domingo, dezembro 19, 2010

Treta da semana: dinheiro, legitimidade e propriedade.

No Blasfémias, o Rui Albuquerque escreveu que «Se alguém tem fortuna própria [...] ou foi adquirida por meios lícitos ou foi adquirida por meios ilícitos. Neste ultimo caso, as instituições policiais e de justiça [...] devem aplicar a lei. [...] Mas, se o dinheiro é ganho legitimamente, o que legitima terceiros a porem e disporem sobre ele, ou seja, sobre aquilo que não é seu?» (1)

Vou começar pela pergunta, assumindo que o dinheiro foi ganho de forma legítima. Por exemplo, por um mecânico que arranja automóveis na sua oficina. Uma ideia comum é que o dinheiro que o mecânico arrecada é só dele porque o trabalho também foi só dele. É uma ideia errada. O mecânico ganha dinheiro a arranjar automóveis porque há estradas, pessoas com educação e salários que permitem guiar e comprar automóveis, um sistema judicial, electricidade e assim por diante. O mecânico não transforma o seu trabalho em dinheiro sem o trabalho adicional de muitos cujo trabalho também custa dinheiro. Por isso é legítimo taxar a riqueza legítima porque esta depende de muita coisa que o Estado providencia.

Além disso, a dicotomia é falsa. Entre o legítimo e o ilegal há folgas de milhares de milhões, como mostrou a crise do crédito subprime. Os bancos empacotaram as hipotecas e venderam-nas estratificadas. Por exemplo, agregando 300 hipotecas em 3 camadas de 100, de forma a que a primeira recebesse, mensalmente, os primeiros 100 pagamentos, a segunda os 100 pagamentos seguintes e a terceira os pagamentos restantes. Assim, o primeiro pacote parecia um investimento seguro, protegido pelos outros 200 devedores. Mas estes esquemas milagrosos não aguentam o aumento de escala. A apetência pelo investimento ilusoriamente seguro, aliada à possibilidade legal dos bancos emprestarem muito mais dinheiro do que têm – ou seja, de inventar capital – levou-os a conceder demasiado crédito a quem não podia pagar. A inevitável execução de imensas hipotecas demoliu o sector imobiliário e afundou uma data de empresas. Agora os responsáveis reformam-se milionários e os contribuintes tapam o buraco.

Pior ainda é a especulação com contractos de futuros. Estes contratos permitem a um produtor fixar antecipadamente o preço do que vai produzir. É uma forma de seguro que o protege das flutuações do mercado: se o preço subir tem menos lucro do que teria, mas se descer não tem tanto prejuízo. Mas açambarcando o mercado destes derivados financeiros consegue-se inflacionar o preço. Concentrações de capital e a possibilidade dos bancos inventarem o dinheiro que emprestam, para leverage, permitem fazer fortunas com dinheiro que nem existe. Enquanto uns poucos ganham centenas de milhões, centenas de milhões de outros morrem à fome. Em 2006, por exemplo, o preço do arroz triplicou por causa desta especulação. Foi uma flutuação lucrativa para quem teve dinheiro para comprar todo o arroz com um ano de antecedência mas um desastre para quem mal tinha para o arroz da refeição seguinte (2).

Isto demonstra que a legitimidade das transacções não depende apenas da lei ou da polícia mas, principalmente, do equilíbrio no poder de negociação. O mecânico e o seu cliente negoceiam em igualdade, pelo que a transacção e o lucro são legítimos. Mas não é legítimo o lucro da sociedade de investimento que compra todo o arroz para ganhar com a fome de milhões de pessoas, porque o mercado só é livre se os intervenientes também forem. Isto demonstra também que não podemos contar com a lei e a polícia para impedir todos os problemas. A regulação é necessária mas não chega, não só pelo inevitável compadrio entre ricos e políticos, mas também porque a regulação não consegue acompanhar a inovação nas maroscas.

A medida mais importante é a redistribuição. Prevenir ou corrigir os maiores desequilíbrios resolve os problemas mais graves e pode ser feito à medida que eles surjam. Por isso, redistribuir parte dos lucros ou do dinheiro acumulado não é apenas legítimo. É moralmente obrigatório e, na prática, é essencial para manter o sistema capitalista e o mercado livre. O dinheiro só tem valor enquanto as pessoas aceitarem que tem. Se a miséria se torna intolerável a moeda passa a ser o pau, a catana, o dinamite e a Kalashnikov.

O que me traz ao problema fundamental do dinheiro como propriedade privada. Se compro calças por 50€, as calças são propriedade minha mas o seu valor não é. Se as vender podem não valer nada, que é o mais provável, ou valer uma fortuna se entretanto me tornar famoso. Mas com 50€ que tenha no banco passa-se o contrário. Por um lado, não correspondem a nenhum objecto que seja meu, porque já nem os posso levantar em ouro. Mas, por outro lado, a sociedade garante-me que esses 50€ vão sempre valer o mesmo que quaisquer outros 50€. Ou seja, enquanto que para ter propriedade privada preciso apenas que não interfiram no meu usufruto das coisas – a minha casa, as minhas calças ou os meus livros – para ter dinheiro preciso também que toda a gente dê aos meus euros o mesmo valor que dá aos euros dos outros.

As calças são minhas mesmo que mais ninguém as queira. Mas se ninguém quiser o meu dinheiro fico sem dinheiro nenhum. Portanto, o meu dinheiro não é propriedade privada. É uma quantificação convencional de promessas e notas de dívida que só funciona como propriedade privada porque um sistema legal e social garante o seu valor. Mais uma boa razão para aplicar parte do dinheiro na manutenção dessa garantia.

1- Rui Albuquerque, Blasfémias, Propriedade privada
2- Johan Hari, How Goldman Sachs gambled on starving the world's poor - and won, via o friendfeed do Miguel Caetano.

95 comentários:

  1. Ahhhhh economia!! Outro saco de gatos ;)

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  2. A crítica que faz ao sistema bancário e financeiro, concretamente a possibilidade dos empréstimos não estarem indexados a reservas de capital reais, é uma eloquente sensura ao modelo estatista vigente, criador dessas regras e «fiscalizador» da execução das mesmas. E, também, das finalidades keynesianas de estímulo às economias, que fundamentam o aumento da massa monetária em circulação como meio para aumentar o consumo e desenvolver a economia, utilizando empresas como a Mae e a Mac para esses «elevados» fins. Um erro, como se viu, de resto há muito tempo anunciado pelos economistas e autores liberais, como terá certamenta a honestidade de reconhecer.

    Já sobre a sua noção de propriedade, não vejo que tenha qualquer sustentação teórica ou prática afirmar que o resultado, o produto, do nosso trabalho não nos pertence, mas à comunidade, em razão de outros bens e serviços produzidos por terceiros e de que ela beneficia. Isso meu caro, é a segmentação do trabalho, caractrerística das sociedades modernas, e não exactamente um regime de propriedade. Como é evidente, cada um desses bens e serviçoes tem um custo e é pago. O problema reside em saber quem paga por esses benefícios, se, em primeira escala, os directos interessados, se todos por igual, quer beneficiemos ou não deles. A sua perspectiva será seguramente a segunda, enquanto que a minha é a primeira.

    Por último, gostaria de vê-lo desenvolver um pouco melhor a questão da propriedade, de modo a que eu possa entender o que contrapõe à ideia da propriedade privada: uma propriedade comunitária? Quem decide sobre ela e quem retira os eventuais proventos da sua existência? Por outras palavras, na sua visão de propriedade, quem é o proprietário do «seu» dinheiro?

    Cumps.,

    RA

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  3. Rapaz, não lembrei o seu nome lá no Diário Ateísta, mas vou compensar isso, afinal tb o conteúdo intelectual proporciona custo, valor, e preço. Vc coloca muito bem aqui a questão, sem a confusão dos 'ismos' das aflitas divergências de governos.
    Troca é de fato a base e o vigor monetário, e a saúde financeira que podemos desde criança aprender (tão diferente do interesse do dinheiro pelo dinheiro e da futilidade sem função e da usurpação e do desmérito). Rapaz, o modo como você expõe aqui é uma aula civil de primeira qualidade. É isso que se deve ensinar nas escolas; é isso que precisamos conversar entre os sem-crenças. Isso é evolução psicológica.

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  4. Rui,

    Obrigado pelo comentário. Reconheço de bom grado que estes desastres económicos não surpreenderam muitos economistas. Mas o meu ponto é que «as instituições policiais e de justiça» são apenas uma pequena parte da solução. O principal não é tentar prever todas as maroscas, mas sim ir redistribuindo o dinheiro para mitigar os efeitos negativos.

    E não defendo que o produto do meu trabalho pertence à comunidade. O que defendo é que “produto do meu trabalho” é um conceito demasiado vago para servir de base para grande coisa. Por exemplo, peço ferramentas emprestadas ao Rui, encontro umas madeiras na rua e vou para casa do Manuel fazer uma cadeira, deixando lá o lixo para ele limpar. A cadeira deve ser propriedade minha porque foi “fruto do meu trabalho”? Não me parece nada claro.

    Muito mais claro que isso é considerar que, no final desta interacção, a propriedade de cada um será o que negociámos entre nós. Desde que a negociação seja legítima (sem coerção, fraude, abusos de poder e afins) qualquer que seja o resultado está bem, porque foi um acordo voluntário entre todos. Mas é fundamental ter um sistema que garanta que todas as interacções económicas se processam neste regime. É preciso combater com igual afinco aquele que ganha ameaçando com armas como aqueles que ganham ameaçando com fome, miséria e afins.

    Quanto ao dinheiro, não é propriedade. E é fácil explicar a diferença. Se eu tenho um par de calças essas calças são propriedade. Mas se o Rui me promete um par de calças eu ainda não tenho essa propriedade, e não a terei até que o Rui mas dê. É como receber um vale de compras no supermercado. O papelito pode ser propriedade, é o meu papel, mas os 100€ em compras só são propriedade minha quando tiver as compras. Até lá são apenas uma promessa.

    O dinheiro que tenho no banco nem o papelito é. É uma promessa em abstracto. E se descobrimos, por exemplo, que o Estado prometeu vinte mil milhões de euros a um felizardo e apenas cem euros a cada um de todos os outros que, por causa disso, vão passar fome, então é razoável dizer desculpa lá, vamos faltar à promessa, mas há aí uns milhões que terão de ser prometidos a outros. Afinal, foi o que fizeram com o meu ordenado, que a partir do mês que vem vai ser apenas 90% do prometido.

    Não digo que seja algo moralmente neutro. É sempre mau faltar às promessas. Mas não é o mesmo que violar a propriedade privada. Equivale mais a prometer um par de calças mas depois, por uma razão ou outra, acabar por não as dar.

    Finalmente, não contraponho nada à propriedade privada. Sou fã rendido da propriedade privada, e nas minhas calças e livros quem mexe sou eu. Apenas estou a apontar que nem tudo é propriedade privada. Uma promessa, por exemplo, não é o mesmo que uma coisa da qual se é dono.

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  5. Ludwig:

    Concordo com grande parte do que escreveste.

    É bom salientar que entre o extremo defendido pelo Rui A. e o extremo oposto (só propriedade comum) existem inúmeras possibilidades, e não é por acaso que todas as sociedades funcionais com elevada qualidade de vida se encontram num desses estádios intermédios.


    Na verdade creio que só faz sentido justificar todo o esforço de protecção da propriedade privada - pago com os impostos de todos - através de considerações relativas ao bem comum. A propriedade privada deve ser defendida porque - e na medida em que - é melhor para a generalidade da população que seja respeitada. Proibir o furto não nos permite apenas estar mais descansados e não despender inúmeros recursos e esforço a vigiar os bens que obtivemos, permite um nível de cooperação com estranhos e toda uma actividade económica que traz bastante prosperidade à sociedade. Mas exactamente o mesmo princípio que justifica a proibição do furto e alguma protecção da propriedade privada, também justifica a redistribuição. Não só é uma forma eficaz de diminuir a violência, e facilitar a aplicação da lei: é também uma forma de aumentar o bem estar da maioria da população, e em parte é por isso que as democracias têm sempre vindo a resultar em formas de redistribuição coerciva (é coerciva como a proibição do furto, mas justificada pelas mesmas razões).

    Onde discordo de ti é na distinção que fazes entre dinheiro e propriedade. Bem sei que o dinheiro é uma construção social para facilitar a transacção, mas creio que se te furtarem 100e estão, para todos os efeitos práticos, a diminuir a tua propriedade. E não é por acaso que em termos contabilísticos as empresas contam aquilo que terceiros lhes devem como parte do activo, junto com os bens tangíveis que de facto possuem. Creio que a distinção que estabeleces tem pouco significado ético e prático.

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  6. “Mas açambarcando o mercado destes derivados financeiros consegue-se inflacionar o preço.”

    O preço do bem real (neste caso do arroz) é determinado em função da maior ou menor produção e obviamente da procura do bem.

    O mercado financeiro ao especular sobre a produção vir a ser maior ou menor não vai influenciar o preço do bem real. Os lucros ou perdas das múltiplas transacções de títulos (derivados) apenas redistribui entre quem os transacciona.

    A melhor explicação conhecida para o disparo do preço do arroz foi que a produção caiu desastrosamente em grande parte devido à troca da produção de arroz pela produção de cereais com vista à produção de biocombustíveis.

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  7. “Entre o legítimo e o ilegal há folgas de milhares de milhões, como mostrou a crise do crédito subprime.”

    A crise embora designada de “subprime” ficou a dever-se a uma bolha do imobiliário. Isto é os preços dos imóveis subiam de forma continuada e os agentes económicos assumiram que isso aconteceria indefinidamente. Quem detinha um imóvel via o seu preço aumentar 20% ao ano e era tentado a recorrer ao crédito para obter mais-valias sem qualquer esforço. Os bancos por sua vez concediam segundas hipotecas e créditos para segundas habitações de forma a ampliar as suas rendibilidades. Um certo dia a oferta do imobiliário não tem a correspondente procura. As expectativas de ganhos de 20% ao ano acabaram e a bolha estoirou. O sector da construção que tem uma taxa elevada de mão-de-obra começa a despedir, os agentes imobiliários idem aspas. As hipotecas começam a não ser pagas especialmente as que os mutuários tinham menores rendimentos isto é as “subprime”.

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  8. 'A melhor explicação conhecida para o disparo do preço do arroz foi que a produção caiu desastrosamente em grande parte devido à troca da produção de arroz pela produção de cereais com vista à produção de biocombustíveis.?

    Temos diferentes noções do que é "melhor". Para mim, "melhor" define-se como algo qualitativamente superior. A tua explicação é simplesmente uma treta. Vai ler sobre o assunto e aprende como é que a especulação tentou safar-se da crise do subprime através da usurpação de dinheiro aos menos poderosos... mesmo a especulação sobre o petróleo foi totalmente manipulada.

    Hoje em dia para alguém ser um "neo-liberal" tal como o rui albuquerque é preciso ser-se completamente ignorante sobre o que se passa nas altas esferas financeiras, porque se passa, como se passa, ou então meter umas palas nos olhos, os dedos nos ouvidos e gritar "ALALALALALALALLALA"

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  9. E no meio do grito fazer vénias a Ayn Rand, claro (para pôr uma cereja no cimo do bolo da insanidade mental)

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  10. “Concentrações de capital e a possibilidade dos bancos inventarem o dinheiro que emprestam, para leverage, permitem fazer fortunas com dinheiro que nem existe.”

    Os bancos tiverem muita responsabilidade no insuflar da bolha especulativa do imobiliário e os seus gestores ganharam rios de dinheiro com isso. Mas não podemos dizer que os bancos inventam dinheiro. A actividade normal dos bancos é a criação de moeda. Mas esta criação não é à balda. A criação de moeda obedece a critérios que tem a ver com os depósitos que os agentes económicos lhes confiam. O crédito concedido pelos bancos além do recurso aos depósitos tem os recursos próprios dos accionistas e o financiamento externo.

    A alavancagem “leverage” significa que os bancos e as empresas se endividam de forma a realizar operações que lhes permita obter uma margem de lucro que compense os juros incorridos. A alavancagem torna-se perigosa quando as operações realizadas com o seu endividamento não sejam tentáveis como o que tenha sido previsto, no caso dos bancos os empréstimos concedidos não sejam reembolsáveis devido a muitos factores como por exemplo a falência de empresas e a insolvência de particulares que perderam o seu emprego.

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  11. Por isso é legítimo taxar a riqueza legítima porque esta depende de muita coisa que o Estado providencia.

    Certo eu fui taxado pelo governo de John Major e Helmut von al kohl
    deverei sê-lo novamente pelo governo natal para onde arrecadei umas libras marcos e umas pesetas que desde o meu tio-avô foram taxadas desde o tempo de Afonso XIII e da generalitat republicana até ao fim do generalíssimo que nos nacionalizou as terras para construir barragens

    ou os casinhotos que foram vendidos a quem os alugou por 200 escudos durante mais de 40 anos
    de certo modo todos os que pouparam devem ser mais penalizados

    do que aqueles que o gastaram ou o deixaram na Suiça

    concordo perfeitamente
    devo-lhe quanto?
    e aos restantes 10,6 milhões também?
    e todos aqueles gajos que viajaram a crédito enquanto estive a trabalhar e a destruir a pulmonaria devo quanto?

    e já agora o estado e vocês não me devem nada a mim e aos meus?

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  12. o estado nunca me deu bolsas de estudo
    nem salários milionários
    só me expropriou uns centos de metros quadrados que nunca pagou

    e arrancou-me 150 árvores de fruto para irrigar campos de golfe

    a responsável foi uma empresa que o estado sub-contratou e que faliu pouco depois de receber o estipêndio estatal

    se o estado nunca me protegeu
    e pelo contrário me esbulhou desde os meus 12 anos

    qué que eu vos devo
    pago os meus impostos mais os que me impõem

    arrisco-me ao estado me limpar na totalidade um dia
    para quê?

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  13. tão diferente do interesse do dinheiro pelo dinheiro
    banalidades
    o interesse pela potencial segurança

    a miséria raramente faz alguém feliz e a fome menos

    e da futilidade sem função e da usurpação e do desmérito
    pois...foi com argumentos desses que se nacionalizou e esbulhou um país inteiro

    não que eu me queixe
    se de 1910 a 2010 lá se foi 3 vezes

    mais irá
    ao menos dantes roubavam por obra e graça dos ungidos de deus
    agora tamém os atheistas me limpam?
    filhos dum grande atheista

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  14. Barba Rija
    “A tua explicação é simplesmente uma treta”

    Esta explicação não é minha, resulta da análise que se faz à produção do arroz.

    Atribuir a culpa aos especuladores financeiros não diz grande coisa, porque especulação é um termo perfeitamente normal em finanças não tem qualquer carga pejorativa. Quando compro acções da PT na bolsa num dia e vendo-as no dia seguinte sou um especulador, embora possa ter perdido dinheiro com a operação.

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  15. João Vasco,

    A propriedade privada depende de direitos negativos. Basicamente, o direito de não te chatearem. Por exemplo, o direito de teres um frigorífico é apenas o direito de não to tirarem. Não implica o direito de to arranjarem se se avariar, de te darem electricidade para o pôr a funcionar, etc.

    Por isso o direito de propriedade pode ser visto como um estado de coisas que ficaria garantido se estivesses sozinho numa ilha deserta. Nesse caso, era tudo teu.

    O dinheiro funciona de maneira diferente. Não é uma coisa que tu tens mas uma convenção de troca e uma quantificação de promessas. Exige direitos positivos que a propriedade privada não exige. Se estiveres sozinho numa ilha deserta não tens dinheiro nenhum, porque não há ninguém com quem partilhar essa convenção. E se, de repente, ninguém ligar ao teu dinheiro ficas sem dinheiro também. Nota que se ninguém ligar à tua casa, ao teu carro, aos teus livros e assim os teus direitos de propriedade não são afectados. Mas se toda a gente decidir que o teu dinheiro não vale nada, ficas sem nenhum.

    Por isso é que o dinheiro é fundamentalmente diferente de propriedade. Funciona como tal, mas apenas exigindo (e reconhecendo) direitos positivos. Como, por exemplo, o direito legal de que a minha nota de 5€ valha o mesmo numa transacção do que vale qualquer outra nota de 5€. Mas isso vai muito além dos direitos de propriedade.

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  16. Ludwig:

    A distinção que tu me apresentas está aqui no meu texto: «Bem sei que o dinheiro é uma construção social para facilitar a transacção». Como vês, isso não obstou ao que escrevi de seguida.

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  17. António:

    Não é verdade que a venda de um bem a um preço superior que aquele pelo qual este foi adquirido constitua especulação.

    Aliás, a especulação é crime.

    No uso comum também se estende a palavra "especulação" para designar outras práticas que, sendo legais, são de tal forma prejudiciais ao bem comum, que merecem a carga pejorativa associada aos actos ilegais.

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  18. «O preço do bem real (neste caso do arroz) é determinado em função da maior ou menor produção e obviamente da procura do bem.»

    Mas a procura pode estar empolada, por exemplo devido a uma "bolha".

    E a bolha pode ser expectável devido aos problemas de agência.


    «A melhor explicação conhecida para o disparo do preço do arroz foi que a produção caiu desastrosamente em grande parte devido à troca da produção de arroz pela produção de cereais com vista à produção de biocombustíveis.»

    Essa explicação é insuficiente, como se pode verificar pelo historial do preço após o deflagrar da crise.
    Nos bens alimentares e no petroleo, não obstante alguns fundamentais justificarem uma subida moderada (peak oil e essa questão dos biodíseis), o preço subiu muito rapidamente devido a uma bolha, que rebentou juntamente com a bolha imobiliária.

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  19. João Vasco:

    "Aliás, a especulação é crime."

    A especulação financeira não é um crime, pelo contrário é estimulada, por isso há Bolsas em todo o Mundo desenvolvido. Se eu comprar hoje por 50 uma acção e daqui a uma semana a conseguir vender por 500, isso é especulação financeira e não é um crime.

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  20. João Vasco,

    «A distinção que tu me apresentas está aqui no meu texto: «Bem sei que o dinheiro é uma construção social para facilitar a transacção».»

    Mas não é essa a diferença porque os direitos de propriedade são igualmente uma construção social (como todos os direitos).

    A diferença é que enquanto que os direitos de propriedade são uma construção social para impedir a interferência de outros, o dinheiro é uma construção social que exige a participação activa dos outros.

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  21. Ludwig:

    A distinção que mostraste é que enquanto os bens si não são uma construção social - tanto é que existem mesmo na ilha deserta - o dinheiro é.

    Não objecto a essa distinção, apenas à sua relevância no que diz respeito à redistribuição, ou distinção moral entre o furto de dinheiro e de bens.

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  22. António:

    O António está objectivamente enganado.

    Veja por exemplo aqui:

    http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/jurel/stj_mostra_doc.php?nid=25009&codarea=2

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  23. «Se eu comprar hoje por 50 uma acção e daqui a uma semana a conseguir vender por 500, isso é especulação financeira e não é um crime. »

    Certamente que isso não é crime. Mas se alguém considera esse conjunto de transacções imoral e prejudicial, pode chamar a essas transacções "especulativas" como quem diz "esse preço é um roubo".

    Eu não vejo, a priori, nada de imoral ou prejudicial ao bem comum nessas transacções, pelo que não lhes chamaria "especulativas".

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  24. Ludwig,

    Repare: tudo o que você aqui escreveu não põe em causa a propriedade privada, mas o título pela qual ela se torna legítima para alguém. Nos seus considerandos, você não questiona que alguém utilize a cadeira que você ou que venha a vestir o par de calças que eu lhe prometi. O que você põe em causa são os meios de aquisição da propriedade e não a sua existência. De resto, se pensar bem, não poderá nunca fazê-lo. Ou será que você duvida que alguém utilizará a cadeira que você construiu, se sentará nela e dela tirará partido, eventualmente até com as calças que eu fiquei de lhe dar e dei a um terceiro? Isto para lhe dizer, que ao invés do que você afirma, o que não existe são bens públicos: todos, mas todos sem excepção, tem uso privado e concreto para um número determinado de indivíduos, que os podem ou não pagar, embora haja sempre alguém que os pague. Por isso, o melhor princípio para aferir a legitimidade da propriedade privada seja a forma legítima da sua aquisição. Comprar um bem com dinheiro ganho pelo trabalho ou por uma renda é um meio legítimo. Adquiri-lo ou beneficiar dele em virtude do acesso a uma magistratura política, sem dispender nada de seu para poder tirar esse benefício, é, a meu ver, um meio ilegítimo, embora, reconheçamos, muito em voga, razão pela qual a política exerce um enorme fascínio por gente com pouca ou nenhuma qualidade. Mas indo ao que interessa: se você me apontar um exemplo de um bem que não seja utilizado em benefício de alguém, serei capaz de pensar em rever a minha hipótese. Uma última palavra sobre o dinheiro: o dinheiro não tem valor próprio; é apenas um meio de troca.

    Cumps.,

    RA

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  25. Toda a propriedade é um crime

    quem tem um blog é um criminoso

    Pior ainda é a especulação com contractos de futuros. Estes contratos permitem

    no futuro os contratos chamar-se-ão contractos

    revolucionário

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  26. João Vasco,

    «A distinção que mostraste é que enquanto os bens si não são uma construção social - tanto é que existem mesmo na ilha deserta - o dinheiro é.»

    Está perto, mas não levas charuto :)

    Imagina que vais para o estrangeiro, ou para outro planeta onde há extraterrestres. Eticamente, sendo a propriedade privada um direito pessoal, será condenável que te roubem a roupa, o fato espacial ou a nave. São coisas tuas, e mesmo ETs deve reconhecer esse direito.

    No entanto, não têm qualquer obrigação de aceitar euros ou de respeitar a regra de que qualquer nota de 10€, nova ou velha, vale 2 notas de 5€ ou cinco moedas de 2€. Isso não é um direito pessoal mas sim uma convenção que se aplica entre as pessoas que acordaram que assim fosse, mas não se baseia em nenhuma obrigação moral.

    Bottom line, as tuas calças são tuas em todo o lado por um direito de propriedade que é teu. Mas o teu dinheiro só vale o que o pessoal quiser que valha.

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  27. o que não existe são bens públicos: todos, mas todos sem excepção, tem uso privado e concreto para um número determinado de indivíduos, que os podem ou não pagar, embora haja sempre alguém que os pague.

    e este foi o melhor do mês....se calhar até do ano
    Vervolgreacties worden verzonden naar lucifer2012decem@gmail.com

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  28. era como aqueles gajos das cooperativas nos idos de 75

    a enxada continua a ser tua se a puseres na cooperativa

    ó home mas se eu trouxer a minha enxada e mais ninguém a trouxer
    a minha gasta-se

    a propriedade estatal estraga-se depressa
    se é de todos não é de ninguém ou do primeiro qu'apanha

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  29. Rui,

    Não pretendo por em causa a propriedade privada. Podemos discutir que formas legítimas há de a adquirir, mas o direito à propriedade privada é algo que eu reconheço sem problema. Mas é um direito negativo, um direito de nos deixar estar como se estivéssemos sozinhos que se justifica quando pode ser mutuamente respeitado. Eu fico com as minhas calças, o Rui com as suas, e cada um de nós pode fingir, para efeitos de propriedade, que o outro não existe.

    Mas não é legítimo ser proprietário de uma pessoa, por exemplo, porque isso exige dessa pessoa muito mais do que apenas deixar o proprietário em paz. Portanto a escravatura está fora dos direitos de propriedade (algo que parece óbvio agora mas que durante muito tempo não foi, e ainda hoje há muita gente que julga que os filhos são propriedade dos pais).

    O problema do dinheiro é precisamente o que o Rui aponta: é um meio de troca. O valor que tem vem de um conjunto de regras sociais e legais que se estabelece para que seja um meio eficiente de troca, e isso exige o acordo e a colaboração de todos. Por isso o direito ao dinheiro não é do mesmo género que o direito às calças, porque o direito ao dinheiro inclui deveres positivos dos outros, coisas que eles não poderiam garantir se não existissem, como o dever de o aceitar em trocas, o dever de respeitar os valores impressos nas notas, etc.

    Isto não tem nada que ver com a questão do benefício, dos bens públicos ou privados e afins. O ponto é que a cobrança de impostos, a desvalorização da moeda, a revisão dos salários, os limites às indemnizações e essas coisas podem ser morais ou imorais mas esse estatuto não vem do mesmo fundamento ético do direito de propriedade. São questões de promessas e acordos e não questões de direitos individuais como o direito de propriedade.

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  30. António,

    Se eu comprar o arroz todo, o preço do arroz passa a ser o que eu quiser porque deixa de haver mercado.

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  31. Ludwig:

    «Imagina que vais para o estrangeiro, ou para outro planeta onde há extraterrestres. Eticamente, sendo a propriedade privada um direito pessoal, será condenável que te roubem a roupa, o fato espacial ou a nave.»

    O furto é geralmente condenável pois tende a causar sofrimento a quem o sofre(e geralmente maior que o benefício de quem o pratica..). Mas há muitos actos condenáveis e legítimos.

    O furto deve ser considerado ilegítimo para evitar que todos percamos uma enorme quantidade de recursos e esforço a defender os bens que adquirimos; mas também para facilitar as transacções e a cooperação económica com estranhos. Ficamos a ganhar em considerá-lo ilegítimo, mesmo que isso acabe com a liberdade de furtar.

    Esta razão aplica-se ao dinheiro, caso esteja estabelecida a rede que permite a sua existência e funcionamento, como não é o caso dos ETs, mas é a generalidade dos casos em que se fala em furto de dinheiro.

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  32. "Mas se ninguém quiser o meu dinheiro fico sem dinheiro nenhum"

    É o que nos vai acontecer quando sairmos do euro. Vai querer comprar um par de calças e vão pedir-lhe 50.000$00 no primeiro dia e 100.000$00 no segundo. Vai ter uma moeda que ninguém dá nada por ela. Você hoje pensa que tem alguma coisa porque o valor da moeda em que recebe o seu salário anda atrelado à riqueza que os alemães criam.

    "Quanto ao dinheiro, não é propriedade."

    Diga isso ao fisco.

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  33. Rui A.

    "o que não existe são bens públicos: todos, mas todos sem excepção, tem uso privado e concreto para um número determinado de indivíduos, que os podem ou não pagar, embora haja sempre alguém que os pague."

    Leio por aqui tantos atentados ao bom senso que na maioria das vezes abstenho-me de comentar mas esta foi demais. Pela sua lógica de ideias, deixaria de ser possível beber àgua de uma fonte sem ter que pagar dinheiro a alguém. Mais, milhares de pessoas morreriam à sede mesmo que quisessem beber a àgua da chuva. Isto para começo de conversa porque se algum engenheiro maluco se lembrasse de arranjar uma fórmula qualquer para captar o ar (coisa que, se virmos bem, já é feito indiretamente pelas empresas que ganham dinheiro poluíndo o ambiente com gases tóxicos sem que sofram quaisquer consequências), isso significaria que ele teria automaticamente o direito de cortar às pessoas que não lhe pagassem um tributo. Idem para os mares, oceanos, reservas florestais, o espectro eletromagnético, etc. Enfim, só posso dizer que quem pensa assim vive definitivamente na Terra do Nunca do Peter Pan e da Fada Sininho.

    Afirmações como estas só provam que quem defende o emagrecimento do Estado à custa da diminuição das medidas de redistribuição da riqueza esquece-se de que os poderosos andaram os últimos 500 anos a construir monopólios e oligopólios concebidos para gerar lucros cada vez mais elevados à custa da pilhagem dos recursos da Humanidade com o apoio legal e muitas vezes militar dos Estados Ocidentais. Agora que o levaram à falência, que a fonte está prestes a secar, querem acabar com ele.

    De que forma é que esses monopólios e oligopólios surgiram? Simples: através da concessão de privilégios de exploração comercial de recursos comuns a um pequeno grupo de mercadores, industriais e - mais recentemente - banqueiros. Refiro-me concretamente à capacidade de criar dinheiro, cobrar juros de usura altíssimos, o copyright e as patentes, bem como um sistema centralizado de emissão de moeda que proíbe um grupo de pessoas de transaccionarem bens e serviços através de unidades de câmbio próprias. A este sistema de organização económica historiadores como Ferdinand Braudel e Karl Polanyi deram o nome de Capitalismo.

    Seja como for e, tal como o Ludwig explicou, o que é apropriado não é questionar o princípio da propriedade privada mas sim averiguar até que ponto é que estes privilégios constituem um obstáculo à existência de verdadeiros mercados livres.

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  34. Mais uma boa razão para aplicar parte do dinheiro na manutenção dessa garantia.
    A questão é aplicar o quê para garantir o quê?

    A este sistema de organização económica historiadores como Ferdinand Braudel e Karl Polanyi deram o nome de Capitalismo.
    Acho que karl Marx tem uns 100 anitos mais que o Braudel mas enfim

    e a troca de serviços e de bens ainda existe
    mercado livre ...utopias ou distopia
    ucronias provavelmente

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  35. Mesmo quando uma pessoa faz um esforço para distanciar a análise histórica, séria e não ideológica do sistema económico chamado Capitalismo há alguém que aproveita a deixa para meter o nome de Karl Marx ao barulho. Porque será? É que se formos a ver, nem toda a análise crítica do Capitalismo é marxista ;) Quanto às utopias, não sei ao certo o que são mas desconfio que seja o nome que os instalados todas as transformações sociais e económicas que colocam em causa os privilégios adquiridos por essa minoria ao longo do tempo apenas para disfarçar a sua total falta de descaramento ;)

    Agora, também é verdade que nos países em que a Economia se encontra bastante controlada pelo Estado (de forma direta ou indireta, através da divída pública), a maioria da população não tem a coragem política para reconhecer o que é melhor para a sustentabilidade do sistema. Pessoalmente, já ficaria satisfeito se o Estado português...:

    - parasse imediatamente de se endividar;
    - permitisse que grupos de cidadãos emitissem a sua própria moeda para efetuar transacções nas suas comunidades locais;
    - desmantelasse monopólios e oligopólios com uma quota de mercado superior a 20 por cento;
    - implementasse uma política de impostos sobre o capital baseada na dimensão e natureza da actividade de uma empresa (ponderando os riscos para o ambiente, a emissão de dióxido de carbono, o nível de exportações, as condições salariais, o grau de estabilidade dos contratos de trabalho, o nível de qualificações do seu quadro de pessoal, a localização, o investimento em formação, etc.)
    - acabasse com os direitos de autor sempre que estivesse em causa fins não comerciais;
    - retirasse de forma declarada e inequívoca o software do âmbito das patentes.

    A alternativa é manter tudo como está e deixar que o país se continue a endividar à custa de um sem número de centros comerciais e supermercados. Depois não estranhem é quando os centros das cidades forem totalmente tomados por lojas dos chineses. É apenas mais uma crise ;) E depois digam-me quem é que é utópico :)

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  36. Pessoalmente, já ficaria satisfeito se o Estado português...:

    - parasse imediatamente de se endividar;
    - permitisse que grupos de cidadãos emitissem a sua própria moeda para efetuar transacções nas suas comunidades locais;
    foi feito nos anos pós república para obviar a falta dos trocos e teve ligeiros efeitos inflacionistas pela quantidade colossal de notas colocadas


    - desmantelasse monopólios e oligopólios com uma quota de mercado superior a 20 por cento;
    lá se vai a microsoft...

    - implementasse uma política de impostos sobre o capital baseada na dimensão e natureza da actividade de uma empresa (ponderando os riscos para o ambiente, a emissão de dióxido de carbono, o nível de exportações, as condições salariais, o grau de estabilidade dos contratos de trabalho, o nível de qualificações do seu quadro de pessoal, a localização, o investimento em formação, etc.)

    muito complexo e essa da emissão do dióxido de carbono

    e isso seria a nível mundial não?


    - acabasse com os direitos de autor sempre que estivesse em causa fins não comerciais;
    significa exactamente o quê

    para fins comerciais ok...

    É apenas mais uma crise

    claro que não é é a crise que nos vai reduzir à nossa dimensão

    um país que não produz nem o que come nem o que veste

    e em que ninguém quer voltar às origens porque cansa

    e cansa mesmo muito

    quanto a Braudel a dinâmica do capitalismo analisa até a era reaganista

    é publicado no ano da passagem para a posteridade do autor

    e muitos veêm-no como uma bíblia

    mas é uma visão parcial de uma sociedade polarizada antes da queda do regime que se lhe opunha

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  37. se continue a endividar à custa de um sem número de centros comerciais e supermercados

    o comércio gera a maioria do emprego actualmente

    se podia ser mais nacionalista? podia

    se conseguia com que a agricultura fosse mais produtiva e a pesca mais competitiva

    a Sonae conseguiu-o em áreas muito particulares
    a renova internacionalizou-se graças à rede DIA

    logo demonizar o comércio é.....qual é a palavra

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  38. COMO PODEMOS TER A CERTEZA DE QUE O LUDWIG HÁ MUITO QUE PERDEU O SEU DEBATE COM OS CRIACIONISTAS?


    É muito simples:

    1) Para defender a ciência, o Ludwig tem que postular que o Universo funciona racionalmente e pode ser compreendido racional, lógica e matematicamente.

    A Bíblia ensina isso. A teoria da evolução (com a sua ênfase na irracionalidade dos processos), não.

    A Bíblia ganha, porque o Ludwig tem que postular a visão bíblica do mundo para defender as possibilidades da ciência.


    2) Para poder criticar o comportamento dos religiosos, o Ludwig tem que pressupor a existência de valores morais objectivos.

    Caso contrário, são as suas próprias preferências morais subjectivas contra a dos religiosos.

    A Bíblia ensina que existem valores morais objectivos. A teoria da evolução (com a sua ênfase no carácter amoral e predatório dos processos), não.

    A Bíblia ganha, porque o Ludwig tem que postular a visão bíblica do mundo para as suas condenações morais serem plausíveis...

    3) A Bíblia ensina que a vida foi criada por uma (super-)inteligência.

    A existência de códigos e de informação codificada é a marca, por excelência, da inteligência e de racionalidade (v.g. computadores, ATM’s, GPS’s., Ipads).

    A vida depende de códigos e informação codificada, com uma densidade e complexidade que a comunidade científica não consegue compreender e reproduzir.

    Para aspirar a ganhar o debate, o Ludwig teria de a) mostrar um processo físico que crie códigos e informação codificada ou b) demonstrar que a vida não depende de códigos nem de informação codificada.

    Como ambas as coisas são cientificamente impossíveis, a Bíblia ganha.

    É por isso que é errado afastar a Bíblia deste debate, como alguns pretendem.

    Ela dirige e vence o debate.


    Sempre que tenta negar a Bíblia e condenar a conduta dos cristãos o Ludwig tem que postular a visão bíblica do mundo.

    Qual foi então o erro do Ludwig?

    É simples: ele subestimou a Bíblia, o livro que, desde há milénios, tem sido o mais impresso, traduzido, lido, estudado e influente da história da humanidade.

    O facto de estarmos diante de um autoproclamado especialista em falácias e pensamento crítico (ainda que autodenominado Macaco Tagarela) só atesta a solidez racional, histórica e científica da Bíblia.

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  39. OS ERROS DO LUDWIG NO DEBATE CONTRA O CRIACIONISMO

    Quais foram então os erros do Ludwig?

    É simples:

    Em primeiro lugar, ele sobreestimou a teoria da evolução cósmica, química e biológica, tendo-a aceite acriticamente.

    O que só fica mal a alguém que se diz especialista em pensamento crítico.

    A teoria da evolução só resiste enquanto as críticas forem silenciadas ou ignoradas.


    Em segundo lugar, ele sobreestimou a sua própria capacidade racional e lógica, tendo descurado o facto elementar de que a racionalidade e a lógica só podem ser defendidos num quadro em que o Universo, a vida e o homem tenham uma racionalidade inerente.

    Só a Bíblia permite fundamentar esse quadro.

    Finalmente, ele subestimou a Bíblia, o livro que, desde há milénios, tem sido o mais impresso, traduzido, lido, estudado e influente da história da humanidade.

    Não foi por acaso que a Bíblia ganhou esse estatuto...

    ... e não seria um autoproclamado Macaco Tagarela a roubar-lho...


    O facto de estarmos diante de alguém fortemente hostil à religião e à Bíblia, que se autoproclama especialista em falácias e pensamento crítico (ainda que autodenominado Macaco Tagarela), só contribui mais ainda atestar a solidez racional, histórica e científica da Bíblia.

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  40. AS VÁRIAS FASES DO DEBATE DO LUDWIG COM OS CRIACIONISTAS:

    Já repararam que o Ludwig foge dos criacionistas como o diabo da cruz?

    Mas nem sempre foi assim. Importa recordar como tudo começou, tendo em mente as diferentes fases do debate.

    1) Numa primeira fase, o Ludwig provocou orgulhosamente os criacionistas com alguns artigos sobre Jónatas Machado e a teoria da informação.

    2) Numa segunda fase procurou discutir com criacionistas a) autodescrevendo-se como macaco tagarela(!) b) dizendo que o DNA não codifica nada mas que afinal codifica alguma coisa, c) afirmando um dever de racionalidade sem conseguir fundamentá-lo racionalmente, d) dizendo que as Falésias de Dover provam a evolução, e) dizendo que a chuva cria códigof, 6) afirmando que todo o conhecimento é empírico sem qualquer evidência empírica nesse sentido, g) dizendo que a meiose e a mitose criam DNA, entre muitos outros disparates.

    Nesta fase, ele disse algumas coisas acertadas: gaivotas dão gaivotas, moscas dão moscas, lagartos dão lagartos, alguns órgãos perdem funções, etc. Os criacionistas concordam com esta parte.


    3) Numa terceira fase, esses argumentos foram respondidos pelos criacionistas.

    4) Numa quarta fase, esses argumentos e as respectivas respostas foram repetidamente publicados no blogue.

    5) Numa quinta fase, o Ludwig começa ficar calado, porque percebeu que, não existindo provas de evolução, tudo o que dizia era usado contra ele...

    6) Numa sexta fase, o Ludwig prefere mesmo bater em retirada, vitimizar-se e ir fazer queixa à mãezinha…

    7) Numa sétima fase, fase o Ludwig decide interromper pontualmente o seu silêncio com frases sem nexo como "a chuva cria códigos", " a vida não depende de informação codificada" ou "a evolução irracional cria um dever de racionalidade", "a evolução amoral cria valores morais"....

    8) Numa oitava fase, os amigos do Ludwig mostram que já sentem pena dele e tentam defendê-lo… acho bem que tenham pena do Ludwig...

    9) Numa nona fase, os amigos (V.G. Bruce Lose, Barba Rija) do Ludwig decidem fugir à discussão procurando refúgios informativos...

    10) Numa décima fase, o Ludwig tenta provar a evolução discutindo a conduta dos religiosos, embora sem explicar como é que a teoria da evolução gera os valores que ele apregoa… O melhor que o Ludwig consegue fazer é condenar os cristãos com base nos valores… cristãos!


    P.S. Já repararam como é muito fácil (e até divertido) para um criacionista bíblico neutralizar um evolucionista ateu, fortemente anti-religioso e especialista em pensamento crítico?

    Porque será? Deviam pensar nisso...

    Ludwig: podes chamar a Palmira Silva, do IST, que também gostei muito de discutir com ela... ela consegue ter quase tanta piada como tu...

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  41. «Mesmo quando uma pessoa faz um esforço para distanciar a análise histórica, séria e não ideológica do sistema económico chamado Capitalismo há alguém que aproveita a deixa para meter o nome de Karl Marx ao barulho. Porque será?»

    Porque assim conseguem sempre fantasiar que o capitalismo só tem como crítica alguém que foi demonstrado errado pela Rússia no século XX.

    Esquecem-se totalmente de compreender o que o capitalismo, sem refreios, realmente é, uma máquina automática que funciona com equações semelhantes à evolução natural, cheio de bifurcações, catástrofes, crises, é, literalmente, a lei da selva. Nesse modelo simplista, o ser humano deixa de ser humano, e passa a ser um elemento da equação neste darwinismo social gigante. Porque o propósito do Capitalismo como o Rui Albuquerque o imagina não é o homem, mas sim a economia em si.

    Só que existe aqui um problema (só um?). É que a economia não é um fim, mas um meio! E se a economia se torna num fim em si mesma, e criarmos um sistema darwinista super-fluído que a permita "evoluir" cegamente e erraticamente, quem nos garante que o final deste processo é algo parecido aos nossos sonhos utópicos do que imaginamos ser a sociedade ideal, rica, justa, feliz?

    Nada. Não existe nada que garanta que o resultado desse processo iterativo automático e cego torne a sociedade nessa pérola. A "mão invisível" não existe, é um placebo imbecil para mentes mentecaptas e preguiçosas. O resultado deste tipo de "liberdade total" é a lei da selva, com novos feudos, monopólios gigantes, pessoas com mais poder de compra do que países inteiros e todo o tipo de distorções que essas assimetrias gritantes provocam, como a provocação de fomes de milhões para que uns tantos milhares de especuladores tenham a casinha dos seus sonhos perto de Hollywood.

    A sociedade mundial está-se a tornar cada vez mais "neo-liberal", ao estilo do Rui Albuquerque, e pelo que qualquer ser não doido consegue perceber, mais injusta, mais egoísta, mais psicopata, assimétrica, arbitrária, caótica, paranóica, individualista.

    Obviamente que o caminho não está completo. Ainda falta dar cabo do SNS, da educação estatal e das reformas, etc. E até se dar cabo de tudo aquilo que me faz olhar para o estado como uma instituição positiva, estes Randistas não estarão em paz. Bah, são os "idiotas úteis" do séc. XXI e nem se dão conta disso, é de uma estupidez gritante.

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  42. Vejam

    Enron: The Smartest Guys in the Room (2005).

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  43. confiança barbudo confiança

    na irlanda do norte e na escócia os bancos podem imprimir notas independentemente do banco de inglaterra

    se todos imprimissem notas promissórias como hoje se passam cheques sem cobertura

    o papel valeria o mesmo dos assignats das promissórias do caldeira da d.branca ou do maddoff

    ok o sistema é péssimo

    o outro era interessante num mundo onde houvesse partilha amor e paz no mundo estilo miss universo ou similar

    Porque assim conseguem sempre fantasiar que o capitalismo só tem como crítica alguém que foi demonstrado errado?
    pela adaptação na Rússia no século XX.
    na china
    em cuba
    a china adaptou-se

    Esquecem-se totalmente de compreender o que o capitalismo, sem refreios, realmente é, uma máquina automática que funciona com equações semelhantes à evolução natural,
    não meta o mundo biológico nisso arquitectus mundi

    sem paralelo muy mas complexo

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  44. Barba,

    Tu tens toda razão em relação ao capitalismo mas apenas quando visto do ponto de vista do bem comum, ou seja, se assumirmos que o objectivo de qualquer ideologia politica ou económica é o conforto e a felicidade de todos nós.

    O objectivo do capitalistmo/liberalismo nunca foi esse, parece-me. Tendo as suas raizes nos movimentos liberais nascidos da revolução industrial, e nunca li muito a respeito disto por isso posso estar a dizer uma grande asneira, o movimento começou por ser uma oposição por parte da nova classe burguesa industrial à velha nobreza não produtiva. A liberdade que reclamavam era a pagar menos impostos à coroa, liberdade comercial, mercado livre (novamente sem impostos sobre as trocas), etc...

    Claro que esse "liberalismo" era para os individuos com propriedade pois só através da propriedade é que o homem conseguiria ser livre. Era assim a modos como a democracia ateniense: um clube restrito para alguns.

    Desde então o liberalismo é uma ideologia optima para aqueles que têm dinheiro, poder ou ambos. Ao defender a liberdade individual ao mesmo tempo que se defende que a empresa/corporação é um individuo cria-se o terreno para um brutal deseiquilibrio de forças. Daí o mundo ter sido alvo de uma propaganda brutal a partir dos anos 80 sempre com a expressão "Liberdade" completamente violada.

    Isto tudo para dizer que o capitalismo is working almost as intended para as elites que o propõem. O problema é que por muitos papalvos que bebam o kool-aid e acreditem na conversa do individualismo e afins (basicamente ignoram aquilo que nos fez prosperar enquanto espécie, a cooperação e a solideriedade) já muita gente se começa a aperceber da profunda injustiça de um sistema que apenas serve para clivar as diferenças entre os que têm quase tudo e os que cada vez mais têm quase nada.

    Então agora que já vimos que os impostos só são um atentado à liberdade individual quando são usados para pagar cuidados de saúde e educação, quando todos verificámos que os que tanto falam contra o estado foram os primeiros a abocanhar os recursos de todos nós em bail-outs e afins é que a promoção desse ideário vai ser mais feroz.

    Talvez corra mal porque já não vivemos na europa feudal e a torneira do crédito que permitiu disfarçar a pobreza está a acabar. Como controlar as massas que não têm pão nem circo? O futuro está a ser feito agora...

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  45. João Vasco,

    «O furto é geralmente condenável pois tende a causar sofrimento […] Esta razão aplica-se ao dinheiro»

    É (mais ou menos...) verdade mas pouco relevante. Um utilitarista pode dizer que tanto a democracia como o SNS como a propriedade privada são coisas boas porque têm valor utilitário. A utilidade (que não é apenas uma sensação, como sofrimento ou prazer) é uma boa norma para avaliar estas coisas.

    Mas mesmo que todas tenham utilidade é incorrecto afirmar que a democracia e o SNS são propriedade privada, ou que se devem reger pelas mesmas regras que a propriedade privada. Isso não faz sentido.

    Portanto, concordo contigo que tanto a propriedade privada como o dinheiro são úteis. Onde discordo é na inferência que, por isso, o dinheiro é propriedade privada.

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  46. Ludwig:

    Enquanto o teu casaco, ao contrário da tua nota de 5e (papel à parte..), existe à parte das construções sociais, a PROPRIEDADE do teu casaco é uma convenção igual à da nota. Convencionou-se que não existe direito de furtá-lo, e essa convenção deve ser mantida porque nos é útil, e na medida em que nos é útil.

    E, nessa medida, não vejo distinção entre a propriedade do teu casaco e a propriedade da tua nota.

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  47. João Vasco,

    Concordo que a noção de propriedade privada, de dinheiro, de Dó Maior e de desportos de inverno são todas convencionais. Onde discordo é que o dinheiro seja propriedade privada.

    «E, nessa medida, não vejo distinção entre a propriedade do teu casaco e a propriedade da tua nota.»

    A propriedade privada é uma convenção guiada pelo princípio de cada individuo ter o direito de usufruir de algumas coisas – as suas coisas – sem interferência de terceiros. Assim, o casaco é propriedade minha porque eu tenho o direito de fazer dele o que quiser.

    O dinheiro é uma convenção guiada pelo objectivo de ter um sistema prático de troca de bens. É uma convenção que visa o benefício de todos, colectivamente, e rege-se por princípios diferentes. Por exemplo, a nota de 5€ é propriedade do Estado e é ilegal destruí-la, porque é necessário contabilizar o dinheiro em circulação, etc.

    Assim, se é necessário redistribuir riqueza, há um custo moral considerável em confiscar os casacos, casas e livros das pessoas, porque nesse caso viola-se aqueles direitos a que chamamos de propriedade. Mas se o Estado taxar as contas bancárias ou o uso das notas já não será moralmente o mesmo porque o sistema monetário não é propriedade privada. Isto é, efectivamente, o que qualquer Estado faz quando desvaloriza a sua moeda, e é igualmente legítimo, do ponto de vista moral se bem que possa atropelar algumas leis, que em vez de desvalorizar a moeda em 1% simplesmente cobrar 1% do dinheiro que as pessoas acumularam.

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  48. OFF TOPIC:

    Associação avança com queixa-crime contra mil portugueses por pirataria de filmes na Web

    http://www.publico.pt/Tecnologia/associacao-avanca-com-queixacrime-contra-mil-portugueses-por-pirataria-de-filmes-na-web_1471805

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  49. Ludwig:

    Se aquilo a que te referes é a questão dos impostos, então creio que existem duas boas razões práticas para preferir cobrar os impostos em dinheiro. A primeira é que o dinheiro pode ser facilmente dividido. Se te pagassem o ordenado com um casaco de cabedal, seria complicado dares uma porção dele sem que perdesse o seu valor.

    A segunda é que o valor do dinheiro está indexado ao mercado (mesmo que a mesma nota possa valer mais para uns do que para outros), enquanto que o valor de um bem em particular tem uma variação muito superior de indivíduo para indivíduo.

    Isto por um lado torna mais fácil avaliar os danos quando se furta dinheiro do que quando se furta uma jóia de família.

    Estas questões práticas podem fazer com que seja mais eficaz cobrar impostos sob a forma de moeda, mas não torna a cobrança de impostos implicitamente mais legítima quando o bem em questão é moeda. A forma mais óbvia de verificar isto é compreender que uma empresa que pagasse aos seus funcionários em ouro e não em moeda, para evitar o pagamento de impostos, estaria a utilizar uma estratégia desonesta. Os impostos deveriam ser os mesmos quer os salários fossem pagos em sal (de onde vem a expressão), em ouro, ou em euros.

    Até acrescento algo: sou mais favorável a impostos sobre a propriedade do que sobre o rendimento, na medida em que o impacto dos primeiros sobre a actividade económica seria, a priori, melhor que o dos segundos (para o mesmo montante cobrado).
    Para evitar a enorme ineficácia de estar a contabilizar as propriedades de cada pessoa, com todas as falcatruas e injustiças que isso implicaria, sou muito favorável à existência de um imposto sobre as grandes fortunas, i.e. um imposto sobre a propriedade cobrado apenas acima de determinado montante (e por isso apenas sobre uma pequena parte da população). Neste último caso, seriam avaliados não apenas os bens monetários, mas também outro tipo de propriedades, em particular os terrenos.
    Isto teria como implicação que alguém com muitas posses não se poderia escudar da inflação através da compra de terrenos, diminuindo também a ocorrência de bolhas, e incentivando a actividade económica.

    O imposto sucessório, que se complementado com um imposto para grandes doações é justo e tem um impacto melhor na actividade económica que outros impostos que resultem na mesma receita, também deve ser cobrado sobre as propriedades em geral e não apenas no dinheiro.

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  50. Redistribuição de Riqueza = Acreditar que um grupo de homens que exercem o poder do estado, são mais honestos do que todos, para "redistribuir" a riqueza que não produziram:

    http://firstfriday.files.wordpress.com/2007/12/socialism_explained.jpg

    http://4.bp.blogspot.com/_AOdk-xDdPJM/SFKuB3PQPPI/AAAAAAAAAA0/ZG5usXz1byw/s400/Socialism_by_miniamericanflags.jpg

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  51. Algo que vai no mesmo sentido do que o Imposto sobre o valor da Propriedade proposto pelo João Vasco é este modelo sugerido por Chris Cook:

    "The Systemic Fiscal Reform I advocate is neither a revolutionary appropriation by the State nor a redistribution of income. Instead I advocate a transition from the taxation of earned income (since there is no longer enough earned income left to tax) to the taxation of the privilege of exclusive use of Factors of Production.

    (a) Location – a Land Value Tax, levied on the use value of location

    (b) Energy – Taxation of the use of the Resource Commons, particularly a Carbon Tax; and

    (c) Knowledge – a Limited Liability Tax levied on the gross revenues of the Corporation used to “enclose” Knowledge, through employment contracts and Intellectual Property."

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  52. Se chamarmos "socialismo" a toda e qualquer forma de redistribuição de riqueza, então não existe actualmente nenhuma democracia com alguma dimensão (não falo de ilhazecas algures que nem aparecem nos mapas) que não seja "socialista".

    Talvez o "socialismo" dessa forma peculiar definido seja uma consequência natural da democracia.

    Mas não, nem Portugal, nem a Suécia, nem os EUA, nem a Alemanha são países socialistas, apesar de todos terem, em maior ou menor grau, formas de redistribuição da riqueza que realmente melhoram a qualidade de vida e fazem com que todos vivam melhor.

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  53. Miguel Caetano:

    Sim, de facto estou de acordo com os três tipos de impostos apresentados. Não por estarem relacionados com os meios de produção, visto que em muitos casos objectos para próprio usufruto podem ser meios de produção (carro/taxi, por exemplo), mas porque em cada um dos casos apresentado o imposto tem um efeito sobre a actividade económica que não gera o chamado "peso morto", ou pode até conduzir à criação de maior riqueza, como é o caso da cobrança adequada pelas externalidades associadas ao CO2.

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  54. Não adianta. Há pessoas que continuam a confundir Capitalismo (grandes concentrações de capital nas mãos de poucos) com Socialismo (distribuição do capital nas mãos de muitos) que, diga-se de passagem, são meros sistemas de organização económica e não política. Aliás, as pessoas adoram tanto arranjar bodes expiatórios sob a forma de rótulos que nem sequer se dão ao trabalho de constatar que o modelo de produção económica da ex-URSS e os seus países satélites correspondeu de facto a um Capitalismo de Estado na medida em que o objectivo declarado desses países foi sempre aumentar a produtividade e ganhar a guerra da competitividade aos EUA.

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  55. ....fez prosperar enquanto espécie, a cooperação e a solideriedade

    a solidariedade de se enforcar quem morria à fome e roubava um pão
    ou limpava lenha ou bolota e ia dar com os costados ó xilindró

    a perspetiva histórica está tão deformadinha

    socialismo como garante
    Imposto sobre o valor da Propriedade proposto por tanta gente é uma ilusão

    e aqueles que possuem capitais e não propriedade
    ou reservas em metais como faziam as minhotas e as beirãs

    como é que se taxam as 700 ou 800 tones de ouro que estão em mãos privadas a 100gramas/pessoa daria 1000 tones
    mas há aqueles que nada têm
    e os que possuem lingotes do tamanho de um pacotinho de açucar e densidade umas quantas vezes maior

    e os diamantes que tantos políticos portugueses fizeram pé de meia

    parvoíces

    é que até o dito cujo faz mais sentido que ocês

    Jairo Entrecosto disse...

    Redistribuição de Riqueza = Acreditar que um grupo de homens que exercem o poder do estado, são mais honestos do que todos, para "redistribuir" a riqueza que não produziram:

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  56. de resto muitos dos socialistas originais propunham a abolição do dinheiro

    não resultou
    há uma coisa que se chama....territorialidade que impede gregarismos extremos

    o eu prevalece quase sempre sobre o nós

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  57. "Redistribuição de Riqueza = Acreditar que um grupo de homens que exercem o poder do estado, são mais honestos do que todos, para "redistribuir" a riqueza que não produziram:"

    Se esses homens não são honestos, há que pedir-lhes explicações porque afinal de contas eles estão lá para representar os nossos interesses e se isso não acontecer, será necessário alterar o sistema eleitoral de modo a que seja mais transparente e democrático. Caso contrário, mais tarde ou mais cedo vai haver sangue. Nas ruas de Atenas já está a correr e em Londres, Roma e Barcelona as manifestações já são uma constante. Nos blogs americanos já só leio histórias sobre a Revolução Iminente. Entretanto a Islândia lá se está a conseguir pôr de pé, ao mesmo tempo que Finlândia, Suécia, Dinamarca, Noruega e Alemanha escaparam praticamente incólumes. Porque será? ;)

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  58. Se chamamos "redistribuição de riqueza" a "impostos", somos mentirosos.

    Redistribuição de riqueza é socialismo. É uma política fiscal
    (criminosa), não é a única política fisca possível.

    Ser contra a "redistribuição de riqueza" feita por umas cabecinhas que imaginam poder controlar toda a economia, como farsa óbvia e economicamente impossível que é, é uma consequência natural de se saber o que custa a vida.

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  59. «Se chamamos "redistribuição de riqueza" a "impostos", somos mentirosos.»

    Pois.

    «Redistribuição de riqueza é socialismo. É uma política fiscal
    (criminosa), não é a única política fisca possível.»

    Esse "crime" existe em basicamente todas as democracias em maior ou menor grau.

    O que há de curioso nesse crime é que quando começa a diminuir muito o grau em que é exercido, a qualidade de vida da generalidade da população também diminui, como se pode verificar nos EUA olhando para a influência do "New Deal" e da "Reaganomics" na qualidade de vida das pessoas.

    Curioso crime esse...

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  60. A causa da crise económica foi a esquerda e a sua política de "redistribuição de riqueza.

    Estado inchado, é estado bom para os ladrões que se apoderam dele.

    Os socialistas ditos "moderados" se orgulham de ser favoráveis á "livre iniciativa". Só que corporativismo não é "livre iniciativa". Claro que um estado dominado por um grupo que vai "redistribuir riqueza"; inevitavelmente criará bons negócios aos empresários amigos dos governantes. A chamada economia protegida.

    Que foi o que sempre existiu na URSS, ou actualmente em Cuba. É óbvio que aquilo está cheio de milionários. Enquanto os bondosos governantes "redistribuem riqueza". Para os seus interesses, como é óbvio.

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  61. Se eu lhe dissesse "dá-me cá x% do teu ordenado para eu dividir isso mais justamente por todos" O João Vasco não me concederia o direito de eu redistribuir a riqueza que ele produziu.

    A não ser, que eu vestisse fato e gravata e ganhasse umas eleições para primeiro-ministro.

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  62. «A causa da crise económica foi a esquerda e a sua política de "redistribuição de riqueza.»

    As políticas de redistribuição de riqueza já existem na Europa e nos EUA desde antes da 2ª guerra mundial.

    É curioso que seja no momento em que começam a diminuir o seu alcance que surja a crise. E que depois essa mesma crise lhes seja imputada.

    Mas se podemos culpar a redistribuição da riqueza por esta crise, porque não culpar os pinguins?

    «Que foi o que sempre existiu na URSS, ou actualmente em Cuba.»

    Há três problemas com essa ideia:

    http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/09/esquerda-e-as-ditaduras-comunistas.html

    http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/10/esquerda-e-as-ditaduras-comunistas-ii.html

    http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/10/esquerda-e-as-ditaduras-comunistas-iii.html

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  63. A legitimidade para distribuir por todos parte do que é de cada um tem raiz no mesmo conceito que legitima proibir quem quer que seja de furtar.

    Da igualdade de todos os cidadãos perante a lei decorre a democracia. No fórum democrático deve procurar-se o ajuste institucional que melhor favorece o bem comum.

    Isso inclui, em todas as democracias com alguma dimensão, a proibição do furto, e o financiamento de um sistema para encontrar quem viola a lei, julgando-o com todas as garantias. Também inclui alguma forma de redistribuição da riqueza, geralmente através dos sistemas de segurança social, serviço nacional de saúde, e rede de educação gratuita, ou mesmo apoio directo aos mais pobres.

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  64. É que "ganhar eleições" não é, numa democracia, um detalhe sem importância.

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  65. Caro Jairo Entrecosto, primeiro gostaria de lhe dizer isto: ganância, cobiça, corrupção e incompetência não são socialistas, corporativistas ,capitalistas ou anarquistas. São defeitos pessoais e de carácter.

    Segundo: se teimamos em continuar a olhar para os rótulos das embalagens e não para o que estas contêm lá dentro continuaremos a ser enganados. O que se passa é que o sistema político actual é completamente opaco. Não existem mecanismos de regulação do processo de tomadas das decisões políticas e a avaliação dos seus impactos a nível da vida social e financeira de empresas e cidadãos.

    É evidente que eu concordo que existe pouca transparência e nenhuma margem de participação para o contribuinte na forma como o dinheiro dos seus impostos é distribuídos. Mas isso não é razão para deixar tudo como está até que o sistema apodreça. Se não confiamos no Fisco, temos que exigir que ele nos informe onde é que vai gastar esse dinheiro e que nos dê a liberdade de dedicar uma percentagem do montante (20 a 25 por cento) para projectos concretos em benefício da sua comunidade local a partir de um leque de escolhas sugeridos pela população. Se vos disserem que isto é impossível, eu garanto-vos que estão a mentir.

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  66. "Caso contrário, mais tarde ou mais cedo vai haver sangue. Nas ruas de Atenas já está a correr e em Londres, Roma e Barcelona as manifestações já são uma constante"

    Lógico. Se há uma percentagem significativa de indivíduos que nada produzem e querem viver da mama da riqueza que outros produziram e o tempo que deveriam ocupar a tentar criá-la é passado a escavacar propriedade pública e privada, com uns quantos pintas a incitar ao longe tretas do género: o dinheiro é de todos , tarde ou cedo o sangue aparece.

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  67. Nuno Gaspar:

    o seu argumento não tem ponta por onde se pegue. No meu caso concreto, eu sou a favor da livre concorrência e totalmente contra a formação de qualquer tipo de monopólios e oligopólios. Só assim é que haverá um número de miúdos em garagens capazes de derrubar gigantes quer nos campos das tecnologias de informação, quer na genética, quer na biotecnologia, quer no hardware. Quem não produz absolutamente nada e apenas gera riqueza especulando com os bens e recursos do resto da humanidade são os banqueiros. São eles que são os parasitas. Há que não fazer confusões. É bom não esquecer o caso relativo à Goldman Sachs e o arroz que o Ludwig aqui referiu. Convém não esquecer casos como este.

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  68. Os melhores amigos dos Goldman Sachs são as forças políticas que clamam por mais regulamentação e mais impostos. Estes conduzem inevitavelmente a mercados mais concentrados. Os miúdos de garagem de hoje serão os Goldman Sachs de amanhã se os mercados não forem capazes de introduzir variabilidade no seu funcionamento. Sem esta, tal como a vida, estarão muito menos aptos a enfrentar adversidades.

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  69. «Os melhores amigos dos Goldman Sachs são as forças políticas que clamam por mais regulamentação e mais impostos.»

    Só é pena é a realidade mostrar o contrário.

    Não é por acaso que desde 1929 não existia uma crise deste tipo e desta magnitude. É porque desde essa altura o sistema financeiro estava mais regulamentado.

    Foi com a abolição desta regulamentação que estas crises que acabam encher as barrigas destas empresas voltaram a estar na ordem do dia.

    Os EUA, a Irlanda, a Islândia, mostram com bastante clareza os efeitos da ausência de regulamentação.

    Pelo contrário, países como o Canadá ou a Suécia - com uma regulamentação do mercado financeiro menos permissiva - passaram ao lado da crise.

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  70. "Foi com a abolição desta regulamentação que estas crises que acabam encher as barrigas destas empresas voltaram a estar na ordem do dia."

    Não senhor.
    Esta crise ocorreu, e outras se seguirão, porque, pela eficiência da circulação de informação, cada vez mais pessoas são levadas a tomar as mesmas decisões, a comprar as mesmas coisas, a ter as mesmas referências de hábitos de vida, leitura, vestuário, viagens, gestão das suas finanças... E porque se tornou socialmente aceite, e até prestigiante, exibir já a riqueza que se conta criar um dia mais tarde. Não são preciso muitos regulamentos para levar a que cada um, empresas, estados, bancos, pessoas, ajuste a sua vida àquilo que tem.

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  71. Se eu soubesse o que se quer realmente meter debaixo do conceito de "variabilidade", ao menos poderia apresentar sugestões. Como os mercados é que sabem, eles que mandam nos políticos e - por consequência -, nos eleitores e contribuintes que abastecem o sistema, a gente não tem voto na matéria :)

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  72. «Esta crise ocorreu, e outras se seguirão, porque, pela eficiência da circulação de informação, cada vez mais pessoas são levadas a tomar as mesmas decisões, a comprar as mesmas coisas, a ter as mesmas referências de hábitos de vida, leitura, vestuário, viagens, gestão das suas finanças...»

    Se a razão fosse essa não seria de esperar que os mercados que mais sofreram com esta crise foram precisamente aqueles em que a regulamentação era mais permissiva.

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  73. A diferença entre os efeitos da crise no Canadá e EUA, ou Islândia e Suécia, mostram bem que a desregulamentação que se verificou nas últimas décadas não foi alheia às consequências que temos vindo a sofrer recentemente, e ainda nem vimos a missa a metade.

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  74. "pela eficiência da circulação de informação"

    E é claro que os mercados defendem ao máximo a circulação eficaz da informação. Basta ver como é tão fácil congestionar o campo dos media com informação deformada, meias-verdades ou mentiras no intuito de obter mais e mais lucros. Se a Pfizer de repente lançar um comprimido anunciando-o como a cura para o cancro e entretanto todos os comissários da FDA (entidade reguladora do mercado de medicamentos nos EUA) tiverem sido comprados, haverão sempre jornalistas de investigação capazes de denunciar o malogro através de órgãos de comunicação social isentos e imparciais... ou não?

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  75. Miguel Caetano,

    "Caro Jairo Entrecosto, primeiro gostaria de lhe dizer isto: ganância, cobiça, corrupção e incompetência não são socialistas, corporativistas ,capitalistas ou anarquistas. São defeitos pessoais e de carácter."

    O meu ponto é mesmo esse. Os socialistas é que acham que um governo que diga que vai redistribuir riqueza, é formado por pessoas boas e sem defeitos ou tentações pessoais.

    A política fiscal pelo princípio "redistribuição de riqueza" é uma coisa absolutamente pueril. Não pode ser levada a sério

    É tornar os governantes divinos. Se ganância, corrupção e incompetência são vícios, defeitos e tentações humanas, pensem no seguinte: os governantes que fazem a dita "redistribuição de riqueza", são o quê? Divinos?

    Acho que não é muito difícil de compreender: junte-se um bolo muiito grande, um estado pesadão e inchado. Muito dinheiro para "redistribuir", topam?

    Pois é, serão humanos que o irão "redistribuir".

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  76. Joga-se aqui o futuro, meus caros. É que as invenções loucas completamente virtualizadas e insanas excepto para os banqueiros e especuladores dos "produtos" "financeiros" mexem com centenas de biliões (no sentido português do termo, milhões de milhões) de euros, e são apenas o resultado do que é possível fazer em 2009/2010 com as ferramentas quer matemáticas quer organizativas de uma globalização informática limitada à tecnologia existente.

    Esta só irá aumentar, pelo que este tipo de invenções só irão expandir nas suas características mais - ahh deixem-me citar um famoso - "excêntricas", e o aumento da desigualdade só irá acelerar. Que ao mesmo tempo tentem destruir o SNS, a educação estatal, etc., como se o problema fosse o "nanny state" e não a especulação criminosa que se tem verificado, é apenas a continuação do programa de destruir completamente as classes médias e baixas, tornando-as escravas do sistema e da plutocracia.

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  77. «O meu ponto é mesmo esse. Os socialistas é que acham que um governo que diga que vai redistribuir riqueza, é formado por pessoas boas e sem defeitos ou tentações pessoais.»

    Deixa lá os socialistas em paz, ó caneco. Não me interessa um chavo se o Sócrates é bom rapaz ou não, desde que seja garante que o SNS não seja vendido ao plutocrata mais amigo, que é aquilo que o nosso compatriota Passos Coelho tem em mente, okay?

    E isto é que me lixa. Porque eu não quero votar no Sócrates. Mas só de pensar que votar naquele camandro do PPC vai-nos levar no caminho da destruição do SNS e da educação estatal... porra venha o diabo e escolha!

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  78. O meu ponto é mesmo esse. Os socialistas é que acham que um governo que diga que vai redistribuir riqueza, é formado por pessoas boas e sem defeitos ou tentações pessoais."

    Obrigado por nos ter dito o que pensa que os socialistas acham mas não é isso que está aqui em questão mas sim a opacidade e ausência de liberdade de escolha do contribuinte na forma como o dinheiro dos seus impostos é gasto. A má aplicação de um princípio não significa que ele deixe de ser na sua essência o mais justo e sustentável. Senão lá voltamos à pescadinha de rabo na boca...

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  79. "Se eu soubesse o que se quer realmente meter debaixo do conceito de "variabilidade""

    Muito simples: muitas empresas .

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  80. João Vasco,

    Qual é a diferença entre as leis que regulam os bancos na Islândia, no Canadá, na Suécia e Portugal?

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  81. Ora esse é que é o cerne da questão

    Nuno Gaspar disse...

    Esta crise ocorreu, e outras se seguirão, porque, pela eficiência da circulação de informação, cada vez mais pessoas são levadas a tomar as mesmas decisões, a comprar as mesmas coisas, a ter as mesmas referências de hábitos de vida, leitura, vestuário, viagens, gestão das suas finanças... E porque se tornou socialmente aceite, e até prestigiante, exibir já a riqueza que se conta criar um dia mais tarde. Não são preciso muitos regulamentos para levar a que cada um, empresas, estados, bancos, pessoas, ajuste a sua vida àquilo que tem.

    é uma crise sistémica

    devido não só à informação e ao estilo de vida

    mas à capacidade de existências imateriais como facebook's e quejandos

    adquirirem valores gigantescos

    superiores a indústrias farmacêuticas ou fitosanitárias que demoram anos e dispêndios de capitais imensos

    se se consegue retornos de capital com investimento numa plataforma da internet

    ou em vendas online

    para quê criar empresas com estabilidade de emprego

    é contraproducente

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  82. não havia em 1992 diferenças significativas na regulação
    bancária sueca e norueguesa que não eram especialmente diversas da britânica

    se hoje são mais interventivas e controladoras
    do que as chinesas então é novidade

    a nível global esperar alterações significativas do sistema é infantil

    viver fora do sistema só se meio milhão de portugueses voltar ao sector primário e se contentar com consumos salazaristas

    3 sardinhas ao almoço uma canjinha ao jantar
    POUPAR POUPAR POUPAR
    bife? bacalhau? só se fosse em pastéis
    Pescada

    um bolinho ao fim de semana prós burgueses no passeio dos tristes
    um chocolatito de mês a mês

    fruta tropical quando vinha algum parentel desmobilizado da guiné
    ou de licença de s.tomé

    miúdos de merde que nunca passaram fome

    pelo menos os desta geração têm maior probabilidade de aprendizagem

    é engraçado haver tão poucos esquerdistas trolhas
    a maior parte é mais skin head ou bou-te às fuças head
    tendências

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  83. Nuno Gaspar:

    Pois, mas não é com a manutenção de medidas que apoiam ou passam carta branca à constituição de monopólios e oligopólios que vamos lá. E nesse aspecto os mercados não têm outra vontade senão a dos poucos que já detêm a maioria do capital. E esses querem obviamente que haja menos concorrência, menos empresas e mais oferta de mão-de-obra descartável para que o negócio das suas galinhas de ovos de ouro não acabe. Daí que não apenas a regulação apertada é essencial como também medidas que impeçam a formação de gigantes "too big to fail."

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  84. a nível global esperar alterações significativas do sistema é infantil."

    Tão infantil como imaginar que um torneiro-mecânico esquerdista se podia tornar no presidente da República do país de língua oficial portuguesa mais populoso do mundo, isto é, o Brasil? Olhem que os "cisnes negros" estão sempre à beira de acontecer, tanto na economia como na política, pelo que eu não teria tantas certezas...

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  85. Um exemplo são as limitações à alavancagem, no Canadá os bancos comerciais não podem exceder um valor (creio que é 12 para 1), mas nos EUA não existe limite.

    Mas a diferença mais importante em termos da evolução nos EUA e na Islândia é mesmo a diferença de estatuto entre bancos comerciais e bancos de investimento. Quando acabaram com ela, o "Bail Out" seria o resultado previsível.

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  86. Não, João Vasco.
    Os acordos de Basileia valem para todos os bancos.

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  87. Nada disso impede a alavancagem sem limite, nem a promiscuidade entre a actividade bancária de retalho e investimento, que foram os exemplos que dei.

    Mas sim, sempre existe esse mínimo dos mínimos de regulação, e até mais do que isso. Valha-nos isso.

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  88. Agora. Outro problema é o facto de grande parte do dinheiro que circula no mundo ser administrado por pessoas que não o possuem de facto e que apenas comissionam os seus movimentos através fundos de toda a maneira e feitio e que, por isso, não percepcionam o risco devidamente (cobram ganhos, não assumem as perdas). Isso, sim, aumenta a probabilidade de ocorrência de desequilíbrios.

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  89. Há, de facto, um problema de agência.

    Essa é outra forte razão para regulamentar os mercados financeiros com cuidado.

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  90. Vocês falam como economistas - como se isto não tivesse tudo relacionado, como se a crise económica actual não fosse resultante da financeira e que os próprios agentes económicos (Estado e privados) não contribuíram para gerar ao retardador efeitos mais nefastos para todos nós. Eu que não sou economista considero que é impossível que os Estados se continuem a endividar, caso contrário permanecerão nas mãos dos bancos e aí é que não vai haver quaisquer mudanças. Porque o crédito pressupõe um crescimento económico cada vez maior e com a acumulação dos juros rapidamente se passa das centenas de milhares de milhões de euros ou biliões para os triliões e é com esta herança que vamos ter que viver.

    Da mesma forma, empresas que recorrem em quantidades brutais ao crédito e não têm um modelo de negócios assente na realidade precisam de fechar portas de modo a impedir que sejam mais tarde os seus trabalhadores a ver o seu futuro suspenso com salários por pagar, horas extraordinárias, pressões e chantagens, etc. Mas ao mesmo tempo, os monopólios e oligopólios necessitam de ser fortemene restringidos.

    Tentar mexer no sector financeiro sem ter em conta o mundo económico que depende dele é estar a ser curto de vista.

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  91. pois como o Lula que mudou o Brasil de Collor de Melo

    PT e PCBão também merece mensalão

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  92. "Então agora que já vimos que os impostos só são um atentado à liberdade individual quando são usados para pagar cuidados de saúde e educação"

    É mais engraçado ainda, Wyrm, porque os protótipos do neo-liberalismo como o Cavaco Silva já não acham graça nenhuma às suas próprias receitas quando atinje os amigalhaços que querem colocar as criancinhas no privado às custas do resto do maralhal:

    http://ww1.rtp.pt/noticias/?t=Cavaco-abre-caminho-para-veto-a-diploma-do-Governo.rtp&article=401029&visual=3&layout=10&tm=83

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  93. empresas que recorrem em quantidades brutais ao crédito e não têm um modelo de negócios assente na realidade precisam de fechar portas

    empresas municipais 100 mil a mais na rua

    universidades privadas e públicas cronicamente deficitárias

    institutos

    construção civil

    isto é que é meter pessoal na rua

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  94. cristy,

    cavaco disse: “Há que ter muito cuidado com o lançamento de imprevisibilidade”.

    e aqui concordo com ele. Não há nada pior do que mudar (constantemente) as leis do jogo.

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  95. Barba Rija disse...

    e aqui concordo com ele cavaco. Não há nada pior do que mudar (constantemente) as leis do jogo.
    (lançamento de imprevisibilidades similar ao lançamento do dardo)

    ó grande canalha (similar a Fidel Castro nos ornamentos capilares) quanto ganhaste com a venda das tuas acções do BPN?

    eu logo vi....a casa presidencial também tem arqui tectos além de arqui magos económicos

    cavaquistas....sois os Júlios Pereiras do século XXI
    sempre agarrados ao cavaco...naqueles tempos era mais pequenino

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