quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Ciência, direito, e criacionismo.

O Jónatas Machado (JM) tem contribuído neste blog com a sua perspectiva criacionista, indispensável para compreendermos o conflito entre evolução e criacionismo. Uma das fontes de conflito é a ideia do criacionismo como verdade necessária, em oposição à ciência, que é contingente e provisória. Citando JM:

«Para o ser humano, enquanto ser moral, racional e cultural, o mais importante é construir a sua casa sobre a rocha da Verdade, infalível e definitiva, do que sobre a areia da especulação humana, pseudo-científica, falível e provisória. Jesus disse: os Céus e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar.»

O criacionismo é uma hipótese como qualquer outra, que também depende da se adequar aos factos para ser verdade. Quando os criacionistas o propõem como «a rocha da Verdade, infalível e definitiva» o diálogo acaba, torna-se num monólogo a duas vozes.

Mas num comentário mais recente JM apresenta uma lista do que considera ser factos que levariam a rejeitar o criacionismo a favor de outra teoria (1). Isto é excelente. Assim estamos de acordo que não há uma «Verdade, infalível e definitiva» mas apenas «especulação humana». Sobram outras fontes de conflito, mas já é um passo na direcção certa.

JM considera que seria evidência a favor da evolução algo como erros nas Escrituras ou «inexistência de testemunhos credíveis dos milagres e da ressurreição de Jesus Cristo». Compreendo que para um jurista como JM certos fontes tenham uma autoridade especial. E penso não ser coincidência que o criacionismo moderno tenha sido fundado por um professor de direito, e que tantos dos seus defensores sejam juristas ou teólogos. Mas a autoridade é convencional e arbitrária, pois é o que decidirmos e concordarmos que seja. Como não podemos convencer os átomos ou as estrelas da autoridade de um livro ou autor, o que serve para ditar leis não serve para compreender o universo. A Bíblia e a mitologia Cristã podem ser uma fonte de inspiração para novas hipóteses, mas a sua alegada autoridade é irrelevante. Não se considerar os relatos bíblicos como evidência a favor do criacionismo.

Outro problema é confundir o modelo com o sistema modelado. «A inexistência das leis da conservação da energia» ou «a total inexistência de aparência de design na natureza» são questões dos modelos que geramos. As leis são generalizações do que observamos, e a aparência de design está na nossa interpretação. Mais uma vez, algo que faz sentido em direito, onde o modelo é auto-referente (leis que dizem o que é legal), não faz sentido num modelo que explica algum aspecto da natureza. As evidências para este têm que ser exteriores ao modelo. São as observações e não as leis, teorias, ou pressupostos.

Finalmente, JM exige «capacidade científica para saber exactamente o que se passou no passado distante» ou «completa inexistência de fósseis polistráticos». Isto é razoável para decidir se é culpado ou inocente, se o pedido é deferido ou indeferido. Mas não estamos num tribunal, nem estamos a lidar com «a rocha da Verdade, infalível e definitiva». Estamos a procurar a melhor explicação para o que observamos, e o procedimento correcto é comparar as alternativas. Não é a explicação perfeita. Não é a explicação final, definitiva, ou infalível. Simplesmente a melhor até agora.

O criacionismo já foi a melhor, em tempos idos. Mas foi substituído, e a teoria que o substituiu foi por sua vez remodelada, alterada, aperfeiçoada, e ainda está a sê-lo. A moderna teoria da evolução é muito melhor que qualquer alternativa que surgiu até hoje. Terá certamente melhorias no futuro, mas não parece que volte a ser substituída pelo criacionismo.

1- A lista está neste comentário.

21 comentários:

  1. «Longe de mim coibi-lo de deixar permanentemente este blog as vezes que quiser.»

    eh!eh!eh!

    Fartei-me de rir quando li este texto pela primeira vez, e ainda me vou rindo à medida que ele repetidamente se vai tornando pertinente.

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  2. Caro António,

    Eu não desvalorizo a teoria do Jónatas Machado por ele ser advogado. Penso que deixei bem claro que as teorias não valem pela sua origem, nem mais por virem na bíblia, nem menos por virem de advogados ou de seja quem for.

    O que eu critiquei foi o Jónatas Machado dar mais valor a certas teorias só por virem em livros que o Jónatas considera autoritários. Isto faz sentido em direito, mas não para compreender a natureza.

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  3. Caro António,

    Insulte quem quiser, mas por favor não aqui. O propósito deste espaço não é esse.

    Também é despropositado bajular o autor (esta regra não se aplica às leitoras, só aos leitores do sexo masculino). Por isso sugiro que evite essas coisas do inteligente e assim, seja para insultar seja para elogiar.

    Ao que interessa. Não desvalorizo a bíblia. Mas também não valorizo o que lá vem só porque é a bíblia. É um livro, como muitos outros. Tem ideias boas. Não matar, essa é boa. Tem outras que nem tanto. Apedrejar até à morte as filhas que não são virgens. Essa foi infeliz. Mas é questão de fazer como com qualquer outro livro: avalia-se cada parte pelo que é, aproveita-se o que for bom, deita-se fora o resto.

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  4. Caro António,

    Com isto da internet nunca se sabe, mas eu vou assumir que pelo menos uma destas é verdade:

    a) o António e o João Vasco são adultos.

    ou

    b) se um for menor de idade não é meu filho.

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  5. «Agora o toque final. numa coisa a Bíblia fala verdade: Deus revela-se a pessoas humildes e simples como eu mas não o faz em relação ao Ludwig. Deu-lhe a inteligência mas deixa-o cego. É o preço que tem a pagar.

    Esta minha teoria só tem um ponto fraco: o jovem João Vasco é uma pessoa simples e pouco inteligente mas também não conhece Deus. »

    Então, à excepção do João Vasco, o António parece estar a dizer que as pessoas mais inteligentes tendem a ser descrentes e as mais "simples" tendem a ser crentes. Não obstante alguma evidência experimental a esse respeito, não esperei que o António defendesse esta ideia.

    De resto, não fico muito ofendido por saber que o António me considera isto ou aquilo.
    Mas lá que o comentário do Ludwig foi pertinete, lá isso foi.
    Ainda tenho vontade de me rir:

    «Longe de mim coibi-lo de deixar permanentemente este blog as vezes que quiser.»

    (Eu não sou filho nem familiar do Ludwig, já agora aproveito para esclarecer ;) )

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  6. De resto, o António é tão coerente nos insultos e elogios como nas promessas de abandono do blogue.

    Devo dizer que os inúmeros elogios que me dedicou no passado afectaram-me tanto como os insultos que me dedicou recentemente.

    É a forma do António argumentar. É sempre divertido vê-lo voltar depois de ter prometido dezenas de vezes não voltar a fazê-lo.

    Uma pessoa "de palavra". eh!eh!eh!

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  7. eh!eh! É engraçado constatar que os blogues "crítica da razão moderna" e "razão crítica", tal como o Ludwig bem notou, não permitem comentários. Deve ser porque o António é dado às ironias. E à piedade.

    Deve ser aliás por isso que tantas vezes anuncia o abandono deste espaço - por piedade de nós - e por isso que nunca o faz - afinal era ironia.

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  8. A Bíblia tem resistido a todas as instâncias da crítica. Dizer que se trata de mitos sem fundamentar é puro "flatus vocis". Hoje sabe-se que aqueles autores que primeiramente defenderam o carácter mítico do Génesis, fizeram-no baseado em concepções factualmente erradas e filosoficamente viciadas. Posso demonstrar isso, se for necessário.

    A Bíblia tem demonstrado ser aquilo que é: a Palavra infalível de Deus. A mesma tem atestado a sua plena autoridade. Mesmo os arqueólogos mais cépticos têm reconhecido que quando os seus modelos contrariam a Bíblia é melhor desconfiar, porque a Bíblia tem provado estar correcta centenas de vezes.

    A prova da autoridade da Bíblia (reconhecida por mihões de pessoas ao longo da história em todas as culturas), para além do seu rigor histórico, arqueológico, profético e moral, consiste em que, com base nela, é perfeitamente possível construir um modelo explicativo dos factos biológicos, genéticos, geológicos, paleontológicos, glaciológicos, astronómicos, físicos, astrofísicos, e enfrentar confiantemente toda a comunidade científica, desmascarando as suas premissas fideísticas de base naturalista, uniformitarista e evolucionista.

    É muito mais seguro edificar a ciência sobre as Escrituras, infalíveis, definitivas e irrefutáveis, do que as especulações falíveis, provisórias e refutáveis dos cientistas.

    A Bíblia não é uim livro científico (o que é bom, porque não tem erros nem fica desactualizada), mas contêm os axiomas correctos sobre os quais o conhecimento científico pode ser edificado. Isso é, apesar de tudo, compatível com o desenvolvimento e ajustamento de modelos explicativos.


    Os leitores terão visto que o Ludwig, com toda a sua "sofisticação intelectual" e "conhecimento científico", tem sido incapaz, para além da sua tagarelice interminável, avançar um único argumento que seja a favor da evolução. De resto, posso assegurar aos leitores o seguinte: aquilo que o Ludwig Krippahl não conseguiu, témbem não foi conseguido por Charles Lyell, Charles Darwin, Ernst Mayr, Francis Crick, Stanley Miller, Carl Sagan, Isaac Asimov, Richard Levontin, Richard Dawkins, Stephen Jay Gould, Niles Eldredge, etc., etc.

    E porquê? Porque é simplesmente impossível demonstrar aquilo que nunca aconteceu!

    Além disso, o Ludwig avança com alguns "factos" absolutamente ridículos, como quando diz que o pai do criacionismo moderno foi um jurista. Para já, isso não é verdade. Philip Johnson (se por acaso se referia a ele) é claramente um "late bloomer" em matéria de criacionismo.

    O Ludwig, masnifestando a sua real ignorância do tema, não menciona criacionistas como Henry M. Morris, John C. Withcomb, dos anos sessenta, nem todos os geólogos escrituralistas do século XIX, já para não falar de cientistas criacionistas como Werner von Braum, Maxwell, Pasteur, Newton, Linneaus, Kepler, Galileu, Copérnico, etc.

    Além disso, o Ludwig deveria lembrar-se que Charles Lyell, o pai da moderna geologia uniformitarista (hoje largamente superada pelo neo-catastrofismo) era jurista, o mesmo sucedendo com o astrónomo autodidacta Hubble.

    Por seu lado, Darwin era teólogo, e não biólogo.

    Tanto basta para mostrar que Ludwig Krippahl se especializou em tretas, como de resto o nome do seu blogg não deixa de evidenciar à saciedade.

    Ludwig Krippahl. Convença-se. A probabilidade de a vida surgir por acaso é zero. A partir daí, o que é mais racional? Concluir que ela só pode ter surgido por acaso, ou concluir que foi criada?

    Os criacionistas acham que, com base nessa probabilidade é muito mais racional concluir que a vida não surgiu por acaso e começar a tirar daí todas as consequências. Se a teoria das probabilidades serve para alguma coisa, ela serve para corroborar o criacionismo e desmentir o evolucionismo.

    Se uma probabilidade zero é incapaz de refutar o naturalismo evolucionista, nada será capaz de o fazer.

    A Bíblia afirma que os ateus naturalistas são "deliberadamente ignorantes".


    A Bíblia diz que Deus é o autor Vida. Até agora nem toda a comunidade científica junta foi capaz de apresentar qualquer refutação dessa premissa bíblica fundamental. E mesmo que os cientistas criassem vida em laboratório, isso nunca poderia ser uma evidência de que a vida surgiu por acaso. Ou podia?

    Convençam-se, leitores. A teoria da evolução é um absoluto e incondicional erro científico que deve ser denunciado e repudiado.

    Não existe um único argumento científico que a corrobore de forma conclusiva. Pelo contrário, toda a evidência observável corrobora a doutrina da criação. O escândalo com que os cientistas terão que viver no século XXI é precisamente esse.

    Deus diz na Bíblia: "obrigo os sábios a recuar, e mostro que o seu saber é estupidez". É precisamente isso que está neste momento, por toda a parte, a acontecer com a teoria da evolução.

    Adenda:

    Para um céptico como o Ludwig sobre as potencialidades do DNA como suporte de informação (distinta da própria composição química do DNA), aqui vai mais um artigo recentíssimo.

    Os leitores leiam o artigo e tirem as suas conclusões sobre quem tem defendido a posição científicamente mais correca neste debate.

    Aqui vai:

    DNA might be used to store various data
    http://www.physorg.com/news90780873.html

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  9. Porque é que vale a pena construir a ciência sobre a Bíblia? Porque os factos não falam por si, antes necessitam de ser interpretados.

    Refiro-me, evidentemente, à ciência das origens, já que em matéria de ciência operacional, isto é, daquela que se faz em laboratório, não existe nenhuma querela entre evolucionistas e criacionistas.

    Quando muito, um médico evolucionista seria certamente mais rápido a extrair um órgão de um paciente por estar convencido do seu carácter vestigial da evolução. Diferentemente, um médico criacionista, diferentemente, teria procuraria fazer o possível por tratar esse órgão, por estar convencido da sua natureza e utilidade funcional.


    A verdade é que nenhum ser humano presenciou a criação ou a evolução. Só Deus presenciou a criação.

    Apenas podemos, aqui e agora, ver mutações, variações adaptativas, selecção natural, especiação, mas tudo isso supõe informação genética pré-existente, cuja origem não é explicada. Tanto os evolucionistas como os criacionistas observam essa mesma realidade.

    Mas nem uns nem outros podem observar o surgimento de novas estruturas e funções, ou de espécies mais complexas, a partir das mutações.

    Por outro lado, os fósseis e as rochas não falam, nem trazem consigo a sua própria datação. Não existe um relógio a funcionar desde o início do universo que nos possa aqui e agora indicar a idade do Universo.

    Velocidade da luz e quantidades de isótopos não são o mesmo que tempo. A velocidade da luz pode não ter sido constante (tanto o criacionismo como o modelo inflacionário do Big Bang requerem que ela não tenha sido constante) e a taxa de decaimento dos isótopos radioactivos pode não ter sido constante (hoje existe muita evidência de que não foi constante, aceite mesmo por não criacionistas).


    Os factos, como tenho dito, não falam por si, antes carecem de interpretação. Os registos históricos mais antigos têm cerca de 4500 anos. A partir daí, não temos qualquer informação.

    Só dispomos das nossas observações presentes e das nossas extrapolações para o passado. Mas não temos nenhum conhecimento directo desse passado. Na verdade, os cientistas não podem dizer que sabem que a Terra tem 4,5 biliões de anos. Ninguém estava lá para ver.

    Ora, se a Bíblia é a Palavra de Deus (como consistentemente afirma e como se tem podido confirmar), então é mais seguro interpretar os factos a partir do relato da única testemunha ocular da criação: o próprio Criador.

    Se o Criador nos diz que a Terra foi criada há cerca de 6000 ou 7000 anos, então é porque o Universo não é mais antigo do que isso (apesar do facto da dilação gravitacional do tempo ser compatível com uma velocidade diferenciada do passar do tempo em diferentes partes do Universo; na verdade, também o tempo parece não ser constante).

    E a verdade, é que as civilizações mais antigas têm cerca de 4500 anos, antiguidade perfeitamente compatível com a cronologia bíblica, mas que o evolucionismo não têm capacidade para explicar. Essas civilizações apresentam-se imediatamente complexas, do ponto de vista linguístico, matemático, arquitectónico, astronómico, jurídico, etc., desmentindo os modelos evolucionistas. Mesmo as cronologias egípcias têm ultimamente sido revistas em baixa, mais de acordo com o relato bíblico.

    Se a Idade da Pedra teve 500 000 (alguns dizem que durou 100 000 anos outros 1 milhão de anos) onde estão os biliões de cadáveres que certamente teriam sido sepultados durante esse tempo (ou os utensílios correspondentes)? Como dizem os americanos, "where is everybody?"

    Por outro lado, um dilúvio global constitui uma causa adequada para o carácter súbito e catastrófico de eventos (v.g. fossilização; petrificação; carbonização; sedimentação; deriva dos continentes; elevação das montanhas; Idade do Gelo)que, de acordo com premissas uniformitaristas, levariam milhões de anos a ocorrer. Por outro lado, o dilúvio global, alteraria drasticamente o ratio entre C-12 e C-14, tornando inviável a utilização do método de radiocarbono como índice fidedigno de datação.

    Mais de 250 culturas antigas têm relatos de um dilúvio global, o que é perfeitamente compatível com a ocorrência de um, seguido de dispersão dos povos.

    Assim, convido mesmo os mais cépticos a estudarem a Bíblia e a conhecerem o modelo criacionista bíblico para a partir daí, o usarem consistentemente durante algum tempo, quanto mais não seja como uma "thought experiment", não como um mero ponto de vista, mas como um ponto de apoio crítico sólido para criticarem a teoria da evolução.

    Começem a questionar as "provas" da evolução a partir da Bíblia e assistam ao modo como uma a uma elas vão caindo como um efeito dominó. E depois tirem as vossas próprias conclusões sobre se a Bíblia é, ou não, a Palavra de Deus.

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  10. Querido mano,
    que tenhas açambarcado a inteligência na família, ainda vá que não vá. Mas teres ficado também com a paciência toda, essa roça a injustiça (divina, diabólica, ou meramente casual?)
    Keep up the good work!
    Cristy

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  11. Eu posso voltar ao tema, por email.

    Só umas quantas ideias, para outros leitores.

    O problema de Carreira das Neves e Armindo Vaz, é que aceitam pressupostos racionalistas, naturalistas e evolucionistas de interpretação da Bíblia, fruto do ambiente intelectual da Alemanha no século XIX e primeira metade do século XX.

    A sua teologia é baseada em homens como Welhausen, Graaf, Bultmann, Bart, etc., que procuravam explicar a Bíblia em termos racionalistas e naturalistas, negando todo o sobrenatural e, evidentemente, desde o Génesis, até ao Apocalipse.

    Por seu lado, essa teologia constroi sobre a premissa (falsa) de que a ciência havia demonstrado a evolução. Assim, havia que reinterpretar o Génesis à luz das "descobertas" da ciência. Isto, apesar de Moisés, os Profetas, Jesus, e os Apóstolos, afirmarem consistentemente a historicidade do Génesis, e de o Génesis ter uma estrutura literal e gramatical que todos os judeus sempre interpretaram como histórica (v.g. o históriador Flávio Josefo).

    Muitos dos teólogos alemães estavam de boa fé. Sentiam-se esmagados com as "provas" da evolução e tentavam harmonizar o Génesis com essas "provas" colocando lá o que o livro não diz. Eles tinham de reinterpretar poetica e alegoricamente um texto que tem um estilo gramatical e literal isento de poesia (v.g. o relato do Génesis não usa qualquer paralelismo típico da poesia judaica).

    Uma redução naturalista e racionalista do relato Bíblico, além de ser incompatível com o próprio texto, nega a própria ressurreição de Cristo (verdade fundacional do cristianismo). A verdade fundamental da Bíblia pretende a afirmação da existência de um Deus sobrenatural. Tentar ler naturalisticamente a Bíblia é passar ao lado da sua verdade fundamental.

    Subjacente ao pensamento de Welhausen, estava, entre outras coisas, as ideias (falsas) de que que no tempo de Moisés não havia escrita (hoje sabe-se que a escrita já existia na Suméria babilónica), e de que a história humana é um processo de evolução com a fase do mito, da religião, do ceticismo, do criticismo e do cientismo).

    Hoje sabe-se que as culturas antigas tinham tecnologias e conhecimentos de grande complexidade e que as suas línguas eram estrutural e gramaticalmente mais complexas do que as línguas modernas.

    Por outro lado, mesmo hoje ainda há pessoas a viver exactamente como se vivia há milhares de anos (v.g. tribos de aborígenes, índios).

    O entendimento de Carreira das Neves, para além de não ter qualquer suporte fáctico e hermenêutico, é um péssimo serviço ao Cristianismo. Um ateu dificilmente faria melhor.



    Eles negam aquilo que a Bíblia consistentemente afirma: que é sobrenaturalmente inspirada.

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  12. Sova intelectual? Deixa-me rir, esta história não é tua... Desculpem, esta é outra "cantiga"!

    Ludwig, não te esqueças:

    - Temos que acreditar na Bíblia porque é a palavra de Deus. Como é que sabemos? Porque a Bíblia diz que sim!

    - A Bíblia é um poço de moralidade. Todos aqueles sacrifícios, infanticídios e vinganças mesquinhas servem apenas para dar sal à acção.

    - O problema da ciência é saber reconhecer os seus erros! Se não os reconhecesse teria muito mais credibilidade

    Enfim...

    Só me vem à ideia a palavra palas... Palas! Metem-se ao lado dos olhos de quem?

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  13. "A Bíblia tem demonstrado ser aquilo que é: a Palavra infalível de Deus". E, mais à frente, "É muito mais seguro edificar a ciência sobre as Escrituras, infalíveis, definitivas e irrefutáveis...".

    Deus meu, isto parece-me bem mais sério do que a famosa observação homofóbica da Dr. Laura Schlessinger, que originou a carta de resposta que circula na net, e que pode ser consultada no endereço que indico abaixo. Vale a pena perder lá um minuto, para meditarmos bem na "infalibilidade intemporal" da Bíblia.

    http://users.adelphia.net/~jimswanson/DrLaura.htm

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  14. Piedade e ironia.

    Por piedade o António lá permitiu comentários num dos blogues, por ironia não tem nenhum.

    Por piedade lá anuncia que vai abandonar este espaço, por ironia não o faz.


    Quanto ao combustível, a fusão está a caminho. Veja mais http://www.iter.org/.


    (O Jónatas está de facto a dar uma "sova intelectual", sim. Agora que já não se limita a contradizer a teoria da selecção natural, mas passou também a contradizer a mecânica quântica e toda a história cosmológica, geológica e arqueológica negando mais de poucos milhares de anos ao Universo, pode perfeitamente falar em "comprovação experimental" das suas teorias sem se rir à gargalhada. Basta que um leitor seja tão ignorante como ele, e não entenda o ridículo daquilo que está a dizer, e até pode ser que entenda que tem está a levar uma sova é o Ludwig...)

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  15. Mais ironias, menos piedade.

    Onde está a fé do António?

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  16. Sou 100% a favor que não entre pelo mesmo caminho.

    E apesar das mil promessas não cumpridas de deixar este espaço, e outras semelhanças, há muita coisa que ainda não fez. Concordo consigo, o Ludwig não merece.

    Se não o fizer, todos agradecemos :)


    Cumprimentos pacíficos

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  17. vejo toda a gente a ridicularizar os comentários do jónatas machado, mas ninguém a contra-argumentar. Peguem em cada uma das suas afirmações, e refutem uma por uma. Ou somos tão cientistas e abertos ao conhecimento, mas das coisas em que acreditamos? Isso chama-se fé, meus amigos

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  18. Notas rápidas:

    Não há indicios para que as taxas de decaímento radioactivo tenham sido alteradas ao longo do tempo. O excesso de Ar e a existência de He em cristais têm origens sobejamente conhecidas.
    Não há água suficiente no mundo para cobrir a terra até á altura do topo do monte ararat.
    O mito do dilúvio teve muito provavelmente origem nas inundações causadas pelo aumento do nivel do mar e rebentamento de ice damns no final da ultima idade do gelo.
    O principio estratigrafico da uniformidade não é interpretado por nenhum geologo da mesma maneira como o jonatas o interpreta e não é incompatível com a existência de catastrofes.
    Nem tudo o que morre fossiliza. As condições necessárias á fossilização são deveras expecíficas e raras.
    Como o raio é que o diluvio explica a deriva dos continentes? Esta é de morte.

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  19. Caro Anónimo,

    É muitissimo mais fácil fazer afirmações infundadas que refutá-las com fundamento. É disso que os criacionistas se aproveitam. Por exemplo, é trivial dizer «o decaimento radioactivo variou». É muito dificil explicar o suficiente de física quântica para que se perceba como esta afirmação é absurda.

    Eu tenciono refutar estas coisas ponto por ponto, mas temo que vá demorar o resto da minha vida...

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  20. https://www2.blogger.com/comment.g?blogID=29251019&postID=7395999116808932136

    último comentário.


    Realmente eu gastei o meu latim a denunciar os erros de quem acredita que o Universo tem cerca de 7000 anos, mas parece-me uma atitude mais aberta, por muito que alguns a considerem ridícula.
    Quanto ao anónimo, está demonstravelmente enganado.

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  21. "mas não parece que volte a ser substituída pelo criacionismo."

    podes crer que não... a bíblia assim o diz

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