quinta-feira, junho 14, 2007

Treta da Semana: 10% do cérebro.

Já várias pessoas me disseram que só usamos 10% do cérebro. Infelizmente, a minha educação sempre me impediu de responder «fala por ti». É treta. Um AVC ou uma bala na cabeça deixam sequelas em muito mais que 10% dos casos. A ressonância magnética e a tomografia por emissão de positrões mostram actividade no cérebro todo e não apenas num cantinho. E se alguma vez tiverem que ser operados ao cérebro é bom que o cirurgião não pense que 90% é lixo. Cada pedacinho tem a sua função; ele que não deite nada fora.

O post do Massimo Pigliucci no Rationally Speaking (1) levou-me a escolher esta treta para esta semana. Como ele, recomendo o artigo do Benjamin Radford no Snopes (2). Resumindo, esta patranha espalhou-se porque atrai os fãs do paranormal. Pouco capazes de distinguir factos e ficção, julgam encontrar aqui um sítio para aqueles poderes que alegadamente temos. Coisas como ler os pensamentos do cão, ter sonhos vagos com acontecimentos futuros e dobrar colheres só de olhar para elas. Como solução põem isso na parte do cérebro que não usam.

Não vou perder tempo a explicar porque é que isto é treta. Recomendo a quem tiver ainda dúvidas que siga os links abaixo. O que me fascina neste tema é como se subestima a complexidade das nossas tarefas quotidianas. Considerem estes dois conjuntos de exemplos:

A: Resolver um sistema de equações diferenciais; calcular quanto combustível é necessário para colocar um satélite em órbita; vencer um jogo de xadrez.

B: Jogar à bola; perguntar (e perceber) o caminho para o supermercado; ver telenovela.

A maioria dirá que o grupo A exige maior capacidade mental, e que B é intelectualmente trivial. É precisamente o contrário. Qualquer computador pessoal ou até uma máquina de calcular sofisticada resolve as primeiras tarefas sem problemas. Mas as tarefas do grupo B são tão complexas que nem sabemos como programar uma máquina para as fazer.

Pegando no último exemplo, quando vemos uma novela na televisão começamos por identificar caras e pessoas diferentes. Um computador moderno com software sofisticado consegue fazê-lo quase tão bem como nós. Mas no passo a seguir já deixamos o computador para trás. Percebemos o que cada actor diz, associamos o significado das palavras às emoções que inferimos do tom de voz, da expressão da cara, da postura, e do contexto. Mesmo quando o actor é mau conseguimos fazê-lo.

Recorrendo a um grande conjunto de informações que adquirimos ao longo da nossa vida e dos episódios anteriores, criamos um modelo mental para cada personagem. Sabemos que a Elizete, por estar casada com o Amílcar, não está à espera de o ver na cama com a Odaliza. E a surpresa será duplamente desagradável porque esta última se fez passar por sua amiga. Fazemos isto em fracções de segundo, em paralelo com várias coisas que possamos estar a fazer ao mesmo tempo, e com tão pouco esforço que para muitos até aborrece.

Dobrar colheres com a mente? Se fosse fisicamente possível era trivial. Não tinha nada que saber. Não precisava da milésima parte do cérebro e até um gafanhoto conseguia. O que é incrivelmente difícil é o que fazemos todos os dias, como chegar a casa e contar uma coisa engraçada que nos aconteceu no trabalho. A linguagem, o humor, a criatividade, a capacidade de compreender o que o outro sente e pensa. São tarefas tão complexas que até surpreende que baste cem mil milhões de neurónios para as desempenhar.

É triste. Quem tanto procura o maravilhoso nas tretas acaba por perder o verdadeiro espectáculo que é a realidade. E que está mesmo à frente (ou, neste caso, atrás) do seu nariz.

1- Massimo Pigliucci, 4-6-07. Not true: you don't use only 10% of your brain
2- Benjamin Radford, 8-2-00, Claim: We use only ten percent of our brains.

13 comentários:

  1. Ludwig,

    Quando eu era miúdo, dizia-se que eram 30% e não 10%! Sempre me espantou como numa geração apenas se tinha perdido logo 20% da capacidade total do nosso cérebro. Enfim, acho que só poderia encontrar razões politicas para isto, principalmente por 2 razões:

    1 - Os políticos têm interesse em que a malta acredite que somos uma cambada de incompetentes.

    2 - Nós todos, cidadãos vulgares, somos da opinião que eles (políticos) não usam "de facto" mais que 10% do cérebro.

    No entanto, decepcionaste-me no teu exemplo da novela. Teria sido muito mais interessante se o Amílcar tivesse sido apanhado na cama com o Valdemar e depois se evoluísse para um episódio de swing!

    Um abraço.

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  2. P.- Porque é que as mulheres têem um sexto sentido?

    R.- Porque os outros cinco não funcionam.

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  3. E o pior é que geralmente esta frase vem com um «cientificamente provado» irritante.
    O pessoal do sobrenatural decerto usa mais de 10% do cérebro, ainda que desajeitadamente...

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  4. Pergunto:
    1. Que é que nós temos a ver que a Odaliza vá para a cama com o Amílcar? E que ela se faça passar por amiga da Elizete só para ir para a cama com o Amílcar? Tudo isso é lá com eles e eu não gosto de me meter na vida alheia.
    2. Vocês riem ridiculamente das colhers dobradas com a mente porque não têm o problema que tenho cá em casa. Aqui não conseguimos comer sopa. O meu miúdo (que só tem 3 anos) dobra-me as colheres todas. Põe-se a olhar muito fixamente para a gaveta onde estão as colheres e, pronto, ficam logo todas retorcidas. E não adianta comprar novas colheres e escondê-las, que o raio do miúdo até parece que as cheira e logo mas dobra.
    Mas, vocês que sabem disto, digam-me lá porque é que ele só me dobra as colheres? Os garfos e as facas não me dobra ele. Será o miúdo um simples colhereiro? Nunca chegará a ser garfeiro? E muito menos faqueiro?
    Mais dúvidas tinha para vos pôr mas acho que por agora já chega.
    Obrigado. Bem hajam!
    Caldo Verde

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  5. Caro Caldo Verde,

    Espero poder esclarecê-lo. Quanto ao ponto 1, é de estrema importância estar a par do estado vibracional da harmonização psico-emocional de quem nos rodeia. Mesmo que sejam personagens ficticios num programa televisivo gravado.

    Isto está provado cientificamente num relatório secreto de estudos feitos nos EUA, em Roswell, a partir de dados obtidos na autópsia de extraterrestres. Um conhecido meu transportou uma vez no carro estes relatórios e foi perseguido durante horas por um helicóptero do governo, que estava camuflado para parecer exactamente igual à lua.

    Infelizmente, ele não pode ler o relatório, mas recebeu uma vez um email de alguém cujo primo conhecia o Bill Gates e que podia confirmar tudo.

    Quanto ao ponto 2, penso que esse problema se explica pela sincronicidade psíquica do seu filho para com as colheres. Esse efeito sofre influencias de Neptuno na casa do Aquário, e prevejo que dentro em breve certamente que a situação ou mudará, ou ficará na mesma.

    Espero ter ajudado.

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  6. Bolas, até agora tinha uma excelente desculpa para a minha estupidez "epá, não tenho culpa, só uso 10% do cérebro!" Agora por causa deste post vou ter que inventar outra coisa...

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  7. Eu cá só utilizo 5% de cada vez.
    Uns dias funciona o tico outros o teco, assim não se gasta energia desnecessária!
    Bj

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  8. Investigações recentes vieram confirmar aquilo que os criacionistas há muito diziam:
    o DNA não é "junk", como os evolucionistas sustentavam. Ele é inteiramente funcional.

    Na sua compreensão distorcida pelo modelo evolucionista, os evolucionistas sustentavam que o DNA era maioritariamente composto por "lixo", resultante do processo evolutivo.

    Diferentemente, os criacionistas, como acreditavam ter sido o DNA criado por Deus, sustentavam que ele seria inteiramente funcional.

    Mais uma vez se mostra que 1) o modelo criacionista permite fazer previsões científicas e 2) que essas previsões podem ser objectivamente confirmadas.

    Na verdade, os estudos mais recentes, amplamente divulgados pela imprensa nacional e internacional, demonstram que o DNA é um sistema operativo cuja complexidade relega todo o poder computacional gerado pelo ser humano para o estatuto de simples brincadeira de bebé.

    O DNA é um sistema de armazenamento e processamento de informação esmagadoramente sofisticado.

    Como poderia um softweare tão complexo e com tanta capacidade de armazenamento de informação ter sido o resultado de um processo evolutivo aleatório?

    De onde veio toda essa informação, com todas as instruções para o fabrico de plantas, animais e seres humanos inteiramente funcionais e interdependentes?

    Que diria Darwin se conhecesse a sua complexidade e não estivesse erradamente convencido que as células são mero protoplasma indiferenciado?

    Na verdade, para além de DNA com genes codificadores de proteínas, percebe-se a existência das mais diversas e variadas formas de RNA, com uma complexidade até agora inabarcável.

    Isto levou Tim Hubbard, do Wellcome Trust Sanger Institute, a a afirmar: "The surprising results, transform our view of the genome fabric.”

    Até então entendia-se que a actividade do genoma se "limitava" aos 22 000 genes que fazem proteínas, os blocos funcionais das células, juntamente com outro DNA que controla e regula os genes.

    De acordo com o entendimento tradicional, 97% do genoma era visto como “junk” DNA, na medida em que se entendia que não tinha função.

    Gradualmente, os números foram sendo alterados, à medida que se descobria a função.

    Presentemente, o Dr Hubbard afirma: “We are now seeing the majority of the rest of the genome is active to some extent.”

    A inteira funcionalidade do DNA estava longe de constituir uma previsão evolutiva.

    No entanto, ela era prevista pelos criacionistas e é inteiramente consistente com o modelo criacionista.

    A única coisa verdadeiramente "junk" em todo este processo é a teoria da evolução e as suas previsões.

    Mesmo as alegadas similaridades entre os chimpanzés e os seres humanos baseiam-se num conhecimento do DNA totalmente imaturo e desadequado.

    Como se vê, os criacionistas não têm que negar a ciência para defender a sua posição.

    Antes mobilizam a ciência para demonstrar que só a ideia de uma criação inteligente é compatível com a evidência.

    Não é a falta de evidência que leva os evolucionistas a negarem o Criador. É a apenas a sua ideologia naturalista, por sinal destituída de qualquer fundamento empírico.

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  9. É verdade, que essa do junk DNA é mesmo mais uma treta evolucionista.

    o biólogo evolucionista Kenneth Miller, há cerca de 13 anos atrás tinha dito:

    "the designer made serious errors, wasting millions of bases of DNA on a blueprint full of junk and scribbles. Evolution, in contrast, can easily explain them as nothing more than failed experiments in a random process".

    Afinal, o DNA não é um conjunto de experiências falhadas de um processo evolutivo aleatório, mas é inteiramente funcional.

    Ou seja, não foi o designer que errou, mas sim o evolucionista!

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  10. Realmente, considerando que o junk DNA era uma das grandes bandeiras do evolucionismo, trata-se de mais uma "bola no poste", juntamente com a dos Neandertais, da Lucy, das "penas de dinossauro", etc.

    A capacidade de finalização da equipa evolucionista está em causa.

    Parafraseando o Joe Berardo, a teoria da evolução compara-se cada vez mais com um "lar de terceira idade".

    A crise está realmente instalada no paradigma neo-darwinista.

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  11. O cérebro é, de longe, a máquina mais complexa de todo o Universo.

    O que não surpreende, se se pensar que foi feito por Deus.

    É interessante notar que, apesar de todos os estudos feitos sobre o cérebro, pouco se sabe do modo como o mesmo processa informação.

    Difícil é conceber como é que o cérebro evoluiria ao longo de milhões de anos através de mutações e selecção natural.

    Só uma imaginação muito criativa é que pode conceber isso, já que não dispomos de qualquer evidência de que o DNA da primeira hipotética célula (que não sabemos como terá aparecido) poderia transformar-se e aumentar-se, através de mutações e selecção natural, até dar origem à máquina mais complexa do universo, constituída por triliões de ligações neuronais altamente complexas, especificadas e integradas.

    Acresce que o cérebro está ligado a todo um corpo, também ele extremamente complexo, cheio de sistemas inteiramente funcionais.

    O corpo humano contém a fábrica de produtos químicos mais sofisticada do que qualquer outra alguma vez construída, com a capacidade de transformar os alimentos em tecidos vivos, possibilitando o crescimento da carne, do sangue, dos ossos ou dos dentes.

    Até permite a reparação de algumas partes do corpo no caso de acidentes ou doenças. Nalguns casos de acidente vascular cerebral, umas partes do cérebro assumem as funções das partes danificadas.

    Por seu lado, o corpo humano encontra-se dependente do ecossistema, de onde retira os seus nutrientes.

    Acresce que a Terra também se encontra dependente do sistema solar e da sua sintonia, e assim por diante.

    Com o pecado, entrou a denegerescência no mundo, e vemos sinais de mau funcionamento do cérebro (v.g. crença na teoria da evolução) e do corpo (v.g. doenças, morte e sofrimento).

    A Bíblia diz, longo nos primeiros capítulos de Génesis, que o Universo é um todo, e que o pecado afectou toda a Criação.

    Essa mensagem é sistematicamente repetida do Génesis até o Apocalipse.

    Foi esse problema que Jesus Cristo começou a resolver quando, há dois mil anos, em Jerusalém, ressuscitou dos mortos com um corpo incorruptível, facto testemunhado e registado de forma fidedigna, e quando promete criar novos céus e nova Terra onde habitará a justiça e onde aqueles que o aceitarem como salvador poderão viver com Ele eternamente.

    A Bíblia diz: “Deus amou o mundo de tal maneira que lhe deu o Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).

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  12. O cérebro é o centro de um sistema computacional mais complexo e maravilhoso do que qualquer computador feito pelo homem.

    De resto, todos os computadores feitos pelo homem, devem a sua existência ao cérebro.

    O cérebro, com o seu sistema computacional, processa e envia através do corpo biliões de bites de informação, através da qual é controlada toda e qualquer acção humana, desde um movimento do braço até o pestanejar.

    Essa informação é transmitida pelo sistema nervoso, a partir do sistema nervoso central, que é o centro de comando do corpo humano.

    Num cérebro humano existem muito provavelmente mais ligações neurológicas do que em todos os computadores do mundo no seu conjunto.

    Na verdade, quem estiver a ler este artigo fá-lo graças ao seu cérebro, a partir de uma estrutura também ela maravilhosamente complexa, que é o olho humano.

    Recentemente, os cientistas descobriram que também aqui se está perante uma estrutura muito mais complexa do que se pensava.

    As câmaras fotográficas e de filmar operam de acordo com os mesmos princípios básicos dos nossos olhos.

    Nos nossos olhos, o “diafragma”, o “obturador” e o sistema de focagem ajustam-se automaticamente.

    Além disso, os nossos olhos já trazem um sistema de “steady shot”, que impede imagens tremidas quando andamos ou corremos.

    É maravilhosa a criatividade de Deus. Devemos reconhecer isso e dizer-lhe isso pessoalmente.

    Quem criou o cérebro pensa.

    Quem criou o olho, vê.

    Quem criou o ouvido, ouve.

    Quem criou a boca, fala.

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