sexta-feira, abril 04, 2008

Realidade e Fantasia

O Jónatas Machado comentou que «A Bíblia é um livro do mundo real. A teoria da evolução é pura fantasia naturalista.»(1) Não é uma atitude confortável.

Quando inventaram este criacionismo Deus tinha criado um universo pequenino. Os céus e a Terra, com ênfase na Terra. Os poucos animais, plantas e pessoas que se conhecia. Os astros eram meros acessórios, Sol e Lua para iluminar e umas luzinhas para enfeitar a noite. E o principal da criação era, evidentemente, quem inventava o relato, escolhidos e criados à imagem de Deus. A criação tinha sido há muito tempo, mas muito tempo nessa altura era uns milhares de anos. Mais que isso não era imaginável e, por isso, não o imaginaram.

Hoje isto é difícil de engolir. A nossa galáxia tem cem mil anos luz de diâmetro. A luz da Via Láctea saiu daquelas estrelas, que não são meras luzinhas, há várias vezes o tempo de vida do universo criacionista. E muitos pontinhos que julgávamos estrelas são outras galáxias, aglomerados imensos de estrelas a milhões de anos luz que nunca poderíamos ver num universo com poucos milhares de anos.

A ciência é consensual nisto. O universo é muito maior e muito mais antigo do que imaginaram os autores do criacionismo. A física demonstra-o pelo decaimento radioactivo dos minerais, pelas reacções nucleares nas estrelas e pela formação dos planetas. A geologia concorda, nos movimentos das placas tectónicas, na elevação de montanhas e na erosão. Também a paleontologia e a arqueologia contradizem o criacionismo e a biologia conhece organismos vivos mais velhos que o universo criacionista (2). Se é pura fantasia é uma grande sorte concordar em tanto detalhe e dar tanta informação útil. E é um grande azar que o «livro do mundo real» ainda não tenha dado benefícios práticos.

Os criacionistas gostam de dizer que não têm nada contra a ciência e só opõem a “fantasia naturalista” da teoria da evolução. Mas esta teoria é consequência inevitável da física e da química dos seres vivos e é fundamental para compreender a complexidade de formas e comportamentos destes seres. É uma pedra sólida no edifício da ciência que não se pode tirar sem afectar o resto.

Perante este grande edifício o criacionista fecha os olhos e investe, movido pela fé, com passo rápido e determinado. Uma vez, e outra e outra, alegadamente insensível às mazelas que sofre, à figura que faz, e à ironia. Ironia de usufruir dos benefícios que a ciência lhe traz enquanto incita outros a tentar demoli-la com o nariz.

1- Pedido aos criacionistas
2- Oldest Living Thing

31 comentários:

  1. Lembro-me do Prof. Jonatas dizer no DeRerumNatura que o decaimento radioactivo, a velocidade da luz e as distancia entre as galáxias eram uma espécie de mágica do Criador para nos baralhar as observações a assim pareçer que tudo é mais velho do que na verdade é (6000 anos). E as placas tectónicas também são só para baralhar e a prova do dilúvio são os fosseis de criaturas marinhas encontrads no Everest.

    Sempre a abrir, é uma delícia.

    Alguém que faça um apanhado dos diferentes argumentos nos diferentes Posts para publicar o livro mais [colocar aqui adjectivo] dos últimos tempos (cuidado com os temas sobre o Copyright).

    Atenção! Não sei bem porquê mas eu gosto! Muito! E espero que continue.

    ResponderEliminar
  2. Mesmo que o criacionisto se venha a provar como verdade daqui a 10 000 anos, o que o criacionismo afirma hoje vai continuar a estar errado hoje, porque simplesmente tuda aponta para o contrário.

    Se for verdade, não é pelos argumentos apresentados pelo criacionismo, será sim por algo que seja irrefutavel, e o criacionismo apenas apresenta hoje argumentos trivialmente refutaveis.

    ResponderEliminar
  3. os criacionistas são apenas o outro lado da medalha dos ateus

    os primeiros acham que Deus apenas pôde utilizar os instrumentos e os meios que eles, numa interpretação literal da Bíblia, consideram como sendo os únicos possíveis

    os segundos porque acham que os instrumentos trabalham por si próprios numa estranha metafísica do acaso

    os criacionistas (e o Ludwig e os ateus em geral) utilizam abundantemente a expressão "Deus Omnipotente" utilizando esta expressão no seu sentido literal sem reparar que ela não é susceptivel logicamente de interpretação estricta ou literal (ex. Deus não pode criar uma pedra que Ele próprio não consiga levantar)

    os criacionistas pretendem tudo interpretar literalmente (e nomeadamente a Bíblia) esquecendo que tudo é interpretável e que o essencial de uam mensagem não está no seu conteúdo literal mas no seu sentido (esuqecendo também que qualquer leitura, mesmo a leitura pseudo-literal contém interpretações)

    os ateus rejeitam qualquer sentido à mensagem (salvo na medida em que é útil à sobrevivência de cada indíviduo - a este propósito é elucidativo este excerto deste post: "é um grande azar que o «livro do mundo real» ainda não tenha dado benefícios práticos") esquecendo que essa é a mensagem que traduz uma entre várias possíveis posturas para a existência humana

    ResponderEliminar
  4. Caro Anónimo,

    «Alguém que faça um apanhado dos diferentes argumentos nos diferentes Posts para publicar o livro mais [colocar aqui adjectivo] dos últimos tempos (cuidado com os temas sobre o Copyright).»

    A ideia agrada-mea e já várias pessoas sugeriram que eu fizesse isso. Mas porquê cuidado com o copyright? Será receio que outra pessoa o faça e venda o livro? É que essa ideia ainda me agrada mais, que alguém ganhe dinheiro com o trabalho chato enquanto eu faço isto à borla mas fico com o gozo todo, que, para mim, vale bastantes euros :)

    ResponderEliminar
  5. Timshel,

    «os segundos porque acham que os instrumentos trabalham por si próprios numa estranha metafísica do acaso»

    Essa coisa do acaso é muito estranha. Se fizeres um recenseamento dos gorilas machos vais notar que os que vivem com um grupo de fémeas são, em média, maiores e mais fortes que aqueles que vivem sozinhos.

    Achas que isto é por acaso, por intervenção divina, ou será porque os gorilas lutam entre si?

    Quando se forma um floco de neve ou um cristal de açucar, quando um trecho de ADN interage com uma proteína, quando a batata que comeste se transforma em células no teu corpo, isso é acaso, milagre, ou processos naturais que não são nem uma coisa nem outra?

    ResponderEliminar
  6. Muito bem, Timshel.

    ResponderEliminar
  7. "Quando se forma um floco de neve ou um cristal de açucar, quando um trecho de ADN interage com uma proteína, quando a batata que comeste se transforma em células no teu corpo, isso é acaso, milagre, ou processos naturais que não são nem uma coisa nem outra?"

    Ludwig

    Suponho que a tua resposta seja "processos naturais"

    e os "processos naturais" apareceram como?

    por "processos naturais"?

    ResponderEliminar
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  9. o meu comentário anterior parece-me ser a simples repetição do que o dragão diz aqui (de um modo mais requintado e algo barroco como é seu timbre)
    http://dragoscopio.blogspot.com/2008/04/kentucky-fried-cience.html

    ResponderEliminar
  10. Petição Online contra os Packs temáticos.

    Se estás descontente lê e assina a petição.

    http://www.petitiononline.com/meo/petition.html

    Pssstt…. NÂO nos calamos!

    ResponderEliminar
  11. Caro timshel,

    O dragão, cada vez que escreve sobre Ciência, só prova que não sabe nada do assunto.

    «Suponho que a tua resposta seja "processos naturais"

    e os "processos naturais" apareceram como?

    por "processos naturais"?»


    A questão dos processos naturais (sem aspas) é simples: é que são os únicos que realmente explicam qualquer coisa. O timshel poderá sentir-se insatisfeito com o encadeamento explicativo sem fim aparente à vista. Mas tem outra sugestão para explicar o mundo? Atalhar o processo explicativo com fantasmas é desistir e não explicar nada de todo. Será esse o tal nevoeiro do dragoscópio?

    ResponderEliminar
  12. caro francisco

    "explicar o mundo" é uma finalidade possivel para a existênca

    mas, talvez mais importante do que "explicar o mundo" é para que é que queremos o mundo explicado

    isto é, se admitirmos que a "explicação do mundo" tem um qualquer sentido (e eu acredito que sim), será interessante sabermos qual é esse sentido e qual o fundamento desse sentido

    ResponderEliminar
  13. Caro timshel,

    «mas, talvez mais importante do que "explicar o mundo" é para que é que queremos o mundo explicado

    Quanto mais não seja, porque nos satisfaz a curiosidade. E tem a vantagem de nos facilitar a vida em muitos aspectos. Se houver alguém que não queira ver o mundo explicado, basta-lhe não procurar responder às perguntas. A curiosidade de alguns basta para que a procura comece.

    isto é, se admitirmos que a "explicação do mundo" tem um qualquer sentido (e eu acredito que sim), será interessante sabermos qual é esse sentido e qual o fundamento desse sentido»

    Se há ou não um sentido, não sei. Sinto-me inclinado a pensar que não. Isso não altera em nada as coisas, se tivermos atenção.

    A única consequência da aparente falta de sentido da existência é que nos dilui a vontade de permanecer numa religião que nos afirma o oposto com base em premissas cuja origem desconhecemos muitas vezes.

    E veja-se: mesmo que existisse um sentido para a existência, esse sentido deveria ser procurado e não enunciado à partida. De qualquer das maneiras, a Religião perde. Porque a fé perde.

    ResponderEliminar
  14. Compreender o mundo tal como ele funciona tem as seguintes vantagens:

    a) Satizfaz a curiosidade daqueles que preferem uma explicação verdadeira, seja ela qual for, a uma menos verdadeira mesmo que mais simples ou emocionalmente mais apelativa.

    b) Tem benefícios tecnológicos práticos, ou pode ter, directa ou indirectamente, que podem beneficiar toda a sociedade.


    O Dragão tem medo da ciência e dos cientistas. Tem medo que eles destruam os mitos falsos que ele considera úteis para estabelecer a ordem, e que lhe agradam esteticamente.
    O facto de 60% da população actual só poder viver graças aos benefícios que a ciência trouxe à tecnologia dizem-lhe tanto como o facto de terem sido políticos e não cientistas a largar a bomba H.

    Nas suas objecções ao texto do Ludwig chega a criticar o facto do Ludwig dizer que há teorias melhores e piores, como sendo uma confusão entre ética e ciência. Só esta confusão tão estúpida devia ser suficiente para eu não ter continuado a ler aquela miséria de texto.
    Mas continuei, e fiquei assustado com tamanha militância obscurantista. Há quem tenha medo da ciência. Historicamente parece-me que é desses que devemos ter medo.

    ResponderEliminar
  15. «Cá para mim o Megane é melhor que o Clio»

    «Epá, odeio quando te pões a misturar ética com automobilismo!»

    ResponderEliminar
  16. timshel,

    A gravidade criada pela própria matéria faz com que, nas estrelas, sejam criados todos os elementos da tabela periódica.

    Processo natural ou divino?

    Qual é o código?

    ResponderEliminar
  17. caro francisco

    se dizes que aparentemente a existência não tem sentido, a nossa conversa acaba aqui

    não digo isto com qualquer acrimónia, bem pelo contrário

    lógicamente assumes de modo coerente e total o teu ateísmo e aí não há argumentação lógica possível contra a tua posição

    porque, e é isso que quero sublinhar, a existência supõe a escolha de um sentido para a vida

    escolher que a vida não tem sentido pode ser problemático de um ponto de vista moral e existencial

    mas enquanto quem que fizer essa escolha escolher viver, essa escolha traduz também, quer esse alguém queira quer não, um certo sentido para a sua vida; e é uma escolha contra a qual não existe qualquer argumento científico

    ResponderEliminar
  18. Gosto de ler os seus comentários até agora Timshel, são sempre respeitadores e não se encontram impregnados de cega militância religiosa. Deixo-lhe o meu aplauso, mas também outra pergunta: refere-se só ao sentido da vida humana, ou a de toda e qualquer vida (incluindo plantas, bactérias, algas)? Pensa que estes também terão uma razão para existirem? Se sim, terão eles consciência do mesmo? Ou só nós humanos a poderemos conferir?

    Um abraço,
    Rui Almeida.

    ResponderEliminar
  19. joão vasco

    podes detestar aquilo que o dragão escreve, mas na maior parte das vezes o dragão não é para ser interpretado literalmente e nunca é para ser interpretado de modo superficial

    não concordo com muito do que por lá é escrito e de vez em quando sou objecto do seu humor cáustico (relativamente ao qual tento responder na mesma moeda embora sem conseguir igualar o seu estilo), e embora pense que, em algumas ocasiões, é excessivamente palavroso, tem um estilo que considero quase genial e um conteúdo que por vezes de lá se aproxima

    pessoalmente, se tivesse que nomear o melhor blogue da blogosfera portuguesa, na maior parte do tempo, seria ele o nomeado

    ResponderEliminar
  20. caro anónimo das 17:25

    "Processo natural ou divino?

    Qual é o código?"

    não percebi a pergunta

    ResponderEliminar
  21. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  22. Rui Almeida

    obrigado

    as questões que colocas são particulamrmente difíceis

    tendo a crer (embora obviamente não tenha qualquer espécie de prova) que toda a vida tem sentido

    quanto à consciência, julgo que António Damásio já chegou à conclusão que os animais têm diferentes tipos de consciência (recordo-me particularmente do exemplo que ele dá em determinado momento sobre um cão que viu na rua) e que a do homem se distingue da de outros animais (e estes entre si) pelo diferente grau de complexidade

    outro problema é o valor da vida do homem e dos diferentes animais

    embora acredite ("acreditar" no sentido de ter fé) que apenas a vida humana é sagrada, tal não significa que o resto da vida não tenha qualquer valor; pelo contrário, pois a vida traduz sempre, do meu ponto de vista, um sentido

    abraço

    ResponderEliminar
  23. «escolher que a vida não tem sentido pode ser problemático de um ponto de vista moral e existencial»

    Isso é diferente. O sentido de que falávamos não é uma coisa que se escolha.

    Observar o Universo e concluir que não há nenhum objectivo na nossa existência é constatar um facto.

    Extrair, do conhecimento que se tem do Universo, uma norma comportamental absoluta para a nossa vida pessoal é exigir à Ciência aquilo que ela não nos pode dar. Isso é cientismo.

    Claro que ao nível do espírito crítico, tratamento da dúvida, procura de respostas, a Ciência pode contribuir naquilo que é a sua experiência de sistematização. Para não falar das escolhas práticas e utilitárias.

    Mas "sentido" na acepção de escolher um rumo para a vida de cada um é procurar viver da maneira que subjectivamente nos parece fazer sentido.

    Viver de forma ética é não esquecer que viver bem pode interferir na forma que os outros têm de viver bem.

    Por exemplo, fumar é mau para a saúde e isso é um facto. Escolher fumar ou não fumar é, em absoluto, indecidível.

    As consequências morais das nossas escolhas pressupõem uma moral. Mas o Universo não é moral.

    ResponderEliminar
  24. Timshel,

    mas também me referia a seres vivos sem cérebro e como tal, com algo que hoje em dia não pode de todo ser definido como consciência. Por exemplo, uma macieira. nasce de uma semente, cresce, poliniza outra(s) macieira(s), gera frutos, repete-se o ciclo. Qual seria o objectivo, a razão, o fundamento nesta situação, quer para a própria macieira, quer para o humano que presencia o seu ciclo?
    Outra das coisas mais estranhas é que apenas uma espécie dos vastos milhões que existem no nosso planeta parece ter consciência deste «problema» ao ponto de lhe querer dar um sentido. Reforço o «parece», pois neste momento não podemos afirmar com certeza o que as outras espécies saberão ou percepcionarão.

    Rui Almeida.

    Rui Almeida.

    ResponderEliminar
  25. francisco, dizes:

    "Mas "sentido" na acepção de escolher um rumo para a vida de cada um é procurar viver da maneira que subjectivamente nos parece fazer sentido."

    esse "sentido subjectivo" que referes responde a algum tipo de "dever ser" ou é um mero instrumento de sobrevivência?

    "Viver de forma ética é não esquecer que viver bem pode interferir na forma que os outros têm de viver bem."

    e porque é que "os outros têm de viver bem" (desculpa estar a fazer de advogado do diabo - em sentido literal lol)? porque se eles não viverem bem isso pode ter consequências sobre a tua existência (isto é, por puro contratualismo)? e, nesse caso, se "os outros têm de viver bem" não tiver nehumas consequências sobre a tua existência, porque razão é que "os outros têm de viver bem"?

    ResponderEliminar
  26. Rui

    as tuas questões tornam-se cada vez mais difíceis lol

    repondo como os acusados em processo penal:

    a minha resposta à questão relativa aos seres vivos sem cérebro é a mesma que dei em anterior comentário:

    "embora acredite ("acreditar" no sentido de ter fé) que apenas a vida humana é sagrada, tal não significa que o resto da vida não tenha qualquer valor; pelo contrário, pois a vida traduz sempre, do meu ponto de vista, um sentido"

    lol

    abraço

    ResponderEliminar
  27. «esse "sentido subjectivo" que referes responde a algum tipo de "dever ser" ou é um mero instrumento de sobrevivência?»

    Sendo subjectivo, diria que aos dois. Até acho que é difícil separá-los. Porque depende da pessoa que faz a escolha - se para ela está escrito nas estrelas que deve ser assim, ela vai escolhê-lo. Mesmo que não esteja nada escrito nas estrelas. Não se pode é acusar a Ciência de contrariar essas pessoas - de facto, nas estrelas há pouca moral para ler... Tanto que os Gregos tiveram de a pôr lá.

    De resto, e mais uma vez, se existir um "dever ser", desconhecido à partida, é sempre uma apreciação subjectiva que nos dá a sensação de estarmos ou não mais próximos desse ideal.

    Uma pessoa que adopta uma religião que desconhecia pode estar a escolher a via que lhe parece fazer sentido em termos desse tal "dever ser". O que ela acha que é esse "dever ser".

    A moral que os seres humanos têm é consequência da sua natureza biológica. A aversão à dor é transversal às culturas e infligir dor gratuitamente é geralmente condenado.

    A aversão à gula também. Numa sociedade com escassidez de bens é natural que a partilha seja bem vista e o desperdício condenado.

    Portanto o vegetarianismo surge como um "dever ser" para alguns. O sofrimento dos animais parece-lhes desnecessário, evitável e imoral ou pouco ético. Mas só surge porque a nossa dieta evoluiu de determinada forma.

    O acumular de práticas no registo cultural de um povo dá origem a morais e a livros como o Levítico ou o Deuteronómio (veja-se o kashrut).

    A questão é que o certo e o errado não estão escritos nas leis da Natureza, tanto quanto se veja, e não há um dever ser que seja transparente nas leis da Física ou mesmo da Biologia.

    No entanto, e é isso que eu queria sublinhar, isso não significa que não se possa escolher.

    ResponderEliminar
  28. «e porque é que "os outros têm de viver bem" (desculpa estar a fazer de advogado do diabo - em sentido literal lol)?»

    Eu não disse que os outros têm de viver bem. Eu falei na interferência no modo de vida dos outros - o modo que eles têm de viver a vida.

    ResponderEliminar
  29. timshel,

    falas da vida como se soubesses o que isso significa, como se fosses um biologo ou algum estudioso do assunto que dedica a sua vida a isso...

    tas a separar a vida humana dos outros "milhoes de vidas" que existem e dos trilioes que existiram baseado no teu preconceito. como se a vida humana e a "outra vida" não fossem a mesma coisa! vida é vida! mais inteligente, menos inteligente, mais rápida menos rápida...

    se tas a falar de vida, tens de tentar perceber o que isso é! tens de ver o que é comum a todos os seres que chamamos vivos para perceberes o que ha de realmente em comum entre eles e o que poderá definir um ser vivo...

    Agora vires falar do sentido da vida sem teres feito este exercicio básico... eu diria que é treta!!!!!!!!!!!!

    ResponderEliminar
  30. Ludwig diz:

    "A nossa galáxia tem cem mil anos luz de diâmetro. A luz da Via Láctea saiu daquelas estrelas, que não são meras luzinhas, há várias vezes o tempo de vida do universo criacionista. E muitos pontinhos que julgávamos estrelas são outras galáxias, aglomerados imensos de estrelas a milhões de anos luz que nunca poderíamos ver num universo com poucos milhares de anos."

    Há vários pontos a salientar a este propósito:

    1) A Bíblia diz que o Universo reflecte a glória e o poder de Deus, pelo que quanto maior for esse Universo maiores são a glória e o poder de Deus.

    2) Os criacionistas não têm nenhum
    com um Universo imenso. Ele só mostra que só um Deus infinito é que o poderia ter criado.

    3) A Bíblia compara, no livro de Génesis, as estrelas do céu com as areias da praia. Hoje sabe-se que num caso e noutro se trata de grandezas da ordem dos 10^25.

    4) Os evolucionistas é que têm que explicar como é que esse Universo imenso poderia estar concentrado numa partícula de densidade infinita cuja origem, explosão e inflação permanecem por explicar.

    5) Os defensores da teoria do Big Bang também têm um problema com a velocidade da luz, que tentam resolver através de múltiplos modelos inflacionários e da ideia de que a velocidade da luz terá sido muito maior nos primórdios do Universo.

    ResponderEliminar
  31. Caro Jónatas,

    Segundo a cosmologia moderna, o universo é maior que a parte que vemos. Pode até ser infinito.

    O problema que o Jónatas não mencionou é que nós vemos um universo com cerca de 13 mil milhões de anos-luz de raio porque é esse o tempo que a luz teve a chegar cá. Se o universo tivesse apenas dez mil anos de idade a distância máxima a que poderiamos ver o que quer que seja seria dez mil anos luz.

    É essa a discrepância mais importante. É revelador que o Jónatas nem a tenha mencionado.

    Quando à variação da velocidade da luz, Albrecht e Magueijo sugeriram que a luz pudesse ter viajado algumas dezenas de vezes mais rápido nos primeiros instantes da formação do universo. Isto é uma explicação alternativa ao modelo inflacionário mas que nunca foi aceite porque não adianta de muito nem é necessária. Seja como for, não resolve o problema de conciliar um universo visível com 13 mil milhões de anos-luz com a hipótese que este foi criado há dez mil anos atrás.

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.