O que o Cristianismo nos trouxe.
Segundo o Bernardo Motta (1), sem o Cristianismo estávamos tramados. Jesus, ao morrer na cruz e ressuscitar, trouxe a todos os homens a
«1. Verdade objectiva: o verdadeiro é o adequado ao real»
Antes do sacrifício do Deus encarnado em homem ninguém se tinha lembrado de separar a verdade da mentira conforme o que se adequava ao real. Foi um período de grande confusão, como devem imaginar. Era ventiras e merdades e ninguém se entendia. O que safou foi São Aristóteles, aquele grande Cristão, escrever que «Dizer do que é que não é ou dizer do que não é que é, é falso, enquanto dizer do que é que é e do que não é que não é, é verdadeiro». Graças a Deus.
Outra coisa que o Cristianismo nos deu foi:
«2. Confiança nos sentidos: o mundo é cognoscível e estável, com leis boas porque feitas por um Deus bom»
Foi um alívio. Desde o paleolítico inferior que o pessoal andava atrapalhado com isto. Cada vez que se atirava uma pedra ninguém sabia se ia cair, ficar no ar ou transformar-se num burro falante. Andava tudo com úlceras só dos nervos. A crucifixão de Jesus deu logo a todos uma grande confiança nos sentidos e mostrou como o mundo é cognoscível e estável («always look on the bright side of life...»). Excepto a Santíssima Trindade. E os milagres, claro. E os Mistérios. E a fé, a Verdade transcendente, o supra-empírico, o... enfim, o facto é que desde que Jesus morreu que as pedras têm caído para baixo, e é assim que deve ser.
«3. Amor à investigação natural: o mundo não é uma criação maligna de uma entidade gnóstica, mas sim a criação boa de um Deus bom»
Muito melhor que a regra antiga. Ninguém ligava a «3. Amor à investigação natural: saber que as bagas são venenosas é mais útil antes de as comer», e é por isso que antes do nascimento milagroso do Salvador ninguém se tinha incomodado a descobrir seja o que fosse. Podem imaginar o frenesim naquele primeiro Natal, com tudo a correr a inventar a pedra lascada, como fazer fogueiras e trabalhar o bronze e o ferro, a domesticar animais, construir pirâmides e assim por diante. Até os desgraçados dos reis se atrasaram quase duas semanas porque tiveram que descobrir a mirra, o ouro e o incenso pelo caminho. Felizmente, tudo acabou bem («always look on the bright side of life...»).
«4. Primado da razão: Deus não é irracional, porque o irracional é uma violação do intelecto, e o intelecto humano é feito à imagem e semelhança do intelecto divino»
O primado da razão ficou demonstrado quando Deus fez um filho a uma virgem, encarnou no seu próprio filho e deixou-se torturar até à morte para ressuscitar ao fim de três dias e desaparecer outra vez, sendo esta a única forma de perdoar aos homens os pecados dos seus antepassados. O comércio de drogas psicotrópicas e o sucesso das religiões comprovam que o intelecto humano é feito à imagem e semelhança do intelecto divino.
O António Parente aconselhou-me a preceder todas as afirmações com «eu penso que», não vá alguém julgar que isto se escreveu sozinho ou coisa que o valha. Lamento, mas não posso escrever o que penso destas quatro proposições num blog acessível a menores.
1- 18-1-08, O cristianismo e a Europa.
Ludwig
ResponderEliminarNão tente branquear os seus erros argumentativos. Se fosse irrelevante a minha crítica não a tinha elevado a nível de post.
Aquilo que fez no post anterior chama-se "fugir ao assunto". Eu chamo-lhe "assobiar". O Ludwig usa o "gozo" quando tudo o resto falha.
A forma como se escreve não é inocente. Não foi inocente quando comparou o cristianismo ao fascismo, nazismo, etc. Tinha milhares de exemplos que podia escolher e optou por aqueles. Não o fez de forma aleatória.
Não é inocente quando usa argumentos de autoridade e depois os tenta fazer passar por meras opiniões pessoais "não científicas".
Não é inocente quando afirma que não escreve mais etecetera e tal porque o blogue é acessível a menores.
Desde o post da cerveja já é a quarta ou quinta tentativa para dar a "volta" ao mesmo tema. Ainda não o conseguiu. Esperemos pela sexta, sétima ou oitava tentativa. Também pode desistir, ninguém leva a mal... ;-)
"A forma como se escreve não é inocente. Não foi inocente quando comparou o cristianismo ao fascismo, nazismo, etc."
ResponderEliminarE porque não pode comparar? a ultima vez que ouvi falar sobre o assunto, a inquisição não deve ter sido muito divertida para algumas pessoas...
Também chacinaram pessoas porque pensavam que tinham razão.
Bom, se vai por esse caminho então eu comparo o ateísmo ao nazismo e ao estalinismo e tenho argumentos para o fazer. Se quiser comparar os mortos da Inquisição com os milhões de mortos da Rússia, China, Cambodja, Vietnam, então vamos a isso.
ResponderEliminarHá na net um vídeo de um debate na RTP2 entre um historiador ateu e um padre, sobre a Inquisição, em que eu descobri que os mortos da Inquisição foram mil em duzentos anos o que dá uma média de 5 por ano. Compare isso com os 2 milhões de mortos do Estaline em meia dúzia de anos e veja a diferença.
E mais uma coisa: eu não desculpo a inquisição. Para mim foi um crime. Mas já vi muito ateu a defender Estaline.
O que o manuel devia perceber é que quando se fazem comparações deste tipo devem ser bem justificadas. Isto não é uma brincadeira. Não se chama nazi ou fascista a alguém só porque apetece. Temos de ser responsáveis.
António,
ResponderEliminarA analogia que fiz entre o cristianismo e as outras coisas não é difícil de perceber. São episódios marcantes do passado dos quais a Europa se afasta no presente.
Ludwig
ResponderEliminarPara mim, é. Gosto de história e leio bastantes livros sobre esses assuntos. Sei do que falo.
Se me disser que em nome do cristianismo se cometeram crimes dou-lhe razão. Tal como sucedeu em nome do ateísmo.
Se me disser que entre os cristãos houve e há grandes bandidos dou-lhe razão. Tal como os houve e há entre os ateus.
Se me disser que entre os cristãos há quem queira ser santo nas intenções e é um crápula nas acçóes dou-lhe razão. Como há muito ateu que foi e é bandido e não é coerente com aquilo que apregoa. Eu gostava de ser santo. Mas ponham-me um bacalhau à lagareiro à frente e uma tarte holandesa e eu cedo ao pecado da gula. E assim por diante. Provavelmente sou muito pior como ser humano do que muitos ateus. Provavelmente sou demasiado fraco para ser o santo que gostaria de ser.
Ninguém é perfeito, Ludwig. Podemos tentar mas cometeremos sempre erros. Mas há um que não devemos: deixarmos que o nosso cristianismo ou o nosso ateísmo nos cegue ao ponto de não percebermos que do outro lado podem estar pessoas generosas, sinceras e intelectualmente honestas que não merecem ser agredidas.
Defendamos as nossas ideias pela palavra, dizia Santo Agostinho, em vez de usarmos as espadas.
As palavras podem ferir como espadas ou darem-nos o prazer de uma boa discussão, sem agressões. Com consequências: mostrar-nos até que ponto as nossas ideias fazem sentido e são justas.
Se pensa que o cristianismo deve ser comparado oa colonianismo, ao fascismo, à escravatura e ao nazismo tem todo o direito de o fazer. Mas deve justificar as suas ideias para dar aos outros a possibilidade de as rebaterem. Fazê-lo de modo a incutir no leitor (admito que inconscientemente) a ideia de que o cristianismo é execrável, sem o justificar, não me parece correcto.
Tenha um excelente fim-de-semana. Se tudo correr bem só ligo o computador no Domingo à noite.
O senhor António Parente refere que "a forma como se escreve não é inocente". Ora, ele deve lembrar-se melhor que eu de dois posts que fez há algum tempo.
ResponderEliminarNum deles, como aqui, escrevia que no debate em torno da religião, e referindo-se claramente ao lado ateísta (até porque menciona o blog De Rerum Natura) é preciso ter cuidado "com os preconceitos de quem entra no debate".
Até aqui tudo bem, mas no segundo post vem criticar o que chama "ateísmo à portuguesa" com frases brilhantes como:
"trata-se de uma forma infantil de esconder a ignorância e a incapacidade de produzir ideias sérias"
ou
"Uma das caractertísticas mais marcantes do ateísmo português é o seu fanatismo agressivo e a sua indigência cultural. Sem pensamento próprio, limita-se a copiar, de uma forma totalmente incompetente, o modo anglo-saxónico de atacar a religião. "
Pois é, pelos vistos, também defende os seus pontos de vista com paixão, ao tentar dar um ar saloio (sim, saloio) ao ateísmo português. Ao tentar desacreditá-lo com base nos seus pressupostos pessoais acerca do mesmo.
Ora, se defende que a forma como se escreve não é inocente e se deve ter cuidado com os (nossos?) preconceitos, não lhe parece um pouco hipócrita a sua tomada de posição em relação ao "pobre e ignorante" ateísmo português?
Além disso, não vamos pôr no mesmo saco crimes em nome de uma religião (que a igreja católica não está só) e crimes cometidos por pessoas pertencentes, ou não, a uma religião. E mais: aparentemente o facto de Estaline ser ateu é disputado por diferentes historiadores.
Uma nota de rodapé: os mesmos ateus que supostamente já viu defender Estaline são o mesmo tipo de pessoas que os cristãos que defendem a Inquisição.
Acho engraçado que se compare os crimes cometidos por Estaline aos crimes cometidos pela inquisição.
ResponderEliminarPor um lado há uma enorme incerteza a respeito do número de mortos causados pela inquisição. Deste 3 milhões em toda a Europa, passando por 300 000 vítimas só em espanha, até estimativas de cerca de 30 e tal mil mortos neste país, a verdade é que há estimativas para todos os gostos. Há quem defenda que foram poucos milhares o número de mortos pela inquisição (note-se que quem o defende assume que apenas cerca de 1% das vítimas da inquisição acabou morta, pelo que o número de vítimas da inquisição será cerca de 100 vezes superior...).
Na verdade o debate académico continua, e porque muitos documentos foram destruídos ou adulterados, ninguém tem respostas claras.
Mas de uma forma ou de outra, não deixa de ser patético comparar a inquisição com Estaline.
Assumindo que Estaline era ateu, ele foi um líder político comunista - que era ateu.
Mao era um líder político comunista - que era ateu.
Se formos contabilizar assim os mortos causados pelo "ateísmo", teremos de ser coerentes e contabilizar uma série de mortes provocadas pelo "catolicismo". Assim sendo, todos aqueles que D. Afonso Henriques matou, fossem mouros, inimigos políticos ou castelhanos, passam a ser vítimas do catolicismo. Quem diz D. Afonso Henriques diz praticamente todos os Reis de Portugal (vá, que eu ainda desconto o D. José...) - D. Sabastião, D. João V, D. Miguel, enfim, todos para a lista. E odemos acrescentar todos os mortos na guerra colonial, ou todos aqueles que foram mortos pelo Estado Novo, que Salazar era bastante católico.
E porque nos ficarmos com Portugal? Ainda temos Espanha, Itália, França, Brasil, Argentina, México....
Quando acabarmos de contabilizar os mortos, o Estaline e o Mao, e até o católico Hitler, não vão destoar.
Toda esta contagem será - claro - inconclusiva.
D. Afonso Henriques, quando matava castelhanos ou inimigos políticos, não o fazia em nome do catolicismo. Nem faz sentido contar estes castelhanos como "vítimas do catolicismo". Os liberais que D. Miguel matou na guerra civíl que assombrou o reino não foram vítimas do Catolicismo. As vítimas de Luis XIV não são apontadas como sendo vítimas do catolicismo. Pela mesma lógica, as vítimas de Mao ou Estaline não são vítimas do ateísmo.
O mesmo não se pode dizer das cruzadas. Dos milhões de mortos que provocaram. Do extermínio que representou.
Estas foram mortes pedidas pelo Papa. Foram mortes em nome de Deus.
Seja o extermínio dos Cátaros, seja o ataque a Jerusalém, sejam tantas e tantas batalhas, foram mortes causadas pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana que as encomendou.
Os mortos da inquisição foram mostos em nome de Deus. As mortas na queima das bruxas foram mortas em nome de Deus. Os mortos na evangelização dos índios foram mortos em nome de Deus. Os judeus mortos em Lisboa foram-no em nome de Deus. E a lista continua...
E nisto tudo o pior nem foram as mortes e a tortura. O pior foi a forma como a Igreja atravancou a ciência, calando a discussão, limitando a leitura, propalando valores de obediência à hierarquia e rejeitando os valores da liberdade.
A era das trevas foi quando a Igreja teve mais poder. Eu acho que não foi por acaso..
Sobre este assunto nunca é de mais relembrar:
ResponderEliminar«A 19 de Abril surge outro acontecimento mais grave. Dois dias antes, alguém teria visto, na capela do convento de São Domingos, estrelas douradas que saíam a brilhar de um crucifixo embutido em cristal. Logo que a novidade é conhecida, centenas de pessoas, muitas delas mulheres, juntam-se na capela. Entre os que vêem contemplar o prodígio há cristãos-novos [judeus recentemente convertidos ao cristianismo]. Um deles manifesta a sua opinião: a cruz, um simples pedaço de madeira, não poderia ter realizado o prodígio. O homem é imediatamente espancado e arrastado para o exterior, acabando por ser morto no adro da igreja. E o seu corpo despedaçado - assim como o de um seu irmão que tentara defendê-lo - é imediatamente queimado pela populaça.
O massacre que se segue não é espontâneo. É organizado e dirigido pelos frades dominicanos. Do alto do púlpito, um deles lança violentas diatribes contra os judeus. Aos gritos de «Heresia! Heresia! Destruí esse povo abominável!», outros frades apelam à morte, e precipitam-se para a rua empunhando crucifixos. Os resultados não se fazem esperar. Centenas de pessoas espalham-se pelas ruas de Lisboa e matam todos os cristãos-novos - homens, mulheres e crianças - que têm a desdita de lhes aparecer à frente. Alguns deles são decapitados, morrendo outros a golpes de punhal. Os bebés de colo são agrarrados pelos pés e esmagam-lhes a cabeça contra a parede.
A esta primeira onda de violência sucede-se uma acção mais organizada. Grupos de sessenta a cem pessoas, sempre encorajados pelos frades dominicanos, entregam-se a uma verdadeira caça ao homem. Casa após casa, sótão após sótão, a cidade é passada a pente fino e entregue ao zelo da populaça. Arrancados das enxovias, os presos das cadeias são atirados vivos para a fogueira que arde diante da capela de São Domingos, sendo também degolados todos aqueles que, aterrados pelos gritos da multidão, procuraram refúgio nas igrejas. [...]
O massacre dura cerca de uma semana. Embora os cristãos-novos estejam já praticamente exterminados, o número de mortes continua a crescer, uma vez que outros grupos de pessoas passam a ser vítimas da histeria colectiva. Simples rivalidades pessoais entre vizinhos levam-nos a acusar-se mutuamente de judaísmo. O simples facto de alguém ter «ar de judeu», ter negociado com cristãos-novos ou ter sido visto na sua companhia é suficiente para ser entregue à vindicta popular.
Este espisódio sangrento da história de Lisboa transforma-se, pouco a pouco, em insurreição. A 21 de Abril, o governador que também abandonara a cidade, estabelece conversações com os chefes do movimento. [...] Quanto aos Dominicanos, são intimados a restabelecer a paz nos espíritos.
Porém, a ameaça de represálias não impressiona a hierarquia religiosa, [...]. A cidade está à beira da guerra civil. Os massacres alastram-se e estendem-se às aldeias e lugarejos dos arredores.»
«História de Lisboa», Dejanirah Couto, Gotica 2000 Sociedade Editora e Livreira Lda, Braga, 2003
Ludwig,
ResponderEliminarParabéns! Aqui está um ótimo texto seu! Quebrou com humor e gozo esta série de tretas que já tinha me chamado a atenção nos comentários do Bernardo. Fez também ótimo uso do sarcasmo!
Pena foi usar do humor apenas depois de 3 posts tão deficitários e ainda assim, não ter captado (ou estar fugindo) dos pontos de falácia levantados por Antonio Parente.
E, nessa interminável e inútil brincadeira dos "se", se os Portugueses não tivessem colonizado o Brasil e nos forçado a língua guela-abaixo, não teria o prazer de rir com estes posts!
Obrigado!
Excelente! Quão precioso é o seu blog! Normalmente leio através de RSS, mas com este artigo tive q vir aqui dar os meus parabens pelo uso inteligente do humor!
ResponderEliminar"E nisto tudo o pior nem foram as mortes e a tortura. O pior foi a forma como a Igreja atravancou a ciência, calando a discussão, limitando a leitura, propalando valores de obediência à hierarquia e rejeitando os valores da liberdade.
ResponderEliminarA era das trevas foi quando a Igreja teve mais poder. Eu acho que não foi por acaso.."
Nem mais! A religião foi e continua muitas vezes a ser um entrave ao desenvolvimento científico e cultural da espécie humana. Enquanto houverem líderes religiosos que tentem impôr as suas pseudo-moralidades no resto da população, enquanto as pessoas viverem com medo de ofender o seu Deus imaginário, enquanto se continuar a achar que o que a humanidade tem de bom o deve à religião e que sem ela estávamos perdidos, enquanto houver gente que pense que a sua má sorte se deve a castigo divino, enquanto houverem pessoas dispostas a fazerem mal a outras em nome de uma religião, enquanto uma divergência de opinião religiosa puder dividir uma família, etc, etc e tal... A humanidade nunca será realmente livre e nunca alcançará o seu verdadeiro potencial.
E tudo isto porque a ideia do nada que nos espera quando morrermos é demasiado assustadora para algumas pessoas. E se é demasiado assustadora tem de ser mentira.
Os mais informados e porventura mais cultos, procuram justificar a sua fé recorrendo a todos os argumentos filosóficos ou teorias que lhes dêem uma nesga de esperança de vida eterna. Mas eu acho sinceramente que para esses, lá no fundo, a dúvida existe.
Os fanáticos, esses não se interrogam sobre nada. O que lhes indocrinarem é verdade absoluta.
O cristianismo faz parte integrante da nossa cultura: Trouxe-nos as noções de individualidade e de historicidade, sem as quais não seríamos o que somos. Pouco? Muito... :)
ResponderEliminarNoções de individualidade?
ResponderEliminarAté parece que a Roma pagã não dispunha já de um sistema de justiça tão avançado que ainda hoje é uma referência - algo que seria possível sem noções de "individualidade".
Isto para já não falar na Grécia pagã, onde surgiu a Democracia.
O cristianismo pelo contrário trouxe ao povo a noção de que todos são culpados pelos pecados de Adão e Eva.
Troxe a noção de que as pessoas devem ser "como ovelhas, guiadas pelo bom pastor", e chamou orgulho à dignidade dos homens.
Se temos noções de individualidade, não vieram de lá. E quanto à historicidade, realmente também gostaria de saber a que propósito é que isso poderia ser atribuído ao cristianismo. Porventura a nossa cultura tem maior noção de "historicidade" que as outras??
Não sei que lhe responder, porque o que disse é matéria histórico-factual: hegel ou Nietzsche podem clarificar as suas dúvidas e, se ler Santo Agostinho, elas dissipam-se. :)
ResponderEliminarj francisco saraiva de sousa:
ResponderEliminarSe aquilo que afirmou fosse matéria "histórico-factual" isso não justificaria que não me soubesse responder - pelo contrário: tornaria fácil fazê-lo.
Nem Hegel ou Nietzsche são porventura autoridades cujas posições ou opiniões possam ser consideradas matéria de facto. Ou mesmo Santo Agostinho. Uma coisa péssima da Igreja, e essa sim ainda tem alguns vestígios inconvenientes na academia portuguesa e nessa medida influencia a nossa cultura, é esse provincianismo patético de considerar que uma ideia vale mais consoante quem a profere e não pelos seus méritos. Isso é patético.
De resto já li algo de Nietzche e Santo Agostinho, e não vi lá nada que me convencesse dessa ideia. Os argumentos que terão dado não devem ter sido muito poderosos, se não talvez os usasse antes de me recomendar tais leituras..
Pode pensar o que quiser, mas não pode negar a história. Dados linguísticos, históricos, antropológicos, filosóficos, religiosos, científicos, tudo incluindo o bom senso dizem a verdade. Hegel é uma autoridade e espero que pense antes de negar de modo voluntarista a evidência. E não confunda cristianismo e Igreja Católica, até porque existem outras igrejas cristãs. S. Agostinho expõe a interioridade... e a historicidade... em duas obras fundamentais. Mas como não é ocidental negue a evidência e o conhecimento. Afinal, é livre de dizer o que bem entende... Veja os textos em latim e confronte-os com o grego e o hebraico, depois confronte-os com outras línguas "arcaicas"... Exercício giro... Comece a pensar com rigor, sem voluntarismo... :)
ResponderEliminarOs conhecimentos estão incorporados na língua que falamos... :)))
ResponderEliminarSanto Agostinho isto, Santo Agostinho aquilo. Porque são tão válidos os escritos de um sacerdote? Aliás, sendo clérigo, é óbvio que tudo o que saiu da boca (e da mão) desse senhor era tudo menos imparcial.
ResponderEliminarE aqui fica uma frase desse "santo":
"Por que (...) a Igreja não deveria usar de força para compelir seus filhos perdidos a retornar, se os filhos perdidos compelem outros à sua própria destruição?" (A Correção dos Donatistas, 22-24/em wikipedia)
Hmmm, usar a força... Pois, individualidade all the way! Obrigado, as minhas dúvidas realmente dissiparam-se!!
Está a descontextualizar e a fazer uma leitura fundamentalista pseudopositivista daquele que soube iluminar os cantos escuros da subjectividade humana, apresentando uma concepção de tempo que ainda é a nossa em muitos aspectos.
ResponderEliminarSanto Agostinho foi um Africano de ascendência Berber que defendeu que a Bíblia não devia ser interpretada literalmente se for contrária ao que podemos saber pela razão.
ResponderEliminarNo primeiro conselho do Vaticano, em 1870, a Igreja decretou ser proibido a qualquer fiel defender como legítimas as conclusões da ciência que fossem contrárias à doutrina da fé.
Penso que Agostinho é de facto um bom exemplo da relação entre o Cristianismo e a cultura europeia.
«Pode pensar o que quiser, mas não pode negar a história»
ResponderEliminarComo eu nego que a Igreja nos trouxe noções de individualidade e historicidade e não posso negar a história, então não faz parte da história que a Igreja nos tenha trazido essas noções ;)
A verdade é que o j francisco diz que há inúmeros argumentos e evidências óbvias - o bom senso, os dados antopológicos, linguísticos, filosóficos, científicos, históricos, etc.. - e com tantos bons argumentos, não foi capaz de encontrar nenhum.
Sabendo que li alguns dos autores que recomendou, passa agora a recomendar-me textos em latim que deverão ser conforntados com versões em grego, hebraico ou outras línguas. Se isso é tão óbvio ao mero bom senso, será essa a maneira mais simples de chegar lá?
Na verdade, foram muitas linhas escritas sobre a abundância de argumentos de que dispõe - e aproveito já para dar os parabéns pelo número de línguas que domina - mas nenhuma linha que desse um único argumento para sustentar a tese que apresentou e que eu nego.
Sr. Rui Pereira
ResponderEliminarO seu comentário é falacioso. Não colocou em causa nenhum dos meus argumentos. Limitou-se a um ataque pessoal baseado num post que escrevi no meu blogue.
Todavia, esqueceu-se que reconheci noutro post, publicado um dia ou dois depois desse, que tinha escrevido de forma emocional. Quando erro reconheço o erro. Como dizia Bento de Jesus Caraça, se reconheço o erro é porque estou disposto a corrigi-lo. Foi o que fiz.
Mas mesmo que não o tivesse reconhecido o Sr. Rui Pereira continuava a não ter razão.
A questão do Estaline é um dos bom exemplos de como se procura reescrever a história quando é conveniente. Está tudo dito.
Sr. Rui Pereira
ResponderEliminarSe o ptencial da humanidade fosse atingido sem a religião então a Coreia do Norte estaria na vanguarda do desenvolvimento económico, social e tecnológico. Todos os dias o potencial humano se deveria manifestar na Coreia do Norte.
Espero que não me venha dizer que a Coreia do Norte é um estado confessional... ;-)
Ludwig
ResponderEliminarAs conclusões do I Concílio foram modificadas pelo II. Não me vai dizer que o Papa João Paulo II deve ser excomunhado por defender a teoria da evolução... ;-)
Para terminar:
ResponderEliminarO comentador João Vasco diz uma série de barbaridades que não vou comentar dado que é uma das pessoas com que me recuso terminantemente a conversar seja de que maneira for.
Sobre o comentador Bernardo lamento a forma como é tratado aqui. Dado que estou com o tempo esgotado ficar para outra altura.
António,
ResponderEliminarHouve muitas modificações. O que eu queria mostrar era o contraste entre a proibição no I concílio do Vaticano e o que se cita muitas vezes de Agostinho que a fé não deve contrariar o que a razão nos diz.
Quanto ao Bernardo, nada do que eu disse aqui foi um ataque dirigido a ele. É escusado tentar defendê-lo porque não tenho nada contra o Bernardo. Pelo contrário.
Não fui muito piedoso com as afirmações que o Bernardo proferiu, isso concordo, mas isso não tem nada a ver com o Bernardo. Tem a ver apenas com o enorme disparate que são essas afirmações.
Se o António concorda que foi mesmo Jesus que inventou a noção da verdade corresponder à realidade gostava de ver como justifica essa ideia.
O comentador António Parente diz uma série de barbaridades que não vou comentar dado que é uma das pessoas com que me recuso terminantemente a conversar seja de que maneira for.
ResponderEliminarE não pensem que isto é um exercício hipócrita que me permite insultar outros sem ter de apresentar argumentos ou razões, ou esperar ouvir o troco.
Eh!Eh!Eh!
"O comentador João Vasco diz uma série de barbaridades que não vou comentar dado que é uma das pessoas com que me recuso terminantemente a conversar seja de que maneira for".
ResponderEliminarJoão Vasco,
que inveja ...
Cristy
Ludwig
ResponderEliminarSe a sua intenão era mostrar o contraste então nada tenho a acrescentar. Mostrou bem. A história da Igreja tem altos e baixos. Produziu coisas boas e coisas más. Eu valorizo o bom mas não esqueço o mau. Para que não se repita o mau e para que o bom seja eterno.
Em relação ao Bernardo, não pretendo defendê-lo. Se fizesse isso seria menorizá-lo e o Bernardo é mil vezes mais inteligente e mais culto do que eu. Não considerei que fosse um ataque pessoal ao Bernardo mas sim às ideias do Bernardo.
O que eu penso mostrar, ainda não sei bem como fazê-lo, é que existem vários caminhos e vários modos de viver a religião. O meu é diferente do Bernardo e eu gostaria de um dia atingir o nível que ele atingiu. É isso que pretendo explicar.
Quanto ao verdadeiro e ao real, eu entendo o Bernardo. Deixarei as explicações para ele. Poderei falar no tema daqui a uns tempos, de acordo com a minha perspectiva.
Estou sem internet em casa e por isso não vou comentar até ter a situação resolvida.
Cristy
ResponderEliminarLamento desiludi-la mas a Cristy não é o centro da minha atenção no blogue.
Caro J.Vasco tens de crescer mais um bocadinho ok??
ResponderEliminarCristy:
ResponderEliminarAgora já me invejas menos?
;)
João Vasco,
ResponderEliminaraqui entre nós que ninguém nos ouve: a verdade verdadinha é que me diverto à brava :-)
Cristy
malditas gralhas, devem ser o tal castigo divino. Queria dizer "divirto", claro
ResponderEliminarCristy
Eh! Eh! Eh!
ResponderEliminar