domingo, setembro 16, 2007

Treta da Semana: Crianças Sobredotadas.

Há pessoas sobredotadas. Quem dirige as melhores orquestras, corre cem metros em 9.74 segundos, ganha um prémio Nobel ou inventa o Google demonstra capacidades para além do normal. E podem ser crianças. Aos oito anos, Mozart compôs a sua primeira sinfonia e já era um músico reconhecido internacionalmente. Era criança, e era sobredotado.

O que muitos chamam «crianças sobredotadas», ou detentoras de «Altas Capacidades», são apenas crianças precoces. Se aos seis anos responde num exame como um miúdo de doze então está adiantada para a sua idade. Mas responder como um miúdo de doze não é uma alta capacidade. Não quer dizer grande coisa. Não é por aprender a andar aos oito meses que vai ser um grande atleta.

Mas é pior que isto. No passado dia 12 o programa da Júlia Pinheiro na TVI foi sobre os sobredotados. Um jovem convidado, segundo a mãe, começou a falar aos dez meses, a andar com um ano, fazia muitas perguntas e gostava de livros. Não censuro a senhora porque sei o que sente pelo filho. Até a espirrar nos parecem melhores que qualquer outro. Mas segundo o «Essentials of Pediatrics» a senhora teve um filho perfeitamente normal. O que não lhe tira mérito, porque e se é normal e saudável é pelo muito que os pais fizeram. Mas não satisfaz as expectativas do programa.

Outro exemplo foi um estudante de medicina que entrou para a faculdade com 16 anos. A Júlia Pinheiro ainda andou à pesca de algo genial na vida deste convidado, mas sem grande sucesso. Ele chegou a dizer que não se considerava sobredotado nem nunca o consideraram tal coisa. Só por isso me pareceu demonstrar uma inteligência acima da média do programa. Foi um show de pais babados. O que não teria mal nenhum, não fossem as consequências para as crianças.

Preocupou-me a ênfase nas necessidades das crianças sobredotadas. É evidente que os pais e o sistema educativo devem dar à criança o que ela precisa para se desenvolver. Mas não por ser sobredotada. É por ser criança que deve ter este apoio. Repugna-me a ideia, mesmo implícita e bem disfarçada, que umas crianças merecem mais que outras.

Também desconfio da prestação de serviços de acompanhamento aos sobredotados por entidades comerciais com fins lucrativos. Estima-se que cerca de 2.5% das crianças sejam sobredotadas, mas duvido que um consultório privado rejeite os 97.5% de clientes cujo filho não é sobredotado. As «Altas Capacidades» parece-me uma jogada para aceitar qualquer criança, quanto mais não seja pela alta capacidade de saltar nos sofás e gritar alto. O que vem à rede é peixe.

Mas o pior é o que isto faz às crianças. Já falei nisto (1), por isso vou deixar apenas um relato pessoal. Em criança fui muitas vezes o melhor da turma, o que me ensinavam era tão fácil que aborrecia, e fui convidado a assinar o livro de honra da escola quando acabei o ciclo preparatório. Não me senti especialmente dotado. Os meus colegas viviam em barracas, tinham problemas com a família, e um até foi para uma casa de correcção por bater numa professora. Eu podia fazer os trabalhos de casa, ler um livro, brincar com os irmãos ou pedir ajuda aos pais. Tinha o dom, raro naquela escola, de não levar pancada de um pai bêbado nem ter que viver com a avó por ter os pais na cadeia. Não era caso para me sentir sobredotado.

E os papelinhos das notas cheios de cincos nunca contaram para nada lá em casa. Os meus pais só queriam saber se eu precisava de ajuda, ninguém ia gostar mais de mim por causa das notas, e eu também nunca liguei a isso. Nem fui assinar o raio do livro.

É isto que a fuçanguice e negócio dos sobredotados estão a roubar às crianças. Em vez de sentir que valem pelo que são dizem-lhes que valem por ser mais que os outros. Para bem dos poucos que sejam mesmo sobredotados só desejo que passem despercebidos.

1- 12-9-07, Crianças Rotuladas

25 comentários:

  1. Ludwig

    Só para desenjoar, assino por baixo. Não de bilhete de identidade, porque tenho que me defender, mas "Abobrinha" como assinatura é simpático!

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  2. Outra questão que se levanta, é que quando se é o melhor pelas circunstâncias e não porque se é de facto genial, e depois as circunstâncias se alteram, como por exemplo com a entrada para a faculdade, é uma desilusão descobrirmos que afinal não somos assim tão bom como pensávamos.

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  3. Ludwig,

    Falar com 10 meses e andar com 1 ano é trivial. Eu fiz o mesmo! Não tenho nada de sobredotação excepto o desinteresse por quase tudo. :-)
    A questão da sobredotação posta nesses termos é treta e da mais ridícula.
    Na faculdade onde entrei com 17 anos, havia um colega que entrou com 15 anos. Sitio onde a média era de 82%. Ele seria sobredotado? Não. Ele fez o secundário num outro país, e o programa de 10º ano dele lé era equivalente em matéria ao nosso 12º, e depois há aqueles contingentes especiais para emigrantes, e afins.
    Nós somos aquilo para que somos treinados. Se aprendemos mais depressa do que os outros, permanentemente, somos sobredotados, e é necessário arranjar um ritmo especifico de ensino. Se aprendemos ao ritmo dos outros, mas, apreendemos mais dados, e estudamos mais, obtemos melhores resultados, mas, não somos sobredotados de maneira nenhuma. Os pais é que recusam esta realidade.

    Por fim, referindo o teu caso. Aquilo que descreveste é uma das razões pela qual acho o nosso sistema de ensino ridículo, e defendo a realização de exames nacionais em todos os anos!
    Tu até és inteligente o suficiente para ter tudo 5 com justificação. Mas, vejo muitos casos de notas atribuidas comparativamente. Numa turma de burros, se alguem estiver no quartil superior, arrisca-se a ter notas inflacionadas, só porque os professores não podem chumbar tudo, ou porque o standar do 4 no meio dos burros, num meio de inteligentes não passava de um 3, e os professores insistem em dar notas comparativas. Alguém disse que assim era pedagógico. :-) Fazem-no e defendem-no, e atacam quem diz o contrário, mas, um dia vem um transferido de outro sitio onde tinha 4 e de repente emitem o comentário "4?! Como é possível? É tão burra, e está tão pouco desenvolvida que até o 2 é um favor...".
    Para isto só há uma coisa a dizer: Ou os pedagogos são estúpidos, ou comem m#@&a à colher.uwkywt

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  4. As crianças que supostamente são sobredotadas, apenas o são numa determinada disciplina, normalmente a matemática. Se fossem sobredotados acho que deviam ser bons a tudo, mas não o são, eu diria que são apenas mais curiosos do que o resto das crianças.

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  5. Para variar concordo com quase tudo, mas é só quase.

    "Repugna-me a ideia, mesmo implícita e bem disfarçada, que umas crianças merecem mais que outras."
    Claro, concordo. MAS... cada uma delas deve ter aquilo que é necessário para se desenvolver, o que não é necessariamente o mesmo nem no mesmo tempo.

    Não me parece correcto, por exemplo, que a matéria que seja ensinada seja "tão fácil que até aborrecia". Penso que nesse caso o professor deve encontrar novos desafios para aquela criança. O que não faz dela sobredotada. Nisso concordamos.
    Não quero para os meus filhos nem mais nem menos que para os outros. Mas quero para todos um tratamento adequado.
    E não me comovem, neste domínio, as histórias dramáticas dos demais: essas devem ser tratadas em sede própria. A escola não serve para nivelar as classes por baixo. Quanto muito, para puxar para cima quem tenha capacidade para ficar mais educada, mais instruída, mais preparada do que as gerações anteriores.

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  6. NCD,

    Penso que neste caso estamos mesmo de acordo em tudo. E até me parece que essa opinião é consensual. Se uma criança tem um interesse especial por alguma matéria devia ter o apoio que precisa para progredir ao seu ritmo. Isso era o ideal.

    Só não se faz isso por limitações práticas. Era preciso muito mais professores e muito melhores. Isso não só exigia um maior investimento em educação mas também necessita de um investimento a longo prazo (bons professores não se compram na loja dos chineses, e demoram a «produzir»).

    Mas parece-me que, umas vezes melhor e outras pior, tem sido essa a tendência nas últimas décadas.

    Também concordo que a escola não deve «nivelar por baixo». E quando se chega ao ensino superior penso que deve ser bem exigente. Ai, quem não aguentar que vá fazer outra coisa. Mas isso é com adultos.

    No outro extremo, com as crianças mais novas, a prioridade deve ser a inversa: não deixar ninguém de fora, mesmo que aborreça alguns.

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  7. Ludwig,
    não deixar ninguém de fora mesmo que aborreça alguns já deixou alguns de fora.
    Eu percebo que tu penses que és a prova viva de que não ficaste "de fora", mas isso é uma generalização que não tem qualquer fundamento.
    Acresce que não é necessário que alguns fiquem aborrecidos.

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  8. Ludwig e ncd,

    Efectivamente aqui temos apenas um "quase tudo" na concordância.
    Um sobredotado não é bom a tudo! O Einstein era um aluno brilhante nas áreas de matemática e ciências, mas, tinha piores resultados em linguas e outras "coisas" menos exactas. Se não tivessem percebido isso a tempo tinha-se perdido todo o progresso que ele trouxe, porque ele era mau a francês. A definição do bom a tudo é um marrão e não um sobredotado.
    Eu não quero que se perca o proximo Einstein, porque alguem quer homogeneizar todos os alunos. A questão grave não é, haver alguns excepcionais. A questão grave e ridicula, é andar tudo na ansia de dizer que o seu rebento é um sobredotado, quando pode nem passar de um puto normal com mais "treino" do que os outros.

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  9. Na escola primária conseguimos ter um professor para 20-30 alunos. Cada criança vai ter o seu próprio ritmo, e o professor vai ter que avançar ao ritmo dos mais lentos. Pode ir um pouco mais depressa e dar atenção especial a uns dois ou três que precisem de um empurrão, mas não consegue estar no final do primeiro ano a dar dez coisas diferentes ao mesmo tempo.

    A alternativa de separar os miudos em dez turmas era ainda pior. Não se consegue testar devidamente crianças tão novas, o ritmo de cada um varia de mês para mês pois estão a crescer rapidamente, e o convívio com os colegas é tanto ou mais importante que o que o professor ensina nesta altura.

    Não estou a generalizar pelo meu caso. É só que enquanto não tivermos um professor para cada cinco alunos temos que aguentar com este sistema. E entre 2.5% se aborrecerem e alguns acabarem por desistir ou 97.5% ficarem para trás por não aguentar a pedalada, temos que escolher o mal menor.

    Finalmente, não podemos prever de onde vem um Einstein. E mesmo que uma criança nos 2.5% tenha dez vezes mais probabilidade de ser um Einstein, ainda assim haverá mais Einsteins a vir dos 97.5% (cerca de 4 vezes mais).

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  10. Ludwig,
    é possível, necessário e justo que se dê aos 2,5% de aborrecidos a mesma atenção, a mesma adequação e o mesmo acompanhamento que aos alunos dos outros 97,5%. Caso contrário estamos a fazer algo que tu já disseste que te repugna: estamos a dizer que uns porque são a maioria merecem mais que os outros.
    E é possível avançar a várias velocidades nos mesmos temas e isso é feito (se nalgum lado é feito é na primária, precisamente). Claro que isso implicará dar tarefas diferentes a diferentes alunos, ou desafios distintos, com um grau de complexidade distinto.
    Nota que até pode ser que estes 2,5% seja de sobredotados, que são bons numa parte da matéria e maus no resto, o que implicará que também estes beneficiarão do tratamento diferenciado nas restantes matérias.
    Mas o normal é até que não sejam: que sejam só miúdos bem preparados de casa. É natural que precisem de um professor que os ajude a conhecer mais, a descobrir mais e a melhorar as suas capacidades. Seria uma violência obrigá-los a ir à escola se a escola não fosse para eles, não achas?

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  11. Ludwig,

    Tenho de responder com indignação! :-) Estás a dizer que eu tenho 4 vezes mais probabilidades de ser um Einstein do que tu!
    Tenho de reagir com indignação, porque não sou nem nada que se pareça tão inteligente como tu, e se começas a apregoar essas minhas "capacidades" intelectuais, o Socrates ainda se lembra de dizer que eu devia ter sido mais na vida, e ganhar mais e pagar mais impostos, e ainda se lembra de cobrar pelo potencial e não pelo real uso da inteligencia, e ainda acabo tributado por conta de uma potencial inteligencia que não vou ter nunca! :-)
    É mentira infame de sua excelencia a minha inteligência de Einstein!

    Agora mais a sério... A detecção de um sobredotado não implica modificar a matéria de uma turma para o acomodar. É preciso que em primeiro seja detectado qual o talento especial dos ditos. Se o puto tem um desinteresse generalizado e más notas a tudo, não é sobredotado. Tem que se detectar um padrão de interesse, e apostar naqueles que têm padrões minimamente interessantes. Não quero saber de um sobredotado para fazer trocadilhos e falar 20 linguas diferentes. Quero matemáticos, cientistas em potência, alguns artistas excepcionais, etc.
    Ignorar esses 2.5% pode ser perigoso. Se são muito mais inteligentes que os restantes e forem deixados para trás, ficas com um desequilibrado com uma inteligencia excepcional que há de infernizar a vida a alguém no futuro.

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  12. Além, claro, de concordar com NSA. Eu não aceito essa treta da ditadura das maiorias. Por esse caminho, tinhamos de ser alinhados pela mediocridade, e isso, não é aceitável.

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  13. NSA,

    É claro que dentro do possível, pois certamente que se faça.

    António,

    Assumindo que cada um de nós tem exactamente 0% de probabilidade de ser Einstein, eu diria que podes ter, à vontade, quatro vezes mais que eu. Dez. Cem, se quiseres :)

    Mas o que eu proponho não é a ditadura da maioria. É reconhecer que os recursos são limitados. Mas, principalmente, que a crianças não sejam apoiadas em função das suas capacidades mas sim em função dos seus interesses e necessidades.

    Acho bem dar tinta e pincéis a um miudo que gosta de pintar mesmo que os quadros dele sejam uma porcaria. Quando for crescido lá chegará a altura de dizer pronto, para isto não serves, vai lá fazer outra coisa. Mas para distribuir os recursos pelas crianças deve contar apenas os seus interesses e necessidades, e não os seus dotes ou capacidades.

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  14. Ludwig,

    Eu percebo essas probabilidades, mas, o que me pedes é que acredite que os tipos das finanças o percebam. E aí... "Be affraid. Be VERY affraid!"

    Sobre a sobredotação, não creio que seja tão generalizável quanto isso. 2,5% é uma generalização, e deve incluir os "inuteis". Se algum puto, aos 6 anos já sabe operar de forma abstracta, e demonstra capacidades que nem dos de 10 anos se espera, não creio que "dissolver" esse puto no meio dos normais vá contribuir para o que seja. Nem que seja necessário propor algo radical como dar-lhe aulas especiais para essa parte da matéria. Não estou a falar de putos que aos 6 anos já fazem as contas dos de 9 anos, mas, que depois não conseguem dar o salto para a abstracção. Um pode ser um matemático excelente, o outro é apenas bom para fazer contas. Hoje em dia querem passar o segundo por sobredotado, que não é!

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  15. Ok, vamos supor esse caso limite. Vamos imaginar que tinhamos um sistema fiável para detectar os verdadeiros sobredotados, e não esta treta toda que para aí anda.

    Faziamos um teste a um miudo de 6 anos e viamos que ele podia ser um matemático extraordinário quando crescesse.

    Se o puto quiser estudar matemática, pois que se lhe dêem os livros que quiser. Mas se preferir brincar com os amigos, temos que lhe dar essa possibilidade. Temos que forçar um pouco as crianças a aprender, mas apenas na medida em que for do interesse delas fazê-lo, e não para termos bons matemáticos. Com essa idade parece-me cedo para exigir essas coisas.

    Além disso, o que fazer do puto que não é génio nenhum mas também quer estudar matemática? Recusa-se? Penso que isso também não é correcto com crianças.

    O resultado é que o teste e as capacidades são irrelevantes. Nem nos dão o direito de o obrigar a ter mais matemática, nem legitimam que só se ensime mais matemática a um quando outro menos dotado também quer.

    Por isso deve-se ensinar mais matemática a um puto de 6 anos se e só se ele quiser, independentemente das suas capacidades, e desde que não retire recursos aos outros que também precisam.

    Aos 18 a coisa já é diferente, e estou a favor de exames de admissão, cursos restritos a quem demonstre capacidades, e assim por diante. Mas com crianças penso que seria errado estas distinções mesmo se tivessemos uma forma fiável de as fazermos.

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  16. Olá Ludwig

    Eu comecei a cantar aos 9 meses mas, daí para frente, fui ficando cada vez mais "distraida", o que não demoveu a minha mãe que continua a insistir que eu sou genial, sou é uma calona patati patata.
    Os pais são uns amores, ceguinhos de todo mas uns amores!

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  17. Ludwig,

    Um sobredotado, normalmente apresenta uma obcesão com a aprendizagem do seu interesse. Um puto que só quer brincar não é um sobredotado, é apenas um puto normal e saudável. :-)
    Detectar um sobredotado é mais do que testar o dito para vêr se o obrigamos ou não a seguir um caminho. O stephan Hawking não era sobredotado, e até muito tarde não desenvolveu a aptidão para a física que tem hoje, mas, não o obrigaram a seguir nenhum caminho contra vontade.
    Olha a Joaninha... Tem uma aptidão para cantar que se perdeu por obcessão paternal... :-) A questão do acompanhamento especifico só tem a vêr com o aproveitar as aptidões quando elas se manifestam, e não com o procurar o que não está lá, como nesses pseudo-sobredotados da televisão.

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  18. Caro Antonio,

    A minha aptidão para cantar é genetica, o meu avô cantava tinha uma voz linda, e esse sim era sobre dotado, mas não era só nisso era em muita coisa. Os filhos , todos eles (9) cantam muitissimo bem.
    Na minha geração é que a coisa descambou um bocadito e só eu e a minha mana mais nova é que tinhamos alguma voz e bom ouvido.
    Claro que eu tratei de resolver o assunto com os cigarrinhos e agora a voz é de cana rachada, mas a mana mantem a bela voz.

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  19. Outra coisa que também acho um bocado treta é chamarem génios a pessoas que sofrem de autismo e que por causa dessa condição conseguem memorizar tudo, multiplicar de cabeça números com 12 algarismos, decorar a ordem de baralhos de cartas, etc., sem serem capazes de perceber piadas ou de conversar normalmente sendo que estão limitadas para um grande número de actividades cerebrais relacionadas com interacção social. Ou tratarem pessoas que sofrem de doença bipolar ou esquizofrenia como se tivessem uma espécie de dom.

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  20. Aos autistas falta a chamada «inteligência emocional». Mas como esta inteligência é atribuida mais às mulheres do que aos homens, até agora foi tida como «não-científica» pela comunidade científica maioritariamente dominada pelos homens (pelo menos nas posições que contam). Segundo um documentário da BBC que vi recentemente na televisão (alemã), a tentativa de incluir a inteligência emocional nos testes tradicionais do QI tem deparado com enormes resistências.
    Além disso, penso que antes de se criarem programas para fomentar os alegados «sobredotados», será talvez melhor velar pela mesma qualidade de ensino para todas as crianças. Ou seja, combater as discriminações e exclusões - conscientes e involuntárias - a que são sujeitos os alunos por raça, sexo ou condição social.
    Cristy

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  22. Eu então sou exemplo oposto ao de um sobredotado. Só comecei a falar aos 3 anos de idade...
    Serei eu sobdotado? O que é facto é que eu sempre me opús à minha própria inteligência.

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  23. Se calhar é sinal de sobredotação. É rara a criança que compreende que nessa idade também não tem nada de jeito para dizer, mais vale estar calada :)

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  24. Os autistas são talentosos, não génios e enganam-se quando dizem que eles apenas não têm inteligência emocional. Um autista significa uma pessoa que apenas tem interesse numa área especifica e por esse motivo apenas essa área se desenvolve no seu cérebro enquanto as outras vão ficando mais "enferrujadas" ora essa área pode ser a área visual... e como os testes qi não avaliam apenas este aspecto podemos dizer que que ele não é um génio mas sim um talentoso.
    Já a não inclusão da tal inteligência emocional nos testes qi deve-se apenas à aplicação do qi ao seja era injusto para um cientista baixar o seu qi por causa da inteligencia emocional avaliada com uma percentagem num teste e no trabalho que fazem a inteligencia emocional é completamente inútil.

    Já o facto dos não sobredotados serem desprezados em frente aos sobredotados trata-se de uma simples descriminação que a sociedade sempre adorou fazer.
    A confusão de precoce com sobredotado, não podia estar mais certa - uma criença precoce pode ser sobredotada e uma criança não precoce pode não ser sobredotada.

    Sem falar no facto de que o QI não diz se essa pessoa vai ser bem sucedida no futuro mas sim a criatividade.
    Estes erros não se devem a mais nada: pura ignorância e falso saber da sociedade.
    Se querem saber sobre o assunto leiam em livros científicos, não em revistas cor-de-rosa.

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