
Nuvens de Fumo,
ResponderEliminarTu acreditas nas coisas que escreves, ou escreves só porque tens algum tempo livre?
Ora bem, eis um tema interessante que pode suscitar alguns comentários um pouco mais aprofundados do que aqueles que até agora mereceu.
ResponderEliminarAo ler este texto do Ludwig e antes ainda de consultar o link específico acerca do WCI, o 1º pensamento que me ocorrei foi: "O que é que existe de substancialmente diferente entre a psicoterapia e este tipo de cursos de desenvolvimento pessoal?"
De certa forma, esta pergunta está em parte respondida quando verifico que 2 das conferencistas têm formação na área da psicologia e, melhor ainda, uma delas é seguidora de Carl Rogers, o psicólogo norte-americano ligado à corrente humanista e autor do maravilhoso livro "Tornar-se Pessoa" (On Becoming a Person: A Therapist's View of Psychotherapy), cuja leitura recomendo mais do que vivamente.
Deveras, isto levanta ainda uma questão recorrente e mal resolvida, a saber: até que ponto a psicologia ou a psiquiatria ou ainda a psicoterapia são disciplinas científicas de pleno direito, visto que há nelas muito de subjectivo, como aliás em tudo onde o relacionamento humano é fundamental?
Dito de outra maneira, em qualquer relação pedagógica, a começar logo pela primordial entre pais e filhos, há por certo princípios científicos que orientam essa comunicação, mas um relacionamento humano vai sempre muitíssimo além disso e contém parâmetros não mensuráveis, dos quais aquilo a que chamamos "amor" é o zénite, cuja importância é vital apesar de não os sabermos quantificar.
Já agora, a propósito dos tais 5 elementos, não fica muito bem a pessoas cultas e com responsabilidades na formação de outras fingirem ignorar que se trata de linguagem simbólica, da mesma forma que as referências a deusas ou seres extraordinários representam os arquétipos ou imagens primordiais associados à própria evolução humana... at least until now!
Por fim, é também motivo para reflexão o facto destes e outros cursos similares serem frequentados por muitas pessoas com formação superior e elevadas qualificações profissionais. Bem, é claro que com os preços cobrados é natural que semi-analfabetos e Gnomos patetas não tenham acesso a tão alta sabedoria... fico-me pelos livros de psicoterapia! :)
Anyway... de novo afirmo que este tipo de temas tem um tratamento demasiado superficial e ingénuo por aqui, pois há muito de sedutor na alma humana.
E a mor ciência é conhecer...
Rui leprechaun
(...o âmago do meu Ser! :))
Ludwig, excelente achado. Noto uma gralha ("exprimí" por "exprimi") e a chalaça certeira "WC".
ResponderEliminarAcho curioso que a expressão sânscrita "namaste" ("नमस्ते", pois é fácil copiar e colar) seja dada por uma bênção celta (ou Celta). Ajunto que cada vez que alguém me vem com tretas celtas eu pergunto logo à partida: «Mas que Celtas? Britónicos ou goidélicos?», o que corta cerce boa parte da treta proposta.
Obrigado. Já corrigi.
ResponderEliminarNa verdade estas coisas são sempre uma misturada de tretas. Vale tudo, da programação neuro-linguística às deusas lusitanas...
Rui Leprechaun,
ResponderEliminar«verifico que 2 das conferencistas têm formação na área da psicologia e, melhor ainda, uma delas é seguidora de Carl Rogers[...]
Deveras, isto levanta ainda uma questão recorrente e mal resolvida, a saber: até que ponto a psicologia ou a psiquiatria ou ainda a psicoterapia são disciplinas científicas de pleno direito»
Até ao ponto em que se tornam seguidoras deste ou daquele. A partir daí passa a ser uma forma de culto e não um olhar objectivo para as crenças, medidas pelo apoio que as evidências lhes dão.
Mats ,acredito que o paganismo +e muito mais divertido, posso ou queres enviar-me para a pira fanática ?
ResponderEliminarBarba
ResponderEliminarBom, para mim tenho que o paganismo feito como deve ser resulta sempre numa cópia do Império Romano... e quando o Hitler tentou refazer a coisa digamos que não foi minimamente bonito.
Não concordo, o paganismo hitleriano em grande parte é mito que se foi criando com uma data de ocultistas fascinados pelo fenómeno nazi, mas pelo que sei houve por parte de alguns elementos a tentativa de revivalismo do espírito germânico , algo como os antepassados perdidos. Isto porque a manta de retalhos alemã necessitava de um elemento agregador mais antigo que o nazismo e que no fundo o fundamentasse.
Em grande parte foram criados a parir do zero, inventados portanto, antepassados, tribos com cultos que nunca foram executados e uma mitologia cavaleira que nunca existiu.
Todo este processo teve como objectivo fundamentar a existência de um raça germânica original, que nunca exitiu.
Isso nada tem que ver com o paganismo, mas sim com nazismo :)))
Meedo! :-)
ResponderEliminarAté ao ponto em que se tornam seguidoras deste ou daquele.
ResponderEliminarMas que grande exagero! De facto, eu usei primeiro a palavra "discípula" que depois substituí por "seguidora", mas aquilo que naturalmente se pretende dizer é que essa psicoterapeuta, isto de acordo com a sua biografia no site, possui formação no método terapêutico de Carl Rogers, que integra a chamada Psicologia Humanista, sendo uma das suas figuras principais, a par de Abraham Maslow e Rollo May.
É claro que títulos académicos não são tudo, mesmo supondo que são genuínos. Além do mais, chame-se-lhe arte ou ciência, a terapia da psique humana ainda não possui a exactidão das ciências físicas e matemáticas e é duvidoso que algum dia as tenha.
Anyway... para mim há algo de muito fascinante nesta redescoberta do empirismo milenar centrado na descoberta do Ser Humano. Este é um tema complexo de abordar, justamente porque estamos a falar de algo bem mais vasto do que a neurologia ou a moderna investigação do cérebro. Lidamos com fenómenos imprecisos e não quantificáveis, pelo menos actualmente, e que afinal já são objecto de estudo e interesse espontâneo desde há milhares de anos. Essas referências ao Budismo ou ao Zen ou mesmo aos cultos pagãos da natureza são justificadas pela importância que tais abordagens filosófico-religiosas sempre concederam ao espírito humano, o mistério de "O Homem, esse desconhecido", muito longe ainda de ser desvendado pela ciência moderna.
Aliás, como já disse noutras ocasiões, parece-me muitíssimo elucidativo o mero facto de se estarem a recuperar essas tais abordagens ou técnicas milenares, desenvolvidas no antigo Oriente, incorporando-as em métodos terapêuticos que vão progressivamente integrando as melhores práticas médicas convencionais. Tudo isto teve o seu início já desde os anos 50, com o chamado "treino autógeno" desenvolvido pelo psiquiatra alemão Heinrich Schultz e que incorpora diversas técnicas de relaxamento e interiorização ou visualização praticadas desde há muitos séculos atrás pelos ioguis hindus, monges budistas e praticantes zen.
A Psicologia Humanista, e mais ainda a Transpessoal (Stanislav Grof) têm igualmente as suas mais fundas raízes neste distante conhecimento empírico, o tal cujo motto é a célebre injunção: "Conhece-te a ti mesmo (e conhecerás o universo e os deuses)."
Bem, altura para afazeres mais terrenos, há assuntos mundanos a tratar... na fascinante beleza de mais um dia a respirar! :)