sábado, outubro 10, 2009

Treta da semana: o ónus da prova.

É comum ateus, e cépticos em geral, alegarem que o ónus da prova recai sobre os crentes porque estes é que propõem que algo existe, seja o monstro de Loch Ness seja Deus. Isto não é correcto. Dá a ideia, errada, que não é preciso fundamentar a tese que não existem deuses ou monstros nos lagos só porque se afirma que algo não existe em vez de afirmar que existe. Mas não é o tipo de tese que nos responsabiliza pelo seu fundamento. O ónus da prova recai sobre quem defenda qualquer tese. É a responsabilidade de propor algo como verdade, devido à promessa implícita, de quem participa num diálogo, de explicar ao outro o que defende. Se recusamos o ónus da prova prescindimos de defender a nossa posição ou desistimos de um diálogo racional.

Mas “prova” aqui é no sentido de um teste para aferir a plausibilidade da tese proposta. É um erro alegar não ter o ónus da prova por não se poder provar a inexistência de algo porque isto é confundir o sentido de “prova”. Se eu propuser que não há tigres à solta no Chiado não é razoável exigir uma demonstração matemática. Não o posso provar nesse sentido. Mas tenho o ónus de mostrar que a minha tese é plausível e, neste caso, basta apontar que não há indícios de pessoas atacadas por tigres no Chiado. Se da existência de algo prevemos certos efeitos e não os encontramos justifica-se concluir que a coisa não existe. A calma das pessoas a ver montras é um forte indício de não haver tigres lá perto. Isto suporta perfeitamente o ónus da prova.

Da mesma forma, se alguém propõe que algo existe incorre na obrigação de mostrar que a sua tese é a mais plausível. Se não o fizer é razoável rejeitá-la. O bule de Russell é um exemplo famoso. Para rejeitar a hipótese que há um bule a orbitar o Sol basta que quem o proponha não apresente indícios de haver tal coisa, pois assim não há razão para tomar a afirmação como verdadeira. Por isso, como disse Russell, não é ao céptico que compete provar a inexistência de algo ou, mais genericamente, a falsidade de uma afirmação. É quem a diz ser verdade que tem o ónus da prova. Mas isto deve-se a propor uma tese. Seja pela existência seja pela inexistência, qualquer tese requer fundamento.

Por isso, quando o ateu vai além da mera rejeição das hipóteses dos crentes, por lhes faltar fundamento, e afirma que nenhum desses deuses existe passa a carregar também o ónus da prova. Para justificar o “não me convences” basta a outra parte não mostrar que a sua tese é a mais plausível. Mas para justificar o “isso é falso” já é preciso mostrar que é esta a hipótese mais plausível. Tal como quem afirma não haver tigres à solta no Chiado, o ateu tem o ónus de mostrar que é mais plausível não existir deuses.

Mas não é preciso uma prova matemática da inexistência de tigres ou deuses. É preciso apenas mostrar que essa é a hipótese mais plausível. E aqui a ausência de indícios esperados é determinante. Se está tudo calmamente às compras é plausível que não andem lá tigres à solta. Pela mesma razão, cada criança que fica sem pernas por pisar uma mina, morre de cancro ou nasce com uma doença genética sugere fortemente que não existe um ser benévolo e omnipotente preocupado connosco. É claro que se pode propor que os tigres são invisíveis e só mordem as almas das pessoas, que só dão por ela depois de morrerem. Mas essas hipóteses são, logo à partida, pouco plausíveis. E, mais importante que isso, a hipótese de não existirem continua a ser a mais plausível. Não é por pintar algo de invisível que a sua existência se torna mais plausível à falta de quaisquer evidências.

Por isso acho que, nestas conversas, devemos focar a plausibilidade de cada hipótese em vez de tentar passar a batata quente para o outro. Isto ocorreu-me porque aconteceu com o Ricardo Silvestre e uma senhora espírita no passado dia 2 (1). Ela pediu que ele provasse não existirem espíritos, ele disse que o ónus da prova era dela e ela disse que «o ónus é exactamente igual». E tinha razão. Se um afirma que existe e o outro afirma que não existe têm ambos o dever de fundamentar as suas teses. Mas isto não é só problema do Ricardo, por isso não quero focar esse episódio em particular.

O problema é uma confusão comum entre o dever de justificar uma tese e a dificuldade de provar, em definitivo, que algo não existe. A tal ambiguidade do termo “provar”. Apesar de ser muito difícil provar, no sentido forte, que uma coisa não existe, é relativamente fácil pôr à prova as teses da sua existência e inexistência e aferir qual delas é a mais plausível. E é isto que suporta o ónus da prova. Em relação aos extraterrestres que roubam mamas de vaca, aos santos que curam salpicos de óleo, às almas, espíritos, deuses e companhia, a hipótese que não existem é muito mais plausível que a enorme salada de alternativas que os crentes propõem.

1- Portal Ateu, Mais uma oportunidade para ver… a Arádia (actualizado)

28 comentários:

  1. Ludwig,
    Só um à parte: qual é o (desculpa de fôr o nome errado) "widget" que usas para veres a estatística deste blog?

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  2. Mats,

    Uso o sitemeter e o statcounter. São ambos gratuitos e têm instruções para blogs de vários tipos.

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  3. Ludwig,

    Gostei bastante deste post.

    Tomar a "máxima verosimilhança" (desculpa a gíria estatística : )) como "prova" acho que é o caminho mais correcto para distinguir entre o que é verdade e o que é falso. Ao fecharmos uma vaca e uma galinha numa sala e, ao voltarmos lá, se estiver um ôvo, a verdade é que foi a galinha que o pôs. Este método poderá até não ser infalível, mas é claro, simples, objectivo e aderente à realidade que nos rodeia.

    Por vezes fico pasmado com a ginástica retórica de alguns para mostrar que a vaca também põe ovos e, pior, a chamar burro aos que não acreditam em vacas poedeiras.

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  4. Ludwig:

    Não estou de acordo. Quem traz entidades novas para explicar o que quer que seja é fica com a necessidade de mostrar a sua relevancia.

    Senão a cada fantasia nova tem de haver alguem a demonstrar que é mentira em nome da consistencia. Claro que os cepticos fazem isto com uma perna às costas, e até com um sorriso, mas é um processo infidavel se não assumires que as coisas não passam a existir fisicamente quando se pensa nelas, e que quem apregoa que assim é ou que ja la estavam para todos conhecerem, que tem de o provar.

    Existe alguma entidade mais extraordinaria que um Deus auto-suficiente interventivo e ominipotente? O Onus esta em quem o tras para a conversa.

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  5. Ludwig:

    Ha, mas gostei do post. Apesar disso, não estas a desancar demasiado no Ricardo Silvestre? Porque mesmo que tenhas razão ainda não vi nenhum ceptico ou ateu abdicar de se divertir a mostrar a implausibilidade do omniomni interventivo. A não ser que ele não queira saber de nós e use os seus poderes para fingir que nós não existimos. E depois diga: "quem tem de provar que a humanidade existe é quem fala dela". Ao fim e ao cabo Ele é omnipotente. E que me caia ja um raio em cima da cabeça se assim não for. Repara no entanto que se eu chegar a fazer o check visual para comentar é porque sobrevivi. Portanto esta provado que Deus existe e não se rala com o que tu dizes Dele. Prova la que me enganei.

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  6. Eu quase concordo com o texto todo.

    É que o ónus da prova da implausibilidade da existência de Afrodite é exactamente o mesmo para Jeová, Ganesh, Hórus, Thor, etc... Esta universalidade poupa um certo trabalho ao descrente, porque o ponto de partida é o mesmo para todo o desconhecido. Pelo contrário, os ónus da prova de existência de qualquer uma destas divindades em particular são diferentes entre si.

    Uma vez esclarecido o ponto de partida - a implausibilidade geral de todo um conjunto de seres imaginados - cabe ao crente num determinado deus justificar a sua posição de forma convincente. Acho que é por isso que se afirma que o ónus da prova está com ele.

    Mas, como é óbvio, é preciso esclarecer isto de antemão e nesse aspecto concordo com o texto. Se for preciso esclarecer o mesmo vezes sem conta, que seja... No entanto isso não tira a universalidade ao ónus da contra-prova do céptico. Nenhum ateu tem de se justificar individualmente por cada deus menor de que o seu vizinho se lembra.

    Tanto no caso da religião como da criptozoologia, apesar dos critérios mudarem ligeiramente, na base radica o mesmo tipo de cepticismo: são sempre necessárias provas objectivas para começar a acreditar em algo. Se não as temos, que fazer? O mesmo que fazíamos antes: seguir não acreditando...

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  7. João e Francisco,

    Penso que estamos de acordo nisto. Concordo que quem propõe a existência de algo -- ou qualquer outra tese -- deve mostrar que o que defende é plausível. E concordo que há uma data de entidades cuja existência é implausível à partida, dos tigres invisíveis do Chiado ao criador invisível do universo.

    E é verdade também que simplesmente não acreditar não exige mais justificação que a ausência de justificação para acreditar.

    O que eu critico aqui é a ideia que podemos afirmar que algo não existe sem justificar porque o afirmamos. A justificação pode ser trivial e igual a muitas outros casos de coisas que julgamos não existir. Mas não devemos tentar passar o ónus da prova para o outro.

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  8. Não é por falta de evidências que os ateus acreditam que Deus não existe ou não acreditam que ele existe.

    Eles mesmo nunca viram "o nada a criar o que quer que seja" em laboratório, quanto mais "o nada a criar tudo por acaso, sabe-se lá como".

    Também nunca viram a vida a surgir por acaso a partir de químicos abióticos, nem ninguém sabe, sequer, como isso seria possível ou uma espécie menos complexa a dar lugar a outra diferente e mais complexa.

    Nunca ninguém testemunhou isso. O ateísmo não tem qualquer fundamento.

    Em contrapartida, os criacionistas bíblicos têm o testemunho de quase todas as culturas da antiguidade sobre a ocorrência de um dilúvio global, corroborada por biliões de fósseis nos cinco continentes e camadas transcontinentais de sedimentos.

    Esses seriam precisamente os indícios esperados se o dilúvio tivesse realmente ocorrido.

    Além disso, temos o testemunho coerente através dos escritos hebraicos, que têm manifestado a sua actualidade e relevância até aos nossos dias, em que se inclui o testemunho histórico, por testemunhas oculares fidedignos e independentes, sobre o nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

    Por outro lado, os criacionistas têm a observação irrefutada e irrefutável de que a presença de informação codificada é sempre evidência de inteligência e de que o DNA é, essencialmente, informação codificada em quantidade, qualidade, complexidade, densidade e miniaturização que ultrapassam largamente toda a capacidade tecnológica humana.

    Estudos recentes mostra que o DNA tem uma capacidade de armazenamento de informação que transcende em muitos triliões de vezes a do mais sofisticado chip de criação humana.

    Se Deus criou a vida pela sua Palavra, essa quantidade inabarcável informação codificada seria o indício esperado. Tudo isto é evidência, mais do que suficiente, de que a Bíblia fala verdade.

    Os criacionistas estão sempre a avançar os seus argumentos empíricos, lógicos e racionais, irrefutáveis. Até agora, o máximo que o Ludwig consegui foi a proposição absurda de que a chuva cria códigos, o que seria certamente uma boa anedota para qualquer teórico da informação ou da criptografia.

    De resto, o facto de o Universo funcionar por leis naturais, e não de forma caótica, corrobora a existência de um Criador racional que criou o Universo de forma racional. Se o Universo não fosse racional e ordenado, e se o ser humano não tivesse sido dotado de razão, à imagem de um Criador racional, Bertrand Russell não poderia compreende-lo racional e matematicamente.

    Deus é Razão. O ateísmo é irracionalidade pura.

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  9. O LUDWIG E O CÓDIGO:

    O Ludwig diz que a chuva cria códigos (sabe-se, lá como, para que, para quem e com que informação)


    Definição de código (Wilipedia)

    "Código fonte (código-fonte, ou até source code em inglês) é o conjunto de palavras ou símbolos escritos de forma ordenada, contendo instruções em uma das linguagens de programação existentes, de maneira lógica."

    Código no DNA no Genetics Home Reference:

    “The information in DNA is stored as a code made up of four chemical bases: adenine (A), guanine (G), cytosine (C), and thymine (T). Human DNA consists of about 3 billion bases, and more than 99 percent of those bases are the same in all people.

    The order, or sequence, of these bases determines the information available for building and maintaining an organism, similar to the way in which letters of the alphabet appear in a certain order to form words and sentences.”

    Informação codificada no DNA, segundo Richard Dawkins:

    Richard Dawkins também reconhece a existência de informação codificada no DNA. Nas suas palavras,

    “DNA carries information in a very computer-like way, and we can measure the genome's capacity in bits too, if we wish.

    DNA doesn't use a binary code, but a quaternary one. Whereas the unit of information in the computer is a 1 or a 0, the unit in DNA can be T, A, C or G.”




    À luz da definição de código e das descrições científicas do código genético, a ideia do Ludwig, de que a chuva cria códigos, é um absurdo de tal magnitude que só permite qualificar o Ludwig como "humorista pseudo-científico".

    Ou melhor, devemos aceitar como inteiramente correcta e adequada a sua autodescrição como um exemplar raro do "Pithecus Tagarelensis".

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  10. Muito bem, irmão perspectiva.

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  11. "Também nunca viram a vida a surgir por acaso a partir de químicos abióticos, nem ninguém sabe, sequer, como isso seria possível ou uma espécie menos complexa a dar lugar a outra diferente e mais complexa."

    Olha, sabe-se que o RNA pode surgir em condições compativeis com as da Terra primitiva, ja se sabe que pode evoluir desde que exista, e que a sintese proteica começa expontaneamente.

    Que grande azar para o teu argumento, hâ? E tu descoberto nos ultimos anos. Ainda bem que não te deram ouvidos e foram investigar.

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  12. Ludwig:

    Se eu digo que dentro do armario não ha casacos e isso for importante, eu tenho de mostrar o armario.

    Mas se eu digo que uma coisa que esta em todo o lado não existe, não tenho de provar nada.

    Deus é que tem de provar que existe. Homens a dizer coisas diferentes não faltam ai. Deus quer que o sigam, so tem de dizer. Quem sou eu para me impor à maior potencia do universo. Só tem de provar que é real. Devia ser facil.

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  13. Deus não é uma bola ou um ocapi.

    O onus da prova da sua existencia é Dele.

    Mostra lá que estou errado?

    É que se ele não prova a sua existencia por causa do livre arbitrio, então tudo o que sabemos dele deve ser esquecido. Se ele quer que o sigam, que prove.

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  14. «aapp
    Muito bem, irmão perspectiva.»

    Milgare: já é Novembro

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  15. João,

    Tens razão que se alguém propõe a existência de algo, isso só será persuasivo, racionalmente, se suportar o ónus da prova. Por isso não precisas acreditar que algo existe só porque to dizem, se não to justificarem.

    Mas isso não quer dizer que não tenhas o ónus da prova quando afirmas o contrário. Se afirmas que não existe esse deus que está em todo o lado, tens de mostrar razões para concluir isso.

    A questão é que, nesse caso, é fácil. Basta olhar para qualquer sítio e não ver lá esse deus para concluir que esse deus não está em todo o lado (e se está invisível que mostrem provas da sua invisibilidade).

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  16. "se está invisível que mostrem provas da sua invisibilidade"

    Existem testemunhos que afirmar ter Jesus ressuscitado. Dado que é um acontecimento único e não repetível, é motivo para coniderar Jesus como Deus. Se considerarmos esses testemunhos credíveis, então Jesus está vivo, não na forma como nós o estamos, mas com uma forma que o torna invisível a todos nós.

    Claro que todo este esquema de prova parte da hipótese da credibilidade do testemunho, o que é dificultado por ser um testemunho histórico.

    O que faz com que um testemunho histórico seja credível? Por que motivo as sereias do João Vasco não têm credibilidade e os testemunhos dos apóstolos têm? Aqui ficam questões para os primos pensarem e desse modo ginasticarem o pensamento.

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  17. O que faz com que um testemunho histórico seja credível? Por que motivo as sereias do João Vasco não têm credibilidade e os testemunhos dos apóstolos têm? Aqui ficam questões para os primos pensarem e desse modo ginasticarem o pensamento.

    De um ponto de vista científico, nenhum tem razão. Não há provas, apenas pessoas que dizem que viram uma coisa.
    Buda também tem testemunhas, assim como Maomé ou outras religiões.
    Todas tem testemunhos de fé, valem o que valem, para mim não valem nada, porque não podem ser todas verdadeiras e se alguma é falsa são todas.

    Não podemos ter religiões de primeira e de segunda só porque achamos a nossa melhor que a dos outros.

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  18. Ludwig:

    Estas a ir longe demais:

    Senão temos de provar tudo o que afirmamos.

    Temos de provar que não ha colchoes de agua na lua, frigorificos em jupiter, bules russelianos, etc.

    Acho que ha coisas que estão ao nivel da evidencia. Quem requer provar é quem traz a nova entidade. O onus não é duplo. Não ha onus para os dois lados sobre qualquer proposição. Isso não faz sentido. Novas entidades, novas evidencias. Entidades extraordinarias, evidencias extraordinarias.

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  19. Eu não tenho que provar que Deus existe. Ele é que tem de provar que existe.

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  20. «qui ficam questões para os primos pensarem e desse modo ginasticarem o pensamento.»

    Questões para as quais o António não tem uma resposta satisfatória.

    Se um dia tropeçar numa resposta satisfatória para essa pergunta, aviso logo o António que assim já terá uma resposta para dar aos ateus quando eles vierem com essa observação inconveniente.

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  21. Senão temos de provar tudo o que afirmamos.

    Enfim, não "temos" de o fazer, mas é uma obrigação implícita. Todo o conhecimento é do tipo "I know X, given Y". Até este ;). Por isso, quando se proclama ao vento que se conhece X, qualquer um pode perguntar porquê.

    Meu caro, isto já Sócrates sabia (ler método socrático).

    Agora, por uma questão de tempo e de utilidade prática, dispensamos coisas que não vale a pena perder tempo com, como por exemplo perder tempo em fundamentar que 2 e 2 são cinco. Simplesmente partimos do princípio que são e bora lá calcular estruturas.

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  22. Claro, não quis dizer que dois e dois são cinco. Vicissitudes de estar a escrever uma coisa e já estar a sonhar com outras literaturas....!

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  23. Off topic:

    No Japão
    Tribunal considera que Peer-to-Peer não é só pirataria

    Um tribunal japonês considerou inocente o criador de um site de partilha de ficheiros, baseado na tecnologia Peer-to-Peer (P2P), por defender que esta tecnologia tem outros usos sem ser fazer cópias ilegais

    A decisão teve lugar no Tribunal Superior de Justiça de Osaka, onde o programador Isamu Kaneko estava a ser julgado por violar as leis de propriedade intelectual, devido à criação de um programa de partilha de ficheiros gratuito, que estava a ser utilizado para partilhar música e filmes de forma ilegal.

    O programador já tinha sido condenado anteriormente, mas resolveu recorrer da decisão do tribunal de primeira instância e acabou por vencer a batalha judicial.

    Segundo avança o diário nipónico Asahi, o tribunal de Osaka considerou que o «software tem várias utilizações e esta tecnologia deve ser considerada neutral», daí o seu autor nunca poderia ser condenado, apesar de ter consciência que este programa poderia ser utilizado para infringir a lei.

    O advogado de acusação já veio contestar a nova decisão, prometendo levar o caso ao Supremo Tribunal do Japão.

    http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=150622

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  24. Bem, ainda bem que ninguem me levou a sério. Eu estava a brincar. Ja viram se o onus da prova da existencia de Deus estivesse nele proprio, o sarilho dos crentes?

    "ha e tal, é timido..."

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  25. João,

    «Senão temos de provar tudo o que afirmamos.»

    Sim. Sempre que afirmas algo como verdade incorres no dever de justificar essa afirmação. Não é provar no sentido matemático mas mostrar que é plausível.

    Isso inclui, em teoria, a afirmação que não há pessegueiros na Lua. Na prática não precisarás de justificar isso porque toda a gente vai concordar, mas em teoria, se alguém não perceber porque dizes isso, deves explicar como chegaste a essa conclusão em vez de dizer "tu é que tens o ónus da prova". Quem defender que há pessegueiros na Lua tem o ónus da prova também, é verdade. Mas isso é irrelevante porque não te tira o teu ao afirmares que não há.

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  26. Ludwig:

    Sim, esta bem, mas no contexto actual? .

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  27. Ónus da Prova artigo 342 do Cod. Civil

    1. Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito alegado.

    Ou seja, o Ónus é o encargo de fazer prova que cai sobre aquele que alega o facto.

    Sendo assim o Ónus é de quem alega.

    Se tu alegas que Deus não existe tem o Ónus de provar a tua alegação.

    Se eu alego que existe esse Ónus passa a ser meu...Resumindo, o Ónus é de ambos ;)

    Tem piada :)

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