Dragão e algodão doce.
Não me consegui fazer entender nesta conversa com o Dragão do Dragoscópio. Gosto pouco de nevoeiro nas ideias e ele tem gostos diferentes. Talvez por isso interpretou a minha afirmação que «inferir que é inexplicável só por não se conhecer a explicação tem embaraçado muitos crentes» como querendo dizer precisamente o contrário: «desconhecer a explicação ocasiona o inexplicável.»(1) Desconhecer a explicação é falta de conhecimento, e não é por ignorância que se sabe se é possível ou não obter esse conhecimento. A tese que «em qualquer teoria o fundamento é inexplicável»(2) é falsa porque apesar da teoria não explicar o seu próprio fundamento isso não impede que outra teoria o explique. Normalmente é o que acontece. A ciência é maior do que muitos julgam.
E por eu ter escrito que umas explicações são melhores que outras o Dragão fingiu-se baralhado: «Pensava eu que o âmbito da ciência era essencialmente epistemológico. Mas aprendo consigo, em boa hora, que é moral»(1). Digo que fingiu porque logo a seguir mostrou perceber que “melhor” não tem que ser um juízo moral. «Mas “melhores”, já agora, porquê? Porque vosselência gosta mais delas? Porque são as do laboratório que delega e representa? Porque estão mais na moda? Porque têm mais eleitores?». A resposta já o Dragão a tinha dado. O âmbito da ciência é epistemológico. É nisso que umas explicações são melhores que outras. As explicações mais detalhadas são melhores porque nos dão mais conhecimento. As que correspondem ao que se observa são melhores porque têm menos erros. As que dependem de menos factores desconhecidos são melhores porque têm mais fundamento no que conhecemos. Se o objectivo é compreender, as melhores explicações são as que nos dão mais compreensão.
Finalmente, os malefícios da ciência. «Por fim, certifica, vossência, que «não foi a teologia que nos deu os antibióticos, nem a oração que revelou o motor de combustão nem a fé que pôs satélites em órbita.» Quer dizer, insinua que foi a ciência. Portanto, autoriza-nos daí a concluir que foi também ela que colocou a bomba atómica em Hiroshima. Ou os submarinos nucleares nos oceanos. Ou as armas bacteriológicas sabe-se lá onde. »
Sim. A ciência dá-nos conhecimento, e o conhecimento traz responsabilidades e problemas. Mas não é com ignorância que os resolvemos. Por um lado porque a ciência não vem em credos separados. Não podemos escolher conhecer as coisas boas e ignorar todas as más. Por outro lado porque não é preciso conhecimento para criar problemas. A fome, as doenças, um milhão de mortos à catanada no Ruanda, isso não precisa de ciência. O que a ciência nos dá é mais opções. Matar e estropiar foi sempre uma possibilidade, fosse com pedras ou com bombas. Mas só com a ciência é que temos a opção de curar doenças, alimentar esfomeados e reduzir a ignorância. Se quisermos.
Por isso reitero a minha crítica ao seu estilo enevoado. Não é que não aprecie o sabor, mas fica a faltar substância. O Dragão diz que esta crítica «vale zero» porque «a propaganda ciêntifica, como literatura, é paupérrima; como religião, é excessivamente supersticiosa ; e como filosofia, chega a ser hilariante.» Mas a ciência visa ideias claras que correspondam à realidade. A literatura tem outros objectivos, a religião visa o contrário e na filosofia há de tudo, desde os filósofos que têm algo a dizer aos que apenas têm de dizer algo.
Ser poeta, dar sermões ou ser difícil de entender está no direito de todos. Mas para discutir ideias é preciso clareza. E é interessante que critique a “propaganda científica” por ser pobre literatura e má religião mas que não a acuse de ser falsa.
Editado a 9-4-08. Obrigado ao Zarolho por me corrigir o «têm que dizer algo.»
1- Dragão, 4-4-08Kentucky Fried Cience
2- Dragão, 30-3-08, O neo-evangelismo estagnado
Mas a propaganda científica é necessária, e devia investir-se mais tempo e dinheiro nela. Louvo um programa para miúdos no 2º canal, infelizmente não sei como se chama, que traz cultura científica para os miudos duma forma lúdica e interessante. Já aprendí coisas nesse programa.
ResponderEliminarA propaganda científica que tem havido ao longo das últimas dezenas de anos tem sido negativa por excelência: o cientista é quase sempre o vilão na BD, nos romances de cordel ou nos filmes (de preferência louro e com um sotaque alemâo). Em contrapartida, o semi analfabeta musculado e armado é que é o herói, estranhamente sempre muito mais inteligente que o seu inimigo académico.
Será que não se pode vender entretenimento cujos protagonistas não sejam potênciais doadores de cérebros?
(isto é porque nunca os usaram)
Karin
Karin,
ResponderEliminar«A propaganda científica que tem havido ao longo das últimas dezenas de anos tem sido negativa por excelência: o cientista é quase sempre o vilão na BD, nos romances de cordel ou nos filmes (de preferência louro e com um sotaque alemâo).»
Eu acho que isso são modas e de pouca importância. Parece-me que tem mais importância todo o esforço de quem vende tretas de fazer crer que a ciência é mais uma de muitas fezadas.
Na verdade, acho que fazem mais estragos os filmes ou novelas que têm um cientista como herói e que se sai com disparates como "eu não sou supersticioso, eu acredito na ciência", como se fosse meramente uma questão de acreditar no Pai Natal ou em Newton.
Ludwig
ResponderEliminar"O que a ciência nos dá é mais opções. Matar e estropiar foi sempre uma possibilidade fosse com pedras ou com bombas. Mas só com a ciência é que temos a opção de curar doenças, alimentar esfomeados e reduzir a ignorância. Se quisermos."
Foi mais ou menos isto que eu disse um dia destes no meiode uma plateia que não me ligou nenhum porque estavam demasiado embrenhados a discutir de quantas maneiras a Ciência é prejudicial e destrói o planeta com poluição e outras maldades.
O que me preocupa é que, segundo as próprias palavras de uma organizadora, estava ali uma espécie de elite e não uns zés-quaisquer que se entretinham a ver o "preço certo" ao fim da tarde.
O "se quisermos" também eu abordei. O Homem é um bicho tecnológico e muito social. A tecnologia deu-nos muito e depende de nós que dê ainda mais e para nosso próprio benefício. E para isso não ajuda culparmos a Ciência de todos os males do mundo e arredores, enquanto nos viramos para o Reiki e outras cenas new-age para curar uma unha encravada (enquanto tomamos o antibiótico, à cautela).
O que ajuda é ter uma visão global de todos os problemas e da sua resolução. E usar o facto de o Homem ser também um bicho social para implementá-las. Isso, mais do que apontar o dedo ao culpado errado, irá fornecer uma solução.
Karin
ResponderEliminarAcho que a ficção não sabe tratar bem os heróis, com a naturalidade que eles merecem.
Recordo-me que a Elisabeth Shue foi cientista em "O Santo" (boa palavra para descrever tanto o Val Kilmer como o Roger Moore!). Resolveu o problema da fusão fria em 3 horitas. O problema eram "umas fórmulas" que salvaram a Rússia de já não me lembro o quê e estranhamente a demonstração era uma cena qualquer experimental que deitava fumo. Não me perguntes porquê.
Mas 1997 foi um ano de muito mau cinema (o pior dos quais deve ter sido o "Paciente Inglês"). A excepção foi o "Bound", que fez parte de um post muito popular do meu lado.
O entretenimento com maus dadores de cérebros (por excesso de uso e uso de qualidade) é possível (bons exemplos são os teus irmãos), mas de momento possivelmente não serão para massas.
Já agora, a que horas dá esse programa no 2º canal, para eu dizer aos meus pequenitos? Se bem que eles têm poucas horas de televisão. Mas gostam de aprender coisas com a maluca da tia (eu!).
Creio que foi através desde blog que conheci o tal Dragão, cujo estilo de escrita é muitíssimo sedutor! Aliás, quem o comenta também me agrada, está visto que arranjei mais entretenimento... nice! :)
ResponderEliminarMas neste particular, creio que ele diz aquilo que eu próprio aqui tenho afirmado repetidamente. Nessa questão dos tais fundamentos inexplicáveis, ou os axiomas teóricos básicos, não estamos já no campo da ciência mas sim no da filosofia ou metafísica. Ou no da epistemologia científica, no mínimo.
Mas parece-me que o termo "explicação" neste contexto vai além do mero significado do dicionário, ou seja, "tornar a exposição inteligível ou clara".
Quer dizer, quando aqui se fala em "inexplicável", tal refere-se a não ter uma explicação dita científica, o que não significa de modo algum que não possa haver uma outra explicação racional ou lógica, baseada noutros fundamentos ou pressupostos à priori, claro.
O tal exemplo do gado mais ET, corvos e furões é eloquente a esse respeito. Curiosamente, e embora isto seja só uma divagação, a este respeito da hipotética inteligência extra-terrestre alguma ciência e religião nem andam assim tão de costas voltadas como se quer fazer supor. A origem da vida na Terra como tendo sido proveniente do espaço é tanto uma hipótese científica como um axioma de certos grupos espiritualistas New Age, por exemplo. Mas adiante...
Desconhecer a explicação é falta de conhecimento...
Mas será que apenas existe o conhecimento que nos é dado pela ciência? Obviamente que não, aliás seria trágico-cómico se assim fosse, claro. Deveras, isso significaria que a Humanidade teria vivido na quase absoluta ignorância durante muitos milénios, o que pode ser verdade quanto ao tal conhecimento muito rigoroso e dito científico que nos oferece doutas explicações para os fenómenos materiais, mas noutros campos faz o mesmíssimo papel do sapateiro que extrapolou para além da chinela... 'té à perna muito bela! :)
E, contudo, umas explicações são melhores que outras. As explicações mais detalhadas são melhores porque nos dão mais conhecimento.
De novo, isto se refere unicamente ao âmbito da ciência e daquilo que é observável ou verificável, mesmo por dedução indirecta... ou muita matemática certa!
Em termos metafísicos a questão central põe-se de forma bem simples e clara. O seu enunciado é constantemente o mesmo, ao longo destes milénios em que a inteligência humana se debruçou sobre o tal mistério das origens e o propósito da existência, ou o "Quem Sou Eu?"... pergunta maravilhosa de Prometeu! ;)
Better yet, como no mítico sonho de Lao Tsé... sou borboleta que filosofa ou filósofo que borboleteia... qual será a vera ideia?!
Meaning... no Vazio universal antes do ser material, haveria Consciência, é o EU SOU! a essência?!
De onde proveio a matéria... há mesmo uma causa etérea?! É o acaso inteligente, há um propósito presente?! Ou tudo é aleatório, combinações lá do bório?!
A questão nunca é se a ciência explica o universo tal como o vemos e sabemos, mas sim se ela pode ter a pretensão de também esclarecer aquilo que até hoje tem sido o campo da religião e filosofia... metafísica, diria:
Há uma origem ou causa comprovável, sem teorias mas experimentável?!
Mas se o Ser é imaterial, como prová-lo, afinal?! Ou ainda, se Ele é só Consciência, p'ra atingi-Lo que ciência?!
A da contemplação imanente...
Rui leprechaun
(...Ele está aqui presente!!! :))
Olhei então para o meu coração e foi aí, onde Ele habita, que O vi;
Não se pode encontrá-Lo em nenhum outro lugar.
Rumi
Algo doce e humanamente universal para as duas Senhoras lindas... mai-la Mana, ó que Trindade bacana!!! :D
ResponderEliminarRumi - Only Breath
Not Christian or Jew or Muslim,
not Hindu, Buddhist, Sufi, or Zen.
Not any religion or cultural system.
I am not from the East or the West,
not out of the ocean or up from the ground,
not natural or ethereal,
not composed of elements at all.
I do not exist, am not an entity in this world or the next,
did not descend from Adam or Eve or any origin story.
My place is placeless, a trace of the traceless.
Neither body or soul.
I belong to the Beloved, have seen the two worlds as one
and that one call to and know,
first, last, outer, inner,
only that breath breathing Human Being.
Há ainda um videojogo, cujo trailer também se pode ver aí, e que conjuga a visão universal de Plotino, Rumi, S. João da Cruz e Ryokan... ontem, hoje e amanhã! :)
"The Night Journey"
Caro leprechaun,
ResponderEliminar«Quer dizer, quando aqui se fala em "inexplicável", tal refere-se a não ter uma explicação dita científica, o que não significa de modo algum que não possa haver uma outra explicação racional ou lógica, baseada noutros fundamentos ou pressupostos à priori, claro.»
Mas isso não é o inexplicável, é o inexplicado, como é intuitivo perceber. Se vamos usar as palavras da forma errada ninguém se entende.
Ah! Inexplicável... inexplicado... já estou confuso um bocado! :)
ResponderEliminarPois, é o lindo Vegetal que me baralha, afinal... ;)
Bem, os jogos de palavras são interessantes... improvável... improvado... são outro significado!
Logo, "inexplicável" é o que não pode ser explicado e não aquilo que ainda não tem explicação... pois não!
Mas de novo esses termos são utilizados no contexto do racionalismo científico e quiçá até filosófico. Ou ainda, a questão é se poderemos explicar TUDO só pela razão. Eu creio que não...
Isso é igualmente o que nos dizem os tais livros sábios dos séculos de antanho, que existe um conhecimento directo e não mediado pela lógica racional, a qual só induz ou deduz, mas não vai directo a luz!
Por isso também penso que os estudos sobre a consciência humana poderão eventualmente trazer muitas coisas novas a este eterno debate entre ciência e filosofia.
Entretanto, mergulho na poesia...
Rui leprechaun
(...sobre-humana magia! :))
Toda a Ciência Transcendendo
Entrei-me adonde não soube
e quedei-me não sabendo,
toda ciência transcendendo.
Eu não sabia onde entrava,
porém, quando ali me vi,
sem saber adonde entrava,
grandes coisas entendi:
não direi o que senti,
que mo quedei não sabendo,
toda ciência transcendendo.
De paz e de piedade
era a ciência perfeita,
em profunda soledade,
entendida a via recta:
era coisa tão secreta,
a fala subvertendo,
toda ciência transcendendo.
Estava tão embebido,
tão absorto e tão alheado,
que se quedou meu sentido
de todo o sentir privado:
e o espírito dotado
de entender não entendendo,
toda ciência transcendendo.
Quem ali chega verdadeiro
de si mesmo desfalece:
quanto sabia primeiro
muito baixo lhe parece:
sua ciência tanto cresce
que se queda não sabendo,
toda ciência transcendendo.
Quanto mais alto se ascende,
tanto menos entendia
que negra nuvem se acende
que as trevas esclarecia:
por isso quem a sabia
queda sempre não sabendo,
toda ciência transcendendo.
Este saber não sabendo
é de tão alto poder,
que os mais sábios revolvendo
jamais o podem vencer:
pois não chega o seu saber
a não entender entendendo,
toda ciência transcendendo.
E é de tão alta excelência
este mais sumo saber
que faculdade ou ciência
não há para o compreender:
quem a si souber vencer
com um não saber sabendo,
irá sempre transcendendo.
E, se quiserdes ouvir,
consiste a suma ciência
em num subido sentir
da só divinal Essência:
obra é de sua clemência
o quedar não entendendo,
toda ciência transcendendo.
São João da Cruz
Leprechaun,
ResponderEliminar«Mas será que apenas existe o conhecimento que nos é dado pela ciência? Obviamente que não»
Não me parece assim tão óbvio. Talvez ajudasse se desses um exemplo concreto de algo que nós conhecemos, no sentido de compreender, mas cuja compreensão não beneficia de uma abordagem científica (observação e inferência).
Caro rui leprechaun,
ResponderEliminar«Ou ainda, a questão é se poderemos explicar TUDO só pela razão. Eu creio que não...»
Explicar sem ser pela razão? Não será isso um pouco como fazer omoletes sem ovos?
Penso que o rui está a questionar-se se é possível ou não explicar tudo. Bem visto que se explica, é pela razão, senão não explica.
Eu não sei se é possível explicar tudo ou não. Concordo pelo menos com o que o João Vasco me disse uma vez, que talvez o conhecimento seja assimptótico. Se bate na assímptota ou não (a menos de uma certeza empírica) sinceramente não sei. Mas porque não? É assim tão blasfemo dizer que, talvez, um dia, a Humanidade conheça todas as leis do Universo? Já uma vez se afirmou que pouco faltava para conhecer toda a Física. Dessa vez errámos. O que não significa que tenha de ser sempre assim.
O Feynman diz que pode ser como a "cartografia". Primeiro descobrem-se os continentes. Depois as linhas da costa são conhecidas com cada vez maior precisão e pormenores. Nunca se vai saber quantas pedrinhas é que estão na 7ª montanha a contar de oeste da Serra da Santa Maria da Engrácia, mas no essencial temos o mapa de todo o planeta.
ResponderEliminarÉ uma possibilidade que ele descreveu em maior pormenor num livro chamado "o fim da Física".
Não sei se tem razão, mas não ponho a possibilidade de parte.
Caro Ludwig,
ResponderEliminarVossência vai-me perdoar a noseo-ascensão à laia de paupérrima mata-cavalos que entra a galope pelas epistemologias - mais uma vez nesciamente - por força e capricho missioneiro, digo, caralho! Fica sempre bem em qulquer texto, dá aquele ar... Temos depois, o momento subbuteo (ou matraquilho, para os menos eruditos), pois EU sou erudito, que não haja confusões, ou deverei dizer confusione que em Latim a coisa fia mais fino - e olhe que não me acho pedante... Xiiiiiii, e a Bomba Atómica, foi largada, ou deveria dizer, arremessada com veemência inaudita, pelo presidente Harry Truman, que era da igreja Baptista, uiiiiii que isto já não soa nada bem. E um dos principais responsáveis pela decisão de bombardear com armas atómicas foi o Secretário da Guerra Henry Stimson, que era presbiteriano, ops! Mais um religioso?! Mau... Será que alguém me descobre o alto da peúga (ou carecas, para os menos eruditos) e afirma que: portanto, autoriza-nos daí a concluir que foi também ela, a religião, que colocou a bomba atómica em Hiroshima. No mínimo, um tal cadastro circunscreve os religiosos no rol das raças perigosas. E vendo o Médio Oriente, Corão, terrorismo... Parece-me que isto não me corre nada bem, é melhor eu colocar o acaime, senão alguém ainda me acusa de retórica, mas já me disseram que é mais verborreia. Já não me ocorrem figuras de estilo, ou comparações pomposas para preenche o texto como intuito de parecer mais credível, por que isto a metro e com muita lantejoula parece que tem mais credibilidade, e o jogo das palavras sempre ilude alguém, e esse alguém será sempre bem-vindo, no entanto, espremido não sai nada, logo convém por palha no texto, tipo: encher chouriços, como aquela do Grabriel Alves (que chalaça maravilhosa), que lindo, isto é que é humor com qualidade literária.
Mas a propaganda científica é necessária
ResponderEliminarNaahhh... essa propaganda tem até sido mais contraproducente que outra coisa. O cinema e os programas de divulgação científica debruçam-se principalmente no conhecimento que obtemos com a ciência. Isso não é bom. Por um lado faz passar a imagem que o Ludwig já apontou: a do cientista que "acredita" em ciência. Por outro lado leva-nos à confusão perniciosa de que a explicação de um fenómeno é ciência - e não é! Confundir a explicação com a ciência em si é o que faz com que tipos como Dragão escrevam o que escrevem.
É que explicações há muitas e para todos os gostos. Umas são obtidas lendo um livro sagrado. Outras são obtidas atirando búzios. Outras são obtidas pela ciência. O que difere é o método.
Mas isso é raramente abordado em cinema ou programas de divulgação científica. Um documentário sobre Saturno explica como se formaram os seus anéis, mas raramente explica como é que a ciência chegou a essa conclusão. No fim do documentário somos levados a acreditar na ciência, o que é tão válido quanto acreditar num documentário religioso sobre o mesmo assunto.
Como saudável e divertida excepção, ocorre-me House: uma série que explora mais o método e menos o conhecimento obtido com esse método. Também explora gajas giras e religiosos doidos: o que é bom.
Nunca se vai saber quantas pedrinhas é que estão na 7ª montanha
ResponderEliminarE daí que para sempre existirão místicos :)
Criacionistas há que acham que é por a teoria da evolução não explicar tudo que está errada. Isso demonstra muita coisa. Por exemplo: demonstra que são historicamente ignorantes.
abobrinha,
ResponderEliminarResolveu o problema da fusão fria em 3 horitas.
Estás a ser injusta: os cálculos já estavam feitos, só que ela não se lembrava e tinha tudo em post-its que estavam espalhados, sem qualquer ordem, pela roupa. Como perdeu um deles, o coiso não funcionava. Acho que é um excelente retrato do método de trabalho de qualquer bom investigador 8-)
Mas ainda pior que The Saint é o The Core: http://www.imdb.com/title/tt0298814/
Caro Dragão,
ResponderEliminarA chalaça do Gabriel Alves e as outras estão bem. Só pedia que aproveitasse também para dizer algo de concreto. Afinal a ciência é má? É boa? É melhor que as outras tretas? É tudo o mesmo?
Talvez ajudasse se desses um exemplo concreto de algo que nós conhecemos, no sentido de compreender, mas cuja compreensão não beneficia de uma abordagem científica (observação e inferência).
ResponderEliminarUi! Isso parece uma exigência brava lá para a minha tão simples afirmação de que o conhecimento científico é apenas um entre outros modos de conhecer, claro.
Ora bem, a epistemologia é que classifica essas coisas todas a preceito, mas de facto os meus parcos estudos não me levam tão longe assim.
Ou seja, para começar temos logo o conhecimento mais básico que nos é dado pelos nosso sentidos e a capacidade de sentir. Não preciso de ciência alguma para saber se estou feliz ou apaixonado... que é o natural estado deste Gnomo azougado!!! :D
Essa auto-compreensão é tão básica, imediata e natural, que de facto uma abordagem lógica e intelectual só a vai estragar, lá se vai o dom de amar!
O mais interessante é que eu até creio que deveras só podemos mesmo conhecer aquilo que experimentamos ou provamos por nós próprios, apenas isso é verdadeiramente real, afinal!
Ora bem, isto talvez tenha algo a ver com algumas afirmações que tenho lido acerca de ser a própria consciência individual que determina o real. São especulações filosóficas interessantes, mas eu atenho-me a campos mais modestos. Ou seja, de mim falo, mas não canto assim de galo! ;)
Bem, mas passando por cima disto e numa aproximação ao conhecimento da ciência, temos obviamente o conhecimento empírico que por certo beneficia de uma abordagem científica, numa sinergia da qual existem vários exemplos positivos. Um deles já foi por mim aqui citado, e diz respeito ao estudo científico da fitoterapia clássica, ou as propriedades curativas de diversas plantas usadas nas tais terapias não convencionais.
Mas há ainda o conhecimento da sabedoria que é a Filosofia, e que não se confundindo com o método científico pode sobre ele reflectir, por exemplo, nas tais questões éticas cuja importância também não pode ser ignorada ou espezinhada.
Por fim, e nem sendo exaustivo, há ainda aquele que é deveras o sumo conhecimento... raja vydia!... e claro, tem a ver com a consciência imanente... omnipresente!!!
Ou ainda, o conhecimento directo e intuitivo daquilo que É, algo que também se relaciona com o que eu disse acima sobre o saber pelo sentir e vivenciar. E aqui sim, não é preciso lógica racional alguma, esse é mesmo o último plano... ó real Mano! :D
Sim, tudo isto é bem antigo... mas se eu sou milenar...
Rui leprechaun
(...outro Dragão a chatear! :))
PS: Meaning... what is this after all?! Brincava o João apenas com palavras, ou a transcendência mirava?!
E, se quiserdes ouvir,
consiste a suma ciência
em num subido sentir
da só divinal Essência:
obra é de sua clemência
o quedar não entendendo,
toda ciência transcendendo.
Pois, soa assim a modos de um tanto religioso ou místico eu sei... como o vero Amor de lei...
...que se sente e não entende,
toda a lógica transcende!!!
Conhecimento directo... ó que Coração aberto!!! :)
ResponderEliminarDei hoje com este vídeo maravilhoso, que pespego por tudo quanto é sítio! Bem, pelo menos a menina aí não se vai queixar que a estou a aboborar... ;)
" Autistic girl connects with animals"
Simplesmente belíssimo e há mesmo MUITO a dizer sobre tudo isto. Deixo aqui uma parte que me parece muito significativa desse depoimento e também com alguma relevância para esta questão dos diferentes tipos ou níveis de conhecimento. She feels and that is real !!!
I understand animals so much more than I do people. Like, with people they can be acting one way and their emotion or their feeling would be totally different. With animals, if they're mad they're gonna show it. But with humans they could be as nuts as they want but they act as if they're the happiest person on earth. (...)
With animals, I can easily breath them and see how they're feeling and react like another animal normally would do in one of the animal's situations.
Ora cá está! Gnomo é um bicho do mato...
Rui leprechaun
(...e a Sara sente-o de facto! :))
Leandro
ResponderEliminarPost-its??? Nunca ouviu falar de caderno de laboratório? Não me lembrava dessa parte!
O The core eu vi na televisão: vai tudo para o centro da terra e morre tudo menos o casalinho... fantástico!
Não chega aos pés do Armagedon, com a subida vantagem de o último ser protagonizado tão somente por canastrões (sendo o Bruce Willis o canastrão-mor), mas ao menos a banda sonora era fixe. Ainda bem que vi estes dois em televisão. Já não me posso gabar do mesmo em relação ao Santo.
Caro Ludwig:
ResponderEliminarO comentário das 07-04-2008 12:52 era
ironia a este post do Dragão que lhe era dirigido.
Deve ter lido o meu comentário obliquamente.
Perdão, referia-me ao comentários de
ResponderEliminar07-04-2008 4:13
Caro Anónimo,
ResponderEliminarObrigado pelo aviso, mas é um dos problemas do comentário anónimo. É que julguei mesmo que fosse o Dragão... :P
Abobrinha,
ResponderEliminaracho que é no fim de semana, mas não sei quando. Se vir de novo lembro-me e mando-lhe a informação, nem que seja via blog do Ludi
beijinhos Karin
Uáu!!! Que belo exemplo concreto... do sentir Eros secreto!!! :D
ResponderEliminarÓ que subida paixão... pois não!
Deveras, digamos que é só para exemplificar uma ilusão sensorial... nadinha científica afinal!
Meaning... tudo é Maya e só vaidade...
Rui leprechaun
(...e a sexy Abób'ra é que é verdade!!! :))
PS: E também a Karin tão delicada... ó querida madrinha-fada!!! :)*
Karin
ResponderEliminarObrigada!
Leprechaun
Acalma o facho!
Já agora, Ludwig, para não ficares parecido com quem escreve "ciêntifico": Onde referiste «os que apenas têm que dizer algo» deverias referir-te a«os que apenas têm de dizer algo».
ResponderEliminarOi Zarolho,
ResponderEliminarSegundo isto hoje em dia aceita-se ambas as formas. Mas acho que fica melhor como sugeres, por isso já corrigi. Obrigado.