A imponderabilidade espiritual do princípio voífero.
Um post convidado do Engº José Espírito Santo, formado em engenharia aeronáutica e investigador na área dos aspectos espirituais da aerodinâmica.
O Airbus A380-800 é o maior avião de passageiros do mundo, com 73m de comprimento e capacidade para até 850 pessoas. Sistemas de controlo electrónico e computorizados, redundância dos sistemas críticos e o uso extenso de materiais compósitos fazem deste aparelho um exemplo da mais avançada tecnologia. Mas, analisado de uma perspectiva naturalista empírica, é um mero pedaço de metal e plástico. O naturalismo pode explicar em detalhe como funcionam as partes do A380-800, e como interagem, mas não pode dar uma explicação completa daquilo que permite a um pedaço de metal e plástico voar com 850 pessoas lá dentro.
Não quero com isto menosprezar a explicação naturalista. Explicar esse nível da realidade, o nível empírico, é necessário e útil para construir, reparar e manter estes aparelhos. Mas quero apontar que se trata de uma explicação incompleta porque não explica o voo em si. Este só pode ser explicado noutro nível da realidade, um nível que não é naturalista nem passível de confirmação empírica. Para compreendermos porque o A380-800 voa, em vez de apenas como as suas partes interagem, precisamos de ir mais longe. Este aparelho voa porque está dotado de um princípio voífero. É por isso que se torna mais que mero metal e plástico. É essa a verdadeira explicação para o voo de um avião.
O mesmo acontece com um computador e com o nosso cérebro. Um processador electrónico, naturalisticamente, é apenas um quadradinho de sílica – areia! – com algumas impurezas. Ora, todos sabemos que a areia não faz contas. O estudo naturalista dos circuitos integrados pode ir muito longe na sua concepção e fabrico mas fica aquém de explicar o que realmente dota a sílica de matemática. A matemática transcende a mera matéria e, para explicar o funcionamento de um CPU, temos de vê-lo como dotado de um princípio computífero que matematiza a matéria materalizando a matemática numa relação delas consigo próprias enquanto outras.
O nosso cérebro também é apenas um amontoado de células, segundo o naturalismo empírico. Nada mais. E células não pensam. Tal como um computador, este substrato material pode ser compreendido em detalhe de forma naturalista mas esta nunca poderá explicar o porquê do cérebro fazer o que faz. Para explicar o mistério da mente é preciso perceber que o cérebro humano é dotado de um espírito e de vontade livre. É esse princípio mentalífero que explica a mente.
Os naturalistas dirão que inventar um nome para algo que não se compreende não explica nada. Mas isto mostra apenas uma limitação do naturalismo empírico, que é exigir que as explicações permitam inferir aquilo que se explica. É por isso que o naturalismo rejeita como irrelevantes explicações que são perfeitamente razoáveis e esclarecedoras, tais como “é o destino”, “porque sim” ou “é a vontade de Deus”.
Ignorando estas limitações impostas pelo naturalismo empírico deixamos de ter de fundamentar as nossas explicações pela sua relevância e pelas evidências. E assim podemos ir mais longe. Por exemplo, é fácil de ver que, por transcender a matéria, o princípio voífero de um avião tem de persistir mesmo depois do substrato material do avião se destruir. Os aviões que tenham um bom desempenho durante a sua vida útil sobrevivem assim, eternamente, ao seu fim material, persistindo no plano espiritual como princípios voíferos desencarnados.
Mais importante, o mesmo se passa connosco. Rejeitar o naturalismo empírico permite-nos convencer, a nós e a outros, que quando uma pessoa sofre de Alzheimer's, de uma trombose ou morre, o seu princípio mentalífero vive ainda de boa saúde. Aquilo que acontece com a nossa alma imortal é exactamente o mesmo que acontece com o princípio voífero de um avião ou com o princípio computífero dos processadores avariados. Todos estes elementos transcendentes sobrevivem à inevitável degradação da matéria. E, se se portaram bem, serão para sempre felizes.
Quero terminar salientando que nada disto contradiz a ciência ou o naturalismo. Estas explicações operam a um nível diferente da realidade, complementando o naturalismo empírico. Uma coisa é explicar dados que se observa com base em evidências e avaliando as explicações pela capacidade de unificar os dados e prever novas observações. Disso trata o naturalismo empírico. Outra, bem diferente, é a explicação do porquê, ao nível espiritual. Essa trata sobretudo de relações. Em parte das nossas relações com o outro enquanto Outro e com o Outro enquanto outro. Mas, principalmente, daquela relação de nós connosco próprios à qual os mais cínicos chamam de auto-engano mas que aqueles que contemplam o plano espiritual preferem apelidar de Esperança.
hahahaha
ResponderEliminarSr Engº esta enganado. Sou eu que faço o avião voar. Não é o principio voifero. Eu estou na Metafisica Misterial do avião e de tuda a matéria e garanto que eles voam.
Mas sou intestavel e insondavel quanto a isso.
Quando eles caiem é para que haja livre arbitrio.
Mas se tudo correr bem é pelo meu amor à humanidade.
Confiem em mim. Eu sei. Eu estou la. E cá. Eu Amo a todos.
Mesmo que pareça que não. É a Verdade.
:)
ass: a minha alma imortal.
Lindo, Ludwig! :-)
ResponderEliminarCaro Engº José Espírito Santo,
ResponderEliminarcertamente que terá sido formado em Engª Aeronáutica, mas à disciplina essencial de aerodinâmica deve passado por pouco. Então ...
O naturalismo (...) não pode dar uma explicação completa daquilo que permite a um pedaço de metal e plástico voar com 850 pessoas lá dentro.
O naturalismo assenta na convicção de que o método científico é o único fiável para chegar à verdade. A sustentação é possível mediante as diferenças de pressão causadas pelo escoamento em torna do perfil alar. Logo, o naturalismo explica como se voa.
Este aparelho voa porque está dotado de um princípio voífero.
(Risos)
para explicar o funcionamento de um CPU, temos de vê-lo como dotado de um princípio computífero
princípio mentalífero que explica a mente
Gostava muito que formulasse estes princípios e como respondem aos "porquês". Pode ser? Cuidado! Há diferentes ordens de "porquês", tal como existem diferente níveis de explicação do real.
Podia explicar os princípios e a que nível da realidade se referem? O que quer dizer com matematizar a matéria?
uma limitação do naturalismo empírico (...) é exigir que as explicações permitam inferir aquilo que se explica.
Não percebi.
a explicação do porquê, ao nível espiritual (...) trata sobretudo de relações. Em parte das nossas relações com o outro enquanto Outro e com o Outro enquanto outro.
As explicações ao nível do "como" não se tratam também de relações? A sustentação do perfil alar por equilíbrio entre as forças geradas por diferenças de pressão e a gravidade, não se exprimem por equações? Não são equações, relações?
(O José pediu-me para pôr aqui isto porque ele não tem conta no Google.)
ResponderEliminarCaro Miguel,
«A sustentação é possível mediante as diferenças de pressão causadas pelo escoamento em torna do perfil alar. Logo, o naturalismo explica como se voa.»
Certamente. O naturalismo é exímio a explicar o como. Mas nós podemos interpretar filosoficamente a sustentação como composta por duas componentes distintas. Uma é a acção da matéria que resulta num equilíbrio de forças -- o tal como -- mas outra é a relação entre esse equilíbrio e a noção de imponderabilidade. Ora a matéria é por inerência algo com massa, e a interacção da matéria gera o peso pela gravidade. Logo a imponderabilidade é algo do domínio espiritual e, por implicação, pertença do nível da realidade ao qual se referem as explicações acerca do porquê das coisas.
«As explicações ao nível do "como" não se tratam também de relações?»
Tudo são relações. De umas coisas com as outras, delas consigo próprias e dos conceitos entre si. A própria explicação é uma relação.
Se perceber isto poderá compreender o que são os princípios voífero, computífero e mentalífero, que alguns podem chamar alma ou espírito. São relações. A nossa imortalidade deriva da permanência das nossas relações com o Eterno. Da mesma forma, as relações que dão ao avião o seu princípio voífero e ao computador o seu princípio computífero dão a estes essa mesma imortalidade.
Se pensar em tudo como relações verá como a interpretação filosófica, em si uma forma de nos relacionarmos com tudo, permite qualquer explicação, também por si uma relação, em qualquer forma que quisermos. É isso que temos a ganhar por nos libertarmos das restrições do naturalismo empírico.
Obrigado Ludwig pela gentileza. Peço que transmita ainda ao Engº ...
ResponderEliminarCaro Engº José
fala em noção de imponderabilidade como metáfora para "algo" do domínio espiritual. Acho a ideia original, mas pedia-lhe se me podia adiantar a que se refere esse "algo" e qual dos níveis da realidade pertence essa noção?
Percebo o que quer dizer sobre os princípios que nomeou, mas eu estava interessado no seu enunciado que até então omitiu. Assim, poderei entender melhor a imortalidade do avião.
Se pensar em tudo como relações verá como a interpretação filosófica, em si uma forma de nos relacionarmos com tudo, permite qualquer explicação
Gosto desta ideia de que, mesmo não tendo atingido a Verdade sobre a Realidade, que o facto de entendermos o mundo como constituído por relações que pode servir de base, no plano da interpretação filosófica, para explicar o porquê das coisas. Talvez não esteja plenamente de acordo com
em qualquer forma que quisermos
porque nem todas as interpretações filosóficas são equivalentes ou coerentes.
Nesse sentido, não sei se ganhamos ou perdemos com a libertação das restrições do naturalismo empírico. Sou meramente da opinião que é uma corrente filosófica limitada na visão do mundo.
Caro Eng.º Espírito Santo,
ResponderEliminarSe não for incómodo, gostaria de lhe colocar uma pergunta: tenho de declarar em IRS o princípio voífero? É que este ano já vai ser uma carrada de dinheiro para pagar...!
Agradeço desde já.
Cumprimentos metafísicos,
Jaime
"Sou meramente da opinião que é uma corrente filosófica limitada na visão do mundo."
ResponderEliminarSim, é uma chatisse ja que não permite introduzir na realidade qualquer coisa que pareça bonito. Ou amoroso.
Miguel,
ResponderEliminarA razão pela qual queremos explicações coerentes e consistentes é porque precisamos, para que sejam explicações, que destas se possa inferir o conjunto de dados que queremos explicar e, para que sejam boas explicações, que também nos dêem previsões acerca de dados que podemos vir a obter.
Quando te pões num "nível" desligado do empírico deixas de ter estas restrições. Não precisas de coerência nem consistência nem de inferir o que quer que seja. Nem sequer de explicar, porque não há dados nenhuns.
Podes até, se te der na gana, dizer que a energia livre de Gibbs tem uma componente mental :)
Ludwig,
ResponderEliminarnão sei se percebi bem o que disseste: inferir dados a explicar a partir das explicações? Não seria antes perante os dados disponíveis procurar as explicações? Anyway ...
Quando te pões num "nível" desligado do empírico deixas de ter estas restrições.
É verdade. Dar explicações "vivendo nas núvens" não dá credibilidade. É por isso mesmo que a experiência religiosa "isolada" dos outros e do mundo pode tornar-se duvidosa, assim como uma interpretação filosófica. Gostei daquilo que o Alfredo Dinis disse num comentário que a nossa escolha hoje de Cristãos vem de uma experiência concreta, vivida em comunidade, que os apóstolos e discípulos de Jesus viveram com Ele. São esses os dados, experiências concretas e os frutos concretos dessas experiências, que ao longo dos séculos e milénios vão assumindo contornos diferentes porque a evolução cultural não pára.
Mas não será, concerteza, essa experiência que leva à interpretação de que a forma simplificada da energia Gibbs, a temperatura constante, possui um aspecto mental. O que o faz é a reflexão filosófica do sentido e significado das equações. Tais reflexões não são únicas e requerem sempre um grau elevado de sofisticação filosófica (onde reconheço as minhas limitações e, por isso, procuro referências e cito-as). Por exemplo, outras noções como causalidade, lei e contingência são também importantes para discutir acerca da acção de Deus no mundo.
O exercício feito pelo o Engº José pode ser visto como essa tentativa de fazer uma reflexão filosófica através de metáforas para interpretar certos aspectos como a imortalidade da cultura, representada aqui pelo avião. Daí que gostasse de explorar mais o enunciado dos princípios voífero, computífero e mentalífero, que foram "anunciados" no post, mas não "enunciados".
Miguel,
ResponderEliminar«não sei se percebi bem o que disseste: inferir dados a explicar a partir das explicações?»
Sim. Imagina que observas a água a ferver em certas condições. Esse é o dado a explicar. A explicação terá de ser um modelo conceptual que te permita inferir que naquelas condições a água vai ferver (o tal dado que queres explicar).
Por exemplo, "a água ferve porque Deus quer" não é explicação porque não permite inferir se a água vai ferver ou não naquelas condições em que a viste ferver. Em contraste, que a água ferve quando a pressão de vapor for maior que a pressão atmosférica já te permite inferir, dadas as condições, se a água vai ou não ferver.
«O exercício feito pelo o Engº José pode ser visto como essa tentativa de fazer uma reflexão filosófica através de metáforas»
Ou para mostrar como a ausência das restrições impostas por dados empíricos nos leva ao absurdo e à falta de sentido. Como o Ricardo Alves apontou, não podes ter semântica sem ter uma correspondência entre a linguagem e a realidade exterior a esta. E essa correspondência tem de ser feita de forma empírica.
hohoho
ResponderEliminarO Miguel nºao aceita que os seus métodos pseudocientificos sejam aplicados aos aviões.
So ele pode escolher o objecto de estudo.
lol
Sr Eng Espirito Santo:
ResponderEliminarE onde entra aí o Mistério, tal como fala Miguel Panão, no seu blog paradigmático sobre a probabilidade da fantasia?
A letra grande não é Lapso
ResponderEliminara água ferve quando a pressão de vapor for maior que a pressão atmosférica
ResponderEliminarQuem diria, que neste post, eu ainda ia aprender uma coisa útil... :)
Xiquinho,
ResponderEliminarSe descobrires alguma utilidade para isso diz :)
Assim de repente, pode ser útil para os mergulhadores evitarem embolias...
ResponderEliminarSe tiverem maneira de medir a pressão do N2 no sangue... Senão é seguir a regra de subir devagarinho e pronto.
ResponderEliminarNa verdade, esta é uma questão bastante interessante. As explicações são boas para se perceber as coisas, mas é preciso muitas, e muito detalhe, e muita informação até começarem a ter aplicação prática.
ResponderEliminarPenso que isso terá sido uma das razões principais para a ciência ter demorado tanto tempo a arrancar. Isso, e as fantasias serem tão atraentes...
Ludwig,
ResponderEliminarno que concerne ao tema, agradeço-te as tuas respostas. Parecem-me bem e entendo o que queres dizer.
Porém, a água não ferve quando a pressão de vapor for maior que a atmosférica, mas quando a temperatura de ebulição é atingida. Depois importa que a pressão de vapor seja superior para não saturar o meio ambiente. Mas esta é uma questão secundária.
Continuo a pedir-te se podias enunciar os princípios no exercício realizado pelo Engº José. Não faço este pedido com algo na manga, mas curiosidade autêntica.
Abraço
Miguel,
ResponderEliminar«Porém, a água não ferve quando a pressão de vapor for maior que a atmosférica, mas quando a temperatura de ebulição é atingida.»
A temperatura de ebulição depende da pressão atmosférica precisamente porque é a temperatura à qual a pressão de vapor iguala a pressão atmosférica...
«Continuo a pedir-te se podias enunciar os princípios no exercício realizado pelo Engº José. Não faço este pedido com algo na manga, mas curiosidade autêntica.»
O princípio voífero é aquele atributo das coisas que voam que transcende a explicação naturalista empírica do voo. Pertence a um nivel de realidade que é supra-empírico e não pode ser refutado nem confirmado por qualquer observação. Faz parte, no entanto, de uma interpretação filosófica do voo que complementa a explicação naturalista e empírica.
O mesmo se passa para o princípio computífero, para o espírito, a alma etc (que agrupo no princípio mentalífero, de acordo com a minha interpretação filosófica desta realidade supra-empírica).
Já agora, posso mencionar o princípio duendífero, que refere os duendes metafísicos supra-empíricos que agem, mas sem intervir, dentro da abertura deixada pelo indeterminismo dos processo quânticos, regulando o decaimento radioactivo. Estes, sendo supra-empíricos, não podem ser também confirmados ou refutados por observação. Mas sei que existem porque fazem parte da minha interpretação filosófica da radioactividade. Esta, como sabes, tem uma componente física e uma componente duêndica.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar" água não ferve quando a pressão de vapor for maior que a atmosférica, mas quando a temperatura de ebulição é atingida."
ResponderEliminarTenta ferver agua dentro de um recipiente blindado cheio dela. Mantem-se liquida. A não ser que faças um furinho e voilá: voífero puro.
:p
Sr Eng Espirito Santo:
ResponderEliminarCreio que esta enganado. É tudo proveniente da enfase relacional da metafisica do proprio ser que nos transcende entre a ligação e a definiçao, entre a unidade e a diversidade, como um portal transcendente entre o futuro e o presente que se prova concreto no passado.
É esta epistemologia que lhe escapa.
Se descobrires alguma utilidade para isso diz :)
ResponderEliminarPorque não mencionei duas coisas: Física é uma das disciplinas que me faltam para acabar o curso e este é precisamente o tipo de perguntas que saem no exame :) E a vontade de abrir o livro da Física, como devem calcular, é enorme... Fora disto também não vejo lá muito bem qual seja a utilidade da coisa... Menos ainda da utilidade da Física neste curso, uma vulgar lic. em informática, que nem sequer é engenharia.
Logo no inicio tive ocasião de manifestar esta interrogação ao professor respectivo, mas ele não concordou comigo: pelo contrário, afirmou ele, a Física é muito útil para entendermos o funcionamento dos computadores. Naturalmente ele estava a referir-se ao principio computífero, mas como é evidente, na altura, eu não tinha forma de saber isso... Bem hajas, Ludwig, por tudo o que tenho aprendido aqui! :)
...os duendes metafísicos supra-empíricos que agem, mas sem intervir, dentro da abertura deixada pelo indeterminismo dos processo quânticos, regulando o decaimento radioactivo.
ResponderEliminarFinalmente entendo porque nunca consegui acertar no número de núcleos que se desintegram por unidade de tempo, nem no intervalo de tempo necessário para que o número de núcleos se reduza a metade... vejam bem as coisas que uma pessoa aprende aqui... :)
"«Porém, a água não ferve quando a pressão de vapor for maior que a atmosférica, mas quando a temperatura de ebulição é atingida.»
ResponderEliminarA temperatura de ebulição depende da pressão atmosférica precisamente porque é a temperatura à qual a pressão de vapor iguala a pressão atmosférica..."
Creio que o Panão tomou uma abordagem diferente para a coisa. Estava ele pois a imaginar que há uma temperatura tal que a energia cinética média das moléculas é tal que rompem as suas forças intermolecuares, e que portanto, ocorreria a transição de fase, independentemente da pressão existir ou não. Isto seria uma temperatura de ebulição a pressão 0. E que temperatura fundamental é essa? Ver resposta aqui:
http://www-jmg.ch.cam.ac.uk/tools/magnus/boil.html
Ludwig,
ResponderEliminarcontinuas sem enunciar qualquer princípio. O quer dizer o princípio voífero como atributo? Qual o seu significado? Pertence ao nível de realidade supra-empírico, e pertencendo explica o quê?
Sou da opinião que a tua argumentação filosófica reflecte a qualidade duvidosa dos teus argumentos.
Da mesma forma, o princípio duendífero onde esses agem, sem intervir, mas se "regulam" o decaimento radioactivo, implica intervencionismo e entraste em contradição. E se fazem parte da tua interpretação filosófica da radioactividade, qual é essa interpretação e qual o seu propósito?
Miguel Panão:
ResponderEliminar"Sou da opinião que a tua argumentação filosófica reflecte a qualidade duvidosa dos teus argumentos. "
A argumentação do Ludwig não difere da tua. Neste caso.
É exactamente esse o ponto. Não ha diferença nenhuma. É o maior defeito deste post. É que infelizmente estes argumentos são usados por espiritas, religiosos, medicos alternativos, etc. E são absolutamente ilógicos.
Maior defeito, porque acaba por não ser mais tonto que a realidade com que goza.
ResponderEliminarMiguel Panão,
ResponderEliminar«Sou da opinião que a tua argumentação filosófica reflecte a qualidade duvidosa dos teus argumentos.»
Estou de acordo que estes argumentos em defesa do princípio voífero e dos duendes não valem nada. São expressões que não referem coisa nenhuma, meros jogos de palavras.
Mas o ponto que quero fazer, e esse é que é o argumento, é que as tuas "interpretações filosóficas" são a mesma coisa. Especular sem sentido sobre algo que nem se pode conhecer.
Ora vê:
«O quer dizer o princípio voífero como atributo?»
O princípio voífero não é um atributo. Não é uma propriedade de algum objecto. Tal como o espírito, o princípio voífero é uma relação. Neste caso, a relação da coisa que voa com o Voo. Nota também que não estou a falar do voo, o substantivo que refere o acto de voar. Estou a referir-me ao Voo, aquele ideal metafísico pelo qual se define todos os voos.
«Da mesma forma, o princípio duendífero onde esses agem, sem intervir, mas se "regulam" o decaimento radioactivo, implica intervencionismo e entraste em contradição.»
Claro que não. Isso é um erro de concepção que deriva do teu reducionismo catolicista, que te obriga a assumir que tudo tem como explicação e causa última o teu deus. Caso contrário já terias percebido que na minha interpretação filosófica os duendes regulam o decaimento radioactivo no sentido de permitir uma relação do átomo com o espaço de liberdade e indeterminação que, por sua vez, permite que este decaia radioactivamente.
Não se trata dos duendes fazerem os átomos emitir radiação. Isso seria absurdo, e não é o que defendo. Os duendes são apenas os mediadores da relação do átomo com a possibilidade do decaimento radioactivo.
Até porque podes considerar que o decaimento radioactivo é composto por dois aspectos diferentes, um físico e um duendífero. Numa interpretação filosófica, claro, que os livros de física não vão mencionar duendes, obviamente.
Ludwig,
ResponderEliminaras tuas "interpretações filosóficas" são a mesma coisa. Especular sem sentido sobre algo que nem se pode conhecer.
Esta conclusão é muito discutível porque tu tens por hábito inventar muito e eu muito pouco. E esse algo que não se pode conhecer tem-se conhecido ao longo de toda a história da Humanidade que acabas de negar com esta frase.
O princípio voífero não é um atributo. (...) Tal como o espírito, o princípio voífero é uma relação.
Num comentário anterior era atributo. Agora é relação. Em que é que ficamos? E que relação? Dizes tu: da coisa que voa com o Voo, ou seja (dizes tu) do avião com o ideal metafísico pelo qual se define todos os voos.
Para que isto faça o mínimo de sentido, deverias explicar que ideal é este, de modo a perceber-se porque razão desenvolveste esta metáfora. Repara, o que estás a fazer é muito diferente do que se faz ou se diz relativamente ao espírito, porque substancialmente esse encontra-se nas analogias, metáforas ou símbolos, pois nada sabemos sobre a sua substância, mas quanto ao modo é possível falar do espírito como constituído na relação. Ao passo que num avião não, pelo que não são comparáveis e o argumento da especulação cai por terra.
assumir que tudo tem como explicação e causa última o teu deus.
Lamento mas Deus é também causa primeira, alfa e omega. Logo, estaremos a falar do mesmo conceito de Deus? Por outro lado, não me lembro de ter dito que Deus "permite" uma relação da materialidade com o espaço de liberdade e indeterminação que "permite" que algo aconteça. Constata-se que a indeterminação existente no mundo é uma realidade cujo significado filosófico pode-se associar a um espaço de liberdade. No caso de Deus, há quem argumente (John Polkinghorne) que Deus age nessa indeterminação intrinsecamente, ou seja, não a partir do exterior, mas do interior. Se quiseres podes chamar Deus de duende, mas nisto consiste a falácia do teu argumento. Explico-me.
Duende é uma criatura fictícia e não Criador, como é Deus. No teu argumento trabalhas todos os aspectos relacionados com Deus e fazes uma adaptação aos duendes, chamado de duendologia, porque consideras Deus como uma criatura fictícia e especulativo tudo o que a Ele se refere. Como em duendes ninguém acredita, logicamente, dás a entender que em Deus ninguém deveria acreditar pelas mesmas razões. Porém, o pressuposto de partida é contraditório (criatura/criador) e o teu argumento torna-se falacioso porque engana o leitor.
O mesmo argumento poderia aplicar-se a qualquer invenção semelhante. Por exemplo, tu não amas a tua mulher, mas é um cupido que, de vez em quando, dispara setas para que se amem. No fundo, tu detestas a tua mulher e quando discutem isso é sinal do verdadeiro sentimento que tens por ela. A isto chamaria uma cupidologia. Se esta não tem nexo com a realidade é por semelhança ao que acontece com a duendologia, e nada tem a ver com a forma como abordei nos meus posts a questão de espiritual ou de Deus, pois enquanto cupidologias e duendologias estão no nível da realidade fictícia, teologia está ao nível da realidade ontológica (no mínimo).
Panão:
ResponderEliminarParece que percebeste parte do problema. Mas não o resolveste. Que é:
"Duende é uma criatura fictícia e não Criador"
É que aparece como postulado. E isso não distingue ficção de realidade se o resto do sistema não distingue - o que tu concordas.
Aliás, muita gente diz que Deus é ficticio, tal como os duendes. E muita gente diz que os Duendes são reais.
Miguel Panão,
ResponderEliminar«Esta conclusão é muito discutível porque tu tens por hábito inventar muito e eu muito pouco.»
É verdade. Mas para o propósito desta discussão é irrelevante se tu inventas ou se apenas relatas as invenções dos outros. O relevante é tratar-se de mera ficção.
«Num comentário anterior era atributo. Agora é relação.»
Claro. A interpretação filosófica não é algo estático, morto. É um processo rico que evolui, que se aperfeiçoa e muda conforme dá jeito.
«Para que isto faça o mínimo de sentido, deverias explicar que ideal é este»
Não. Em última análise, para que isto faça sentido tens de romper as limitações da tua cosmovisão estreita e sentir o sentido disto.
«Repara, o que estás a fazer é muito diferente do que se faz ou se diz relativamente ao espírito, porque substancialmente esse encontra-se nas analogias, metáforas ou símbolos, pois nada sabemos sobre a sua substância,»
Ora aí está. Era precisamente isso que eu ia dizer a respeito do princípio voífero. Substancialmente, encontra-se nas analogias etc porque nada sabemos da sua substância. Lamento não o ter posto logo nesses termos, mas tenho menos prática nisto que tu :)
«Duende é uma criatura fictícia e não Criador, como é Deus.»
Seja. O meu ponto é que esse Criador é tão fictício como qualquer duende. Proponho que não tens evidências que justifiquem considerar o teu deus menos fictício que os duendes dos núcleos, ou que os muitos outros deuses, espíritos e afins que se tem inventado ao longo da história.
Citando Hobbes, Leviathan, Cap XII:
«Men, women, a bird, a crocodile, a calf, a dog, a snake, an onion, a leek, were deified. Besides that, they filled almost all places with spirits called demons: the plains, with Pan and Panises, or Satyrs; the woods, with Fauns and Nymphs; the sea, with Tritons and other Nymphs; every river and fountain, with a ghost of his name and with Nymphs; every house, with its Lares, or familiars; every man, with his Genius; Hell, with ghosts and spiritual officers, as Charon, Cerberus, and the Furies; and in the night time, all places with larvae, lemures, ghosts of men deceased, and a whole kingdom of fairies and bugbears. They have also ascribed divinity, and built temples, to mere accidents and qualities; such as are time, night, day, peace, concord, love, contention, virtue, honour, health, rust, fever, and the like; which when they prayed for, or against, they prayed to as if there were ghosts of those names hanging over their heads, and letting fall or withholding that good, or evil, for or against which they prayed. They invoked also their own wit, by the name of Muses; their own ignorance, by the name of Fortune; their own lust, by the name of Cupid; their own rage, by the name Furies; their own privy members by the name of Priapus; and attributed their pollutions to incubi and succubae: insomuch as there was nothing which a poet could introduce as a person in his poem which they did not make either a god or a devil.»
Aqui dou-te toda a razão:
«O mesmo argumento poderia aplicar-se a qualquer invenção semelhante. Por exemplo, tu não amas a tua mulher, mas é um cupido que, de vez em quando, dispara setas para que se amem.»
Exacto. É mesmo isso. Quando deixas de lado a validação empírica das hipóteses e te pões simplesmente a brincar com palavras podes fazer tudo, demonstrar tudo, porque tudo será apenas consequência das premissas de onde partes.
Durante muitos séculos julgou-se que Euclides tinha descoberto a geometria. Depois tiveram uma surpresa quando perceberam que ele apenas tinha inventado uma de infinitas geometrias que se pode obter mudando os axiomas. O a priori dá-te infinitas possibilidades. É o empírico que te diz quais fazem sentido por corresponder a algo de real.
É o que eu tenho andado a dizer.
ResponderEliminarO sistema cognitivo do Miguel e do Alfredo Dinis não distingue a realidade da ficção.
Afinal a coisa não funciona, ver aqui o Padre Marcelo Rossi e seus cães.
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