domingo, outubro 24, 2010

Treta da semana: custos para o utilizador.

Esta é uma prática comum. O Estado financia algo apenas parcialmente e cobra o que falta aos utilizadores. Desde portagens em autoestradas e pontes até informação geográfica (1), normas técnicas (2) ou software (3) que fazem parte da legislação em vigor. Porque parece justo não sermos todos obrigados a financiar, dos impostos, algo que apenas alguns usam. Se seleccionarmos os exemplos com cuidado. Os lisboetas não querem pagar a autoestrada dos transmontanos, nem estes beneficiam de pontes sobre o Tejo, e coisas assim.

Assumindo que é justo, tolera-se os problemas práticos de ter um Estado comerciante. Parcerias publico-privadas, que são negócios decididos entre donos das empresas e funcionários que gerem dinheiro público e só lucram, eventualmente, se ganharem um lugar na empresa com a qual negoceiam. Instituições públicas em concorrência desleal com o sector privado, que não pode cobrar aos contribuintes os custos de operação e investimento. Ou mesmo, em alguns casos, entidades públicas que fiscalizam e regulam empresas enquanto competem com estas no mesmo mercado. Estes pacotes de incentivo ao roubo legal dificultam a boa gestão do erário.

Mas o problema deste princípio, do Estado como empresa, é mais fundamental do que uma implementação desastrosa. Não é necessariamente injusto que o Estado invista em projectos que beneficiem apenas alguns se, no conjunto dos projectos, os benefícios se distribuírem equitativamente. Uns beneficiam de uma autoestrada, outros de uma ponte, uns de uns mapas e outros de uma norma. Injusto é se forem sempre os mesmos a ficar excluídos dos benefícios. Que é precisamente o que acontece quando se impõe custos de utilização. Sistematicamente, seja o que for ou onde estiver, é quem tem menos dinheiro que fica impedido de beneficiar daquilo para que foi obrigado a contribuir.

Há também um problema de justiça social, que se esconde atrás de uma noção errada do valor das coisas. O mercado dá a cada coisa um preço que, implicitamente, se assume ser o seu valor justo, que todos devem pagar. Mas o preço é uma mera consequência de como o mercado responde à oferta e à procura. Não se pode inferir nada de normativo comparando o salário de um bombeiro com o de um futebolista, ou o preço do ouro com o do arroz. Nem o preço é o valor das coisas, nem é mais justo que todos paguem o mesmo, visto que o custo de algo, para o indivíduo, depende não só do preço mas também de quanto dinheiro tem disponível.

É claro que o mercado é muito mais eficiente precisamente porque não se guia pela justiça. Se quer, paga. Se não paga, não dou. É a melhor forma de levar a oferta a responder à procura. Mas essa eficiência leva a desequilíbrios cada vez maiores, eventualmente auto-destrutivos se não houver nada que os compense. Quando alguns ganham num dia mais do que outros numa vida inteira de trabalho, é preciso um contrapeso para não descambar tudo em violência. Esse é o papel do Estado. Contrapor de forma justa, mesmo que ineficiente, a injustiça do mercado, que é o preço da sua eficiência. E isto implica cobrar de cada um conforme o que lhe custa dar, e dar a todos por igual, tenham dinheiro ou não.

Não digo que seja tudo gratuito. Pode ser preciso cobrar ao utilizador alguns custos de manutenção ou taxas moderadoras para evitar a utilização abusiva. Mas esta cobrança não deve impedir ninguém de usufruir daquilo que os seus impostos ajudaram a pagar. A promiscuidade do Estado merceeiro (ou mercenário), a vender no mercado aquilo que todos pagámos, tem o efeito duplamente nefasto de tornar o Estado injusto, beneficiando quem tem mais dinheiro à custa de quem tem menos, e de reduzir a eficiência do mercado, interferindo nos mecanismos de preço, oferta e procura por usar o dinheiro dos impostos para competir com iniciativas privadas. O resultado é que o Estado se vai transformando numa corporação injusta, corrupta e monopolista, beneficiando uns poucos à custa de muitos enquanto destrói a economia de que depende.

1- Instituto Geográfico, Preçário
2- IPQ, Loja
3- INETI, Solterm

45 comentários:

  1. O maior problema é que este tipo de parcerias foram inventadas para que os custos elevados dos investimentos não entrassem nas contas do estado. Maximizar o photo-op e minimizar o custo no orçamento de estado. Agora vêm as contas, quando estamos no meio desta coisa (nem digo crise). Portanto um dos problemas destas parcerias é que fundamentaram o sobre-investimento em estruturas que ultrapassam a capacidade económica de portugal de as sustentar.

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  2. «O resultado é que o Estado se vai transformando numa corporação injusta, corrupta e monopolista, beneficiando uns poucos à custa de muitos enquanto destrói a economia de que depende.»

    Para que conste, estou 100% de acordo(*). Mas tenho tendência a atribuir as patologias do “estado merceeiro” ao tipo de pessoas que o protagonizam e não a uma deformidade do sistema em si mesmo. Primeiro porque as parcerias público-privadas podem figurar pontualmente como a solução certa para determinado problema. Depois porque não podemos responsabilizar um “sistema” se ele é constantemente desfigurado em adaptações circunstanciais ora para servir a este ora para servir àquele, e que no final de cada dia está mais batido do que as put@s do regime.

    Claro que isto nasce no eleitorado. O que os eleitores ainda não entenderam é que são accionistas de uma democracia, e é pena, porque quando lhe mexem nos dividendos qualquer idiota se torna exigente.

    -----
    (*) Sinto-me apesar disso solidário com a perplexidade do Jota que, estou certo, não contava nada com isto aqui na Suécia.

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  3. 1º todos os Estados são corporações ,dos seus funcionários corruptas (e monopolistas por vezes) beneficiando uns poucos à custa de muitos

    2ºHá sempre uma minoria de beneficiados e uma maioria de excluidos
    até no modelo sueco ou no finlandês

    3ºnem é mais justo (essa tal justiça imanente é aferida por quem?

    4ºque todos paguem o mesmo, o problema é muitos não pagarem nada e o estado e os seus funcionários raramente criarem riqueza
    e terem benefícios sobre os que suportam o sistema

    5ºvisto que o custo de algo, para o indivíduo, depende não só do preço mas também de quanto dinheiro tem disponível e....cada um gere o $ e a vida de formas diversas
    alguns têm 5 ou 6 filhos que não podem manter outros 0
    quem mais ganha e poupa deve contribuir altruisticamente para os consumos de outros


    Não digo que seja tudo gratuito.
    UM estado que nada gere nem produz através da sua inércia vai permitir
    até 2012 consumos excessivos? é que em 2012 se nada for feito
    teremos se calhar o escudo de volta
    importaremos menos medicamentos, comestíveis,etc porque a nossa moeda desvalorizada não a poderá pagar

    seremos uma das novas repúblicas centro-africanas da europa
    gastos sumptuários e uma classe média indigente
    ganhará talvez 600 ou 700 contos mas não comprará nada com eles

    é um cenário que eu vejo aproximar-se desde 2004

    em 2006 caiu o mercado imobiliário da Irlanda
    foi a 2ª bolha desde 1991
    a apatia e a ganância nada viu nesse fenómeno


    Pode ser preciso cobrar ao utilizador alguns custos de manutenção
    e os custos de construção pagos integralmente por todos?
    ou taxas moderadoras para evitar a utilização abusiva?
    tipo ADSE ? ou outros sistemas

    Mas esta cobrança não deve impedir ninguém de usufruir daquilo que os seus impostos ajudaram a pagar...e nem todos pagam impostos da mesma maneira
    um funcionário público é subsidiado para pagar os seus impostos

    vocemecê talvez ganhasse mais no privado
    mas quantos funcionários públicos se podem gabar disso (bem gabar todos podem agora o que é certo é que centos de licenciados tentam entrar no estado pois não têm garantias nem salários compatíveis na indústria

    É claro que o mercado é muito mais eficiente precisamente porque não se guia pela justiça.Demagógico

    Se quer, paga. Se não paga, não dou. Mas essa eficiência leva a desequilíbrios cada vez maiores, eventualmente auto-destrutivos se não houver nada que os compense. Quando alguns ganham num dia mais do que outros numa vida inteira de trabalho, é preciso um contrapeso para não descambar tudo em violência.e este final apocalíptico

    há alguns que ganharam 60 milhões no euromilhões ou 25000 num concurso qualquer e nem por isso sofrem partilha desse capital com os restantes(dir-me-à que o jogo já é tributado em 35%)

    o certo é que quem num golpe de sorte ganha milhões nada paga

    um empresário que arrisca o seu capital e gasta a sua vida para ganhar umas dezenas de milhares de euros por ano
    digamos os seus 30 e poucos mil
    é colectado em sede de IRC e IRS em mais do que um funcionário público com o mesmo rendimento


    o estado isenta de impostos uns e sobrecarrega outros
    também não é muito justo

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  4. Banda in barbar,

    O que se passa? Porque é que escreves de uma forma que torna tão difícil ler o que escreves, e entender as tuas ideias? Várias vezes ignoro os teus comentários para não me dar ao trabalho de os decifrar. Imagino que se te dás ao trabalho de escrever, queres que te leiam. Então porquê escrever dessa forma?

    Sobre o primeiro e segundo ponto, creio que deverias ler isto:

    http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/01/erros-do-liberalismo-de-direita-iii.html

    Sobre o terceiro ponto, recomendo a leitura desta série:

    http://esquerda-republicana.blogspot.com/search?q=Fal%C3%A1cias+da+%C3%89tica+Neo-Liberal

    Sobre o quarto ponto, a sua falsidade é flagrante. A criação de valor por parte de médicos, professores, polícias e da generalidade dos funcionários públicos é evidente. E não há sequer razão para alegar que os privados sejam mais eficientes neste tipo de serviços. Sobre este assunto, recomendo esta série de textos:

    http://esquerda-republicana.blogspot.com/search?q=erros+do+liberalismo+de+direita

    Mas a ideia geral, a de que o nosso atraso se deve ao peso do estado na economia, esbarra nos factos - temos um peso médio do estado na economia em comparação com a generalidade dos países desenvolvidos.

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  5. Jota, deixaste-me aqui a pensar e deu-me para recordar uma afirmação que te li há dias:

    «Os eleitores têm de se mobilizar para criar incentivos para que os partidos proponham e aprovem boas medidas anti-corrupção.»

    Os eleitores sabem muito bem que é escusado perder tempo a imaginar uma organização impermeável a corruptos. Não existem organizações impermeáveis a corruptos, o melhor que podemos esperar de uma organização é gente a observá-los de perto. E é precisamente isso que faz da democracia o formato organizacional menos mau entre as várias possibilidades *desde que* se verifiquem duas condições anti-corrupção:

    1- os eleitos tenham consciência, bem como consciência da sua responsabilidade;

    2- haja visibilidade das acções pelas quais se delega nalguns representantes a perigosa função de decidir em nome de todos.

    Quem não percebe isto escusa de falar em “incentivos”. Assumir que o governo democrático é um jogo de dementes em roda livre movidos por montinhos de libras em ouro parece-me até incompatível com o direito de voto...

    Não podemos assumir isso. Podemos é verificar que um futuro político melhor é um futuro de exigência e de transparência. Que são premissas. Se avaliarmos as consequências para milhões de pessoas de governar mal, o “incentivo” de um governo será governar bem. Não chega? E que tal o sentido de estado como condição necessária para titulares de cargos de soberania?

    Dirás com o desprendimento que caracteriza o teu pensamento político: «Ah, mas os gajos preferem a vida de lord e é por isso que querem ganhar eleições. São inimputáveis e desalmados, temos que os entreter para não nos prejudicarem». Nesse caso, Jota, escusavas de te esforçar tanto a falar em modelos políticos, de esquerda ou de direita, de partidos, de coligações, de vantagens e desvantagens, e de como subtilmente o Partido Socialista-my-ass é depositário da salvação nacional. Porque não é uma carta de intenções (que ainda por cima as traças já comeram há muito) que implementa seja o que for.

    A política é um desafio de pessoas que apontam um caminho para todos e por esse motivo produz os seus próprios objectivos. O incentivo é nada mais nada menos do que alcançá-los. Portanto perece-me ridículo falares em “incentivos” para suprimir a corrupção quando ainda por cima o que nos falta para combater a corrupção não são tanto as regras como a tradição de as aplicar.

    E não me venhas com gráficos, tá?

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  6. Bruce Lóse:

    Começo pelo comentário final do "não me venhas com gráficos", essa bela ideia de que as nossas intuições valem mais do que os dados estatísticos sérios.
    Assim uns podem dizer que o peso do estado na economia é cada vez maior enquanto outros dizem que é cada vez menor, e todos têm razão, cada um se mantém no seu clubinho com as suas convicções, que os factos não importam para nada.
    Cada vez há mais insegurança; cada vez há mais desigualdade; cada vez há mais corrupção, e livrem-se de me mostrarem dados que digam o contrário, que são aldrabices, o meu clube é que está sempre certo.

    E por falar em clubismo, caso não tenhas entendido o meu texto é um manifesto contra esse clubismo, por isso escusas de vir repetir a ladaínha de que votei e apelei ao voto no PS, porque já mais vezes votei e apelei ao voto noutros partidos - BE (votei e apelei ao voto), PH (votei), CDU (votei) e até no candidato Garcia Pereira apoiado pelo PCTP - MRPP (votei, tendo passado essas presidenciais a tentar que a candidata Manuela Magno pudesse concorrer).

    Por fim, não creio que tenhas qualquer razão para desdizer aquilo que afirmei.

    É importante criar incentivos para que os políticos sejam menos corruptos, através da atenção à sua acção e da disposição de alterar o voto consoante a mesma, não porque os políticos sejam todos máquinas insensíveis que só pensam no voto; mas para garantir que os políticos mais honestos e sérios têm vantagem competitiva quando se defrontam com políticos corruptos e demagógicos.

    O resto é blablabla, e vontade de manter o status quo enquanto se mandam umas bocas.

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  7. Jota,

    Não fiques triste. É evidente que podemos projectar nos eleitores a responsabilidade pelas escolhas partidárias (lê o meu primeiro comentário) ou, mais remotamente, a responsabilidade de motivar nos grupos políticos o gosto pela verticalidade como se entre os seus agentes não existisse essa motivação. Mas o que tu sugeres é verdadeiramente bizarro, porque por um lado assumes nos partidos a atitude miserável de se representarem apenas a eles próprios e por outro responsabilizas por isso o eleitorado, que pode apenas escolher um entre vários partidos numa eleição, por ainda não se ter mobilizado «para criar incentivos para que os partidos proponham e aprovem boas medidas anti-corrupção»...

    Para coroar a proeza consegues fazê-lo na sequência de um apelo ao “voto útil” no PS (é deste que estou a falar, como bem sabes) numa das corporações que mais podemos responsabilizar por este estado de coisas, quando o que devias ter feito nessa altura era precisamente o contrário, dado que a tua expectativa é a de que as coisas mudem. A não ser que queiras explicar melhor

    - o que entendes por criar incentivos.
    - o que é que mudou a esse nível entre as últimas eleições e o dia de hoje.

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  8. Bruce,

    «e por outro responsabilizas por isso o eleitorado, que pode apenas escolher um entre vários partidos numa eleição,»

    o "eleitorado" pode também criar partidos novos. Mas para que isso faça sentido, para que eles surjam, é necessário que os cidadãos descontentes com os actuais partidos ou políticas estejam dispostos a conhecer, interessar-se, em última análise votar nestes partidos.
    Se os partidos actuais "só se servem a si próprios" em parte é porque o podem fazer impunemente. Os cidadãos têm os meios para os punir, mas não os exercem.



    «Para coroar a proeza consegues fazê-lo na sequência de um apelo ao “voto útil” no PS (é deste que estou a falar, como bem sabes) numa das corporações que mais podemos responsabilizar por este estado de coisas»

    Esse voto fez sentido na medida em que actualmente não existe NENHUM partido de centro-esquerda que não o PS. Nota que não falo de partidos com representação parlamentar, mas sim de TODOS os partidos.

    E porque é que não existe tal partido? Porque ninguém se dá ao trabalho de o criar. E porquê? Porque ninguém quer conhecer/votar nestes partidos.

    E nesse ponto, tenho a consciência tranquila. Não apenas porque quando pensei que os partidos que tivessem um número mínimo de militantes iriam desparecer fui a correr tornar-me militante do POUS (para evitar uma extinção que me parecia injusta, mas que depois não veio a acontecer); não apenas porque perdi quase um semestre inteiro quando estava a fazer o curso a dar o meu trabalho para fazer com que a candidata Manuela Magno (que não conhecia de lado nenhum) conseguisse obter as 7500 assinaturas e pudesse concorrer à presidência da República nas presidenciais passadas - coisa que deveria ter acontecido... http://manuelamagno.blogspot.com/2005/12/o-acrdo-do-tc.html http://manuelamagno.blogspot.com/2006/01/recapitulando.html; não apenas porque quando da união de vários partidos pequenos parecia vir a nascer uma força com representação parlamentar que iria enriquecer o debate político votei 3 vezes consecutivas nessa força política (BE) dando-lhe força para vingar; não apenas porque repetidamente investigo todos os partidos novos que surgem para saber se merecem o meu voto.

    Sobre a razão pela qual votei e apelei ao voto no PS escrevi abundantemente. Genericamente concordo com as políticas (com excepções como o Magalhães, etc..) que me sinto capaz de avaliar (não sei se o TGV ou aeroporto são boas ideias porque é um assunto algo técnico, e todos os estudos que se pronunciaram sobre esse assunto eram da autoria de partes interessadas); mas a corrupção típica do bloco central dá-me dores de cabeça. Partidos como a CDU ou o BE são perfeitamrnte incapazes de qualquer abertura para o diálogo, ao contrário do que fazem forças políticas análogas por essa europa fora, e deixaram de merecer o meu voto. Fiquem a falar sozinhos nas suas torres de marfim enquanto a direita triunfa.

    Mas o facto de vir a lume que o governo Sócrates tentou de facto comprar a TVI para condicionar a informação, e que o PS optou por defender a liderança em vez de expulsar os responsáveis, é mais do que aquilo que posso aceitar. Mais facilmente voto em branco do que aceito essa situação, se não, o PS não tem qualquer razão para controlar a corrupção dos seus governos. Gostaria que os eleitores da direita fossem igualmente exigentes - haveria menos corrupção estivessem governos de direita ou esquerda no poder.

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  9. Jota,

    «Partidos como a CDU ou o BE são perfeitamrnte incapazes de qualquer abertura para o diálogo, ao contrário do que fazem forças políticas análogas por essa europa fora, e deixaram de merecer o meu voto. Fiquem a falar sozinhos nas suas torres de marfim enquanto a direita triunfa.»

    Estou sempre a corrigir-te neste pensamento lírico... Vamos aos factos. O governo tentou negociar um orçamento que nem sequer apresentou a horas ao parlamento e procurou à direita, apenas à direita, um compromisso cego. E como vês ainda agora é com o PSD que o partido de “esquerda moderada” a quem entregaste um voto útil quer negociar. In extremis, que é muito mais saudável e vantajoso para o país.

    É possível que episódios como este se amontoem no teu imaginário na forma de torres de marfim, mas hás-de reparar com atenção quem são os morcões que lá vês em cima.

    Também não consigo concordar com a tua ideia de que o pessoal pode e deve criar partidos avulsos, cada um como uma espécie de objecção pedagógica aos partidos já existentes. Podia dar-te várias razões, mas fico-me por esta: é impensável representar num parlamento minimamente funcional um conjunto tal de partidos em que qualquer pessoa possa escolher um em que se reveja integralmente.

    Ao contrário do que sugeres como solução para a representação partidária, para mim a responsabilidade cívica passa por cada um de nós fazer as cedências necessárias para que não se coloque essa necessidade. E se vires bem não se tem colocado essa necessidade. Por exemplo, não foi por o PS não dar provimento à proposta de obrigar as farmácias a vender medicamentos unidose que isso deixou de ser aprovado no parlamento pelo seu conjunto. O “jogo partidário” tem destas coisas. De tão imbecil torna-se estocástico. E não foi preciso um partido novo ser criado especificamente para mandar o PS levar nas nalgas.

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  10. Bruce,

    «Estou sempre a corrigir-te neste pensamento lírico... Vamos aos factos. O governo tentou negociar um orçamento que nem sequer apresentou a horas ao parlamento e procurou à direita, apenas à direita, um compromisso cego. E como vês ainda agora é com o PSD que o partido de “esquerda moderada” a quem entregaste um voto útil quer negociar. In extremis, que é muito mais saudável e vantajoso para o país.»

    O PS não tentou nada à esquerda, porque seria perder tempo. E basta olhar para a câmara de Lisboa para entender isso: o António Costa fez uma aliança com o José Sá Fernandes (em quem votei), e o BE deu logo um pontapé no rabo deste último porque livre-nos Deus nosso Senhor de negociar com o partido de José Sócrates. Não importa que a câmara não tenha nada a ver com o país, não importa que José Sá Fernandes tenha assim conseguido implementar várias políticas desejáveis, não importa que por causa da recusa do BE em negociar a câmara tenha estado prestes a caír nas mãos de Santana Lopes. Na verdade, mereceram ficar sem vereadores na câmara municipal de Lisboa.

    Eu sei muito bem que não nos podemos rever integralmente nos partidos, escusas de mo dizer, que até agora nunca votei em branco - e caramba se o meu voto foi desde o Garcia Pereira ao PS bem podes ver que não necessito de uma identificação a 100% para votar.

    Quem devia ser capaz de aceitar compromissos são partidos tais como a CDU e o BE. Mas isso não vai acontecer porque eu conheço as pessoas que militam estes partidos, no dia em que alguma negociação houvesse muitos eles deixariam de gostar do seu rico partido "do contra" para o considerar um partido de "vendidos", do "sistema". E o partido não se dá ao luxo de perder esta gente. E vê-se bem naquilo que aconteceu na câmara de Lisboa.

    De qualquer forma, não vejo nas tuas "sugestões alternativas" qualquer forma de fazer face à corrupção no bloco central, mantendo as políticas moderadas que caracterizam este bloco. Entendo que não seja do teu interesse, pois políticas moderadas dizem-te pouco. Mas compreende que é o desejo da maior parte do eleitorado e em muitos países é possível conciliar tais políticas com bem menos corrupção. Portugal também o pode conseguir - é preciso um eleitorado mais atento, mais disposto a mudar o seu sentido de voto.

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  11. ui discussões políticas... nem me meto ao barulho... só de pensar dá logo dores de cabeça...

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  12. João Vasco disse...
    Banda in barbar= JEAN BEDEL BOKASSA, foi similar aos partidos em Portugal e noutras partes,na apropriação impune dos bens do estado,logo geralmente uso-o quando comunico com ex-colegas meus que estão nas autarquias.

    O que se passa? Comigo nada, com o país mais uma crisezita
    a equação é simples

    Porque é que escreves de uma forma que torna tão difícil ler o que escreves, e entender as tuas ideias?
    Poderia dizer o mesmo, mas enfim.


    Imagino que se te dás ao trabalho de escrever, queres que te leiam.
    Tanto me faz não tenho propensão para Messias

    Então porquê escrever dessa forma?Poupa tempo

    Não é um problema de direita, ou esquerda, historicamente quem se apropriou da máquina do estado, arranjou maneira de o sugar com maior ou menor eficiência.
    Muitos recursos são desviados para consumos sumptuários
    Não vale a pena discutir esse ponto, pois cada um tem suas visões.


    Sobre o quarto ponto, a sua falsidade é flagrante.

    A criação de valor por parte de médicos, professores, polícias e da generalidade dos funcionários públicos é evidente.
    Um estado não se sustenta de funcionários, a criação de valor é nitidamente inferior ao custo desses funcionários

    e a sua eficiência é baixa


    E não há sequer razão para alegar que os privados sejam mais eficientes neste tipo de serviços?

    têm menores custos
    os hospitais da Hospor são nitidamente eficientes no tratamento das centenas de milhares de funcionários públicos que lá se deslocam

    obviamente nunca poderão fazer frente em recursos aos hospitais públicos

    Mas a ideia geral?
    a de que o nosso atraso....?
    Nem me referi a isso
    aqui é um simples problema demográfico e de equilíbrio de contas



    se deve ao peso do estado na economia, esbarra nos factos

    - temos um peso médio do estado na economia em comparação com a generalidade dos países desenvolvidos.
    as percentagens nada dizem
    houve estados viáveis em que o peso do estado na economia era muito superior,


    em economia política ou em economia básica
    uma nação com um sector produtivo deficitário
    que não compensa nem marginalmente as importações
    e com empresas estatais cronicamente deficitárias e ineficientes

    nem desejo entrar em discussão sobre qualquer dos pontos
    já em 1985 um presidente de câmara alentejana
    então professor de economia
    explicava de forma sucinta os problemas estruturais do aparelho produtivo português e do peso do estado na economia

    que era então ligeiramente maior

    por acaso o dito cujo era e provavelmente continua sendo marxista
    mas compreendia o problema do estado português em termos demográficos
    e económicos

    quando se fazem afirmações dessas de criação de valor

    ontem num blogue alguém se mostrava estupefacto por os brit's
    irem vender parques florestais
    o John Major já tinha tentado levar a que estruturas do estado
    com custos muito superiores às receitas fossem privatizadas
    teve oposição e falhou

    só que os custos de mão de obra crescentes e as ineficiências de um sistema em que ninguém se interessa por optimizar a produção
    tornaram-nas elefantes brancos

    e numa G.B. em que a indústria pesada migrou para outras paragens
    e com o sector financeiro em crise
    o exército de funcionários não pode ser pago
    aconteceu o mesmo em 91/92
    logo o que está acontecendo era expectável a longo prazo

    e com a nossa economia a curto

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  13. «EAN BEDEL BOKASSA,»

    Boa sorte com a tua ideia de poupares tempo a escrever assim. Se não te lerem, é que o tempo que passas a escrever é mesmo perdido, mas enfim, dizes que não te importas. Há quem fale porque gosta de se ouvir, isso parece o análogo.

    Por mim, geralmente não leio o que escreves. Pelos vistos vai continuar assim.
    Não há paciência para decifrar o que raio queres dizer.

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  14. nada é perdido

    descontrai-me

    evito pensar nos problemas futuros que terei

    e no que deverei ter que fazer se a situação se agravar

    não há nada para decifrar

    não se convertem crentes em falsas fés

    e é idiótico tentá-lo (falamos daqui a 20 anos, geralmente a idade leva à tolerância....e daí....nem por isso

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  15. Há quem escreva porque pensa que tem algo para dizer e que alguém o quer ler, isso parecem vocês blogers

    levar a verdade, o esclarecimento ou a luz faz mal à saúde

    e o meu cartão de ADSE ainda não chegou, paciência....

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  16. «ui discussões políticas...»

    Barba,

    Eu estou a falar de pessoas e de integridade. O João Vasco é que está a discutir política, ele pensa que é a política que produz integridade. E aposto que está mortinho por votar outra vez nos “moderados” que nos asfixiaram em gestão danosa.

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  17. Jota,

    A propósito de custos para o utilizador. Lembras-te do governo em 2008 aumentar o plafond das obras públicas com ajuste directo para mais de 5 milhões de euros? Gostava que lesses isto e me dissesses qual é o «incentivo» que te parece faltar agora ao partido co-responsável por esta alteração para «aprovar boas medidas anti-corrupção». É que, segundo a notícia, as medidas que já existem parece que não estão a ser observadas... Temos que incentivar urgentemente esse partido.

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  18. Bruce,

    «O João Vasco é que está a discutir política, ele pensa que é a política que produz integridade. »

    Eu escrevi precisamente o oposto, mas tu já me puseste uma etiqueta, vais cantando a mesma ladaínha, e nenhum facto te vai alterar a forma de pensar. É como a história de rejeitar gráficos, mais fácil é defender o clube como se fosse o Benfica, não importa o que aconteça é sempre o maior clube.

    (Nada contra os benfiquistas, este foi só um exemplo. Leiam Sporting, se quiserem)


    «mortinho por votar outra vez nos “moderados” que nos asfixiaram em gestão danosa.»

    Só que acabei de escrever precisamente o oposto. Que apesar de preferir políticas moderadas estou disposto a mudar o sentido de voto devido às práticas de corrupção.

    É fácil apontares-me o dedo, mas eu digo-te o meu nome, digo-te em quem votei e em quem penso votar, e tu da tua capa anónima julgas as minhas opções como se eu devesse ter vergonha delas. Tenho a consciência de que votei sempre em boa fé, e sempre pensando - refletindo bastante, e informando-me o mais que posso - que voto é que melhor servirá o país e o mundo.

    Por isso bem podes continuar a achincalhar-me "lalalala, tu votaste PS" como se isso porventura desautorizasse qualquer opinião que possa ter, não creio que seja o caso.

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  19. «Eu escrevi precisamente o oposto»

    Não me parece. E responde lá ao mau último comentário.

    «É fácil apontares-me o dedo, mas eu digo-te o meu nome, digo-te em quem votei e em quem penso votar, e tu da tua capa anónima julgas as minhas opções como se eu devesse ter vergonha delas.»

    Mas o que é isto, Jota? Eu sempre assinei Bruce Lóse e tu sempre assinaste João Vasco (penso eu). Não dou corda a essa conversa estúpida sobre a “identidade” de pessoas que tanto conheço se assinarem assim como se assinarem assado. Não é por causa disso que valorizo de forma diferente aquilo que me dizem. E tu também não, deixa-te de choraminguices :)

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  20. " Mas o preço é uma mera consequência de como o mercado responde à oferta e à procura."

    Ou a acções de cartelização e fixação ad-hoc de preços, monopolios, etc. Não é assim tão raro.

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  21. ~João Vasco:

    " mais fácil é defender o clube como se fosse o Benfica, não importa o que aconteça é sempre o maior clube."

    Tambem ja reparas-te na analogia com a religião que há? Esta tudo nao conceito que se faz e nada na realidade fisica. É fantastico. Gostava de saber se há ateus que sejam adeptos ferrenhos e em que precentagem. Aposto que são em quantidades muito mais baixas. Ficaria surpreendido se assim não fosse.

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  22. «Não me parece.»

    Está aqui:

    «É importante criar incentivos para que os políticos sejam menos corruptos, através da atenção à sua acção e da disposição de alterar o voto consoante a mesma, não porque os políticos sejam todos máquinas insensíveis que só pensam no voto; mas para garantir que os políticos mais honestos e sérios têm vantagem competitiva quando se defrontam com políticos corruptos e demagógicos.»



    «E responde lá ao mau[meu] último comentário.»

    Esse comentário não estava escrito quando comecei a minha resposta. Mas se o seu corolário é «Temos que incentivar urgentemente esse partido.» eu já escrevi publicamente o que penso a esse respeito: «Hoje, se Sócrates se voltasse a candidatar, não votaria nesse partido.» (http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/10/eu-o-socrates-e-crise-i.html )


    «Mas o que é isto, Jota? Eu sempre assinei Bruce Lóse e tu sempre assinaste João Vasco (penso eu).»

    Seja. Mas estás a criticar os votos que tornei públicos, sem dizer os teus. Qualquer que seja o teu voto, aposto que tem algo de criticável. Por isso não venhas desqualificar-me por causa dos partidos nos quais votei, que afinal de contas não foram propriamente PNRs e companhia.

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  23. Jota,

    O plafond das obras públicas com ajuste directo foi aumentado antes das últimas eleições. Era uma rasteirinha :)

    Adiante. Tu realmente disseste que «é importante criar incentivos para» que os partidos no fundo sejam aquilo que deviam ser... Tal como acabas por reconhecer, desses “incentivos” também me parece óbvio que o único, dadas as possibilidades nas mãos dos eleitores, é votar num em vez de votar noutro. Tu ainda te saíste com criar uma resma de partidos novos e o camandro, mas na verdade o único “incentivo” que podemos dar aos partidos como eleitores é votar num em vez de noutro.

    Parece-me é absurdo falar em “incentivo”, como se se tratasse de um esquema elaborado para extrair dos partidos um outro nível de excelência, quando que está em causa é apenas o voto e a integridade elementar.

    Por isso a minha questão: o que é que mudou no partido em que votaste ao nível do que estamos a conversar, de modo a que sintas hoje uma necessidade de lhe dar um “incentivo” que nas últimas eleições não reconhecias como necessário (ao ponto de nos aconselhares um voto nesse partido)? A esta não me disseste nada, parece-me.

    Mas agora tenho uma questão nova. Se me dizes «se Sócrates se voltasse a candidatar, não votaria nesse partido», estás a sugerir que votarias nesse partido desde que mudassem o líder? Pensar que trocar o Sócrates nos liberta a nós, eleitores, de dar o tal “incentivo” anti-corrupção a uma corporação tão grande e enraizada no espaço público não será um pouco precipitado? A culpa da corrupção no PS é do primeiro-ministro?


    «Qualquer que seja o teu voto, aposto que tem algo de criticável.»

    Claro que sim! Por isso nunca me passaria pela cabeça fazer recomendações tal como tu andas por aí a fazer :) Bem me chega a responsabilidade de escolher e de ser responsável pelo meu voto(*). Mas cada vez mais me intriga o suplício nacional de votar sempre nos mesmos dois partidos em que pesa a responsabilidade de comprar submarinos para ir ao caranguejo e sustentar bancos privados que a entidade reguladora se esqueceu de regular. Talvez o meu erro seja não acreditar que isto já se tornou um manicómio a céu aberto...

    Aos outros tu chamas “radicais”, dizes que vivem incontactáveis “numa torre de marfim”, que não exercem o seu dever político para não cair precisamente nos mesmos erros dos que exercem o seu dever político. Está mal, Jota. Precisamos da verificação antes da conclusão. Por mais que te gabes de activismo, aborrece-me ver-te reproduzir o discurso do eleitor do centrão, chamemos-lhe o marmanjo Y, que quando enjoa de um jarro de vinho o melhor que lhe ocorre é ir buscar as iscas em cebolada.

    Espera... não é o marmanjo Y. É o Zé Povinho! Até quando vamos andar nisto? E tu falas em “incentivos” para ajudar os partidos a não-sei-quê-não-sei-quê... Fico um pouco angustiado, é só isso. Eu acredito que também fiques, a diferença é que a mim me ocorre “exigir aos partidos” e a ti ocorre-te “incentivar os partidos”.

    -----
    (*) No BE, se queres mesmo saber. E não é a filiação nem a t-shirt que me faz encontrar neste grupo uma proximidade maior ao dever dos políticos, que me parece urgente, a par de uma proposta política que apesar de algum onirismo não é mais arriscada do que afundar o país real, tal como está a ser tratado.

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  24. Bruce:

    «O plafond das obras públicas com ajuste directo foi aumentado antes das últimas eleições. »

    Tanto sabia, que o critiquei na devida altura, publicamente. Mesmo existindo a alegação segundo a qual era um mecanismo keynesiano para gastar mais na altura de maior crise, gastando depressa sem perder tempo em burocracia, para o dinheiro ser logo logo injectado na economia. O "pequeno investimento" que o BE queria incentivar. Eu discordei que essa fosse uma boa solução.

    « é votar num em vez de votar noutro. Tu ainda te saíste com criar uma resma de partidos novos e o camandro, mas na verdade o único “incentivo” que podemos dar aos partidos como eleitores é votar num em vez de noutro. »

    visto que os resultados colectivos de "votar num e não noutro" determinam o sucesso dos partidos e o exercício do poder, não me parece coisa pouca. Mas sim, ainda existe a criação de partidos, que também poderia ser igualmente determinante.



    «Por isso a minha questão: o que é que mudou no partido em que votaste ao nível do que estamos a conversar, de modo a que sintas hoje uma necessidade de lhe dar um “incentivo” que nas últimas eleições não reconhecias como necessário (ao ponto de nos aconselhares um voto nesse partido)? A esta não me disseste nada, parece-me.»

    Já expliquei - não expulsaram José Sócrates quando foi por demais claro que o seu governo tentou gastar do erário público para condicionar a informação (compra da TVI por parte da PT).
    Vi que as "bases" do PS não viam o que estava diante dos seus olhos - o governo PS esteve envolvido num esquema criminoso - e essa cegueira assustou-me. Se as bases do PS tivessem mostrado indignação com esse episódio, haveria esperança das coisas mudarem por aí. Não completamente, mas parcialmente.

    «estás a sugerir que votarias nesse partido desde que mudassem o líder?»

    Depende, sim. Se o PS além de mudar de líder mostrasse uma agenda anti-corrupção séria, propondo medidas concretas (como as do Cravinho que ficaram na gaveta), estaria disposto a votar neles, desde que, como acontece agora, concordasse genericamente com as políticas.


    « Por isso nunca me passaria pela cabeça fazer recomendações tal como tu andas por aí a fazer :) Bem me chega a responsabilidade de escolher e de ser responsável pelo meu voto»

    Eu acho que da discussão nasce a luz. Acho bem que os apelos ao voto partam de eleitores desinteressados e não apenas de políticos que julgam em causa própria.

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  25. «Aos outros tu chamas "radicais", dizes que vivem incontactáveis "numa torre de marfim", que não exercem o seu dever político para não cair precisamente nos mesmos erros dos que exercem o seu dever político»

    Se esses erros fossem necessariamente inerentes ao exercício do poder, então nem mereceriam qualquer crítica. Era uma inevitabilidade como outra qualquer.

    Mas não creio que seja o caso. Há países mais e menos corruptos. O que quero é mudar o estado de coisas para que o exercício do poder aconteça de forma diferente.

    Um partido que não quer exercer o poder de qualquer forma e apenas mandar umas bocas não precisa de um segundo deputado.

    Já várias vezes votei no BE, mas não o voltarei a fazer em legislativas enquanto se mantiver esta atitude de eterno partido "do contra".

    E não é por mal dos dirigentes. Eu imagino o Louçã bem disponível para impôr algumas condições a Sócrates e negociar o orçamento. Mas no momento em que o fizesse, nenhuma cedência de Sócrates teria sido suficiente, Louçã seria visto como um traidor, e tiravam-lhe o tapete. Nesse partido não voto, pois não quero alimentar esta mentalidade.


    «ver-te reproduzir o discurso do eleitor do centrão»

    os eleitores do centrão não gostam de corrupção, tal como os outros. Mas gostam de políticas moderadas. Se achas que uma coisa é igual à outra, olha para a Suécia e para Cuba. Na primeira tens políticas de moderadas e pouca corrupção. Na segunda tens políticas que têm pouco de moderadas, mas a corrupção é significativa.

    Por isso não é nada idiota que os partidos do centro não passem a desejar políticas radicais. Mas como fazer com que políticas moderadas sejam exercidas com menos corrupção? Este é o problema. E estar atento, informado e disposto a mudar o sentido de voto, mesmo que seja em partidos pequenos, é a solução.


    «Eu acredito que também fiques, a diferença é que a mim me ocorre “exigir aos partidos” e a ti ocorre-te “incentivar os partidos”.»

    Será a diferença entre indignação inconsequente e soluções práticas e exequíveis?

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  26. «estar atento, informado e disposto a mudar o sentido de voto, mesmo que seja em partidos pequenos, é a solução.»

    Mas tu acabas por reconhecer que as hipóteses que colocas a ti próprio são i) votar no PS; ii) votar em branco; iii) votar num esquema inconsequente.

    Aliás, acho que já percebi qual é o teu problema, Jota. Ainda que nem sempre possas fazê-lo, por motivos laterais, colocas como prioridade votar em “moderados” mesmo que não faças ideia do que é isso. O centro político que tira abonos de família para financiar um banco é moderado? Não interessa. Tu votarás nos “moderados” desde que te deixem.

    Precisamos de um sistema judicial ágil com códigos que sirvam o país e de hospitais com médicos? Toma lá dois submarinos. Moderadamente, claro. Queremos contas públicas saudáveis para libertar as famílias do estado financeiro vegetativo em que vive mais de metade do país? Pronto, pronto! Endivida-se o estado até aos ossos dos netos daqueles que já hoje não ganham para comer. Assim sempre se compensam alguns grupos de construtores beneméritos. E precisamos de mais poupança e menos endividamento? É para já! Destroem-se os certificados de aforro (sempre se aumenta o financiamento no exterior) e põe-se a Caixa Geral de Depósitos a nivelar o mercado com juros abaixo da inflação.

    Querem gajos com capacidade de votar em consciência? É mandá-los para as novas oportunidades, pá! E se precisarmos de aprovar um orçamento de “esquerda moderada”? É só falar com a direita moderada! Nada de perguntar aos louçãs, que os militantes amuam... Disso sabemos nós por via do Borda D'Água e do analista João Vasco que conhece um punhado deles, nem pensar nisso. Ui ui.

    Valha-me a Virgem Nossa Senhora, tudo isto é maravilhoso desde que não haja corrupção!


    «Será a diferença entre indignação inconsequente e soluções práticas e exequíveis?»

    É bem capaz de ser, Jota.

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  27. A INCONSISTÊNCIA DO LUDWIG:

    "O resultado é que o Estado se vai transformando numa corporação injusta, corrupta e monopolista, beneficiando uns poucos à custa de muitos enquanto destrói a economia de que depende."

    O problema, Ludwig, é que se somos o produto de um processo de evolução aleatório e predatório, não existe sequer um padrão objectivo de justiça.

    Os beneficiados dessa estrutura estadual monopolísta acham que é perfeitamente justificado serem beneficiados por ela, porque se julgam mais espertos, ousados e desavergonhados que os outros.

    À luz do suposto processo de evolução, que envolve doenças, sofrimento, crueldade predatória, morte e extinções massivas, não faz qualquer sentido protestar contra a injustiça e a corrupção, porque a sobrevivência do mais apto é inerente à natureza.

    A ideia de injustiça e corrupção só faz sentido se existir um Deus justo e bom que nos criou para sermos justos e bons.

    Nesse caso, a injustiça e a corrupção são a consequência natural de nos afastarmos de Deus e das Suas leis morais e adoptarmos em vez disso comportamentos predatórios inspirados numa natureza decaída e corrompida por causa do pecado.

    Falar de injustiça e corrupção é totalmente irracional e arbitrário para quem defenda uma visão evolucionista do mundo...

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  28. «Mas tu acabas por reconhecer que as hipóteses que colocas a ti próprio são i) votar no PS; ii) votar em branco; iii) votar num esquema inconsequente.»

    As hipóteses que coloco a mim próprio são mais que essas, e o meu passado prova-o. Mas as hipóteses que coloco dependem da actuação dos partidos.



    « colocas como prioridade votar em “moderados” mesmo que não faças ideia do que é isso. O centro político que tira abonos de família para financiar um banco é moderado? Não interessa. Tu votarás nos “moderados” desde que te deixem.»

    deixar deixam sempre.

    A questão é escolher a melhor opção.

    Comprar os submarinos foi má ideia, defendi-o logo na altura. Mas grande parte das propostas do BE, se levadas à prática, poderiam ter consequências desastrosas para a nossa economia, aumentando significativamente os números do desemprego.

    Basta ver a forma como reagem aos actuais cortes. Ora continuam a alegar que são desnecessários, ora falam em saír do euro, ora estão contra a cobrança de portagens, etc... Haver desperdício há, mas agir contra ele seria estar disposto a viabilizar um orçamento de estado que, entre outras coisas, cortasse onde acreditam que há maior desperdício. Quem sabe conseguir um imposto sobre a propriedade, que defendem e bem, quem sabe conseguir outros objectivos do tipo.

    Há muita "porcaria" ao centro, não por ser centro, mas sim por ser lá que está o poder.
    Mas se as alternativas que existiriam não querem "sujar-se" então não há alternativas viáveis.

    Ideologicamente sou de centro-esquerda, e também sou contra a porcaria que está associada ao exercício do poder em Portugal. Mas nunca hesitei em denunciá-la quando acreditei que existia.

    No que diz respeito aos professores, por exemplo, o BE teve uma oportunidade excelente para ser oposição construtiva e anti-corporativa. Criticava e combatia a reforma da Maria de Lurdes Rodrigues, mas propunha uma avaliação alternativa com pés e cabeça. Afinal, tantos diziam "não somos contra avaliação, mas sim contra ESTA avaliação" - e eu queria mesmo que surgissem alternativas. Mas na verdade, mesmo que a reforma apresentada fosse má, nenhum partido teve a coragem de afrontar os interesses corporativos e propor uma boa reforma alternativa. Só os sindicatos, e era para rir - era basicamente auto-avaliação.

    Em Portugal o exercício do poder é bastante protector das várias corporações. Há quem se indigne com isso ("exija" que isso não seja assim); mas eu prefiro lutar contra isso (criar "incentivos" para que o exerc´cio do poder altere esse estado de coisas).

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  29. «Há quem se indigne com isso ("exija" que isso não seja assim); mas eu prefiro lutar contra isso (criar "incentivos" para que o exerc´cio do poder altere esse estado de coisas).»

    Só recordar-te que a indignação não é um gasto social infrutífero, pelo contrário, pode inclusivamente levar muita besta para o banco dos réus. É preciso é que funcionem. A indignação e o banco dos réus. Estarás talvez habituado a pensar que em política só há julgamentos eleitorais. Mais um reflexo do país que as "políticas moderadas” ajudaram a construir...

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  30. A indignação não põe ninguém no banco dos reus. A indignação não vale nada se não se traduzir em acção.

    Novamente confundes vícios do poder com políticas de centro. Os governos de Fidel Castro e do Oliveira Salazar deviam ser bem mais "moderados" que os governos da Suécia, da Filândia, e de outros países que ficam no ranking dos menos corruptos...

    Acontece é que em democracia o poder tende a estar ao centro, o que é consequência da forma como as ideias do eleitorado variam. Não é essa a fonte da corrupção ou dos vícios do poder.

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  31. «Os governos de Fidel Castro e do Oliveira Salazar deviam ser bem mais "moderados" que os governos da Suécia, da Filândia, e de outros países que ficam no ranking dos menos corruptos...»

    Precisamente! Eu só fiz a ironia, tu é que fazes a confusão... Ficas portanto a saber que “moderação” pode não ser grande escolha e, sobretudo, não te deves pôr a chamar “radical” a tudo o que não acerte no meio.

    E a indignação serve para todo um universo invisível de culpabilidade, desde fazer o vigarista ter vergonha de andar na rua em vez de se passear de BMW nos escombros de um país que só fez por destruir, até à percepção social de um crime. Os legisladores e a magistratura são sensíveis a estas merdas. Não sabias?

    Mas esquece lá isto.

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  32. « Os legisladores e a magistratura são sensíveis a estas merdas. »

    nota-se...

    Indignação há muita, e não parece que tenha servido de muito essa "sensibilização" dos legisladores e da magistratura, a não ser para manter o status quo.



    «não te deves pôr a chamar "radical" a tudo o que não acerte no meio.»

    Há muita coisa que não cabe no meio à qual não chamo radical. O Manuel Alegre e o Pedro Passos Coelho são dois bons exemplos.

    O Rui Tavares, deputado do parlamento europeu pelo BE no qual votei, é outro.

    A generalidade dos militantes do BE não cabem nesta categoria. Basta ver o que aconteceu ao - espera, é outro exemplo - Sá Fernandes.

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  33. «Indignação há muita, e não parece que tenha servido de muito»

    Jota, nunca pensei ter que te dizer isto: o código penal não verte da Bíblia... (estupefacto?) Se pensares um pouco no sistema verás que também a aplicação da lei depende, algures entre a letra e a letra morta, da vontade de alguém indignável.

    E já agora, para consolidares isto em termos conceptuais, o socialismo sem indignação é Angola.

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  34. Pelo contrário, em Angola há muita indignação.

    Indignação abunda, e leis que punam a corrupção a serem criadas/aplicadas não, pelo que me parece que a primeira não é causa das segundas.

    Eu bem que me indignei (aliás, eu e muita gente) com o que aconteceu com o Domingos Névua, mas isso não terá consequência se essa indignação não se transformar em acção.

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  35. «A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) divulgou em 10 de setembro os últimos resultados parciais das legislativas angolanas, os quais confirmam a vitória do governista Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) com 81,76% dos votos emitidos.»

    Na wikipédia. Jota, não me responda à pressa.

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  36. É suposto que isso mostre que há pouca indignação em Angola?

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  37. Houve pressões e enviesamentos mas eram 14 candidaturas... 81% dos votos parece-me um resultado expressivo daquilo que pode perfeitamente acontecer-nos aqui se muita gente desatar a pensar que a indignação é socialmente inútil, que o que interessa é “incentivar” os partidos a não africanizar esta merda toda.

    (isto com todo o respeito pelos angolanos indignados)

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  38. Foi isso que aconteceu em Angola, certamente.

    Existe lá pouca indignação, mas o eleitorado votou massimente no partido do poder porque queriam incentivar o uso do poder de uma forma que os favorece, mas falharam.

    É uma leitura perspicaz dos resultados. Ou não...

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  39. «Existe lá pouca indignação, mas o eleitorado votou massimente no partido do poder porque queriam incentivar o uso do poder de uma forma que os favorece, mas falharam.»

    Se queres usar a ironia é ao contrário. Existe por lá alguma indignação, seguramente, apesar da faixa de população iletrada e tão miserável quanto manipulável. Mas eu estou a pensar é nos outros... naqueles que acham tal como tu que a “moderação” é o que têm à volta. Esses é que são perigosos por serem mais do que os indignados. Muitos mais, neste caso.

    (vou pisgar-me)

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  40. Continuas a tua confusão entre políticas moderadas e vícios do poder. Vais a ver Angola é governada ao centro...

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  41. João Vasco disse...
    desde as inexistentes Filândias finlandesas aos erros massimentes
    massivos

    uma análise clara, simples, não hipotecada à lógica...

    Existe pouca indignação,nas nações da incerteza

    mas o eleitorado votou massimente? no partido do poder porque queriam incentivar o uso do poder de uma forma que os favorece, mas falharam. (perfeitamente compreensível!!!!!)

    É uma leitura pouco perspicaz das realidades políticas. Ou não...

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  42. se Portugal tivesse políticos destes, resolvia todos os problemas em três tempos :-)

    http://www.youtube.com/watch?v=x4o-TeMHys0

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  43. I totally have to agree... The rent is too damn high! Here in germany too, especially for students.

    So please come to germany and be our next Fuehr or FUHRER who cares!

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  44. A indignação pôs o Carlos Cuz na prisão.


    Entretanto o Sócras continua cá fora...

    Prioridades deste povo lusitano...

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  45. Barba Rija disse...
    A indignação e (muita gente a quem pisou os calos e a quem aboletou a parte de leão do euro 04)pôs o Carlos Cuz na prisão.


    Entretanto o Sócras primeiro-mi nisto sokras sejamos educados
    é determinado determinado a fazer o quê isso não interessa
    citação do primeiro gato fedorento
    deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer
    deixe os filhotes dormir

    a teclar às 23h e 07minus

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