Sempre vigilantes.
O Regulation of Investigatory Powers Act (RIPA) foi introduzido em 2000 no Reino Unido, ostensivamente como legislação anti-terrorismo, para regular a intercepção de comunicações e vigilância por parte de órgãos do estado na prevenção de crimes, protecção da saúde pública, segurança e bem estar económico no Reino Unido (1).
Hoje metade dos concelhos no Reino Unido usam esta legislação para coisas como multar as pessoas que põem o lixo nos caixotes nos dias errados (2).
Sempre que vos parecer boa ideia dar ao estado poderes para vigiar os cidadãos pensem nos burocratas com quem lidam quando declaram o IRS, pedem uma certidão ou tentam resolver algum problema desses. São essas pessoas exercem estes poderes.
Via Schneier on Security.
1- Wikipedia, RIPA
2- Mail Online, March of the dustbin Stasi: Half of councils use anti-terror laws to watch people putting rubbish out on the wrong day
Teorema de Godel: Sistemas perfeitos não ha.
ResponderEliminarAgora diz-me la, que lei querias que usassem para multar essa gente? Ha que ser versatil! E qual é o castigo? Fuzilamento? Cozimento em banho maria? Esqueceste-te de dizer.
O problema, caro João, não é a multa, é o abuso de poderes. Que nunca pára pela multa quando são criadas condições propícias.
ResponderEliminarCristy
Olha Cristy, estava a brincar. Dai a parodia com castigos exagerados, tal como o abuso da lei.
ResponderEliminarJoão,
ResponderEliminarpeço desculpa pela minha falta de percepção. Geralmente não sou tão obtusa ;-)
Cristy
Na net é dificil. Eu tinha ficado a pensar se a brincadeira podia passar ao lado... Se estivesse em desacordo com o Ludwig não ia argumentar a gozar com ele. Isso deixo para gente com dificuldades de aprendizagem e com orgulho nisso.
ResponderEliminarÉ bom lembrar que determinadas palhaçadas não acontecem só neste país...
ResponderEliminarPenso que os sistemas de vigilância são sempre um "pau de dois bicos". Se por um lado pretendem proteger os cidadãos, por outro há os referidos abusos de poder e a polémica em relação à falta de privacidade...
ResponderEliminarRealmente usar sistemas de vigilância para o tipo de fins aqui referido é absolutamente ridículo! O excesso de zelo nunca fez bem a ninguém e neste caso pode mesmo gerar situações desagradáveis.
João: "determinadas palhaçadas não acontecem só neste país".
De facto! Há pessoas que levam a vida a criticar o nosso país, mas nós somos bons. Também temos grandes palhaçadas, mas isso realmente não acontece só aqui.
Já pensaram em instalar teletelas nas casas para protegerem os cidadãos?
ResponderEliminarLiberdade e privacidade ou segurança.
ResponderEliminarÉ uma disjunção inclusiva ou exclusiva? O Ludwig, e vários dos seus leitores, interpretaram-na como sendo exclusiva.
Mas isso é perigoso. Precisaremos realmente de escolher? Não poderemos ter ambas?
É mau haver mecanismos que permitam que o Estado (ou outras instituições, como o Google e o Sapo)se meta na vida das pessoas.
Mas também é mau ir num comboio e ir pelos ares devido a uma bomba numa mochila.
Tal como a poluição é má (mesmo que seja verdade que o aquecimento global não é provocado pela actividade humana, a poluição é má por n motivos diferentes).
Ora, parece óbvio que a separação do lixo diminui a poluição (mesmo sendo verdade que nem todo o lixo que separamos é reciclado e que as autoridades não falam claramente sobre isso).
Por outro lado: controlarem-me o lixo e multarem-me se não o separo devidamente será a melhor maneira de me levar a ter preocupações ambientais? Talvez não.
Parece-me, portanto, que neste assunto há várias TRETAS e que o Ludwig e alguns dos seus leitores se limitaram a defender uma delas.
Ludwig, concordas que existam câmaras de vigilância em táxis? Se sim, qual é a diferença em relação à tal legislação anti-terrorista?
ResponderEliminarCarlos Pires,
ResponderEliminar«Mas isso é perigoso. Precisaremos realmente de escolher? Não poderemos ter ambas?
É mau haver mecanismos que permitam que o Estado (ou outras instituições, como o Google e o Sapo)se meta na vida das pessoas.
Mas também é mau ir num comboio e ir pelos ares devido a uma bomba numa mochila.»
A escolha é clara. A privacidade é um ponto fundamental para a nossa segurança. Ceder a privacidade em nome da segurança é como trancar-se numa prisão para que não lhe tirem a liberdade.
Seja como for, vigiar todos os cidadãos não é uma boa estratégia de combate ao terrorismo. Os custos são demasiado grandes e a eficácia é praticamente nula. Duvido que um bombista suicida seja impedido de se rebentar por medo que o estejam a filmar quando explodir. E para saber se o que ele leva na mochila são livros ou explosivos é preciso um trabalho de investigação mais sério que espalhar câmeras por aí.
Pedro,
ResponderEliminar«Ludwig, concordas que existam câmaras de vigilância em táxis?»
Desconheço se têm alguma utilidade na prevenção do crime e duvido que façam o que quer que seja pelo terrorismo. À partida parece-me que se podia investir melhor esse dinheiro.
Mas se os passageiros forem avisados também não estou a ver que seja um grande problema. Um taxi não é sítio onde se possa esperar privacidade. Seria como as câmaras nos supermercados...
Ludwig, respondendo a mim, respondeste ao Carlos Pires: não é uma questão de privacidade total contra liberdade total.
ResponderEliminarTenho eu a liberdade à privacidade total? E é negado a minha privacidade, então não tenho liberdade a ela. E se não tiver qualquer privacidade, que segurança tenho eu? Seria a mesma segurança no mundo do BigBrother, onde podemos ser presos e torturados por pensarmos "incorrectamente". A relação igualdade-liberdade também tem o mesmo problema. A questão não é liberdade a 100% ou privacidade a 100% - a liberdade e privacidade e segurança são conceitos contraditórios e a questão é como fazer a gestão.
Ludwig:
ResponderEliminarescrevi um comentário mais elaborado que este ao seu, mas acho que foi à vida, e não tenho tempo de reconstituí-lo.
Juro que de hoje em diante escrevo tudo primeiro no word.
A ideia geral era questioná-lo acerca do que é ou não é uma questão de princípio. Se calhar, no caso em apreço é um pouco redutor reduzir tudo a um sim ou sopas ético.
Caro Carlos Pires,
ResponderEliminarrepito o que disse em cima (se bem que ao interlocutor errado:-)): é um abuso de poder. Se o parlamento britânico tivesse passado por maioria uma lei de vigilância por câmaras de vídeo dos caixotes de lixo para determinar quem não separa como deve ser, talvez o intuito fosse duvidoso, mas teria uma legitimação democrática. E duvido muito que houvesse uma maioria para semelhante disparate. Mas o parlamento passou uma lei anti-terrorista e os burocratas do costume aproveitaram a lei para fins aos quais ela nunca se destinou. Isso, em qualquer democracia, constitui um abuso de poder. O que assusta é o facto deste fenómeno se dar com grande frequência (também em Portugal) e as instâncias de controle não terem, aparentemente, capacidades ou interesse para o impedir. Felizmente há os jornalistas ;-)
Cristy