sábado, fevereiro 17, 2007

Miscelânea Criacionista.

O argumento criacionista tem duas estratégias. Primeiro atirar um grande número de afirmações sem as fundamentar: o decaimento radioactivo era mais rápido; as mutações só destroem informação; não há fósseis de formas transitórias, e assim por diante. Quem assume que num debate ninguém mente descaradamente fica com a impressão que o criacionismo tem alguma razão.

E é muito mais simples afirmar que refutar. Uma vez numa festa uma criacionista apresentou-me o «facto» de as mulheres terem mais costelas que os homens como evidência da criação de Eva duma costela de Adão. Sentado à espera do jantar não é possível demonstrar a imensidão deste disparate. Por sorte é tão disparatado que só um criacionista incurável o leva a sério, mas nem sempre temos esta sorte.

A outra parte da estratégia é ignorar qualquer refutação e repetir as mesmas afirmações. Idealmente, com copy-paste. Um exemplo neste blog é a ideia que as mutações destroem informação, que já foi aqui tão batida e rebatida que parece massa de padeiro. Mas continua a aparecer na sua forma original, como se estivéssemos a começar agora a conversa. Outra coisa que se assume num debate é o dever de avançar com o argumento em vez de repetir o passo anterior. O criacionismo aproveita-se disto para obrigar o oponente a dar sempre o mesmo passo, enquanto o criacionista fica sentado a descansar. Ctrl C, Ctrl V, Ctrl C, Ctrl V...

Por isso decidi começar aqui uma rubrica dedicada aos cogumelos ressurgentes do argumento criacionista. Sei que não os posso eliminar definitivamente, mas fico já com o fungicida à mão para sempre que for preciso.

6 comentários:

  1. As evidências de decaimento radioactivo estão num livro que ofereci ao Ludwig Krippahl, chamado Thousands... Not Billions, em que se documenta, em linguagem semi-técnica, a investigação levada a cabo por criacionistas (e ainda a decorrer) sobre evidência de decaimento radioactivo acelerado, no âmbito do projecto RATE (Radioisotopes and the Age of the Earth). O trabalho técnico estava até há pouco disponível na Enciclopedia Criacionista on-line, www.crationwiki.org

    Todos podem ter acesso e esse trabalho.

    Pelos vistos, o Ludwig não leu a fundamentação das evidências de decaimento acelerado. Mas uma coisa é não ter lido. Outra coisa, totalmente diferente, é os criacionistas não fundamentarem as suas afirmações.

    A respeito da costela de Adão, também já tive a oportunidade de esclarecer o Ludwig sobre o facto de que as costelas são um excelente local para ir buscar material ósseo e biológico, dada a abundância de irrigação sanguínia na caixa toráxica. Além disso, uma vez salvaguardando o perióstio, a membrana que protege os ossos, as costelas voltam a crescer. Adão recuperou a sua costela e todos têm o mesmo número de costelas.

    É claro que Deus não necessitava de utilizar esse método, mas usou-o certamente porque quis criar toda a humanidade a partir de uma só pessoa para nos ensinar que todos temos o mesmo sangue e todos somos da mesma família.

    Que as mutações destroem informação pode ver-se pela quantidade de doenças e sofrimento que elas causam. As mutações são cumulativas e degenerativas. Raramente são benéficas para um indivíduo e quando o são, raramente são benéficas para uma população.

    Os evolucionistas dizem que as mutações criam informação. No entanto, todos os supostos exemplos de mutações geradoras de informação eliminam, trocam, ou recombinam informação genética pré-existente. Isto, quando não se trata apenas de variações a partir de informação genética pré-existente (v.g. tentilhões dos Galápagos). No seu livro Not By Chance, o biofísico Lee Spetner, iniciamente do MIT, afirma que depois de estudar mutações durante mais de 30 anos, afirma, fundamentando, que nunca encontrou nenhuma mutação que criasse informação genética nova.

    Um dos últimos números da revista “Biological Theory”, o Professor evolucionista Jeffrey H. Schwartz, da Universidade de Pittsburgh, vem afirmar que as mutações graduais nunca poderiam ter sido o mecanismo evolutivo. Para além de não haver qualquer evidência nesse sentido no registo fóssil, facto salientado no artigo, este biólogo molecular afirma que se as nossas moléculas estivessem em constante mutação, a sua sobrevivência estaria ameaçada e surgiriam animais estranhíssimos um pouco por toda a parte. Exactamente o que os criacionistas vêm afirmando. A solução de Schwartz: saltacionismo, a despeito da elevada implausibilidade biológica. Os criacionistas concordam com Jeffrey Scharwtz: o gradualismo é impossível. Mas também concordam com Richard Dawkins: o saltacionismo é impossível. O criacionismo é que verdadeiramente corresponde aos dados reais.

    A despeito de se manter fiel ao evolucionismo, a despeito da falta de evidências, vale a pena citar a conclusão do Professor Schwartz:
    "We cannot prove a whole lot in evolutionary biology, and our findings will always be hypothesis. There is one true evolutionary history of life, and whether we will actually ever know it is not likely. Most importantly, we have to think about questioning underlying assumptions, whether we are dealing with molecules or anything else".

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  2. A Enciclopedia Criacionista on-line é:

    www.creationwiki.org

    Aí poderão encontrar a fundamentação para as afirmações que os criacionistas fazem, em todos os domínios da ciência, desde a astrofísica até a biologia molecular.

    Os criacionistas não querem esconder as suas premissas e as suas conclusões. Pelo contrário, querem obter a máxima divulgação. Não só lá fora, mas também entre nós.

    Neste sentido, devo dizer que até Blogg Que Treta, apesar de tudo, tem tido um papel fundamental na realização do objectivo de levar a mensagem bíblica ao conhecimento de todos.

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  3. Caro Jónatas,

    Eu li o livro, conheço a hipótese, e só por falta de tempo é que não abordei o tema ainda.

    Mas não há quaisquer evidências no livro que demonstrem decaimento radioactivo acelerado. Para além de admitirem que isso teria vaporizado a terra e morto tudo com radiação, apenas afirmam que:

    «The ideas are rather complex and involve nuclear forces, higher dimensions, and string theory»

    o que me parece ficar aquém de evidênmcia. Os átomos de hélio em cristais de zircónio podem ser explicados por hipóteses que não vaporizam a Terra.

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  4. Os criacionistas estão a estudar o problema da aceleração do decaimento radioactivo e não são os únicos.

    Eu enviei-lhe também um artigo recente sobre um físico alemão, Claus Rolf, que se propõe conseguir reduzir drasticamente a meia vida de matéria radioactiva, com claros benefícios ambientais. Ele entende que a velocidade de decaimento radioactivo não tem que ser constante. Na verdade, essa velocidade só tem sido medida desde há cerca de 100 anos.

    Importa não descartar a investigação criacionista. Aqui há uns anos só os criacionistas falavam nos buracos brancos como explicação da expansão do universo e essa ideia tem sido retomada por astrónomos não criacionistas.

    Existe muita coisa neste Universo que desconhecemos.

    Como sabe, os evolucionistas recorrem frequentemente à teoria das cordas, aos multiversos, aos universos paralelos, etc., mesmo sem evidência empírica.

    Uma coisa é certa. Avoluma-se a evidência de decaimento radioactivo acelerado, que pode ter acontecedido nos primeiros dias da semana da criação e durante o dilúvio. Os próprios físicos não criacionistas começam a encarar seriamente essa possibilidade.

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  5. Caro Jónatas,

    Rolf propôs uma forma que ele julga vai acelerar o decaimento radioactivo. Implica arrefecer o material até próximo do zero absoluto (pelo que não se aplica à datação da Terra) e é uma proposta. Até agora não há qualquer indicio que funcione e boas razões para duvidar.

    Concordo que há muita coisa que não sabemos, mas ignorância não é evidência. Nada do que o Jónatas apresenta é evidência para decaimento acelerado.

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  6. Não nos esqueçamos que a datação de fósseis não se baseia em exclusivo no decaimento radiactivo.
    Este é importante para datações rigorosas.
    Mas para datações com erros de centenas de anos, milhares de anos , ou mesmo dezenas de milhares de anos (que no caso da evolução são insignificantes, mas para o criacionismo da Terra recente são fundamentais) podemos usar as evidência geológicas.
    Sabe-se como se formam as camadas sedimentares e o tempo que levam a consolidar e daí pode-se inferir épocas. Será que na sua maioria os dados em termos de idades sedimentares (das camadas onde se encontram os fósseis) tendo em atenção a duração dos processos geológicos colidem com as datações por decaimento radiactivo, ou pelo contrário, confirmam-nos ?

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