domingo, dezembro 31, 2006

O Mapa e o Território

Um mapa é um bom exemplo de um modelo que não se confunde com a realidade. Sabemos que a estrada verdadeira não é um traço encarnado. Um círculo preto representa uma vila, não é a vila que simboliza o círculo preto. Acima de tudo percebemos que o mapa que serve para representar as coisas e não é a paisagem que serve para pôr no mapa.

Noutros casos há mais confusão. Na astrologia, por exemplo, Júpiter simboliza o pai e é o “significador” dos filhos, da educação, da fama. Mas Júpiter é Júpiter. O que simboliza e significa são símbolos, como as palavras com que criamos o modelo. Os astrólogos baralham-se; olham para a paisagem e julgam que simboliza o mapa, quando é o contrário. Os criacionistas também gostam deste tipo de confusão. A metáfora do ADN como linguagem, com letras e palavras, confunde a molécula com os símbolos que usamos para a representar. Mas é o modelo que representa a realidade, e não a realidade que simboliza o modelo.

Mesmo na tradição Cristã menos fundamentalista há uma confusão semelhante. No início era o Verbo, ou seja, o modelo, e a realidade foi criada a partir deste. Colocar o modelo antes da realidade cria dificuldades desnecessárias. Primeiro, exige duas realidades diferentes: uma realidade que observamos, a criação, e outra que não podemos compreender nem observar, o criador. Mas postular algo que nem se observa nem se compreende é pura perda de tempo.

Dá também a ideia que o universo é governado por leis, quando as leis da natureza são descrições e não regras a cumprir. Na verdade, muitas descrevem a ausência de regras. A energia é conservada no tempo porque nenhuma regra especifica um momento especial para contar o tempo (simetria de translação no tempo). A entropia aumenta porque nenhuma regra distingue estados que tenham a mesma energia (são igualmente prováveis). A mecânica quântica descreve muitos fenómenos que não têm uma causa, que simplesmente acontecem com uma certa probabilidade.

Esta confusão do modelo com a realidade leva também a ver o universo como instrumental, como parte de um plano e para um propósito, tal como um cenário ou um mapa. Mas não há razão para crer isso. Os modelos e os mapas servem para compreendermos e representarmos coisas. Os modelos são concebidos com (mais ou menos) inteligência, e para um propósito. Mas o mapa não é o território, e não se pode inferir propósito e concepção inteligente naquilo que modelamos apenas por ser o modelo assim concebido.

4 comentários:

  1. Ludwig,

    «No início era o Verbo, ou seja, o modelo, e a realidade foi criada a partir deste»

    Esta sua visão do conceito de Verbo não está correcta. O Verbo não é um qualquer "modelo" abstracto. Na verdade, a teologia cristã, sobretudo em áreas cosmogónicas (genesíacas) está muito mais próxima de cosmogonias orientais do que da ideia tipicamente ocidental e moderna de "modelo" vs. "realidade".
    O Verbo é o princípio de tudo o que existe. Algo que se poderia, num certo sentido (noutros sentidos, o Verbo é bem diferente de outros conceitos), equiparar ao hindu Brahmá, que é Brahma enquanto gerador da Manifestação.

    No cristianismo, o Verbo é idêntico a Jesus Cristo, simultaneamente homem e Deus. Ele mesmo disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Por isso, Ludwig, logo se vê que o próprio Jesus utiliza palavras que inviabilizam a sua visão "modelista" do conceito de Verbo.

    Jesus Cristo é, em ultima análise, a suprema "realidade". A nossa realidade de criaturas finitas é uma realidade dependente. Repare que a própria palavra "existir" pressupõe uma realidade dependente de algo que a transcente.

    Como criaturas, existimos "sobre" Jesus Cristo (n'Ele suportados) e graças a Jesus Cristo (que nos criou).

    Note que a distinção entre Verbo e Deus-Pai é pessoal e não essencial.
    Deus-Pai e o Verbo são Um Só.
    Juntamente com o Espírito Santo, são três pessoas num só Deus.

    O conceito de Trindade é um dos mais mal compreendidos conceitos, não só pelos católicos (isso sucede em larga escala), mas também pelos não católicos.

    Porquê a palavra Verbo?
    Isso entende-se de uma forma simples, porque a palavra remete-nos para uma linguagem simbólica que ajuda a compreender o conceito.

    O "verbo", ou "palavra", é a expressão oral de um pensamento.
    O pensamento precede a palavra. É este o ponto que nos ajuda a compreender a relação de "paternidade" entre Deus-Pai e o Verbo.
    Deus-Pai é Deus, enquanto "morada" do Intelecto divino. Deus-Filho (o Verbo), é Deus, enquanto expressão desse Intelecto.
    O Universo é criado quando a "ideia" dele, eterna e imutável, é manifestada, tal e qual como quando uma palavra pensada é proferida.
    É por isso que Deus-Filho é aquele "por quem todas as coisas foram feitas".
    O Espírito Santo completa a tríade de pessoas. Este é Deus, enquanto "presença" de Deus na Criação. A Criação, estando ontologicamente "sustendada" em Deus-Filho (criada por Ele), porque "pensada" por Deus-Pai, não pode existir sem nenhum tipo de "presença" divina. O Espírito Santo cumpre essa função natural, que completa as anteriores.
    Falamos de um mesmo Deus, com três características diferentes, interdependentes, e complementares. É como se fosse um Deus com "três faces". Os ignorantes chamam a isto "politeísmo", do mesmo modo que não compreendem que o panteão hindu está sedeado em Brahma, o Supremo Infinito, que é a raíz de onde se derivam todas as imagens refractadas da divindade. O povo hindú venera estas imagens refractadas como "deuses diferentes", mas pergunte-se ao brâmane quem é o Supremo Infinito, e veja-se a resposta dada.
    Não quero fazer comparações abusivas.
    Apenas para lhe mostrar, Ludwig, que o conceito de Verbo é muito antigo, é um conceito verdadeiramente "Universal", e não pode ser assemelhado de forma alguma a um qualquer "modelo" científico.
    O pensar tradicional, independentemente da cultura na qual estejamos inseridos, é totalmente "alérgico" a esta forma muito moderna e limitada de procurar conceptualizar o mundo através de "modelos".
    O conceito de "modelo", conforme o Ludwig o usa (e bem, na nossa cultura moderna científica), é algo de totalmente estranho, tanto à verdadeira teologia, como a qualquer doutrina digna desse nome, seja ela islâmica, judaica, budista, hindú, taoísta, ou outra...

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  2. Na verdade,,,,fALANDO DE paradoxa in mapas conceptuais e linguísticos

    muitas descrevem a ausência de regras. A energia é conservada no tempo porque nenhuma regra especifica um momento especial para contar o tempo (simetria de translação no tempo). A entropia aumenta porque nenhuma regra distingue estados que tenham a mesma energia (são igualmente prováveis). A mecânica quântica descreve muitos fenómenos que não têm uma causa, que simplesmente acontecem com uma certa probabilidade.

    Esta confusão do modelo com a realidade leva também a ver o universo como instrumental, como parte de um plano e para um propósito, tal como um cenário ou um mapa. Mas não há razão para crer isso. Os modelos e os mapas servem para compreendermos e representarmos coisas. Os modelos são concebidos com (mais ou menos) inteligência, e para um propósito. Mas o mapa não é o território,


    Deus, enquanto expressão desse Intelecto.
    O Universo é criado quando a "ideia" dele, eterna e imutável, é manifestada, tal e qual como quando uma palavra pensada é proferida.
    É por isso que Deus-Filho é aquele "por quem todas as coisas foram feitas".
    O Espírito Santo completa a tríade de pessoas. Este é Deus, enquanto "presença" de Deus na Criação. A Criação, estando ontologicamente "sustendada" em Deus-Filho (criada por Ele), porque "pensada" por Deus-Pai, não pode existir sem nenhum tipo de "presença" divina. O Espírito Santo cumpre essa função natural, que completa as anteriores.
    Falamos de um mesmo Deus, com três características diferentes, interdependentes, e complementares. É como se fosse um Deus com "três faces". Os ignorantes chamam a isto "politeísmo", do mesmo modo que não compreendem que o panteão hindu está sedeado em Brahma, o Supremo Infinito, que é a raíz de onde se derivam todas as imagens refractadas da divindade. O povo hindú venera estas imagens refractadas como "deuses diferentes", mas pergunte-se ao brâmane quem é o Supremo Infinito, e veja-se a resposta dada.
    Não quero fazer comparações abusivas.
    Apenas para lhe mostrar, Ludwig van von....Beetlejuice hum não me tinha apercebido do L III todos querem mostrar, o quê...necessidade da afirmação do eu???
    territorialidade

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  3. Na verdade,,,,fALANDO DE paradoxa in mapas conceptuais e linguísticos

    muitas descrevem a ausência de regras. A energia é conservada no tempo porque nenhuma regra especifica um momento especial para contar o tempo (simetria de translação no tempo). A entropia aumenta porque nenhuma regra distingue estados que tenham a mesma energia (são igualmente prováveis). A mecânica quântica descreve muitos fenómenos que não têm uma causa, que simplesmente acontecem com uma certa probabilidade.

    Esta confusão do modelo com a realidade leva também a ver o universo como instrumental, como parte de um plano e para um propósito, tal como um cenário ou um mapa. Mas não há razão para crer isso. Os modelos e os mapas servem para compreendermos e representarmos coisas. Os modelos são concebidos com (mais ou menos) inteligência, e para um propósito. Mas o mapa não é o território,


    Deus, enquanto expressão desse Intelecto.
    O Universo é criado quando a "ideia" dele, eterna e imutável, é manifestada, tal e qual como quando uma palavra pensada é proferida.
    É por isso que Deus-Filho é aquele "por quem todas as coisas foram feitas".
    O Espírito Santo completa a tríade de pessoas. Este é Deus, enquanto "presença" de Deus na Criação. A Criação, estando ontologicamente "sustendada" em Deus-Filho (criada por Ele), porque "pensada" por Deus-Pai, não pode existir sem nenhum tipo de "presença" divina. O Espírito Santo cumpre essa função natural, que completa as anteriores.
    Falamos de um mesmo Deus, com três características diferentes, interdependentes, e complementares. É como se fosse um Deus com "três faces". Os ignorantes chamam a isto "politeísmo", do mesmo modo que não compreendem que o panteão hindu está sedeado em Brahma, o Supremo Infinito, que é a raíz de onde se derivam todas as imagens refractadas da divindade. O povo hindú venera estas imagens refractadas como "deuses diferentes", mas pergunte-se ao brâmane quem é o Supremo Infinito, e veja-se a resposta dada.
    Não quero fazer comparações abusivas.
    Apenas para lhe mostrar, Ludwig van von....Beetlejuice hum não me tinha apercebido do L III todos querem mostrar, o quê...necessidade da afirmação do eu???
    territorialidade

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  4. duplicação sorry
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