Ciência não é fé.
Em Novembro o físico Paul Davies publicou um artigo no New York Times onde reafirma que a ciência se baseia na fé (1). O Massimo Pigliucci explicou o erro (2). Faith pode querer dizer aceitar algo incondicionalmente, sem exigir evidências, ou ter confiança porque há evidências. Davies simplesmente confunde dois significados diferentes. Como em Português a fé é o oposto do ver para crer pensei que ninguém ia confundir as duas coisas. Enganei-me.
Ontem o António Parente chamou-me a atenção para o seu resumo deste artigo de Davies, onde o António escreveu que «a distinção entre fé e ciência acaba por não ser tão líquida porque a própria ciência tem o seu próprio sistema de crenças baseado na fé. Com efeito, Paul Davies diz que toda a ciência assenta na hipótese de que a natureza é ordenada numa maneira racional e inteligível» (3). É interessante a tradução do António, de assumption por hipótese, porque até está mais correcta que o original. É de facto uma hipótese, como qualquer outra, só válida conforme for testada com sucesso. E tem tido bastante sucesso. Mas ser hipótese demonstra que a base da ciência não é a fé.
A fé não considera hipóteses e evidências. A fé é certeza antes de qualquer evidência. É verdade que todos temos certezas, mas nem todos desta forma. Temos a certeza que o carro não anda sem gasolina ou que estamos doentes se temos febre, mas são certezas apenas no sentido de não perdermos tempo a considerar que podem ser falsas. A menos que as evidências o obriguem. Neste aspecto, a fé distingue-se pela confiança absoluta sem evidências e pela rejeição total de evidências contrárias. Nem a ciência nem o bom senso aceitam isto. Mesmo assim, podemos ver este aspecto da fé como o extremo de um continuo em que se exige cada vez menos evidências a favor e se rejeita cada vez mais evidências contra. Está muito longe, mas poderia chegar-se lá daqui. No entanto, há outro aspecto da fé que é radicalmente diferente. A esse só se chega com um salto de fé.
Enquanto as crenças científicas são descritivas, a fé é normativa. É um valor e tem valor para o crente. Além de dizer o que é bom e mau a fé diz que é mau não ter fé. Eu acredito na teoria da evolução porque acho que está correcta, mas não me apoquenta mudar de ideias, até porque esta teoria já mudou muitas vezes. Mas quem acredita na salvação por Jesus Cristo encara-a de forma diferente. Mudar de ideias acerca disso é terrível. É condenar-se ao inferno, perder a esperança. É perder a fé.
E isto afecta a relação com os outros. Eu acho que quem rejeita a teoria da evolução está enganado. Acho mal que engane os outros, mas não acho que estar enganado, por si só, seja pecado ou maldade ou mereça castigo. Mas isto é porque eu não tenho fé. Quem tem fé acha maldade rejeitá-la e que quem o fizer merece castigo. Eterno, se for preciso. Penso que é por isso que o ateu chama intolerância ao crente estrangular a filha porque ela não quer usar véu (4), enquanto a intolerância para o crente é não o deixarem estrangular a filha que não quer usar o véu...
1- Paul Davies, 24-11-07, Taking Science on Faith. Dica: usem o BugMeNot se não se quiserem registar.
2- Massimo Pigliucci, 2-12-07, The latest silly stuff from Paul Davies
3- António Parente, 11-12-07, A fé da ciência.
4- Toronto News, 12-12-07. Muslim father strangles daughter in Canada for refusing to wear a veil, via Diário Ateísta
Confesso que estava a gostar de o ler, mas esse último exemplo ...sinceramente !!! Não arranjava nada melhor para dar como exemplo de fé ?!
ResponderEliminarPessoalmente estou à vontade porque o sindroma da fé não me afecta, como também não me afecta quem a tenha desde que não tente impingir-ma. Mas equiparar o homicidio a um acto de fé é exemplo acabado da intolerância por quem a tem, seja lá ela o que fôr...
Talvez arranjasse «melhor» (mas melhor em que sentido?... concordo que quase tudo é melhor que estrangular a filha...)
ResponderEliminarNo entanto parece-me que este é um exemplo claro de fé. Não é o exemplo de fé mais famoso na Bíblia o sacrifício de Abraão?
Como pai, sinto que nem a certeza absoluta bastava para uma coisa destas. Era preciso ter certeza absoluta em conjunto com uma convicção moral inabalável. Ou seja, é preciso fé.
Lamento que não tenha gostado, mas se decidir pensar no porquê do desagrado considero a minha tarefa cumprida.
Já agora, «equiparar» é uma relação simétrica. Não foi isso que propuz. Não acho que todo o acto de fé seja homicidio.
ResponderEliminarMas acho que este homicídio foi um acto de fé. Ou propõe que a fé seja apenas aquilo que se faz por certeza absoluta e convicção inabalável mas que seja bom, e se for mau já não conta?
Ludwig
ResponderEliminarAcho que a tua falha está no penúltimo e não no último parágrafo. Eu explico:
"Além de dizer o que é bom e mau a fé diz que é mau não ter fé."
Isto não faz parte da definição de fé. Não vou discutir números (ou seja, não vou chamar "a maioria" à minha posição). Há de facto pessoas que choram por familiares próximos se confessarem ateus porque não irão para o mesmo céu que eles. Mas isso não está compreendido na definição de fé.
A definição que tinhas dado de "A fé é certeza antes de qualquer evidência." parece-me correcta. Já foste simpático (sensato?) ao não dizer "para além de qualquer evidência", mesmo porque isto estaria errado. Só vale para a minha convicção de que o Benfica fará alguma coisa mais que dar-me desgostos antes de ter mais de metade da cabeça coberta com cabelos brancos (estou a brincar, mas este caso é mesmo para ser interpretado literalmente).
No caso em questão, e se a tua definição de fé estivesse correcta, poderias acreditar que o exemplo era ilustrativo do que tinhas dito no penúltimo parágrafo. Dizem-me amigos muçulmanos que não é o caso porque a mulher não é obrigada a usar o véu, mas recomenda-se que se "guarde", o que pode dizer simplesmente que não deve usar mini-saias. Na realidade, faz recomendações igualmente exigentes para os homens. Estou a "vender-te" este produto ao mesmo preço que me venderam a mim, por isso não aceito reclamações deste argumento.
Dito isto, o modo definiste como fé (definição de que eu discordo e a que daria muitos nomes como "fanatismo") afecta a relação com os outros. Aí nada contra. Mas se cada qual viver como pensa e deixar os outros em paz (filhas incluídas), está-se bem! Aliás, tem o nome técnico de liberdade de expressão. Que tem limites, não é absoluta e depende mais de considerações práticas que de considerações filosóficas ou estritamente lógicas, mas isso é outra história.
Abobrinha,
ResponderEliminarSe disseres que tens fé numa coisa mas que não te importas de mudar de ideias então não estás a usar a palavra no sentido de fé religiosa. Um crente não dirá que tem fé em jesus mas não se importa de deixar de ter, se lhe apetecer.
A fé religiosa não é vista como uma opinião, nem sequer como uma mera certeza. É vista como uma virtude (pelos crentes, claro está :)
Ludwig
ResponderEliminarDe novo, nada contra o primeiro parágrafo, mas no segundo não estás a ser rigoroso. E isso faz a diferença no exemplo que dás.
Se eu tenho a minha fé, não implica que eu obrigue os outros a viver a minha fé: implica que eu tenha a fé. Só isso. Obrigar os outros a viver a minha fé e de acordo com ela é outra história diferente, e que tem implicações a nível da minha relação com os outros.
Misturando a minha definição de fé com o que me dizem amigos muçulmanos (o que expus atrás), o pai da moça tem a fé dele ma obrigou a filha a viver a fé dele e sofrer as consequências de não seguir a fé DELE segundo os padrões dele.
Voltamos ao mesmo: o pai tinha direito a acreditar. Mas não tinha o direito de obrigar a filha a acreditar com os mesmos padrões que o dele. Acho que do enforcamento nem vale a pena falar.
Voltando à questão da fé em Ciência (atenção que não li ainda o texto que referes), parece-me que concordo com o que dizes. E acho que a melhor maneira de ilustrar o texto seria algo como que alguém tem o direito de acreditar (baseado em fé) que 6000 anos é tempo mais que suficiente para criar o Universo e arredores. O que não tem o direito é de (por exemplo) baseado somente nessa sua crença não suportada em mais que a SUA fé impedir que se faça Ciência, só porque outros não concordam e não partilham da sua fé. Assim, pode ter a liberdade de apregoar as suas teorias e as defender (e aí acho que também estamos conversados). Mas a liberdade acaba aí.
A diferença entre o exemplo que dei e o teu é que no meu ninguém morre. Mas concordo: levado a mais que uma fé pessoal, pode dar asneira. Com ou sem mortes. Mas (insisto) usaste um exemplo não rigoroso para definir fé. E um pouquinho fora do contexto, se queres mesmo a minha opinião.
Abobrinha,
ResponderEliminarEstamos de acordo quanto aos direitos do pai e essas coisas. Não pretendo dizer que todos os crentes fazem ou devem fazer tais coisas.
O que quiz ilustrar com esse exemplo tão bíblico foi que a fé é mais que uma mera certeza acerca de um facto. A fé inclui necessariamente um juizo de valor.
Concordo que isto só dá asneira quando se assume que os outros têm o dever de concordar. Muita gente consegue estar convicta que a fé é boa para si mas nos outros tanto faz. Ou pelo menos dá suficiente valor à autonomia dos outros para os deixar estar. Felizmente.
Mas uma certeza, por si só, é uma fezada. Só é fé se incluir a adoração, o dever de acreditar, a convicção que é bom crer. A fé é uma crença que além de defendida como certa é tida como algo de valioso para o crente.
O cientista entusiasma-se com a dúvida. O crente agoniza, precisamente porque não quer perder a fé.
Claro que pode haver crentes sui generis que não se importam de ter dúvidas, e até elogiam quem as faz pensar sobre o que acreditam, mesmo que isso possa levar a mudar o que acreditam ( ;) )
ResponderEliminarMas isso não é "fé" no sentido que foi sendo definido pela tradição teológica ocidental. Ou seja, isso não é aquilo a que nos referimos quando falamos em fé.
No sentido próprio do termo, fé é o oposto do ver para crer. É o não precisar de ver para crer.
É o crer mesmo que vejam o contrário.
É aquilo que todos se orgulham de ter em relação ao seu clube. Não importa o que lhe digam, não deixam de ser do seu clube. Todos vemos que isto é irracional.
Quando um crente é também assim em relação à religião - adesão incondicional - tem fé.
Quando é de outra forma - opta por ser crítico face à sua crença religiosa. Pode ser muito espiritual, mas não tem fé.
Isto é mais uma questão de palavras e definições do que de piniões. Aliás, são opiniões sobre palavras e não sobre realidades. Mas acho que é esse o significado de fé.
Volto e confesso que me revejo nas posições da Aboborinha.
ResponderEliminarDe resto devo dizer o seguinte.
Para mim as "razões" da fé parecem-me tão absurdas que tenho dificuldade em racionalizá-las.
Quando deparo com certos campeões do racionalismo e da lógica da nossa praça falando, com fé, dos segredos de Fátima, confesso que bloqueio, embasbaco, fico como a Cinha perante um golo do Benfica: "perco a razão e as forças"!
Mas daí a confrontá-los, já é algo que para mim esbarra nas fronteiras da ética.
No caso do exemplo que o LK encontrou, senti que entrou nesses terrenos "escorregadios", porque se reporta a um acto de pura demência. Da fé sincera tenho eu a ideia de procura de um conforto interior que seja a um tempo resposta para o desconforto do imprevisto e panaceia para solidões nem sempre bem identificadas. Há quem resolva estas questões pagando principescamente aos psicólogos. Se a fé as resolve, que quer que lhe diga ? Olhe...deixe lá...sempre fica mais em conta !
Enfim: confesso sérias dificuldades em abordar as questões da fé com base em qualquer tipo de racionalismo analitico. E julgo que em parte isso se deve a a falar sobre uma "realidade" que desconheço.
Nunca "lá" estive ! E o LK ?
Ler sobre e experienciar algo, não é a mesma coisa. Será que também se aplica ao caso ? Não sei...tenho dúvidas...mas apenas isso...
João e Ludwig
ResponderEliminarA vossa definição de fé é mais que uma questão de palavras, porque justifica a atitude que vocês tomam em relação a esta.
Se eu subscrevesse a vossa definição de fé, eu mesma seria frontalmente contra ela e gritaria aos 4 ventos "eu não tenho fé e atacarei quem venha dizer que a tem". Mas não é o caso. Eu dou malho é em quem me tenta impingir os seus preconceitos e maneiras de pensar. Mesmo porque se aceitasse, rapidamente entraria em disparates muito mais graves que o que caí quando sobre-simplifiquei a questão de ser favorável acreditar em Deus.
O que me parece é que a vossa definição de fé é tendenciosa. Tendenciosa porque se destina a demonstrar que sob qualquer prisma ter fé é pernicioso. Vai contra a mesma lógica e isenção que vos reconheço. Neste caso mata mesmo um pouco a discussão. O que é pena, porque gosto de conversar com vocês: aprendo qualquer coisinha e mantenho-me em forma.
abobrinha:
ResponderEliminarEssa definição de fé, apesar de a ter intuído sozinho, não foi inventada por mim, mas sim pelo teólogo mais influente de todos os tempos (quer dizer, é disputado se ele foi o mais influente ou o segundo mais influente). É aceite por teólogos e filósofos. ( http://dererummundi.blogspot.com/2007/04/o-que-f.html )
Mas, se a abobrinha diz que é possível religião sem esta atitude - e até diz que é o seu caso, o que eu acredito - então esta definição deixaria de ser um problema se parassemos de discutir a "fé" para discutir a "religião" e a "espiritualidade".
Se chamarmos aquilo a que eu chamo "fé" atitude X, vamos todos concordar que é possível religião sem atitude X, é possível crença em deus sem atitude X, não é possível ser racional com atitude X, é possível ser espiritual sem atitude X, é possível conciliar crença religiosa e espírito crítico sem atitude X. Caramba! Fazemos o pleno da concordância. Parece que o que nos separam são mesmo as palavras.
Bom, não só. Discordamos noutros pontos. Por exemplo, eu acho que face ao que se sabe, é mais plausível que não exista Deus. A abobrinha não partilha desta afirmação, mesmo que não afirme o oposto. Tudo bem, mas estas divergências não ficam resolvidas com a questão da definição de "fé". Estivesse "fé" definida como estivesse, continuaríamos a concordar nos pontos que concordamos, e a discordar neste ponto.
João Vasco,
ResponderEliminarEu acho que a definição de Tomás de Aquinas não é adequada. Anda lá perto, mas ele estava a considerar o problema da Verdade, a tal com V maiúsculo, que tem que ser uma certeza. Obtida pela razão ou por fé.
Hoje em dia devemos considerar a verdade como uma aproximação à realidade. Não é sim ou não, mas quanto -- reduzir a margem de erro, por assim dizer. E a fé moderna não faz é incompatível com conhecimento. Não me parece razoável dizer que se alguém obtiver informação que confirma a ressureição de Jesus imediatamente perde a fé nisto.
Parece-me melhor caracterizar a fé por estas duas atitudes: não exigir evidências e considerar a crença em si como algo de valor.
«Não me parece razoável dizer que se alguém obtiver informação que confirma a ressureição de Jesus imediatamente perde a fé nisto.»
ResponderEliminarCito de memória: "Porque me viste acreditaste. Bem aventurados aqueles que sem ver acreditaram".
As nossas definições são realmente semelhantes, mas eu creio que o facto desta ter sido estabelecida pelo mais (ou segundo mais) importante teólogo, e ter sido aceite por grande parte dos teólogos e filósofos da religião, torna-a uma definição mais consensual.
Mesmo que a tua possa ser considerada mais "operacional".
João
ResponderEliminarEm coisas não exactas (aka Ciências Sociais) eu adopto a atitude de resolução de problemas intrumentais: "failing everything else, read the instructions", ou seja, vou essencialmente pelo que para mim faz sentido e não necessariamente pelo que alguém definiu e/ou não ligo às definições. Na definição de um grande filósofo moderno, sou refilona ;-) .
A minha definição é baseada na minha visão pessoal, não na de um teólogo ou outro, ou mesmo do papa. Dou-vos agora lenha para me queimarem: então subscrever uma religião não implica a aceitação de tudo? A religião não é um buffet, onde se come só o que se mete no prato, mas um banquete de casamento onde se come tudo mas tudo mesmo!
Ora bem, comer tudo mesmo engorda (é uma constatação experimental, não uma teórica ou filosófica, infelizmente) e pode fazer mal à saúde. Minha e dos outros. É defensável que eu não seja religiosa. Eu mesmo tenho dúvidas se sou católica ou simplesmente agnóstica.
Eu acredito numa série de dogmas da religião católica. Num número preocupante deles tenho dúvidas, mas a minha opinião é que ainda pertenço ao rebanho. É defensável que não pertença, mas preocupo-me pouco com isso porque o resto do rebalho (a comunidade a que pertenço) me reconhece como um deles e eu reconheço-os igualmente.
Em relação ao pleno, vamos centrar-nos no dogma Deus existe e é o Criador de todas as coisas (sem afirmar nada acerca do "como", porque eu separo a Ciência da fé); o MEU dogma não implica julgamentos de valor em relação ao dogma dos outros, mas só que me permitam a liberdade de acreditar e de falar acerca disso. Acho que fazemos o pleno mesmo. Não acreditas, mas isso é contigo e eu não penso nem mais nem menos de ti por isso: há outros valores a pesar na relação que tenho contigo (no caso, essencialmente refilar).
Agora mais confuso ainda: as evidências experimentais não creio que apontem no sentido da existência ou não de Deus. Não creio que alguma vez seja possível, mesmo porque Deus não está devidamente parametrizado (já o acaso está). Em relação a evidências humanas, de comportamento humano... a crueldade é tanta que é de facto plausível dizer que se viva sem Deus. Mais perturbador seria pensar que Deus castigaria com doenças e sofrimento e morte, porque estes parecem ter uma componente demasiado grande de aleatoriedade. E na volta são só isso mesmo e é essa a nossa natureza.
Há mal absoluto, mas bem absoluto não creio que alguma vez tenha visto (excepto eventualmente de uma pessoa de família que morreu recentemente de uma das formas mais parvas que tenho memória). Ou seja, é mais evidente o demónio que Deus. O que nos leva a outra fé: a fé nos homens, que é semi-suportada por evidências.
Mas isso já é outra conversa e a pregação já está muito longa.
Aboborinha
ResponderEliminar"Em coisas não exactas (aka Ciências Sociais(...)" - Vide um esboço de definição na http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_sociais -
Não faz sentido chamar Ciências Sociais e classificá-las como não exactas! Têm, muitas vezes, a exactidão determinada por cálculo de probabilidades, ou por inferências mais ou menos suportadas por "provas"...
"(...) eu adopto a atitude de resolução de problemas intrumentais: "failing everything else, read the instructions", ou seja, vou essencialmente pelo que para mim faz sentido e não necessariamente pelo que alguém definiu e/ou não ligo às definições."
O famoso sexto sentido das mulheres não existe! Se um dado comportamento não puder ser explicado de modo absoluto em termos genéticos deve-se - podendo incluir parte do anterior - à influência do meio, ou seja a observações e experiências anteriores. O fazer sentido será prever as consequências futuras de modo correcto baseado em experiências/conhecimentos anteriores.
As definições - se não forem obviamente consensuais - são muito úteis quando se discute. Basicamente trata-se de uma língua franca.
Osvaldo
ResponderEliminarTens razão na minha definição de Ciências Sociais. É em parte preconceito (essencialmente por maus praticantes), mas em parte o reconhecer que há variáveis a mais. Parte ainda é a distinção entre as Ciências Exactas e as Sociais, que seria mais correctamente expressa como Ciências Naturais e Sociais.
O meu "fazer sentido" para as Ciências Naturais é ser auto-consistente (ou saber em que não é) e prever comportamentos. Nas Ciências Sociais é ser só consistente com o bom senso e o que observo. Dito isto, eu não observo tudo. É possível fazer previsões em Ciências Sociais (estatísticas em votações, por exemplo), mas eu vejo-as mais como observações e justificações para algo. Mas eu não sou das Ciências Sociais, por isso reconheço as mesmas limitações nessas áreas que vejo em quem é das Ciências Sociais a lidar com conceitos de Ciência que compreende mal.
Eu não considero que tenha sexto sentido: acho que tenho capacidade de observação e de expressão. A minha intuição/ sexto sentido não passa de algo que observei mas não processei. No fundo, a capacidade de expressão não acompanha 100% a capacidade de expressão por vezes. Pelo menos é esta a minha teoria.
Ninguém jamais encontrou um organismo que nunca teve algum tipo de pai...
ResponderEliminarAteismo =......fé.....