Experiência religiosa.
Esta conversa com o Alfredo Dinis começou um pouco escondida nos comentários do Companhia dos Filósofos mas penso que merece mais atenção (1). Resumindo o mais importante, o Alfredo propôs que «A sensação de que Deus existe e me permite ter uma relação pessoal muito profunda com ele» indica que essa relação é real e que esse deus existe de facto. Além disso, esta sua «experiência religiosa [...] tem sido uma fonte de contínua serenidade, amadurecimento humano, felicidade pessoal na abertura constante aos outros.» O Alfredo admite que isto «não é de facto uma prova objectiva de que Deus existe» mas, subjectivamente, parece justificar a enorme confiança na existência desse ser mesmo sem qualquer prova objectiva.
Um problema nisto é assumir implicitamente que os ateus não sentem algo análogo. É como se o ateu fosse cego e simplesmente não se apercebesse que esse deus existe. Mas esta premissa é falsa. Se vemos alguém convencido que fala com os mortos ou que vê o futuro nos búzios, mesmo que nos pareça ser uma crença honesta e genuína não ficamos com a sensação de sermos nós os cegos. Pelo contrário. A sensação – forte – é que estamos a ver nitidamente que aquilo é um disparate*. Tal como a sensação de um deus motivou o Alfredo ao sacerdócio, também eu fui motivado a dedicar-me ao ensino, à investigação e a discussões como estas pela forte sensação de que muitas pessoas se perdem na ignorância, ou se gastam em crenças sem sentido, e que tudo é mais claro se não toldarmos a realidade com fantasias.
Concordo com o Alfredo que estas sensações não são evidência objectiva para qualquer das nossas posições, nem a dele nem a minha. E, mais que isso, não indicam qualquer diferença fundamental entre nós. A minha experiência pessoal não é a mera ausência daquilo que o Alfredo sente. Eu sinto mesmo que não existem deuses, uma sensação tão forte e tão clara como a sensação de que não há elefantes na minha dispensa. Não há razão para assumir que a minha sensação vale menos ou é mais fraca que a do Alfredo. Por isso proponho que nisto estamos empatados, com sensações fortes em sentidos opostos.
Mas a sensação do Alfredo fica muito aquém de suportar, mesmo subjectivamente, aquilo que o Alfredo defende. Chamar-lhe “experiência religiosa” é um exagero. Que é uma experiência de algo que o Alfredo julga divino não duvido. Nem duvido que seja uma parte importante da sua vida, nem que lhe dê uma confiança genuína que um deus existe. Mas uma religião é muito mais que isso. Não é credível que todos os detalhes do dogma e ritual católico tenham chegado ao Alfredo numa sensação. Certamente não acordou um dia a sentir que Pedro guia Ratzinger em matérias de dogma, que a água só fica benta e a hóstia se transubstancia com aqueles rituais e mais nenhuns, que as mulheres não podem ser sacerdotes e assim por diante. A sensação de que um deus existe, por muito profunda que seja, não dá sequer para determinar que deus é. Tanto pode ser Jeová, Júpiter, Allah ou Ahura Mazda. A experiência pessoal do Alfredo pode justificar subjectivamente a sua fé mas nem subjectivamente consegue justificar a sua religião. Precisava de muitos detalhes que algo desta natureza não pode dar.
Em contraste, a minha sensação de não haver deuses chega bem para justificar subjectivamente o meu ateísmo. É um passo trivial. Se não há deuses não rezo, não vou à missa, não acredito em nascimentos virgens ou hóstias transubstanciadas e não vejo razão para impedir mulheres de celebrar a eucaristia se elas quiserem perder tempo com isso.
Além disso, tenho uma boa razão objectiva a meu favor. A minha hipótese – não há deuses – é simples, clara, e dá imediatamente uma previsão testável. Se eu tiver razão nunca vamos encontrar deuses. Não preciso inventar desculpas, assumir hipóteses auxiliares acerca de deuses que se pode sentir pela fé mas que não se pode ver ou sequer cheirar sem esta, ou deuses que fazem milagres, abençoam e concedem graças mas nunca de forma que se possa concluir que existem mesmo. Eu tenho uma hipótese simples e totalmente de acordo com os dados de que dispomos. O Alfredo tem um emaranhado de hipóteses, interpretações, premissas ad hoc e conjecturas sem suporte que, depois de muitas voltas, acabam por trazê-lo exactamente à mesma constatação que suporta a minha:
«Como já disse noutras ocasiões, não creio que haja uma prova objectiva de que Deus existe.»
De acordo. Mas não será esta precisamente a justificação objectiva do ateísmo?
* Quem acreditar que fala com os mortos ou que se pode ver o futuro nos búzios escolha outra coisa. Uma vantagem de haver tantas tretas é ser muito difícil acreditar em todas.**
** Se for uma dessas pessoas que consegue acreditar em todas as tretas, para perceber o argumento imagine alguém convicto que os astronautas foram à Lua ou que as Torres Gémeas caíram por causa de um ataque terrorista...
1- no post Falta de tempo para rezar?.
Caro Ludwig,
ResponderEliminarÉ sempre interessante poder dialogar sobre a questão religiosa com quem como tu mantém o diálogo num nível de busca de clarificação.
Afirmas:
“A minha hipótese – não há deuses – é simples, clara, e dá imediatamente uma previsão testável. Se eu tiver razão nunca vamos encontrar deuses.”
Creio que por este critério, a minha hipótese é tão testável como a tua. Segundo a minha crença religiosa o encontro com Deus que ditará o resultado do teste verificar-se-á após a morte. Só nessa altura saberemos qual das hipóteses é definitivamente verdadeira. Aliás, se a hipótese da existência de Deus for verificada, ela terá sido realmente testada. Se Deus não existir, a tua hipótese não terá ninguém para a verificar!
Afirmas:
“Eu tenho uma hipótese simples e totalmente de acordo com os dados de que dispomos.”
A simplicidade não é sempre uma virtude. Se os detectives preferissem pensar que todas as pessoas que aparecem mortas morreram por acidente ou causas naturais, teriam aqui uma hipótese mais simples do que supor que algumas poderão ter sido assassinadas por processos muito complexos. Mas neste caso, a simplicidade não seria uma virtude.
“De acordo com os dados de que dispomos”. Os dados são sempre objecto de selecção e interpretação. O positivismo crê que os dados falam por si. Mas hoje isso não é credível.
Afirmas:
“O Alfredo tem um emaranhado de hipóteses, interpretações, premissas ad hoc e conjecturas sem fundamento”
A nossa cultura, particularmente a cultura científica, está cheia de hipóteses, interpretações, premissas ad hoc e conjecturas. A questão do fundamento tem feito correr muita tinta. Descartes tem sido acusado precisamente de ter feito do projecto epistemológico do Ocidente uma busca dos fundamentos absolutos e indubitáveis do conhecimento, um projecto impossível. Que as minhas interpretações não têm fundamento, é uma interpretação tua.
Quando digo que não há uma prova objectiva da existência de Deus refiro-me às provas de tipo científico ou filosófico. Se existissem tais provas, haveria muito mais crentes. Mas eu não reduzo a objectividade à sua dimensão científica ou filosófica, como tenho afirmado noutras ocasiões. A experiência religiosa e a crença na existência de Deus assentam numa objectividade que não é científica nem filosófica mas que também não está em contradição lógica nem com a filosofia nem com a ciência. Como também já tenho dito noutras ocasiões, a beleza de certas obras de arte não é uma mera questão arbitrária e subjectiva. Há objectividade nos juízos sobre arte, mas esta objectividade nada tem a ver com a ciência. Nem as pessoas que não baseiam na ciência as suas hipóteses e interpretações quotidianas vivem necessariamente num mundo de ilusões e auto-engano.
Nem só de hipóteses e conjecturas cientificamente testáveis vivem os seres humanos.
Um abraço,
Alfredo Dinis
Alfredo,
ResponderEliminar«Creio que por este critério, a minha hipótese é tão testável como a tua. Segundo a minha crença religiosa o encontro com Deus que ditará o resultado do teste verificar-se-á após a morte.»
Sim. Depois da morte há um teste para ambas as nossas hipóteses. Aí teremos uma experiência científica crucial, daquelas cujo resultado tem necessariamente de confirmar uma e refutar a outra.
O que demonstra, já agora, que as hipóteses em causa são testáveis pelos mesmos processos que qualquer hipótese científica.
Mas, entretanto, enquanto não temos dados acerca do que se passa além da morte, os resultados suportam firmemente a minha hipótese e não a tua. Por isso o razoável é fazer o que fazemos com todas as outras hipóteses nessa situação: aceitar aquela que está mais de acordo com os dados até que surjam dados que justifiquem mudar de ideias.
Se vir o teu deus quando morrer não hesitarei em admitir que me enganei. Mas até lá não é sensato contar com isso.
«A simplicidade não é sempre uma virtude. Se os detectives preferissem pensar que todas as pessoas que aparecem mortas morreram por acidente ou causas naturais, teriam aqui uma hipótese mais simples do que supor que algumas poderão ter sido assassinadas por processos muito complexos. Mas neste caso, a simplicidade não seria uma virtude.»
Depende. Se está morto com uma faca espetada nas costas será mais simples a hipótese que morreu da facada que a hipótese de ter morrido de ataque cardíaco e depois lhe terem espetado uma faca nas costas.
Seja como for, a simplicidade só deixa de ser uma virtude quando deixa algum dado de fora por explicar ou há informação contraditória.
Outro aspecto é que a simplicidade é medida pelas conjecturas feitas sem confirmação independente. No caso de assumir que a faca matou a vítima a hipótese é confirmada pela observação da faca e pela constatação que facas espetadas nas costas são muitas vezes causa de morte. Assim não temos uma hipótese adicional solta como premissa mas sim uma boa explicação para os dados observados.
Isto contrasta com a hipótese que, num acidente de autocarro, o deus milagreiro que salvou um dos passageiros deixou os outros 40 morrer por razões misteriosas e sem que se tivesse observado vestígios conclusivos de milagres. Isso sim é complicar injustificadamente a explicação (sei que não defendes este tipo de milagre, mas, por exemplo, a hipótese de que os milagres na bíblia vieram da imaginação de quem inventou a história é muito mais simples que assumir que Jesus andava mesmo na água, mandava demónios para os porcos e multiplicava sandes de sardinha).
«Quando digo que não há uma prova objectiva da existência de Deus refiro-me às provas de tipo científico ou filosófico. Se existissem tais provas, haveria muito mais crentes. Mas eu não reduzo a objectividade à sua dimensão científica ou filosófica»
Então há provas objectivas da existência do teu deus? Quais são?
Já agora, Alfredo, aproveito para chamar a atenção para este ponto: o que eu defendo é que não há deuses. Mas o que tu defendes não é apenas que há deuses. É que há esse deus, que encarnou em Jesus, que nasceu de uma virgem, que morreu na sexta e ressuscitou no domingo, que o seu corpo desapareceu da Terra e foi para o céu, que deixou representantes cá entre nós, que o chefe desses é o Joseph Ratzinger, que é infalível em certas coisas, etc, etc...
ResponderEliminarÉ para isso tudo que tens de mostrar evidências. Insistir apenas na existência de um deus, nem sequer mencionando como pretendes demonstrar que é o deus certo, é manifestamente insuficiente.
Caro Ludwig,
ResponderEliminarAfirmas: “os resultados suportam firmemente a minha hipótese e não a tua.”
Quais resultados?
Perguntas: “Então há provas objectivas da existência do teu deus? Quais são?”
Dado que para ti a objectividade se mede pela testabilidade das hipóteses de acordo com a metodologia científica, e dado que não é a esta objectividade a que me refiro, não creio que valha a pena entrar no assunto. Aliás, já me referi por diversas vezes às razões objectivas da minha fé, mas elas não têm sido consideradas por ti validamente objectivas. Não creio que valha a pena pois repetir a argumentação.
Saudações,
Alfredo
«Quais resultados?»
ResponderEliminarMilhares de anos de religião e nem um único vestígio concreto e claro para a existência de um desses deus.
Contrasta isto, por exemplo, com a teoria da relatividade -- dez anos depois de Einstein propor uma teoria revolucionária já se tinha provas concretas do desvio previsto da posição aparente das estrelas durante o eclipse. Sem esse tipo de evidências, que se foram acumulando rapidamente, a teoria da relatividade estava hoje no caixote ao lado do criacionismo...
«Dado que para ti a objectividade se mede pela testabilidade das hipóteses de acordo com a metodologia científica, e dado que não é a esta objectividade a que me refiro, não creio que valha a pena entrar no assunto.»
Não. Para mim objectividade refere-se a uma discussão dos atributos dos objectos e de evidências que indiquem atributos dos objectos. Se tu afirmares que há protões com carga negativa a 20 mil milhões de anos luz daqui, afirmas algo que não pode ser testado cientificamente (o universo só tem 13 mil milhões de anos, e não podemos observar nada a 20 mil milhões de anos luz), mas a tua afirmação é objectiva porque é acerca de atributos de objectos.
Outra questão é que enquanto as hipóteses podem ser ou não ser testáveis, não faz sentido falar de evidências que não sejam testáveis. Evidências são aquilo que concordamos lá estar e que usamos para testar as hipóteses.
Por isso reitero o pedido. Se há evidências objectivas para a existência do teu deus, independentemente da testabilidade de algumas hipóteses que defendes, haverá objectos com propriedades tais que eu possa constatar e que suportem a hipótese que deus existe. É isso que gostava de saber.
Caro Ludwig,
ResponderEliminar“Milhares de anos de religião e nem um único vestígio concreto e claro para a existência de um desses deuses.”
Não sei o que consideras um ‘vestígio concreto e claro’. Já em outras ocasiões afirmei que a história do cristianismo é para mim uma evidência clara de que esta religião tem uma base credível.
Para quem só olha para os disparates que se fizeram e fazem em nome da religião cristã, para além das demais, ignorando tudo o que nela houve e há de positivo, como faz Hitchens, o cristianismo não tem qualquer credibilidade. Defendo porém que a metodologia de Hitchens, Dawkins, Harris e outros não tem qualquer credibilidade. Com esta metodologia eu poderia mostrar que a política ‘só faz mal’, uma vez que não me seria difícil elencar as atrocidades que se têm cometido ao logo de séculos e milénios em nome de regimes e partidos políticos. Mas ninguém considerará esta metodologia minimamente credível.
Mais uma vez colocas o que é considerado evidência, facto, etc., ao nível da ciência, confrontando as evidências religiosas com as evidências da teoria da relatividade, ou com a carga dos protões. Mas não vivemos só de ciência. Nem os maiores cientistas são necessariamente as pessoas mais maduras, realizadas e felizes.
Saudações,
Alfredo
Ludwig:
ResponderEliminar" confrontando as evidências religiosas com as evidências da teoria da relatividade,"
O Alfredo Dinis tem razão, é de facto um abuso.
Evidencia em religião é "acho que", "sinto que", "era bom que" ou "sou mais feliz assim".
Evidencia em ciencia são factos repetidos sistematicamente, metodicamente analisados, verificados independentemente e disputados racionalmente quanto ao significado ardua e tão abertamente quanto possivel.
Andas a matar moscas com bombas atómicas. A relatividade está a anos luz da religião ou da teologia.
Quanto à pergunta que poes no fim do post, parece-me que a resposta é sim, mas no contexto de tudo onde ja se procurou um efeito de deus.
Que não é o que o Alfredo descreve. O que ele descreve é o efeito placebo. É o efeito da crença. Não de deus. Aliás as palavras dele confirmam-no. É tudo na primeira pessoa.
Para todos os efeitos, deus não existe. E isso é inegável. Porque se for negável então podemos testar esse efeito e concluir algo sobre a existência de Deus. E então sim, sem provas, neste contexto do conhecimento humano, podemos provar pela negativa que Deus não existe.
Porque a ironia é que não esta onde devia. Rezar não cura, não aumenta a inteligencia, não melhira a sorte e não afasta calamidades. É efeito placebo apenas. Como em qualquer medicina alternativa. A religião é mais uma.
Caro João,
ResponderEliminarNunca pedi a Deus que me curasse das minhas maleitas, aumentasse a minha inteligência, melhorasse a minha sorte ou afastasse de mim as calamidades. Mas não me considero menos religioso que as pessoas que rezam para obter tudo isto de Deus.
Numa situação em que se testam dois medicamentos em duas pessoas, por exemplo, utilizando um medicamento real e um placebo, há muitas vezes um efeito real provocado por ambos os produtos. Quem sabe qual é o medicamento e qual é o placebo é o médico, isto é, uma terceira pessoa, que faz a administração dos dois produtos aos dois ‘pacientes’. No caso da religião, é Deus quem sabe se um determinado efeito real, como a cura de uma doença, foi o resultado de uma oração ou de uma mera auto-sugestão. Fico com a sensação de que o João quer, neste caso, ocupar o lugar de Deus! (Sem ofensa!)
Saudações,
Alfredo Dinis
O argumento teleológico na prática.
ResponderEliminar"Mas não vivemos só de ciência. Nem os maiores cientistas são necessariamente as pessoas mais maduras, realizadas e felizes."
ResponderEliminarQue bela desconversa só para não responder a uma simples pergunta e evitar admitir que a resposta não abona nada em favor de qualquer tipo de crendice.
Alfredo,
ResponderEliminar«Não sei o que consideras um ‘vestígio concreto e claro’.»
Um que permita reunir consenso e que pessoas sensatas e informadas possam dizer que há evidências objectivas.
«a história do cristianismo é para mim uma evidência clara de que esta religião tem uma base credível.»
Mas admites que isso é só para ti e não para um judeu, muçulmano, budista, zoroastrista, hindu, etc. Cada um destes dirá exactamente o mesmo da sua.
Isto é uma fase inicial inevitável na procura por conhecimento. Há sempre uma altura em que surgem várias hipóteses e as opiniões dividem-se acerca de qual será a mais certa.
Mas tem de ser uma fase inicial. Quando os séculos e milénios passam se sequer se saber como se pode resolver esta divergência é indicativo de que há algo fundamentalmente errado com a abordagem.
Não me parece razoável esperar que todos os religiosos concordem acerca da religião certa, tal como não é de esperar que todos os videntes concordem com a forma correcta de prever o futuro, se por cartas, búzios, chá ou estrelas. Porque em ambos os casos falta a tal evidência objectiva que poderia resolver o problema.
«Mais uma vez colocas o que é considerado evidência, facto, etc., ao nível da ciência,»
Coloco ao nível do conhecimento que podemos partilhar e justificar. Tudo aquilo que sabemos e que podemos explicar como o sabemos tem necessariamente de respeitar esse nível de evidência. O resto ou é puramente empírico -- sensações -- ou mera opinião infundada.
Mas penso que será útil dares um exemplo daquilo que achas ser uma prova objectiva da existência do teu deus. Independentemente das nossas divergências acerca do que conta com prova e objectivo, era bom dares uma ideia do que queres dizer. É a tua apreciação pessoal da história do cristianismo?
Prof. A.Dinis:
ResponderEliminarNão é por ser deus, é porque isso é um argumento fraco que representa uma inversão de princípios que permitiram conhecimento em várias áreas.
Nomeadamente porque hei de atribuir a deus a origem de uma sensação que pode ser bem explicada de outro modo?
Outro desafio que deixou ao Alfredo Dinis é que demonstre que eu não sou de facto deus e não sou o autor da sua sensação. O desafio não é uma provocação apenas, e por isso eu explico agora o que queria explicar so no fim. É que não acredito que possa demonstrar que eu não sou deus sem derrubar os seus proprios argumentos em relação a outro deus qualquer. Eu sou deus. Prove que não é verdade.
EXISTÊNCIA DE DEUS: UMA MERA SENSAÇÃO?
ResponderEliminarA existência de Deus não é nem pode ser uma mera questão de sensação.
A estrutura racional e matemática do Universo, a sintonia do Universo para a vida, a esmagadora aparência de design de todas as coisas e a dependência da vida de quantidades inabarcáveis de informação codificada não são meras sensações.
O mesmo sucede com os triliões de fósseis nos cinco continentes, e as camadas transcontinentais de rochas sedimentares, que corroboram inteiramente um dilúvio global. São dados objectivos.
Como são dados objectivos as afirmações bíblicas sobre a história de Israel, relevantes até aos nossos dias, e os factos históricos acerca do nascimento, vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus.
É um erro reduzir a experiência religiosa a um mero sensacionalismo. O Cristianismo não pretende basear-se em sensações, mas sim em factos histórica e cientificamente corroboráveis.
Isto, sem negar a experiência pessoal e colectiva da presença de Deus.
Mas as sensações são demasiados frágeis e variadas.
Felizmente o Cristianismo não se baseia em meras sensações.
A teoria da evolução é que não tem qualquer prova objectiva a seu favor.
A vida depende de informação codificada e a informação e os códigos, tanto quanto se pode observar, têm sempre origem inteligente.
Não se conhece nenhum processo físico ou lei natural que crie códigos.
Também nunca se viu uma espécie menos complexa a transformar-se noutra diferente e mais complexa.
Os paleontólogos justificam a inexistência de evidências de evolução gradual no registo fóssil dizendo que a mesma é demasiado rápida.
Os biólogos justificam a inexistência de evidência de evolução de uma espécie para a outra em laboratório dizendo que a mesma é demasiado rápida.
Por sua vez, as mutações, a especiação, adaptação e a selecção natural reduzem e degradam a informação genética e nunca são vistas a transformar uma espécie noutra mais complexa.
Todas elas encaixam perfeitamente no que a Bíblia diz acerca da corrupção e da dispersão pós-diluviana.
Nunca ninguém viu o nada a criar o que quer que seja, nem existe uma explicação naturalista para a origem da matéria e da energia.
Pelo contrário, a lei da conservação da matéria e da energia afirma que as mesmas se mantêm constantes.
Por sua vez, a lei da entropia diz-nos que o Universo teve um princípio ordenado e que caminha da ordem para a desordem.
Ou seja, cientificamente podemos dizer que o Universo teve um princípio, mas não foi ele que criou a sua própria matéria e energia.
Ele precisou de uma causa para alem dele.
As doutrinas cristãs dependem de determinados factos (v.g. criação, corrupção, dilúvio global, dispersão, eleição de Israel, morte e ressurreição de Cristo) que foram testemunhados por muitos durante séculos.
Em sentido contrário, a teoria da evolução baseia-se em “factos” que nunca foram testemunhados por ninguém, em tempo algum.
Essa diferença faz toda a diferença.
Francisco:
ResponderEliminarÉ a isso que eu chamo a falácia do religioso. Passa de "deus existe" para "deus quer: "
Prespy:
ResponderEliminar"Por sua vez, a lei da entropia diz-nos que o Universo teve um princípio ordenado e que caminha da ordem para a desordem. "
Na realidade a termodinamica prevê que surgirão focos de organisação sempre que num determinado local houver energia suficiente para manter o sistema longe do equilibrio.
Adicionalmente a lei das flutuações já foi verificada experiemntalmente, ja "foi vista" e confirma que no mundo microscopico a entropia "anda para trás" com relativa frequencia. O que diz que temos de esperar de nanoparticulas que em ves de irem sempre no sentido da entropia que ocasionalmente vão no sentido oposto.
SIm isso explica o sentido da vida.
Podes ler mais aqui:
http://scienceblogs.com.br/bala_magica/2010/02/nanocoisas_violando_uma_lei_da.php
http://scienceblogs.com.br/bala_magica/2009/12/a_teoria_do_caos_e_o_que_voce.php
ERRATA:
ResponderEliminarOs biólogos justificam a inexistência de evidência de evolução de uma espécie para a outra em laboratório dizendo que a mesma é demasiado lenta.
AINDA SOBRE A FALTA DE EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO:
ResponderEliminarA inexistência de evidência da evolução está bem patente no último livro de Richard Dawkins, The Greatest Show on Earth, Evidence of Evolution, de Setembro de 2009.
Na verdade, os criacionistas de todo o mundo estão de acordo com o facto de que este livro foi um grande favor que Richard Dawkins fez ao criacionismo bíblico.
Vejamos:
Para além dos tradicionais argumentos, do tipo orquídeas dão orquídeas, cães dão cães e guppies dão guppies, que abundam por todo o livro, Richard Dawkins apresenta, como "provas" da evolução a experiência de Lenski em bactérias e o fóssil Darwinus Masilae.
O problema é que, pouco depois da publicação do livro de Dawkins, Lenski observou que a acumulação de mutações nas bactérias, longe de as transformar numa espécie diferente e mais complexa, era prejudicial para as bactérias.
O que não é propriamente aquilo que ele queria demonstrar...
Numa notícia científica sobre a experiência de Lenski, de Outubro de 2009,observa-se:
"The number of mutations jumped to 653 by generation 40,000, but researchers surmise that most of the late-evolving mutations were not helpful to the bacteria."
Um outro problema é que o fóssil Darwinius masilae, com honras de fotografia nas páginas centrais do livro de Dawkins, não passa de um Lémure.
Por aqui se vê que as supostas provas irrefutáveis da evolução que, de acordo com Dawkins, só um ignorante e um perverso é que pode rejeitar, não passam, afinal, de sintomas da extrema ingenuidade, credulidade e total falta de espírito crítico de Richard Dawkins.
Como disse, o livro de Dawkins é um favor que este fez aos criacionistas. A resposta não se fez esperar.
Já podem encomendar, na Amazon.com, o livro de Jonathan Sarfati, The Greatest Hoax on Earth. Ele responde, ponto por ponto, a Richard Dawkins...
Referências:
Experiência de Lenski:
Time In A Bottle: Scientists Watch Evolution Unfold
ScienceDaily (Oct. 19, 2009)
Darwinius masilae (a diferença que seis meses fazem!)
1) Common Ancestor Of Humans, Modern Primates? 'Extraordinary' Fossil Is 47 Million Years Old
ScienceDaily (May 19, 2009)
2) 'Missing Link' Fossil Was Not Human Ancestor as Claimed, Anthropologists Say
ScienceDaily (Mar. 3, 2010)
JOÃO DIZ:
ResponderEliminar"Na realidade a termodinamica prevê que surgirão focos de organisação
sempre que num determinado local houver energia suficiente para manter o sistema longe do equilibrio."
Se o Universo não pode criar a sua própria matéria e energia (lei da conservação) e se ele teve que ter um princípio (lei da entropia), então ele necessitou de uma causa exterior a ele, porque a matéria e a energia não se criam a si próprias.
A Bíblia diz que Deus criou o Universo. A ciência diz que o Universo teve um princípio e não se pode ter criado a ele próprio.
"Adicionalmente a lei das flutuações já foi verificada experiemntalmente, ja "foi vista" e confirma que no mundo microscopico a entropia "anda para trás" com relativa frequencia."
Pode haver alguma organização isolada, mas isso, só por si, não demonstra que o Universo se pode ter criado a ele próprio a partir do nada. Longe disso.
"O que diz que temos de esperar de nanoparticulas que em ves de irem sempre no sentido da entropia que ocasionalmente vão no sentido oposto."
Os cristais são exemplos de organização isolada, mas nada têm que ver com a origem da vinda, porque não se reproduzam de acordo com informação codificada.
"Sim isso explica o sentido da vida."
Só para quem não percebe nada do que está a dizer...
Isso nada tem que ver com a vida. Esta não é simples organização de moléculas. Ela depende de informação codificada e esta depende sempre de inteligência.
Até os próprios evolucionistas que se dedicam ao estudo da origem da vida dizem que esta nada tem que ver com cristais.
Os cristais podem ser vistos a formar-se todos os dias. A vida nunca foi vista por ninguém a surgir por acaso.
Caro Ludwig,
ResponderEliminarO cristianismo não é um mero conjunto de cristãos justapostos, tendo cada um a sua experiência religiosa muito pessoal e subjectiva. É uma crença partilhada por uma grande comunidade de crentes. A história desta comunidade é um poderoso argumento a favor do valor objectivo desta crença. Tal como a história de uma pessoa que passou toda a sua vida a procurar a verdade, a justiça, a solidariedade é um poderoso argumento para eu acreditar no valor objectivo da sua existência. Eu teria uma grande confiança numa pessoa destas e não teria qualquer dúvida em estabelecer com ela uma relação pessoal duradoira. É possível que me enganasse. Mas as probabilidades de não me enganar são muito elevadas. O mesmo se passa com o cristianismo e com o Deus dos cristãos.
É claro que nesta vida não temos certezas absolutas acerca seja do que for. O filósofo americano Hilary Putnam levantou a hipótese de nós não passarmos de cérebros ligados a um programador que nos causa todas as sensações que pensamos serem reais e que são simplesmente virtuais. Esta ideia tem inspirado muitos filmes sobre a realidade virtual. De facto, não é uma hipótese absurda e contraditória. Não acreditamos nela simplesmente porque as probabilidades de estar correcta são muito baixas. Mas não há nenhum teste que nos permita ter a certeza de que não o seja, e de que toda a nossa vida não seja uma extraordinária criação virtual. O facto de não podermos produzir uma prova com certeza absoluta de uma hipótese não é um argumento suficiente para a abandonarmos.
No que se refere às diversas religiões, a posição dos cristãos é que elas são caminha diversos para chegar ao mesmo Deus e que se inspiram todas na mesma intuição acerca da existência de um deus que explica o universo e a vida para além do que possa ser explicado pela ciência.
Saudações,
Alfredo
Caro João,
ResponderEliminarTem um registo de nascimento e a sua mãe atesta que é filho dela. Isto basta-me para ter a certeza de que é um ser humano. Para ser mais do que isto, como Cristo, tem que se esforçar um pouco mais!
Saudações,
Alfredo Dinis
SOBRE A ORIGEM DO CÓDIGO GENÉTICO
ResponderEliminarO Ludwig diz que a chuva cria códigos. Essa tirada "genial" deveria dar-lhe um Nobel.
Ela poderia dar uma indicação fundamental aos evolucionistas que se têm debatido durante décadas com o problema da origem do código. Vejamos o que eles dizem:
1) "The origin of the genetic code is the most baffling aspect of the problem of the origins of life and a major conceptual or experimental breakthrough may be needed before we can make any substantial progress."
(Orgel, Leslie E. [Adjunct Professor, University of California-San Diego, Resident Fellow, Salk Institute for Biological Studies, California], "Darwinism at the very beginning of life," New Scientist, 15 April 1982, p.151) ).
2) "The origin of the [genetic] code is perhaps the most perplexing problem in evolutionary biology.
The existing translational machinery is at the same time so complex, so universal) and so essential that it is hard to see how it could have come into existences or how life could have existed without it.
The discovery of ribozymes has made it easier to imagine an answer to the second of these questions, but the transformation of an 'RNA world' into one in which catalysis is performed by proteins, and nucleic acids specialize in the transmission of information, remains a formidable problem."
(Maynard Smith, John [Emeritus Professor of Biology at the University of Sussex] & Szathmary, Eors [Institute for Advanced Study, Budapest, "The Major Transitions in Evolution," W.H. Freeman: Oxford UK, 1995, p.81 ).
"The development of the metabolic system, which, as the primordial soup thinned, must have "learned" to mobilize chemical potential and to synthesize the cellular components, poses Herculean problems.
So also does the emergence of the selectively permeable membrane without which there can be no viable cell.
But the major problem is the origin of the genetic code and of its translation mechanism. Indeed, instead of a problem it ought rather to be called a riddle. The code is meaningless unless translated.
The modern cell's translating machinery consists of at least fifty macromolecular components which are themselves coded in DNA: the code cannot be translated otherwise than by products of translation.
It is the modern expression of omne vivum ex ovo. When and how did this circle become closed? It is exceedingly difficult to imagine."
(Monod, Jacques [biochemist, Nobel Prize 1965, Director, Pasteur Institute, France], "Chance and Necessity: An Essay on the Natural Philosophy of Modern Biology", [1971], Transl. Wainhouse A., Penguin Books: London, 1997, reprint, pp.142-143.
AINDA SOBRE A ORIGEM DE INFORMAÇÃO CODIFICADA NOS GENOMAS:
ResponderEliminarUm argumento central do criacionismo consiste no facto de que a vida depende de informação codificada e esta, por ser uma realidade imaterial, depende, não se um processo físico, mas de uma origem inteligente.
Muitos cientistas começam a aperceber-se deste problema para a teoria da evolução:
"The problem of the origin of life is clearly basically equivalent to the problem of the origin of biological information.
In accordance with this, the idea of biological information emerges as *the* fundamental concept in the physicochemical theory of the origin of life."
(Kuppers, Bernd-Olaf. [researcher, Max Planck Institute for Biophysical Chemistry], "Information and the Origin of Life," [1986], MIT Press: Cambridge MA, 1990, p.170.
"Any living being possesses an enormous amount of "intelligence," very much more than is necessary to build the most magnificent of cathedrals.
Today, this "intelligence" is called "information," but it is still the same thing. It is not programmed as in a computer, but rather it is condensed on a molecular scale in the chromosomal DNA or in that of any other organelle in each cell.
This "intelligence" is the sine qua non of life. If absent, no living being is imaginable.
Where does it come from? This is a problem which concerns both biologists and philosophers and, at present, science seems incapable of solving it."
(Grasse, Pierre-P., [editor of the 28-volume "Traite de Zoologie," former Chair of Evolution, Sorbonne University and ex-president of the French Academie des Sciences], "Evolution of Living Organisms: Evidence for a New Theory of Transformation," Academic Press: New York NY, 1977, p.2).
Numa situação em que se testam dois medicamentos em duas pessoas, por exemplo, utilizando um medicamento real e um placebo, há muitas vezes um efeito real provocado por ambos os produtos.
ResponderEliminarUma nota, eu por exemplo continuo a acreditar que o efeito placebo seja um artefacto gerado por erros metodológicos e borradas estatísticas.
Pelos vistos , quando as experiências são efectuadas com metodologias muito mais rígidas, esse efeito tende a desaparecer ou a cair no estatisticamente não significativo.
Só para clarificar que o efeito placebo não é certo que sequer seja real e quando muito é uma sugestão.
Quanto a deus é uma criatura que a existir é de uma incompetência ridícula, consegue gerir o mundo pior que uma PME portuguesa ou então não gere nada e é um voyer doentio.
Seja como for a sua existência implica que nada tem interesse, o que me parece ser sempre uma solução pior do que ele não existir. ( ao contrário da acusação de niilismno muitas vezes colocada no ateísmo).
Se ele existe viveremos no mundo depois da morte, se não formos muito maus vamos para o céu e a eternidade será uma seca violenta.
Pior , a morte dos nossos semelhantes é indiferente, assim como todo e qualquer estudo é inútil porque no fim iremos viver imersos na sapiência absoluta. Deveríamos até pensar que a morte por doença seria uma maravilha desde ( principalmente na infância) , porque assim iríamos para os braços do criador sem ter de aturar os horrores da existência.
Uma vida com a certeza de deus é um local onde se é tão mais feliz quanto se morra mais depressa. Eu se tivesse a certeza da existência de uma tal criatura não aguentaria a espera por um futuro sem pagar contas, ter de ir à casa de banho e ter de fazer a barba de manha e sobretudo ter de ir trabalhar para ganhar o vil metal. ( felizes do que nada têm.....)
O problema é que precisamente tudo o que é humano nos ensina o contrário, os nossos instintos são de sobrevivência e quando se está com o cu entalado todas as pessoas se tentam safar. Em grandes catástrofes não se vê ninguém alegre a louvar o senhor em êxtase pela oportunidade de sem se suicidar poder ir ter com ele. Não , o milagre para essa gente é o oposto ao que seria racionalmente espectável , em vez de ficarem felizes por se livrarem do vale de lágrimas esta gente acha milagroso ficar a ter de ir limpar o fim do intestino grosso por mais uns anos.
Esta contradição não deixa de ser muito curiosa :é demonstrativa da nossa capacidade de vivermos ilusões mas de sabermos cair na "real" quando é necessário.
ALFREDO
ResponderEliminar"No que se refere às diversas religiões, a posição dos cristãos é que elas são caminha diversos para chegar ao mesmo Deus..."
Isso pode ser o que o Alfredo diz, mas não é o que Jesus diz. Jesus diz: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim".
O Alfredo Diniz devia basear o seu Cristianismo mais em Cristo e não nas suas próprias opiniões e sensações...
"... e que se inspiram todas na mesma intuição acerca da existência de um deus que explica o universo e a vida para além do que possa ser explicado pela ciência."
Realmente a ciência não explica a origem do Universo e da vida.
Nunca o fez. Pela simples razão de que a ciência explica o funcionamento da natureza criada, mas não a sua origem.
A origem do Universo não foi observada por nenhum ser humano nem pode ser reproduzida experimentalmente.
Por isso não se pode confundir as especulações dos cientistas sobre a origem do Universo com as observações científicas (que, de resto, nenhum criacionista nega)...
Caro Alfredo:
ResponderEliminar«No que se refere às diversas religiões, a posição dos cristãos é que elas são caminha diversos para chegar ao mesmo Deus e que se inspiram todas na mesma intuição acerca da existência de um deus que explica o universo e a vida para além do que possa ser explicado pela ciência»
Alegar que o catolicismo não é mais verdadeiro que as restantes religiões corresponde a uma heresia bastante concreta cujo nome me escapa. Eu assumo que o Alfredo cosidera o catolicismo um caminho "mais verdadeiro" que os outros, mas se não for este o caso, desminta-me.
Se o Alfredo considera o catolicismo um caminho mais verdadeiro, e a esmagadora maioria dos religiosos tecer a mesma consideração em relação à sua religião em particular, então o argumento do Ludwig a este respeito mantém-se válido.
«O facto de não podermos produzir uma prova com certeza absoluta de uma hipótese não é um argumento suficiente para a abandonarmos. »
Creio que ninguém argumenta o contrário até porque o Ludwig tem escrito várias vezes que certezas absolutas não são justificáveis a respeito seja do que for.
A questão é simpesmentente a de avaliar as probailidades e ver qual a hipótese melhor compatível com os dados.
« A história desta comunidade é um poderoso argumento a favor do valor objectivo desta crença.»
Há várias histórias de diferentes comunidades que nos mostram que é relativamente fácil que crenças falsas tenham «força».
O cristianismo foi uma crença popular e influente. Mas a crença nos signos do zoodíaco também. O cristianismo levou uns a darem a sua vida por amor ao próximo, mas levou outros a tirar a vida ao próximo.
No geral não creio que o facto de uma crença ser popular, ser influente, ou mesmo - por hipótese - ter uma influência positiva no comportamento das pessoas (questiono que seja o caso do cristianismo, no geral) seja um indício de que é verdadeira.
Sobre porque o ateísmo não gera niilismo:
ResponderEliminarÉ simples, porque se eu vou morrer e acabo , todos os que eu amo são muito importantes porque se podem finar a qualquer altura, sem qualquer regra ( justiça, karma, vontade divina ) e sobretudo sem qualquer retorno.
Este imenso valor da vida humana como sendo única quer em termo de identidade quer em termos temporais , leva a que para quem pense como eu o que interessa é o aqui e agora e garantir o amanhã.
Isto implica cuidar dos outros seres humanos ( para que eu também possa ter cuidados) e investir em conhecimento para o futuro, em educação (ciência , literatura, etc) para que os desafios do amanhã possam ser ultrapassados com maior facilidade.
Isto implica solidariedade inter-geracional e sobretudo implica saber viver em sociedade.
Para o crente o futuro a deus pertence e apenas cumpre as regras por medo dos caldeirões , o medo do crente em relação ao ateu é que o ateu é como o crente a quem lhe tenham garantido que independentemente do que faça não pode ir para o inferno.
Não é sem deus tudo é permitido, é sem inferno :D
Digo, Dinis
ResponderEliminar«O Alfredo Diniz devia basear o seu Cristianismo mais em Cristo e não nas suas próprias opiniões e sensações...»
ResponderEliminarAlfredo Dinis,
O Perspectiva fez-lhe um reparo muito interessante. Também eu lhe peço que não se esqueça, por causa do ateísmo, do que é a religião. Era muito interessante para todos se lhe respondesse. Com a tal objectividade que vós conheceis como ninguém.
AC
ResponderEliminar"...se eu vou morrer e acabo , todos os que eu amo são muito importantes porque se podem finar a qualquer altura, sem qualquer regra ( justiça, karma, vontade divina ) e sobretudo sem qualquer retorno."
É uma ideia entre muitas, sem qualquer critério de validação e de crítica dessa ou de outras ideias...
"Este imenso valor da vida humana como sendo única quer em termo de identidade quer em termos temporais"...
O problema é que o ser humano é um acidente cósmico não tem valor intrínseco nem existe nenhuma razão para que se fale do imenso valor da vida humana...
"...leva a que para quem pense como eu o que interessa é o aqui e agora e garantir o amanhã."
O problema é que muitos não pensam como o AC nem querem saber do que o AC pensa para nada...
"Isto implica cuidar dos outros seres humanos ( para que eu também possa ter cuidados) e investir em conhecimento para o futuro, em educação (ciência , literatura, etc) para que os desafios do amanhã possam ser ultrapassados com maior facilidade."
Para alguns a felicidade é dispor da vida dos outros livremente, partindo do pricípio de que nada nem ninguém tem nenhum valor...
"Isto implica solidariedade inter-geracional e sobretudo implica saber viver em sociedade."
O ser humano manifesta mesmo solidariedade intergeracional!...
A poluição causada pela busca desenfreada do prazer e da felicidade mostram mesmo isso...
"Para o crente o futuro a deus pertence e apenas cumpre as regras por medo dos caldeirões , o medo do crente em relação ao ateu é que o ateu é como o crente a quem lhe tenham garantido que independentemente do que faça não pode ir para o inferno."
O crente reconhece que Deus é o criador do Universo e que estabelece as regras e pune a respectiva violação.
O crente deve reconhecer que também é pecador e, por isso, carecido do perdão de Deus...
O crente pode receber o perdão através da morte e ressurreição de Jesus, recebendo com isso a certeza de uma vida eterna com Deus...
Não é sem deus tudo é permitido, é sem inferno :D
Alfredo,
ResponderEliminar«O cristianismo não é um mero conjunto de cristãos justapostos, tendo cada um a sua experiência religiosa muito pessoal e subjectiva. É uma crença partilhada por uma grande comunidade de crentes. A história desta comunidade é um poderoso argumento a favor do valor objectivo desta crença. »
O cristianismo não é um mero conjunto de crentes com crenças diferentes. Mas também não é uma comunidade, como demonstram bem os comentários do Jónatas, que julgo considerares também cristão.
Seja como for, a tua última frase é ou um non sequitur ou irrelevante para a discussão.
Se por "valor objectivo" queres dizer "objectivamente correspondente à realidade" -- ou seja, verdade -- então não segue das premissas. Haver uma comunidade com uma tradição partilhada não implica que as suas crenças sejam verdadeiras, e penso que não precisas de exemplos para perceber que não há uma implicação aqui.
Se por "valor objectivo" queres dizer que é algo precioso, bom para ti, de que gostas, então nem é objectivo nem tem nada que ver com o que estamos a discutir. Porque a questão não é se o cristianismo é uma herança cultural com valor enquanto tal. A questão é como justificar a tua posição que defende o catolicismo como sendo verdade.
«No que se refere às diversas religiões, a posição dos cristãos é que elas são caminha diversos para chegar ao mesmo Deus e que se inspiram todas na mesma intuição acerca da existência de um deus que explica o universo e a vida para além do que possa ser explicado pela ciência.»
Ter uma intuição que existem deuses eu aceito. É um palpite, como qualquer outro.
Mas quando se chega a uma construção conceptual tão complexa como o catolicismo ou como o evangelismo bíblico fundamentalista do Jónatas uma intuição não chega. Por intuição nunca se tem tanto detalhe.
E é essa passagem que nunca explicaste. Muito bem, tens um pressentimento que há um deus. Esse pressentimento não deriva de provas objectivas mas é algo pessoal, íntimo. Até aí aceito as tuas alegações sem problema.
Mas não percebo como é que concluis, por exemplo, que o Jónatas não tem razão. Porque por um lado a intuição aí não basta. E, por outro, defendes constantemente que isto não é uma questão que se resolva com evidências, testes às hipóteses e assim. Como resolves então?
A FÉ EM CRISTO NÃO É MERA INTUIÇÃO EXISTENCIAL OU DAS ESSÊNCIAS...
ResponderEliminarO problema do Alfredo Dinis é que há muito desconsiderou os escritos bíblicos e procura sustentar o Cristianismo no vazio.
Jesus disse que Moisés e os Profetas têm a verdade. Paulo diz que os oráculos de Deuus foram confiados aos judeus.
Alfredo Dinis parece partir do princípio, refutado por Moisés, os Profetas, Jesus e os Apóstolos, de que a Bíblia não é verdadeira naquilo que afirma.
Depois restam as sensações, as impressões, as intuições....
Uma base demasiado precária...
Depois vale o argumento: "tenho um palpite, logo Deus existe!
Felizmente que a fé cristã não se baseia em palpites.
Até o ex-ateu Anthony Flew reconheceu, depois de décadas, que a estrutura racional e matemática do Universo, a sintonia do Universo para a vida e a existência de informação semântica no genoma são evidências racionais irrefutáveis da existência de Deus.
E depois acabou por reconhecer a superioridade histórica e intelectual das afirmações de Jesus e do Apóstolo Paulo, embora sem ir ao ponto de aceitar a respectiva verdade...
Os discípulos de Jesus sabiam perfeitamente que não era normal alguém andar sobre as águas ou multiplicar os pães e os peixes.
Os discípulos de Jesus sabiam perfeitamente que não era normal alguém acalmar as tempestades ou transformar a água em vinho.
Eles sabiam perfeitamente que não é normal alguém curar os doentes instantaneamente ou ressuscitar dos mortos.
A Bíblia mostra que eles ficaram tão espantados e incrédulos com tudo isso como qualquer de nós ficaria...
Foi por isso que eles nunca gritaram "Eureka", alegando ter descoberto novas leis da física ou da química, mas gritaram "Aleluia" porque tomaram consciência de que o próprio Criador tinha estado com eles.
Foi por isso que eles concluiram que Jesus não era uma pessoa como outra qualquer.
Ele era o próprio Deus, porque só alguém sobrenatural (no sentido de acima da natureza e com poder sobre ela) é que podia fazer o que Jesus fazia...
Foi por isso que procuraram registar detalhadamente o que Jesus tinha dito e feito...
Depois foram anunciar isso a todas as nações, não temendo dar a vida por essa mensagem...
Eles fizeram questão de dizer e repetir insistentemente que a sua fé se baseava em factos observados e não em mitos ou fábulas engenhosas...
Eles já tinham visto e tocado o corpo incorruptível de Jesus e sabiam que a morte não era o fim!
Graças a Deus porque a fé em Cristo não é uma fé cega nem se baseia em simples sensações ou intuições...
Alfredo Dinis:
ResponderEliminar"Para ser mais do que isto, como Cristo, tem que se esforçar um pouco mais!"
O que quer dizer com isso? Esta insatisfeito com a ausência de milagres? Veja as pessoas que se salvaram no haiti. Pensa que foi graças a quem? E as que não morreram na madeira? Não nasce o Sol todos os dias e não é isso um milagre? Quem pensa que o faz?
Aquele outro que pensa ser eu encarnado tambem se irritava de vez em quando e não fez nada para provar que tinha poderes sobrenaturais quando fui desafiado. E os relatos da multiplicação do peixe estão um bocado exagerados. Apenas foram divididos ao meio. E Lázaro não estava morto. Estava em coma. O cego continuou cego. Mas ninguém se apercebeu no meio da histeria.
De qualquer modo, cristo era um enviado meu. Portou-se bem. Ja não tenho de ter o trabalho outra vez. Afinal ele ja vos salvou não é?
Repare o Alfredo que como deus não tenho de provar nada, para voz deixar livres de acreditar ou não. O Alfredo é que terá de provar que eu não sou deus. Ou que o sol não está lá porque eu quero.
Naturalmente se providenciar o fim deste meu corpo, a minha alma infinita e imortal continuará a iluminar as vossas vidas.
Prepy:
ResponderEliminar"Até o ex-ateu Anthony Flew reconheceu, depois de décadas, que a estrutura racional e matemática do Universo, a sintonia do Universo para a vida e a existência de informação semântica no genoma são evidências racionais irrefutáveis da existência de Deus."
Informação semantica no genoma? Sintonia para a vida? Até o genesis diz que primeiro veio o universo e so depois deus pensou na vida e viu que era bom. O que sugere que a vida foi feita de acordo como o universo e não o contrario. Senão tinhamos de concluir que o universo foi criado a pensar nas tenias que vivem em intestinos humanos. Pense la bem se não ha contradições nos seus argumentos e quais são afinal os que escolhe, que isto de estar a mandar tiros à sorte salta à vista.
João, não desconcentres agora o Prespy que ele está quase a fazer xeque-mate ao Dinixit.
ResponderEliminar(levar a Bíblia a sério é uma vantagem incrível sobre o zeitgeist católico)
Amigos cientófilos, leiam isto, nomeadamente a resposta à ultima pergunta que o publico não publicou por "falta de espaço".
ResponderEliminarPara lembrar que so por saber como o bife alimenta não deixamos de ter fome, mas podemos passamos a ter novas formas de abordar o problema. Assim como a falácia da ciência reducionista não ver o todo.
Muito interessante (Ludwig, desculpa o abuso mas a causa é relativamente boa):
http://www.publico.pt/Sociedade/sem-a-biologia-nao-ha-tratamento-das-doencas-mentais_1426604
Alfredo:
ResponderEliminar"Alfredo Dinis parece partir do princípio, refutado por Moisés, os Profetas, Jesus e os Apóstolos, de que a Bíblia não é verdadeira naquilo que afirma. "
Foi o prespectiva que escreveu, mas vem em calha com a pergunta do Ludwig, lá em cima. Mostra la que estamos enganados e que há de facto uma maneira de discernir a verdade sem ser palpite.
JOÃO PERGUNTA:
ResponderEliminar"Informação semantica no genoma?"
Richard Dawkins responde:
“What has happened is that genetics has become a branch of information technology. It is pure information. It's digital information."
"Sintonia para a vida?"
O astrofísico britânico George Ellis responde: ~
"Amazing fine tuning occurs in the laws that make this [complexity] possible. Realization of the complexity of what is accomplished makes it very difficult not to use the word 'miraculous' without taking a stand as to the ontological status of the word."
"Até o genesis diz que primeiro veio o universo e so depois deus pensou na vida e viu que era bom."
Sim. Primeiro Deus criou o Universo e depois criou a vida...
"O que sugere que a vida foi feita de acordo como o universo e não o contrario."
O Universo foi feito a pensar na vida que iria ser criada. Tudo foi feito numa semana, tendo como referência o tempo na Terra.
"Senão tinhamos de concluir que o universo foi criado a pensar nas tenias que vivem em intestinos humanos."
O Universo foi criado perfeito. Mas a morte e a corrupção afectaram todo o Universo por causa do pecado humano...
"Pense la bem se não ha contradições nos seus argumentos e quais são afinal os que escolhe, que isto de estar a mandar tiros à sorte salta à vista."
Sempre que analisamos com cuidado o que a Bíblia e comparamos com o que a ciência permite observar diz vemos que não existe qualquer contradição...
Para ti, claro. Isso é um problema que eu não tenho. Mas se quiseres dedicar a tua atenção ao prespy, continuamos a nossa discussão depois, fica prometido. Não te importas que te trate por tu pois não? Afinal isso é apenas um pormenor terreno.
ResponderEliminarPrespy:
ResponderEliminar"Mas a morte e a corrupção afectaram todo o Universo por causa do pecado humano... "
Quer dizer que as ténias só foram criadas depois do pecado?
E prespy:
ResponderEliminarver intencionalidade por causa do fine tuning é o equivalente actual a ver intencionalidade na trovoada. Mas acredita no que quiseres.
de resto tens aqui o que penso sobre o assunto:
ResponderEliminarhttp://cronicadaciencia.blogspot.com/2010/03/o-argumento-do-fine-tuning.html
Comenta se quiseres mas se vais para lá fazer "spam" sem nexo apago-te os comentários todos. Nem que passe o fim de semana nisso. E depois não tenho visitantes que te justifiquem o trabalho. Por isso ve la.
Caro João,
ResponderEliminarFoi dito que ‘parece’ que eu não acredito na verdade da Bíblia e baseio a minha fé em intuições subjectivas. Este ‘parece’ salva a afirmação, porque eu não nego a verdade da Bíblia nem baseio a minha fé apenas em intuições subjectivas. Nunca afirmei tal coisa.
Os cristãos estão basicamente de acordo sobre a existência de um Deus que é a explicação última de toda a realidade, sobre o facto de que Cristo representa a manifestação deste Deus em forma humana, que a Bíblia encerra uma experiência, subjectiva e objectiva, feita pelos judeus e pelos primeiros cristãos de relação pessoal com este Deus, e que a vida pessoal não acaba com a morte física.
A maioria dos cristãos estão de acordo em que a Bíblia não contém verdades filosóficas ou científicas porque não é um manual filosófico ou científico. Não se identifica por conseguinte com qualquer corrente filosófica ou qualquer teoria científica. Situa-se ao nível da sabedoria mais do que do saber.
Saudações,
Alfredo Dinis
Caro Ludwig,
ResponderEliminarQuando falo em 'valor objectivo' é claro que não estou a dizer que é um valor apenas para mim. Se assim fosse, falaria em 'valor subjectivo.' O valor a que me refiro é objectivo precisamente porque não vale apenas para mim, quer no caso da pessoa que dei como exemplo, quer no caso da comunidade cristã. O 'valor objectivo' é um valor partilhado, e torna-se objectivo quando tem uma carga axiológica tal que se torna norma de vida, no caso do cristianismo, não apenas para indivíduos isolados, mas para uma comunidade de pessoas que se reconhecem nas mesmas crenças e práticas.
Bem sei que o discurso individualista é predominante nos nossos dias, como mostram os inquéritos do European Values Study e do World Values Survey. Isto explica, a meu ver, por que razão todos os debates neste noutros blogues se reduzem sempre a crenças e demonstrações individuais, sendo a dimensão comunitária considerada irrelevante.
Saudações,
Alfredo Dinis
Alfredo,
ResponderEliminarEu não considero a dimensão comunitária irrelevante neste caso por alguma questão de individualismo. Considero-a irrelevante porque é tão possível uma comunidade estar enganada quanto um indivíduo.
Por isso se por "valor objectivo" tu queres dizer que muitos cristãos partilham contigo a ideia que o cristianismo é uma coisa boa e importante, devo salientar que muitos muçulmanos partilham entre si a mesma opinião acerca de uma religião diferente. E hindus, mórmones, budistas, etc...
E até os ateus, que também partilham entre si o valor de viver sem se sujeitar a qualquer deus, padre, livro ou religião. Segundo o teu critério, isto será um "valor objectivo" também (se bem que deva salientar que discordo do termo "objectivo" neste contexto, pois um valor subjectivo colectivo continua tão subjectivo quanto individual -- não é por dez pessoas gostarem de ervilhas que gostar de ervilhas deixa de ser subjectivo).
Por isso considero que esses valores partilhados pela comunidade cristã, por muito importantes que sejam para ti, em nada contribuem para mostrar que o catolicismo é verdadeiro ou sequer que o teu deus existe. São um caso análogo aos valores partilhados por outras comunidades religiosas e a valores partilhados por ateus, como os da liberdade, democracia e a importancia de testar hipóteses.
Alfredo Dinis:
ResponderEliminar"nem baseio a minha fé apenas em intuições subjectivas"
E essa objectividade é um "ad populum"?
Alfredo Dinis:
ResponderEliminarÉ que o populum que acredita em deus é em media menos instruido, menos inteligente, mais provavel que seja pobre ou criminoso que o populum que não acredita.
Mas estou parvo. Deus vai a votos? Quem tem mais votos é que é o deus certo? Thor ou Jave, Toutatis ou Quetzalquatle?
ResponderEliminarCaro Ludwig,
ResponderEliminarNunca afirmei que a fé da comunidade cristã é uma prova da existência de Deus. Ela dá sentido à vida dos crentes, que só têm a ganhar com a sua fé e nada a perder. Como disse noutra ocasião, os crentes nada teriam a ganhar se abandonassem a sua fé. Pelo contrário, os não crentes teriam certamente muito a ganhar se passassem a acreditar no Deus dos cristãos.
A ideia de que os ateus pensam pela sua cabeça sem obedecerem seja ao que for é um dos grandes equívocos do ateísmo contemporâneo, sobretudo depois de Thomas Kuhn ter mostrado que é o paradigma em que cada um vive e pensa que determina quais são as perguntas que têm sentido e quais as respostas admissíveis. Kuhn mostrou também como a adesão a um paradigma e a permanência nele não tem a ver apenas com factores racionais. Creio que depois da obra A Estrutura das Revoluções Científicas, controversa mas que não se pode simplesmente ignorar, os ateus deveriam ter mais cuidado em dizer que não se submetem a nada nem a ninguém, e que apenas se deixam guiar pela razão.
Saudações,
Alfredo Dinis
Alfredo,
ResponderEliminar«Nunca afirmei que a fé da comunidade cristã é uma prova da existência de Deus.»
Peço desculpa pela minha confusão. Então quando escreveste que «O cristianismo [é] uma crença partilhada por uma grande comunidade de crentes. A história desta comunidade é um poderoso argumento a favor do valor objectivo desta crença.» não estavas a afirmar nada acerca da crença ser verdadeira ou falsa, mas apenas que "tem valor", sem que isso implique nada acerca da sua veracidade?
Peço-te que em vez de insistires em algo pouco claro como ter valor (para quê? para quem?) foques algo bem mais concreto: se é ou não é verdade.
«Como disse noutra ocasião, os crentes nada teriam a ganhar se abandonassem a sua fé. Pelo contrário, os não crentes teriam certamente muito a ganhar se passassem a acreditar no Deus dos cristãos.»
Supõe, por hipótese, que eu tenho razão e que não existe deus nenhum. Que todas as religiões assentam em premissas falsas.
Se esse for o caso não concordas que se tenho a ganhar ou não em acreditar no teu deus dependerá do valor que atribuo à verdade? É que se essa crença é falsa e eu prezo crenças verdadeiras, tenho muito a perder se a adoptar...
Recordo-te que é a verdade dessas crenças que estamos a discutir aqui.
«A ideia de que os ateus pensam pela sua cabeça sem obedecerem seja ao que for é um dos grandes equívocos do ateísmo contemporâneo, sobretudo depois de Thomas Kuhn ter mostrado que é o paradigma em que cada um vive e pensa que determina quais são as perguntas que têm sentido e quais as respostas admissíveis.»
Kuhn argumentou nesse sentido. Um argumento, no entanto, não é uma demonstração como na matemática. A tese da incomensurabilidade de paradigmas é, a meu ver, obviamente errada -- podemos comparar a mecânica Newtoniana com a relatividade e ver que há situações em que uma erra e a outra acerca nas suas previsões.
É verdade que dados e teoria não são totalmente separáveis. Mas é incorrecto assumir que uma pessoa só pode considerar uma teoria de cada vez, e é perfeitamente viável a mesma pessoa olhar para os dados de acordo com diferentes paradigmas e assim comparar o desempenho desses paradigmas.
Compreendo que isto pode ser estranho quando se fala de fé. A fé exige que se ponha de parte qualquer outro paradigma, pois considerá-lo seria uma falta de confiança contrária à fé. Mas fora dessa abordagem, com um pouco de prática até é fácil. O modelo da vela a saturar o ar com flogisto e o modelo da vela a consumir o oxigénio são perfeitamente comensuráveis. Basta conseguirmos pensar nas previsões de cada um e confrontá-los com os dados.
«os ateus deveriam ter mais cuidado em dizer que não se submetem a nada nem a ninguém, e que apenas se deixam guiar pela razão.»
ResponderEliminarÉ de facto uma alegação que me parece ingénua. Mas geralmente tomo contacto com uma alegação ligeiramente diferente, a de tentar que isso seja realidade.
Faz lembrar um livro que li do José Rodrigues dos Santos, sobre jornalismo, em que ele alegava, mencionando o teorema de godel e a mecânica quântica, que se tinha verificado que os pós-modernistas tinham razão, e que o jornalismo objectivo era impossível. Mas essa nunca fui a questão: mesmo que se prove que um mundo sem crime é impossível, isso não é razão para acabar com a polícia.
Sim, todos somos influenciados, directa ou indirectamente pelas nossas emoções, pela nossa educação , pela vontade de nos integrarmos nos círculos em que convivemos, por vontade de atraír a atenção ou afastá-la, etc...
Mas devemos, na medida do possível, julgar racionalmente.
Por isso, deveríamos, logo à partida, rejeitar certo tipo de argumentos.
Essa é uma discussão interessante que eu julgo que o Ludwig tenta ter. Ele começa por tentar falar sobre os argumentos que deveríamos aceitar ou não qualquer que fosse a nossa posição.
Quando o Alfredo apresenta um tipo de argumentos que considera válidos (como essa da comunidade) o Ludwig contrapõe que se esse argumento fosse válido a conclusão racional seria que o Islamismo não tem menor probabilidade que o catolicismo de ser a religião correcta.
E aqui está o ponto fundamental, parece que o Alfredo defende o que defende por ter nascido aqui. Porque os seus argumentos usados na Arábia saudita ou na Índia levariam a conclusões diferentes (ser católico, sunita ou hindú). Mas os argumentos do Ludwig são válidos em qualquer parte do mundo.
João Vasco
ResponderEliminarParece-me que está um poucochinho confuso. A Igreja Católica sempre afirmou que é a única religião correcta. Basta consultar o site do Vaticano e encontra lá documentação sobre o assunto.
Quanto aos argumentos do Ludwig serem válidos em qualquer parte do mundo não é bem assim. O que o João Vasco quererá dizer é que os argumentos do Ludwig são de tal modo vagos e generalistas que podem ser utilizados em todo o lado. Isso é diferente de serem válidos. Se fossem válidos não estávamos aqui a ter estas discussões. Toda a gente aceitava os argumentos do Ludwig. Não confunda argumentos válidos com argumentos fast-food, por favor.
Alfredo Dinis:
ResponderEliminar"A ideia de que os ateus pensam pela sua cabeça sem obedecerem seja ao que for é um dos grandes equívocos do ateísmo contemporâneo"
Não. Apenas que temos a posição mais aberta que se pode neste momento para concluir sobre a realidade. Esse equivoco de que o ateu não valida nenhuma forma de conhecimento é vossa. E se sabem que valida e procura crenças justificas, então o argumento é falso.
"ter mostrado que é o paradigma em que cada um vive e pensa que determina quais são as perguntas que têm sentido e quais as respostas admissíveis"
Sim, excepto os que estão na capacidade de criar um novo paradigma, cada um usa para fazer previsões e explicar resultados o melhor que se conseguiu reunir até aí. A não ser que tenha aprendido a ver o futuro.
" [Khun ]ter mostrado que é o paradigma em que cada um vive e pensa que determina quais são as perguntas que têm sentido e quais as respostas admissíveis"
Sim, na impossibilidade de adivinhar as teorias futuras o ateu ou ceptico vê-se obrigado a procurar respostas entre aquelas que demosntraram serem as melhores para explicar o que se conhece.
"Kuhn mostrou também como a adesão a um paradigma e a permanência nele não tem a ver apenas com factores racionais"
Não sei se Khun mostrou isso. Mas de qualquer modo, o "apenas" é fulcral. A ciência é feita por homens e enquanto tal sugeita aos seus erros. Não invalida que seja a melhor resposta possivel.
Quanto à incomensurabilidade dos paradigmas, não me parece que Khun tenha realmente feito grande questão nesse argumento. Que está errado. É facil ver que um novo paradigma surge quando o anterior esta a romper pelas costuras quanto à consistência e completude. E o novo propoe um novo sistema cognitivo no qual explicar e prever a realidade. E o progresso do conhecimento so pode ser negado por quem disser que explicar 3 coisas é igual a explicar 1 coisa.
Esse tipo de argumentação pretende reduzir tudo à questão do que é que podemos saber realmente e que se calhar não podemos saber nada. E que as peças do conhecimento encaixem cada vez melhor não passa de uma estrondosa coicidencia ou uma fantastica ilusão mental.
Mas se é assim, a religião continua a não ter justificaçao racional. E não se pode acreditar em nada porque nada é real. TAlvez sejamos um cerebro num balde. Mas como sei que não é isso que o Alfredo acredita, proponho-lhe que se possa validar o conhecimento de alguma forma, e que haja respostas que são melhores que outras.
Talvez queira então voltar à questão de não haver ksutificação possivel para acreditar em Jave e não em Toutatis, ou sequer acreditar em entidades cujos atributos fisicos não diferem de uma fantasia.
António Parente,
ResponderEliminarUm argumento válido é aquele no qual a conclusão é verdadeira se as premissas o forem. Para ser válido não é necessário que as premissas sejam verdadeiras. Assim, pode-se discordar da conclusão de um argumento válido se não se aceitar as premissas.
O argumento do Alfredo é inválido porque a premissa que o cristianismo é um conjunto de crenças partilhadas por uma comunidade de pessoas que lhes dá valor não permite concluir nada acerca da verdade dessas crenças.
O meu argumento que se essas crenças forem falsas e se damos valor à verdade estamos mal servidos em crer no cristianismo é válido porque se aceitar as premissas terá, racionalmente, de aceitar a conclusão. O que não quer dizer que aceite as premissas. Mas isso não invalida o argumento e leva-nos ao que interessa mais aqui: a justificação para crer que o cristianismo é um conjunto de crenças verdadeiras.
Alfredo Dinis (cont):
ResponderEliminar""nem baseio a minha fé apenas em intuições subjectivas""
Então baseia em que? Estou curioso de saber que coisas objectivas são essa em que baseia a sua fe afinal.
António Parente:
ResponderEliminar«Parece-me que está um poucochinho confuso. A Igreja Católica sempre afirmou que é a única religião correcta.»
Exacto. Isso foi aquilo que escrevi.
Até afirmei que é considerado heresia defender o contrário.
«O que o João Vasco quererá dizer é que os argumentos do Ludwig são de tal modo vagos e generalistas que podem ser utilizados em todo o lado. »
Não. Percebeu mal.
E acredito que discorda daquilo que me atribui. Ambos sabemos que os arumentos que o Ludwig apresenta são bastante concretos, precisos.
Aliás, é uma das razões pelas quais eu tenho tanto gosto em lê-los, mesmo quando discordo. Posso discordar, mas está lá tudo preto no branco.
« Se fossem válidos não estávamos aqui a ter estas discussões. »
O António considera que aquilo que acabou de escrever é disparatado, certo? Não pensou bem antes de escrever isso, acontece aos melhores.
Ou acredita mesmo que o facto de "haver discussão" implica que o argumento em questão não é válido?
Sabia que existe "discussão", porque existe quem acredita que a terra é plana? Por essa lógica os que alegam que não é, não apresentaram argumentos válidos...
João Vasco
ResponderEliminarReconheço que comentei apressadamente o seu comentário tal como li apressadamente o post e não segui os 50 e tal comentários publicados. O que eu escrevi ficou fora do contexto. Só agora aqui em casa é que vi isso. Acontece aos melhores embora eu, com toda a humildade cristã, não pertença a esse clube.
Antonio Parente:
ResponderEliminar"Acontece aos melhores embora eu, com toda a humildade cristã,"
Humildade? Voces pensam que o universo foi criado para que possam existir.
Voces consideram que existe uma entidade quase-todo-poderosa que se preocupa com o vosso bem estar.
Voces não se importam de por a vossa crença à frente das evidencias...
Voces acham que o vosso Jesus, que veio para vos salvar é que é o tal deus e os outros povos que acreditem noutros deuses estão equivocados.
Não me venhas falar em humildade cristã.
"Se há um Deus onipotente, onisciente e onipresente, é óbvio que não podemos conhecê-Lo como objeto, ou mesmo como sujeito externo, mas apenas como fundamento ativo da nossa própria autoconsciência, maximamente presente como tal no instante mesmo em que esta, tomando posse de si, se pergunta por Ele. Tal é o método de quem entende do assunto, como Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, S. Francisco de Sales, os místicos da Filocalia, Frei Lourenço da Encarnação ou Louis Lavelle.
ResponderEliminarQuando um Richard Dawkins ou um Daniel Dennett examinam a questão de um “Ser Supremo” que teria “criado o mundo” e chegam naturalmente à conclusão de que esse Ser não existe, eles raciocinam como se estivessem presentes à criação enquanto observadores externos e, pior ainda, observadores externos de cuja constituição íntima o Deus onipresente tivesse tido a amabilidade de ausentar-se por instantes para que pudessem observá-Lo de fora e testemunhar Sua existência ou inexistência. Esse Deus objetivado não existe nem pode existir, pois é logicamente autocontraditório. Dawkins, Dennett e tutti quanti têm toda a razão em declará-lo inexistente, pois foram eles próprios que o inventaram.(...)
Longe de poder ser investigado como objeto do mundo exterior, Deus
Quando o inimigo da fé faz um esforço para ater-se à definição bíblica, ele o faz sempre de maneira parcial e caricata, com resultados ainda piores do que no argumento da “criação”. Dawkins argumenta contra a onisciência, perguntando como Deus poderia estar consciente de todos os pensamentos de todos os seres humanos o tempo todo. A pergunta é aí formulada de maneira absurda, tomando as autoconsciências como objetos que existissem de per si e questionando a possibilidade de conhecer todos ao mesmo tempo ex post facto. Mas a autoconsciência não é um objeto. É um poder vacilante, que se constitui e se conquista a si mesmo na medida em que se pergunta pelo seu próprio fundamento e, não o encontrando dentro de seus próprios limites, é levado a abrir-se para mais e mais consciência, até desembocar numa fonte que transcende o universo da sua experiência e notar que dessa fonte, inatingível em si mesma, provém, de maneira repetidamente comprovável, a sua força de intensificar-se a si próprio. Dez linhas de Louis Lavelle sobre este assunto, ou o parágrafo em que Aristóteles define Deus como noesis noeseos, a autoconsciência da autoconsciência, valem mais do que todas as obras que Dawkins e Dennett poderiam escrever ao longo de infinitas existências terrestres. Um Deus que desde fora “observasse” todas as consciências é um personagem de história da carochinha, especialmente inventado para provar sua própria inexistência. Em vez de perguntar como esse deus seria possível, sabendo de antemão que é impossível, o filósofo habilitado parte da pergunta contrária: como é possível a autoconsciência? Deus não conhece a autoconsciência como observador externo, mas como fundamento transcendente da sua possibilidade de existência. Mas você só percebe isso se, em vez de brincar de lógica com conceitos inventados, investiga a coisa seriamente desde a sua própria experiência interior, com a maturidade de um filósofo bem formado e um extenso conhecimento do status quaestionis.
(...)
"
Olavo de Carvalho, O deus dos palpiteiros http://www.olavodecarvalho.org/semana/090318dc.html
"Tal é o método de quem entende do assunto, como Platão, Aristóteles, Sto. Agostinho, S. Francisco de Sales, os místicos da Filocalia, Frei Lourenço da Encarnação ou Louis Lavelle."
ResponderEliminarE o Olavo é que sabe quem entende do assunto.
E continua sem explicar como distingue conhecimento de deus de palpite. Esse gajo é uma fraude:
"Mas a autoconsciência não é um objeto. É um poder vacilante, que se constitui e se conquista a si mesmo na medida em que se pergunta pelo seu próprio fundamento e, não o encontrando dentro de seus próprios limites"
Dizer mais para que?
Jairo,
ResponderEliminar«Se há um Deus onipotente, onisciente e onipresente, é óbvio que não podemos conhecê-Lo como objeto, ou mesmo como sujeito externo, mas apenas como fundamento ativo da nossa própria autoconsciência, maximamente presente como tal no instante mesmo em que esta, tomando posse de si, se pergunta por Ele.»
Esse Olavo menciona Platão. Aqui vai uma passagem relevante sobre o conhecimento (do Teeteto):
««quando alguém chega à opinião verdadeira sobre alguma coisa, sem explicação, a sua alma encontra-se na verdade a respeito disso, mas não a conhece. Com efeito, aquele que não for capaz de dar e receber uma explicação sobre algo ignora-o.»
Explica-me lá como sabes o que dizes saber sobre esse deus. Ou então admite que não sabes nada...
João,
ResponderEliminarMas tens de admitir que esse tal Olavo é muito auto-crítico. Olha só o último parágrafo desse texto:
«O que mata a filosofia no mundo de hoje é o amadorismo, a intromissão de palpiteiros que, ignorando a formulação mesma das questões que discutem, se deleitam num achismo inconseqüente e pueril,»
Joao
ResponderEliminarCom humildade cristã, te digo:
O Universo foi criado por Deus. Tu mesmo reconheces isso mas chamas-lhe Big Bang, Acaso e outros nomes.
Existe, sim, o Todo-Poderoso que se preocupa com o nosso bem-estar. Eu estou bem, sinto-me feliz, tenho de dar graças a Deus por isso.
Nóa não colocamos as nossas crenças à frente das tuas evidências. Por um motivo muito simples: tu não tens evidências, tens palpites.
Nós temos as nossas crenças tal como tu, Joao, tens as tuas. Acreditamos que todas as religiões têm elementos de verdade porque buscam Deus mas consideramos que sendo Jesus o Filho de Deus devem procurar a salvação no Cristianismo. Acreditamos que Deus, na sua infinita misericórdia, também salvará pessoas não crentes. Até acreditamos que salvará os palermas. Pelo menos eu acredito.
A nossa humildade cristã significa reconhecimentos dos erros cometidos e vontade de começar de novo. Eu li apressadamente o post, passei por cima dos comentários e aterrei em cima das palavras do João Vasco. Depois de um dia stressante pensei: ora que bom, vou dar um piparote no João Vasco. Falhei. Fui castigado pela soberba, pela arrogância. Como penitência decidi ler-te durante uma semana. Maior castigo do que este é possível, sem dúvida, mas para o efeito e tendo em atenção a gravidade da falta é suficiente.
Tem um excelente fim-de-semana.
Já estão quase 69 comentários e quero contribuir para cheguemos a esse maravilhoso número para comentar duas partes do artigo que foram respondidos pelo Alfredo Dinis.
ResponderEliminarSe viver após a morte com Deus à minha espera, prova-se que o teísmo está correcto. Se deixar de existir, não terei a oportunidade de dizer aos outros que estava certo. No entanto, se os teístas também deixarem de existir, morrerão errados.
Os engenheiros em geral reconhecem o valor da simplicidade: Keep It Simple, Stupid! Quanto mais complexo for, por exemplo, o código de um programa informático, mais difícil é de percebê-lo e de ser depurado. Por isso um programa complexo é feito em módulos e cada um é testado em unidades de testes e com peer-review, para se tentar provar e ter mais confiança de que cada pedaço está correcto. Pelo contrário, o uso de complexidade desnecessária e de fé cega são erros de design.
Em geral dizer que algo existe sem provas é intelectualmente arriscado, no sentido de ser mais difícil de mostrar que está errado se o estiver do que na admissão de que não existe. Atribuir-lhe propriedades torna a ideia ainda mais arriscada e mais difícil de ser provada.
Além disso, mesmo sem a oportunidade de dizer que estive certo depois de morrer, podemos procurar saber o que é e como funciona a consciência. Já existem protótipos de robôs que usam neurónios de rato capazes de aprenderem a pilotarem aviões. O que nos reservará o futuro?
Mesmo se os átomos podem ser chamados de deuses, não me parece que a Teoria do Big Bang implique que o Universo seja uma pessoa que se preocupe connosco. Mas considerando o Deus teísta, pessoal, sobrenatural, que interfere com o Universo, deixo uma entrevista de Plantiga sobre as provas da sua existência: Prof Alvin Plantinga on Reasons for God. A resposta que dá é muito parecida com a que o Alfredo Dinis deu. E muito diferente dos "filósofos" palpiteiros.
off-topic
ResponderEliminarJá agora reparem que o YouTube tem uma nova funcionalidade. No lado direito do botão de volume, está um botão com "CC". Passem o cursor por cima dele e cliquem na opção "Transcribe Audio". Nos vídeos mais recentes a legendagem é gerada automaticamente a partir do som (apesar de na versão beta haver muitas imperfeições). Noto que os programadores não programaram a associação do som às palavras. Afinal de contas, não são teólogos! O processo deve ser mais parecido com o funcionamento dos neurónios conjugado com selecção artificial.
Entrevista de Richard Dawkins com o padre e astrónomo George Coyne.
ResponderEliminarNum comentário:
«
Best. Preacher. Ever.
I don't think religious would bother me nearly at all were they more like this man.
»
Talvez sirva de inspiração para um próximo artigo e comentários.