quarta-feira, janeiro 20, 2010

O autor.

World Science Festival 2009: Bobby McFerrin Demonstrates the Power of the Pentatonic Scale from World Science Festival on Vimeo.


Via O Esquema do Boi.

14 comentários:

  1. Ludwig:

    A pentantonica é a primeira organisação dos sons na civilizaçao ocidental. Antes não se pode falar em musica. Eram apenas reconhecidas 3 notas. Ainda é a mais usada na musica pop/rock e blues.

    Mas eu penso que embora a ocidentalizaçºao do mundo oriental esteja consumada, duvido que o B Mcferrin tenha a mesma resposta de um publico sem educação musical, ainda que de radio, do nosso mundo.

    Porque algumas culturas dividiram os intervalos basicos em 1/4 de tom e usam escalas que nos soam estranho. Organisar o som, encontrar padroes, é o que o cerebro faz. Mas às vezes tem multiplas combinações possiveis.

    POr aqui organisamos 7 sons. Mal. Os intervalos não são todos iguais. E depois dividimos em meios tons. De tal modo que entre a primeira nota e a oitava duplica a frequencia do som.

    A natureza não tem notas. Somos nos que as fazemos. Tal como as cores. E la vem o numero 7 outra vez como numero minimo de cores ditas "puras".

    As cores so existem no cerebro humano. Como as notas. Na natureza ha frequencias.

    Isto a proposito do inventado e do descoberto.

    É a educação formal ou informal daquele publico que lhe permite fazer aquilo. Se estiver enganado corrige-me mas ainda não conheço estudos que demonstrem que as notas estão "harwired", pelo contrário.

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  2. Parece que me enganei. Estive aqui a ler e a pentatonica exite mesmo em todo o mundo. O que me espanta porque tendo culturas orientais dividido o som em mais partes que nos, logo encontraram no padrão formado por 5 sons com o intervalo de um tom entre eles a escala mais básica.

    Mesmo que seja "hardwired", isto é inata, o resto do que estava a dizer matem-se. É algo inventado. Provavelmente porque a estrutura neurologica do cerebro tem preferencia por este padrão. Por razões de estrutura fisica.

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  3. Eis um tema que escapa completamente á minha compreensão,

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  4. João,

    «É a educação formal ou informal daquele publico que lhe permite fazer aquilo. Se estiver enganado corrige-me mas ainda não conheço estudos que demonstrem que as notas estão "harwired", pelo contrário.»

    O nosso cérebro, e qualquer organismo em geral, resulta da interacção dos genes e maquinaria biológica com o ambiente. Sempre. Num ser que se desenvolve não há o equivalente de "hardwired" dos aparelhos construídos.

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  5. Ludwig,

    É verdade que muita da música a sério tem inspiração na tradicional, é verdade que muita da música tradicional tem raiz pentatónica e é verdade que deve haver uma causa para tanta coincidência. Mas acho também que três testes poderiam ser feitos para confirmar a hipótese "hardwired" de que a escala pentatónica é inata numa orquestração on-the-fly em 2009 (*):


    1) Pedir às pessoas que acompanhem na escala pentatónica mas sem alterar a largura dos saltos para a direita (segunda maior, segunda maior, e... terceira menor??? Zás. Tudo desafinado)

    2) Trocar o McFerrin por um saltador mais novo e obrigar o pessoal a intercalar intervalos maiores (oitava, segunda, segunda, quinta, etc... estás a ver como isto já ia?)

    3) Experimentar com miúdos. (se houver algo de inato na forma como distribuímos os sons é de esperar que a idade não tenha muito a ensinar)

    A "magia" da predisposição pentatónica esfumava-se num instante, acho. Porque o que ali funciona é mais a instrução visual do salto do que a naturalidade com que preferimos uma escala. Francamente nem acho que a plateia esteja em roda livre a preferir seja o que for. Depois de todos perceberem que os saltos pequenos representam um determinado intervalo, a relação com o grande torna-se previsível demais para falhar... Mesmo para aqueles que nunca deitaram as barbatanas às teclas pretas do piano para sacar a "música do chinês" :)

    (*) e muitos mais faltariam para demonstrar que a composição é uma coisa ao calha sobre uma escala, mas calculo que o teu alvo desta vez é apenas uma propriedade musical em concreto :)

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  6. Bruce,

    Se a escala pentatónica é inata ou aprendida é, para mim, como discutir se a música vem do violino se vem do violinista. Esse tipo de perguntas só faz sentido com as variâncias (quanto da variância se deve à variância genética e à ambiental).

    A minha ideia era dar uma perspectiva mais complexa, mas mais realista, da noção de autoria e autor. Este é um bom exemplo porque mostra bem a interacção entre biologia, experiência prévia, criatividade e colaboração, e não há forma de separar claramente estes factores.

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  7. Pois... mas escolheste um vídeo que procura implicitamente responder à dúvida «Se a escala pentatónica é inata ou aprendida» Ou estou completamente enganado?

    :)

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  8. Clarifico: fiquei com essa ideia porque o McFerrin (já no fim) comenta qualquer coisa como "em qualquer sítio e com qualquer plateia, acontece isto..."

    É que este tema não é novidade, há muito se conhecem as semelhanças entre tudo o que sejam escalas usadas ancestralmente em África ou na Índia, ou entre os Celtas. Pentatónico por todo o lado, por incrível que pareça. Dá mesmo a ideia que não é o violino a tratar das opções pelo violonista... A "tese" do McFerrin, a ser uma tese, não vem do nada.

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  9. "Num ser que se desenvolve não há o equivalente de "hardwired" dos aparelhos construídos."

    Há. Aquilo cuja variaçao ambiental causa variações de fenotipo desprezaveis.

    Tens algumas coisas que se podem com alguma liberdade (não somos fios) mas sem inexatidão, considerar hardwired. No cerebro os locais de processamento do som e da imagem são sempre os mesmos. Da fala e das emoções idem. Até o circuito que recolnhece vida, no cortex visual, parece estar lá inclusivamente em cegos de nascença.

    Fisiologicamente tens por exemplo os grupos sanguineos. A cor dos olhos tambem anda lá perto.

    Se por hardwired entendes aquilo que até num feto abortado se pode identificar de facto não tens nada. Mas sejamos razoveis. Tambem não é como dizes.

    Por outro lado, em relação ao autor... Claro que aprendem uns com os outros. E não há musica se não houvesse ouvintes. Mas alguem tem um papel mais importante e definido na criação de algumas peças do que outros. Se não vou começar a pedir reconhecimento artistico por peças criadas antes de eu nascer (o espaço tempo é um continuo e as leis da fisica são simetricas, excepto a entropia)

    Gostava de saber porque é que isso do copyright é tão pessoal.

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  10. João,

    « No cerebro os locais de processamento do som e da imagem são sempre os mesmos.»

    Porque o nosso desenvolvimento é semelhante também. Se tapares os olhos a um recém nascido e o mantiveres assim durante uns meses deixa de formar a parte de processamento visual.

    A grande diferença é que um computador é montado, e quando é computador já tem tudo lá metido. Nós começamos como uma célula e crescemos interagindo com o ambiente. Talvez essa célula possa ser considerada hardwired, mas o resto é fruto da interacção entre esses mecanismos básicos e o ambiente.

    «Gostava de saber porque é que isso do copyright é tão pessoal.»

    É uma treta que me incomoda e, como está no título, venho aqui desabafar :)

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  11. Bruce,

    Tens razão. Este post foi mesmo minimalista demais :)

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  12. Ludwig Krippahl

    Estou a ver um programa na rtp em que um criança retirada aos pais foi institucionalizada num colégio interno que impõe religião, e logo daquela versão Graçasadeus.

    Obviamente que apareceu um advogado a explicar a ilegalidade do acto, mas como foi ordenado por um juiz temos o caldo entornado.

    António Parente, quando se fala em laicidade é isto, ou melhor , é evitar que uma porcaria destas aconteça.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. "Se tapares os olhos a um recém nascido e o mantiveres assim durante uns meses deixa de formar a parte de processamento visual."

    Eu sei. Não vem ja pronto de nascença. Mas a estrutura para receber informação e se desenvolver esta la. Não estou a falar do hardwiring do produto final, esse é procedural e induzido.

    Pensa porque é que as areas cerebrais são as mesmas para toda a gente, com um erro minimo.

    Ouve, de empirista para empirista, ha coisas que estão programadas geneticamente pela evolução e não pela experiencia do proprio. É um truque sujo em algo que é multifactorial estar a referir-me exclusivamente aquilo que é inato. Mas esse é um problema ainda atual. O proprio cerebro está lá à espera de receber estimulo que fortaleza as synpses boas.

    E não inventei a cena dos cegos que têm o circuito que identifica vida. E que contraria o teu argumento.

    É obvio que se não deres comida ao bebe ele vai morrer. E podes dizer, "vez é adquirido, deixou de ver por acção do ambiente". Mas desliga o computador da parece ou monta-o mal e vais ver com oa coisa corre.

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