Aqui está a compilação das posições de 12 dos 13 partidos, segundo o EU Profiler. Obrigado ao Mário Miguel, à Paula e ao Mind Booster Noori pelas dicas e links.
O código fonte, os dados e um executável para o Windows estão aqui. Falta o POUS, que não encontrei no EU Profiler, mas se acrescentarem o html à pasta Dados deve funcionar (se tiver o mesmo formato que as outras).
Os valores vão de -2 (“Discordo completamente”) a 2 (“Concordo completamente”). O zero é o neutro e o traço indica que não têm opinião expressa. A tabela está feiosa, mas é o que o tempo e o jeito permitem. Se alguém quiser alindá-la pode editar o ficheiro StyleHeader.css na pasta do programa e correr o programa para refazer a tabela, ou editar o html directamente. Se quiserem mexer no código, foi escrito e compilado com o Lazarus.
Editado às 11:32. Acrescentei o cabeçalho da tabela de 6 em 6 linhas e actualizei o arquivo com o programa.
E outra vez às 11:39 por causa do encoding do texto, e novamente às 11:55 porque o Blogger usa UTF8 mas assume que o texto na caixa de edição está em ANSI. E tirei o PP do CDS, que estava a destoar na tabela. As minhas desculpas a quem for só do PP.
Pergunta | BE | CDS | CDU | MEP | MMS | MPT | PCTP | PH | PNR | PPM | PS | PSD |
---|
Os programas sociais deviam ser mantidos mesmo que isso implique o aumento dos impostos | 2 | -2 | 2 | 1 | -2 | 2 | 2 | 2 | -1 | -1 | 1 | -2 |
Devia haver um esforço maior para privatizar os serviços de saúde em Portugal | -2 | 2 | -2 | 0 | 0 | -1 | -2 | -2 | 0 | 2 | 1 | 2 |
Os subsídios estatais para infantários e cuidados à infância deviam ser substancialmente aumentados | 2 | 2 | 2 | 2 | 1 | 1 | - | 2 | 2 | - | 2 | 1 |
As políticas de imigração orientadas para trabalhadores qualificados deviam ser encorajadas como meio de promover o crescimento económico | -2 | 1 | -2 | 2 | 2 | 0 | - | - | -2 | - | 2 | 2 |
A imigração para Portugal devia tornar-se mais restritiva | -2 | 2 | -2 | -2 | 1 | 0 | - | -2 | 2 | - | -1 | 1 |
Devia exigir-se que os imigrantes de fora da Europa aceitem a nossa cultura e valores | -2 | 2 | -1 | 1 | - | - | - | -2 | - | - | 1 | 2 |
Pergunta | BE | CDS | CDU | MEP | MMS | MPT | PCTP | PH | PNR | PPM | PS | PSD |
---|
A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma coisa boa | 2 | -2 | 2 | -2 | 1 | - | - | 2 | -2 | -2 | 1 | -2 |
Os princípios e valores religiosos deviam ser mais respeitados pela política | -2 | 2 | -2 | 2 | - | - | -2 | - | - | - | -1 | 1 |
A descriminalização do uso pessoal de drogas leves é bem-vinda | 2 | -2 | 2 | 2 | -2 | -2 | - | - | -2 | - | - | -2 |
A eutanásia devia ser legalizada | 2 | -2 | 0 | -2 | 1 | -2 | - | - | -2 | - | 1 | 0 |
A despesa pública devia ser reduzida para permitir a descida dos impostos | -2 | 2 | -2 | 1 | 2 | -1 | -2 | - | 2 | 2 | -1 | 2 |
A UE devia passar a ter o poder de aumentar os impostos | - | -2 | -2 | -1 | 1 | -1 | -2 | - | - | -2 | - | - |
Pergunta | BE | CDS | CDU | MEP | MMS | MPT | PCTP | PH | PNR | PPM | PS | PSD |
---|
Os governos deviam ajudar os bancos em falência com dinheiros públicos | -1 | -1 | -1 | 1 | - | - | - | -1 | - | - | 2 | -1 |
Os governos deviam reduzir os regulamentos de protecção dos trabalhadores para combater o desemprego | -2 | 2 | -2 | 1 | 2 | - | -2 | -2 | 0 | 2 | 1 | 2 |
A UE devia reduzir drasticamente os subsídios aos agricultores europeus | -1 | -2 | -1 | 1 | 2 | -2 | - | - | 2 | 1 | -1 | -2 |
As fontes de energia renováveis (tais como a energia solar ou eólica) deviam ser apoiadas mesmo que isso implique maiores custos | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | - | 1 | 1 | - | 2 | 2 |
A utilização de transportes públicos devia ser promovida através dos chamados impostos verdes (como, por exemplo, o imposto de circulação) | 1 | 1 | 1 | 1 | - | 1 | 1 | 2 | - | - | 2 | 2 |
As políticas de combate ao aquecimento global deviam ser encorajadas mesmo que isso tenha custos no crescimento económico ou no desemprego | 2 | 1 | 1 | 1 | - | 1 | - | 2 | - | - | 1 | 1 |
Pergunta | BE | CDS | CDU | MEP | MMS | MPT | PCTP | PH | PNR | PPM | PS | PSD |
---|
Na luta contra o terrorismo deviam ser aceites restrições às liberdades civis | -2 | 1 | -2 | -1 | 1 | - | - | - | - | - | -1 | -1 |
Os criminosos deviam ser punidos mais severamente | -2 | 2 | 0 | 0 | 2 | - | - | -2 | 2 | - | 0 | -1 |
Em assuntos de política externa, como por exemplo nas relações com a Rússia, a UE devia falar a uma só voz | - | 2 | -2 | 2 | - | -1 | -2 | - | -2 | -2 | 2 | 2 |
A UE devia reforçar a sua política de segurança e defesa | -2 | 2 | -2 | 2 | 2 | -1 | -2 | 1 | - | -2 | 2 | 2 |
A integração europeia é uma coisa boa | 0 | 2 | -1 | 2 | - | - | -2 | 2 | -2 | 1 | 2 | 2 |
Portugal está muito melhor dentro da União Europeia do que fora dela | 0 | 2 | -1 | 2 | 2 | - | -2 | 2 | -2 | - | 2 | 2 |
Pergunta | BE | CDS | CDU | MEP | MMS | MPT | PCTP | PH | PNR | PPM | PS | PSD |
---|
A União Europeia devia ser alargada à Turquia | 0 | -1 | - | 1 | - | - | - | 1 | -2 | -1 | 1 | 1 |
Deviam ser dados mais poderes ao Parlamento Europeu | 1 | -1 | -2 | 2 | - | -1 | -2 | - | - | -2 | 2 | -1 |
Cada estado-membro da UE devia ter menos poder de veto | - | -2 | -2 | 1 | - | - | -2 | - | - | -1 | - | - |
Qualquer novo Tratado Europeu devia ser sujeito a aprovação através de referendo em Portugal | 2 | 2 | 2 | 1 | - | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 |
A regionalização devia ser implementada em Portugal | 2 | 1 | 2 | 1 | 2 | 2 | -2 | 2 | - | - | 2 | -1 |
Nos próximos anos, o governo português devia investir em grandes infra-estruturas, como o TGV e o novo aeroporto de Lisboa | 1 | -1 | 2 | -1 | -1 | 0 | 2 | - | - | -1 | 2 | -2 |
Há coisa de um mês preenchi o EUprofiler para ver no que dava e fiquei bastante surpreendido: o partido do qual me aproximava mais era o MEP, encabeçado pela Laurinda Alves. Mas desconhecia as respostas individuais de cada partido. Eu sabia que elas estavam disponíveis no site do EUprofiler mas não as vi por falta de tempo.
ResponderEliminarAinda bem que temos o Ludwig's Political Digest!
E há coisas que eu estranho:
Devia exigir-se que os imigrantes de fora da Europa aceitem a nossa cultura e valores
Isto pode ter tantas interpretações que eu não sei bem o que responder... De que valores se está a falar? Da Democracia? Cidadania? Autoridade dos tribunais? Ou dos "valores cristãos da Europa"?
Eu fiquei ainda mais surpreso quando vi as respostas do MEP a algumas perguntas que, no meu caso, são absolutamente determinantes para orientar o meu sentido de voto:
Casamento homossexual: -2
Eutanásia: -2
Respeito da religião pela política: 2
Enfim... Ainda há a questão da emigração qualificada, um pouco mais complexa, mas neste ponto já posso ver que o meu voto não recebem de certeza.
A minha regra heurística é a seguinte: não sabendo em detalhe que políticas económicas, fiscais, de obras públicas ou de administração pública é que são as mais vantajosas, o desempate é dado pelas decisões que eu penso que, sendo tomadas, farão da sociedade um lugar melhor. Em particular, a laicidade e a legalização da eutanásia e do casamento homossexual. Não é grande heurística mas é melhor que votar como o totoloto...
Não consigo ver nesta lista o PS e o PSD.
ResponderEliminarAlém disso a acentuação nas perguntas está estranha.
De qualquer das formas é boa ideia expor assim esta tabela.
Mas para o meu sentido de voto o que é mesmo importante é esclarecer se a constituição Europeia é uma coisa a desejar ou a evitar.
Esquece!
ResponderEliminarFoi só eu escrever aquilo e parece que por magia ambos os problemas ficaram resolvidos.
Isso é que foi responder rápido, Ludwig. Nem 5 segundos demoraste a tratar dos problemas que relatei :p
«A descriminalização do uso pessoal de drogas leves é bem-vinda»
ResponderEliminarAqui há confusão entre "descriminalização" e "legalização".
O PS aparece como não tendo posição sobre essa pergunta quando se trata do partido que, em conjunto com outros, propôs e aprovou no parlamento a descriminalização do consumo de drogas em geral. É ridículo assumir que não expressou a sua posição sobre isso - expressou e de que maneira!
Essas respostas fazem sentido se substituirmos "descriminalização" por "legalização" na pergunta.
João Vasco,
ResponderEliminarO problema é o encoding do blogger dentro da caixa ser diferente da página, tive de ir experimentando entre ansi e utf8 até acertar qual devia ser qual.
Francisco Burnay,
Eles têm lá a informação toda mas, tanto quanto pude encontrar, só dá para ver um partido de cada vez.
Também acho essa dos emigrantes e da nossa cultura muito âmbígua. Mas penso que devem aceitar todos os valores que os de cá tenham obrigação de aceitar. Podem gostar ou não de amarelo, como quiserem, mas têm de conduzir pela direita e deixar as pessoas escolherem a sua religião.
Desculpem lá, mas acho que deve haver outro critério: não votar em quem tem slogans da treta
ResponderEliminarPor exemplo: como considerar sequer a hipótese de votar no menino betinho que tem ar de "tudo-a-mim" e escreve "Tudo por Portugal"? Ou o gorducho exaltado que subscreve superficialidades como "Combater a crise com os fundos europeus" (como se tivessemos liberdade de escolher em que é que os gastamos).
O meu voto não vai para quem acha que eu sou parvo. ;-)
O critério dos slogans parece-me mau.
ResponderEliminarO facto de um partido ter uma má estratégia publicitária (seja porque os "marketiers" contratados por esse partido acham que as pessoas são parvas, seja porque os políticos não têm grande talento para escolher quais cartazes são mais adequados) não implica que o partido seja mau.
O melhor é mesmo usar ferramentas como esta que o Ludwig aqui apresenta para votar tendo em conta as posições do partido sobre os diferentes assuntos.
De qualquer forma, não querendo puxar a braza à minha sardinha, o Ricardo Alves escreveu algo relevante sobre estas eleições aqui:
http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/05/uma-campanha-triste.html
Ludwig,
ResponderEliminarEra interessante que se encontrasse um "factor de concretização" das promessas propostas. Não sei como ser faria para as propostas que não tinham sido cumpridas por aldrabice e as que não tinham ido para a frente devido a factores não controláveis e imprevisíveis; todas no mesmo saco(?) pois o importante seria o resultado final?
Isso daria uma apreciação da fiabilidade dos candidatos, o que era interessante e a meu ver de maior relevância, pois dizer que se faz é diferente de colocar em prática, que é o que se quer.
Os eleitores portugueses são felizes, pois a julgar pela proposta matemática, os parlamentares agirão de acordo com os programas. Isso facilita imensamente a escolha.
ResponderEliminarDecerto, na eventualidade da eleição do partido de sua escolha, Ludwig ficará atento à atuação dos eleitos para comprovar a adequação entre, digamos, teoria e prática.
Quisera que a política fosse tão simples.
Como brasileiro, eu os invejo: aqui, programa partidário é uma mera formalidade.
Saudações do além-mar.
Jucemir,
ResponderEliminarPor isso mesmo eu propus o que propus no meu comentário antes do teu. Mas não tenho mais por onde escolher, saber se eles vão ser ou não bons cumpridores, o melhor que tenho é ir pelo programa eleitoral, presumo que concordes com isto. Se for possível, então, e recorrendo ao histórico de cada partido ver-se-ia como e que cada partido cumpriria com o seu programa, embora um partido altamente incumpridor não possa mudar de uma legislatura para a outra, o que é pouco provável.
Errata: onde está «»embora um partido altamente incumpridor não possa» devera estar «embora um partido altamente incumpridor possa»
ResponderEliminarMário Miguel,
ResponderEliminarTenho me guiado tão somente pelo histórico e confesso que as possibilidades de escolha tornaram-se extremamente reduzidas. Nas próximas eleições provavelmente anularei o voto.
Na primeira eleição de Lula, eu ainda vislumbrava alguma esperança – logo descartada. Digamos que eu era um típico eleitor da esquerda-liberal. Hoje, na segunda gestão do PT(Partido dos Trabalhadores) e aliados, estamos mergulhados numa espécie de cleptocracia , senão de direito, certamente de fato.
Estou cada vez mais propenso a concordar com a citação abaixo de Guy Debord, formulada em 1979.
“No espetacular integrado [grosso modo, modalidade do capitalismo], as leis dormem; não foram feitas para as novas técnicas de produção, e sua aplicação é driblada por entendimentos de outro tipo. O que o público pensa, ou prefere, já não tem importância. É isso que fica escondido pelo espetáculo de tantas sondagens de opinião, de eleições, de reestruturações modernizantes. Seja quem for o vencedor, a amável clientela vai levar o que há de pior; isso, e nada mais, foi produzido para ela.”
Não sei quanto a Portugal, mas no que se refere ao Brasil, o diagnóstico debordiano é bastante preciso.
Saudações.
Mário Miguel,
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo. O que tem a ver um programa eleitoral com a prossecução do que lá está escrito? Ainda por cima tendo nós a experiência de assistir às mais cândidas e sistemáticas violações da confiança que o mais distraído eleitor poderá ainda depositar no tipo de criatura a que chamamos “deputado”. Claro que votar no programa eleitoral errado não me parece muito inteligente, mas votar com a expectativa séria de que o programa venha a ser cumprido torna as coisas ainda mais difíceis.
As vocações do parlamento nacional e europeu são muito diferentes, ainda assim a tabela que o Ludwig arranjou seria muito reforçada se contivesse um “factor volatilidade” para cada resposta tendo em conta o cadastro de cada candidato das listas partidárias. Há dias alguém indicou um princípio interessante. É só um princípio.
Jucemir,
«O que o público pensa, ou prefere, já não tem importância.»
O público tem importância mas não tem memória. Qualquer escroque pode atravessar calmamente a perplexidade e indignação de um país inteiro desde que a imprensa não o persiga muito tempo. O prazo de validade de um atentado ao interesse público, por maior que seja, é a esteira jornalística de dois ou três dias. Depois passa, o público vai à bola (sei que vocês também gostam bastante), outro escroque virá para as primeiras páginas e no final não há como um bom comício para reconciliar novamente a onça e o amigo, porque são ambos de maior importância. Igualzinho em todo o espaço lusófono.
Completamente Off Topic.
ResponderEliminarGoogle WaveWowowowowowowowowowowowoowowowowowwowowowowoowowowowowowow
O problema ....
ResponderEliminarBem podia começar por dizer que umdos problemas das democracias é que a maioria das pessoa e objectivamente ignorante em termos de história, história política, não sabe nada de como funciona o estado, não percebe um boi de como um lei é feita.
Podia continuar a dizer que um cidadão tem a obrigação moral de perceber um mínimo de direito, de saber como e para que é que existe justiça, para dessa forma poder perceber o que é o dito estado de direito.
não terminando ainda, acho que seria justificado dizer que o facto de a esmagadora maioria das pessoas não ter actividades cívicas, não se sentir parte de uma comunidade, não ajudar a sociedade nem sentir isso como uma obrigação também não ajuda.
Como não ajuda a profunda iliteracia , falta de interesse, incapacidade de investigação, cultura rasa e sobretudo pensar que a conversa de café substitui o pensamento estruturado e feito com conhecimento.
dito isto diria que enquanto a média da população for deste teor , a manipulação será sempre fácil, os partidos poderão ser sempre demagógicos e a memória será curta.
mas nunca conheci nenhum local perfeito, sem esta massa de ignorantes a votar.
De todos os sistemas , ainda assim, é o menos mau.
Nem tudo tem uma solução óptima...
é um dever nacional votar PP, para tentar tirar este senhor do país....
ResponderEliminarhttp://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1247797
LOLLL
Francisco
ResponderEliminarEmbora a posição do MEP não seja favorável a um simples alargamento do casamento civil aos casais do mesmo sexo, trata-se de um assunto debatido internamente e, tal como nas restantes chamamdas "questões fracturantes", os eleitos do MEP têm liberdade de voto.
Em particular o n.º 2 da lista das europeias, Rui Cerdeira Branco, é a favor do casamento homossexual.
Nos comentários aos serguintes posts podem encontrar-se alguns dos debates que tem havido pelo blog do MEP.
Esquerda e direitaTratar temas sériosNote que havendo pluralidade no MEP e liberdade de voto, se o MEP tivesse um grupo parlamentar nesta legislatura poderia ter tido mais votos a favor do casamento homossexual do que o PS que impôs neste assunto uma posição contrária ao que diz que defende.
Em relação aos critérios de escolha de um partido, penso que na situação actual é muito importante estar atento ao que se passa ao nível das finanças do país, já que estamos numa situação financeira muito séria e a crise pode prolongar-se ainda uns anos, o que nos pode levar a problemas gravíssimos nos próximos anos. Com a pressa de tapar a crise actual com investimentos públicos mal escolhidos, podemos estar a hipotecar o nosso futuro e o dos nossos filhos.
Caro Carlos Albuquerque,
ResponderEliminarSe o MEP mostrasse maior abertura à possibilidade de alargar o casamento homossexual isso seria, na minha opinião, positivo. Mas o MEP não respondeu 0 nem sequer -1: respondeu -2, o que significa que a sua posição oficial é a de que a legalização do casamento homossexual é algo de mau. E para eu eventualmente mudar o meu voto, faltam as questões da eutanásia e do laicismo.
Concordo no que disse acerca do estado das finanças e da Economia. Mas no meu caso, até me inteirar dos problemas concretos e das várias estratégias que se apresentam como solução, terei de recorrer a outra heurística. Eu não gosto muito do meu método, acho-o bastante fraco, mas não tenho outro melhor.
Mas não vejo como é que o estado das finanças no país possa orientar o meu sentido de voto para o Parlamento Europeu. Se o Parlamento tivesse poder efectivo e os partidos europeus tivessem estratégias comunitárias para a crise, seria diferente.
Caro Francisco
ResponderEliminarNão é para mim óbvio que o MEP seja o partido mais próximo das suas posições. Contudo, pareceu-me relevante realçar o facto de nestas questões o MEP dar liberdade de voto aos seus eleitos.
No que diz respeito ao laicismo, embora o MEP nada tenha de religioso, respeita as religiões e provavelmente estará mais empenhado em colaborar com todas as pessoas de boa vontade do que em erradicar as religiões.
Quanto à economia e às finanças, os poderes do parlamento europeu são tão limitados como em qualquer outra área. Mas pode vir a pronunciar-se sobre assuntos importantes, como por exemplo a questão do mandato do Banco Central Europeu: deve limitar-se a controlar a inflacção, como até aqui, ou deve ter também a missão de apoiar a economia, como o Fed americano? Ora os princípios dos partidos que concorrem às eleições podem também ser avaliados pela qualidade das posições internas nesta área.
Carlos Albuquerque,
ResponderEliminarQuando decidimos a quem dar o nosso voto temos de considerar o que podemos esperar dos candidatos. Não é muito relevante saber que os candidatos do MEP não vão ser obrigados a votar contra a legalização do casamento homossexual. É mais relevante saber que são membros de um partido que manifesta essa oposição.
Quanto à religião não se trata de erradicá-la. Trata-se de a deixar fora da política. Se algum partido manifestar que a política deve ter mais respeito por quem gosta de baunilha também perdem o meu voto. Isso não é assunto para a política.
Ludwig
ResponderEliminar"Não é muito relevante saber que os candidatos do MEP não vão ser obrigados a votar contra a legalização do casamento homossexual."
Neste ponto estamos em desacordo. E o exemplo do voto do PS sobre o casamento homossexual nesta legislatura mostra a relevância da liberdade de voto.
Quanto ao respeito pelos valores religiosos, não se trata de respeitar mais quem é religioso do que quem não é, mas sim de respeitar esse aspecto nas pessoas. Por exemplo eu não veria com bons olhos que a política se envolvesse sistematicamente em campanhas para criar complicações à associação dos amigos do gelado de baunilha.
Se essa associação estivesse volta meia volta a receber subsídios ilegítimos (desde terrenos, a funcionários dessa associação pagos pelo estado, etc...) eu seria a favor de um governo que quisesse impedir essas ilegalidades (não no sentido da lei ordinária, mas no sentido da constituição da república), mesmo que isso na prática "complicasse a vida" a essa associação, habituada a tais dádivas ilegítimas de tal forma que já não reconheceria o carácter ilícito e injusto das mesmas.
ResponderEliminarJoão Vasco
ResponderEliminarAcho que o estado não deve dar benefícios injustificados a ninguém, organizações religiosas incluídas.
Já não acho que numa legislatura o estado estimule instituições a abrirem creches para fazer o que o estado não pode ou não quer e que na legislatura seguinte se queira esquecer dos compromissos porque não gosta da religião dessas instituições. O estado tem que ser pessoa de bem com todas as instituições. E se paga o serviço da dívida pública às grandes instituições financeiras, deve respeitar os contratos e compromissos também com os indivíduos e com as pequenas instituições.
«Já não acho que numa legislatura o estado estimule instituições a abrirem creches para fazer o que o estado não pode ou não quer e que na legislatura seguinte se queira esquecer dos compromissos porque não gosta da religião dessas instituições. O estado tem que ser pessoa de bem com todas as instituições. E se paga o serviço da dívida pública às grandes instituições financeiras, deve respeitar os contratos e compromissos também com os indivíduos e com as pequenas instituições.»
ResponderEliminarConcordo com esse princípio geral, tenha ele a ver com religião ou seja com o que for. Os compromissos legítimos que sejam assumidos devem ser cumpridos. Os legítimos.
Agora, os capelões nas forças armadas, a assistência religiosa aos doentes que a solicitam, ou os professores de religião e moral na escola pública, tudo isso até aceito bem que exista, mas que sejam pagos pela Igreja dos crentes que a solicitam e não pelo erário público.
E quanto à doação de terrenos públicos para a construção de edifícios religiosos, creio que o absurdo é por demais evidente. Fosse o Benfica, o Sporting, a associação dos amigos da tourada, ou das danças Autríacas, o erário público não deve ser desbaratado em oferendas às associações não governamentais da preferência dos políticos no poder, sem nenhuma justificação que se enquadre no dever de deutralidade do estado em relação a essas quetões.
deutralidade = neutralidade, claro.
ResponderEliminarE, apesar de não o ter escrito, a mensagem anterior era dirigida ao comentador Carlos Albuquerque.
João Vasco
ResponderEliminarNão tenho grandes objecções ao que diz no seu comentário das 15:11.
Apenas diria que o estado deve manter a possibilidade de entender que certos serviços são do interesse da comunidade (não por serem religiosos mas por ajudarem a que tudo funcione melhor) e então poderá contratá-los de forma séria.
Por exemplo, se se concluir que a assistência religiosa (ou de outro tipo) nos hospitais pode melhorar a qualidade de vida dos doentes e eventualmente até ajudar a recuperar mais depressa (não por milagre mas porque uma pessoa que se sente mais bem tratada em geral até recupera melhor), então o estado deveria poder contratar esses serviços fossem eles ministros religiosos para um hospital ou palhaços para a pediatria.
Carlos Albuquerque,
ResponderEliminar«Por exemplo, se se concluir que a assistência religiosa (ou de outro tipo) nos hospitais pode melhorar a qualidade de vida dos doentes e eventualmente até ajudar a recuperar mais depressa [...]»
De acordo, mas a condição está incompleta. É preciso demonstrar também que não há forma mais barata de obter os mesmos resultados nem outra aplicação mais urgente desses recursos. Se a escolha for entre contratar um padre ou um enfermeiro penso que dificilmente o padre será a opção com melhores resultados...
Carlos Albuquerque,
ResponderEliminar«Quanto ao respeito pelos valores religiosos, não se trata de respeitar mais quem é religioso do que quem não é, mas sim de respeitar esse aspecto nas pessoas. Por exemplo eu não veria com bons olhos que a política se envolvesse sistematicamente em campanhas para criar complicações à associação dos amigos do gelado de baunilha.»
Depende. Se a associação dos amigos de gelados de baunilha vendesse gelados de baunilha convencendo as pessoas que comprar gelados de baunilha levava à salvação eterna, penso que o estado devia intervir e obrigar a uma publicidade mais honesta.
Mas o que me parece estar por trás desta posição, para continuar a metáfora, é a sugestão que os políticos não devem dizer que a baunilha sabe mal, que não gostam de baunilha ou que é incorrecto afirmar que comprar gelados de baunilha leva à salvação eterna, se isso ofender os aficcionados da baunilha. Isso penso que não é sensato.
Também me preocupa que se queira respeitar «esse aspecto nas pessoas». Deve-se respeitar pessoas. Aspectos, crenças, conceitos, valores, ideias, hipóteses e suposições, sejam quais forem, devem ser discutidas abertamente e sem qualquer forma de "respeitinho", que só impede o debate racional.
Ludwig
ResponderEliminar"Depende. Se a associação dos amigos de gelados de baunilha vendesse gelados de baunilha convencendo as pessoas que comprar gelados de baunilha levava à salvação eterna, penso que o estado devia intervir e obrigar a uma publicidade mais honesta."
Não percebo que provas tem para classificar de desonesta a publicidade da associação.
"Mas o que me parece estar por trás desta posição, para continuar a metáfora, é a sugestão que os políticos não devem dizer que a baunilha sabe mal, que não gostam de baunilha ou que é incorrecto afirmar que comprar gelados de baunilha leva à salvação eterna, se isso ofender os aficcionados da baunilha. Isso penso que não é sensato."
Não me parece que os políticos dizerem o que pensam ou gostam ou não gostam da baunilha deva ser considerado falta de rerspeito.
"Também me preocupa que se queira respeitar «esse aspecto nas pessoas». Deve-se respeitar pessoas. Aspectos, crenças, conceitos, valores, ideias, hipóteses e suposições, sejam quais forem, devem ser discutidas abertamente e sem qualquer forma de "respeitinho", que só impede o debate racional."
O sentido de "respeito" no EU Profiler não está definido. Mas para mim não significa "respeitinho". Trata-se de respeitar as pessoas respeitando a sua liberdade de pensarem o que entenderem, de viverem de acordo com as suas opiniões (desde que respeitem as leis) e de divulgarem as suas opiniões, bem como a liberdade de se organizarem publicamente.
Carlos Albuquerque,
ResponderEliminar«Não percebo que provas tem para classificar de desonesta a publicidade da associação.»
É desonesto afirmar como verdadeiro algo que não se averiguou se é ou não verdade. Por exemplo, é desonesto dizer que o gelado de baunilha reduz o colesterol antes de ter dados concretos que fundamentem essa afirmação.
Como não há dados acerca da salvação da alma, isso é publicidade desonesta (não é preciso provar que o gelado não faz bem ao colesterol para ser desonesto vendê-lo como tratamento para o colesterol, certo?)
«Não me parece que os políticos dizerem o que pensam ou gostam ou não gostam da baunilha deva ser considerado falta de rerspeito.»
Concordo. O mesmo se devia aplicar ao que pensam das crenças religiosas, clubes de futebol e assim.
«Trata-se de respeitar as pessoas respeitando a sua liberdade de pensarem o que entenderem, de viverem de acordo com as suas opiniões (desde que respeitem as leis) e de divulgarem as suas opiniões, bem como a liberdade de se organizarem publicamente.»
De acordo. Mas importa frisar que isto não se aplica só a quem segue uma religião e a considera uma coisa boa mas também a quem julgue que essa religião é um disparate, ridícula ou má. Essa pessoa deve ter o mesmo direito de exprimir a sua opinião.
Daí que seja fundamental não haver respeito por qualquer opinião porque isso implica, necessariamente, o desrespeito pela opinião contrária.
Ludwig
ResponderEliminar"É desonesto afirmar como verdadeiro algo que não se averiguou se é ou não verdade. Por exemplo, é desonesto dizer que o gelado de baunilha reduz o colesterol antes de ter dados concretos que fundamentem essa afirmação."
Mas no domínio da religião a afirmação é feita ao mesmo tempo que são apresentados os "dados" em que se baseia. Cabe a cada um decidir se acha os dados suficientes, insuficientes ou até contraditórios.
"Como não há dados acerca da salvação da alma, isso é publicidade desonesta (não é preciso provar que o gelado não faz bem ao colesterol para ser desonesto vendê-lo como tratamento para o colesterol, certo?)"
Os dados não o são em termos científicos mas são-no em termos de elementos que levam a formar a conclusão. Por isso cada um avalia por si.
"O mesmo se devia aplicar ao que pensam das crenças religiosas, clubes de futebol e assim."
De acordo.
"De acordo. Mas importa frisar que isto não se aplica só a quem segue uma religião e a considera uma coisa boa mas também a quem julgue que essa religião é um disparate, ridícula ou má. Essa pessoa deve ter o mesmo direito de exprimir a sua opinião."
De acordo.
"Daí que seja fundamental não haver respeito por qualquer opinião porque isso implica, necessariamente, o desrespeito pela opinião contrária."
Acho que estamos a entender a palavra respeito de modos diferentes.
Quando falo em respeito estou a pensar não numa adesão mas apenas numa "não agressão", num reconhecimento do direito do outro a ter as suas opiniões, ainda que me pareçam tontas. Daí que para mim seja possível respeitar (quase) todas as opiniões, mesmo que contraditórias.
Carlos Albuquerque,
ResponderEliminarÉ legítimo eu vender a àgua da minha torneira dizendo que cura o cancro baseando-me apenas na fé que isso seja verdade?
«Quando falo em respeito estou a pensar não numa adesão mas apenas numa "não agressão", num reconhecimento do direito do outro a ter as suas opiniões, ainda que me pareçam tontas. Daí que para mim seja possível respeitar (quase) todas as opiniões, mesmo que contraditórias.»
Se a opinião lhe parece tonta, como a vai respeitar? Não dizendo que é tonta? Dizendo que não é tonta?
Note que respeitar o direito do outro a uma opinião tonta é muito diferente de respeitar a opinião em si. Pessoalmente, acho muito difícil sentir respeito por uma opinião que considero tonta, se bem que não me custe respeitar o direito de outros a defenderem.
WWW.DEMOCRACIACRISTA.BLOGSPOT.COM
ResponderEliminar