sábado, julho 11, 2009

Burqas, férias, e coisas sérias.

A nossa lei proíbe contractos de trabalho nos quais se abdique do direito às férias. Se a lei permitisse a abdicação contractual deste direito, o empregador podia pressionar um empregado a prescindir das suas férias. O mesmo raciocínio pode justificar a proibição da burqa. Por motivos pessoais ou religiosos, talvez haja quem queira mesmo abdicar das férias ou andar tapado dos pés à cabeça. Mas, havendo perigo de alguém ser forçado a isso, pode ser melhor proibir se a protecção dos direitos de uns compensar o inconveniente causado aos outros. Não é uma imposição gratuita de valores. É a tentativa de proteger, o melhor possível, os direitos de todos.

Acerca disto, o João César das Neves (JCN) baralhou-se com a sua habitual eloquência. «A tolerância só tem significado quando enfrenta algo intolerável. Para aceitar o que consideramos admissível não é preciso esforço. Claro que a tolerância tem limites [...] A discriminação das mulheres e, pior ainda, a sua servidão e abaixamento são evidentemente intoleráveis.» Para o JCN, só é preciso tolerância para o intolerável mas há coisa intoleráveis que não se tolera. Como a discriminação das mulheres que, logo a seguir, já parece tolerar quando diz que proibir a burqa é «precisamente a mesma posição que fez nascer a burka. Se substituirmos "dignidade da mulher" por "decência feminina" e "abaixamento" por "deboche", é fácil imaginar um qualquer responsável afegão a justificar literalmente nos mesmos termos a recusa do traje ocidental.»(1) Esta dicotomia é assimétrica. O “traje ocidental”, neste contexto, inclui tudo que não seja a burqa. Bikini, vestido de noiva, fato de treino, saia e casaco ou calças de ganga. Proibir a burqa restringe muito menos que proibir o resto. Mais importante ainda, o objectivo de proibir a burqa é impedir que obriguem as mulheres a usá-la. Não é por não gostar de burqas, mas por não querer que privem as mulheres do direito de escolher a sua roupa. Se for preciso restringir a escolha apenas a tudo o resto, antes isso que só poder escolher a burqa.

Numa sociedade tolerante ninguém sobrepõe os seus valores aos direitos dos outros. O católico não obriga o judeu a comer a hóstia e o judeu não proíbe o budista de trabalhar ao sábado. Mas se o empregador quer forçar o trabalhador a abdicar das férias, ou se o muçulmano obriga a mulher a andar de burqa, então a situação já é de intolerância e o máximo que se pode fazer é remediar com uma intolerância menor. Por isso proibir a burqa é uma hipótese aceitável, em teoria, se resultar numa imposição menor que deixar que obriguem as mulheres a usá-la.

Em teoria. Na prática, não estou convencido que seja boa ideia. Não me parece que passar multas a quem usa burqa seja uma forma eficaz de combater a discriminação. E desagrada-me soluções ad hoc. O melhor seria uma alteração estrutural. Por exemplo, deixar de tratar a religião como uma vaca sagrada. É fundamental que a sociedade encare as religiões como opções pessoais, que não merecem mais respeito que qualquer outra e que ninguém deve poder impor aos outros. Para isso era preciso abolir as leis, e combater a mentalidade, que ainda protegem de crítica as crenças religiosas. Não castigamos quem troça do futebol, quem goza com a ciência ou aponta o dedo à política. Mais importante, exigimos de quem gosta de futebol, ciência ou qualquer partido que tolere as críticas dos outros. Aos religiosos devemos exigir o mesmo. Que respeitem o direito de criticar. É certo que as religiões são mais vulneráveis à crítica, mas é pelo absurdo das suas crenças e isso não justifica protecção especial.

É grave que obriguem mulheres a usar burqa, é urgente enfrentar o problema e talvez proibir seja melhor que não fazer nada. Mas isto remedeia o sintoma em vez de tratar a doença. Por isso devia-se tirar melhor partido daquela virtude que é comum a todas as religiões. O ridículo. É que além de indecente, obrigar as mulheres a andar tapadas (ou proibir-lhes o sacerdócio, e tantas outras coisas) é idiotice. É disparate. É palhaçada. O JCN remata o seu artigo dizendo dos ditadores que «O mal deles não era cinismo e hipocrisia, nem estava tanto nas finalidades, mas na arrogância e tacanhez que o seu caminho implicava.» Pois é a arrogância e a tacanhez de muitos crentes que torna as suas religiões tão intolerantes. E intoleráveis. E para combater a arrogância e a tacanhez uma boa gargalhada é melhor que muitas proibições.

Não é uma solução a curto prazo. A curto prazo, gozar até pode dar mais tacanhez. Mas, a longo prazo, habituarmo-nos a gozar com os disparates resolveria muitos problemas. A troça não tira liberdade a ninguém, o humor ajuda a mudar de perspectiva e o gozo desmascara esses intolerantes disfarçados que apregoam tolerância mas não toleram críticas. Em qualquer país onde a lei proteja a integridade física de cada um, era remédio santo. Quando um homem inventasse que as mulheres têm de fazer isto ou não podem fazer aquilo, desatava tudo a rir e a gozar com ele. Em poucas semanas acabava-se a burqa, havia mulheres a dar missa e deixava o sexo de ser pecado e as religiões de estorvar tanto.

Cada vez mais me parece que o problema são os homens sérios. Os que franzem o sobrolho, se fazem ofendidos, exigem respeito e cofiam o bigode, tudo para disfarçar o ridículo que, no fundo, reconhecem. Têm tanto medo que se riam deles que inventam tudo, até religiões, só para lixar a vida aos outros.

1- João César das Neves, DN, 'Burka' e tolerância

62 comentários:

  1. Mário Miguel11/07/09, 01:26

    Já que o Perspectiva, possivelmente vai atacar este post, é ver que, possivelmente, o Perspectiva, ataca em todas as frentes, como se pode verificar aqui, o desespero da forquilha criacionista é delirante.

    ResponderEliminar
  2. Mário Miguel11/07/09, 01:32

    Parece que, a ser o Perspectiva, ele mudou um pouco o seu copy-paste para não ser tão evidente.

    ResponderEliminar
  3. Parece que aqui o nosso Ludwig esta' com a veia hoje. E' claro que nao acredito que acredites que as religioes foram inventadas por homens assim, de proposito. Mas tem alguma piada dize-lo dessa maneira.

    ResponderEliminar
  4. Barba,

    Sim, é meio no gozo. Mas só meio, porque me parece que as religiões das avós são muito diferentes das religiões dos homens sérios. Dão muito menos chatice.

    ResponderEliminar
  5. "Quando um homem inventasse que as mulheres têm de fazer isto ou não podem fazer aquilo, desatava tudo a rir e a gozar com ele."

    Os homens inventaram que as mulheres não podem usar burka, sob pena de serem multadas/presas. É agora que devemos desatar a rir dessa invenção?

    Estes seus amigos burocratas que super-legislam tudo, e cada vez invadem mais a nossa liberdade e privacidade não são "homens sérios, os que franzem o sobrolho, se fazem ofendidos, exigem respeito e cofiam o bigode"?

    Pedro Silva

    ResponderEliminar
  6. António Parente11/07/09, 17:28

    Olhe que não é só o pessoal religioso, Ludwig. Se alguém gozar com as ideias do Ludwig a sua irmã Cristy espanca-o (ao alguém) até ficar sem uma pinga de sangue. Se alguém gozar com o "cientismo" e com o pir reviu há aqui menino que dá cabeçada forte na parede na impossibilidade de a dar no opositor. O gozo é excelente quando são os outros os gozados. Quando somos nós, não achamos piada nenhuma. Tenho aqui lido discussões que me dão uma vontade tremenda de gozar com o que é escrito. Mas como estou numa fase muito zen, toda cheia de paz e amor, fico quieto.

    O Ludwig pode gozar com a religião, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano que não consegue os seus objectivos. Porquê? perguntará. Eu já descobri a resposta. Faça o Ludwig o mesmo. É um projecto interessante.

    Bom fim-de-semana.

    ResponderEliminar
  7. Pedro Silva,

    «Os homens inventaram que as mulheres não podem usar burka, sob pena de serem multadas/presas. É agora que devemos desatar a rir dessa invenção?»

    Sim. Se todos nos rirmos dessa e da outra que as obriga a usar burqa, está tudo bem. Note que se não fosse o caso de haver raparigas e mulheres obrigadas a andar de burqa ninguém se teria lembrado dessa lei.

    «Estes seus amigos burocratas que super-legislam tudo, e cada vez invadem mais a nossa liberdade e privacidade não são "homens sérios, os que franzem o sobrolho, se fazem ofendidos, exigem respeito e cofiam o bigode"?»

    Por "liberdade" refere-se à liberdade de usar burqa ou à "liberdade" de obrigar a esposa ou filha a usar burqa?

    Sou contra tirar a primeira. Mas sou ainda mais contra a segunda.

    Já agora, o que acha pior: que uma mulher queira usar burqa mas não o possa fazer, ou que uma mulher não queira usar burqa e seja obrigada a usá-la?

    ResponderEliminar
  8. Nuno Gaspar11/07/09, 18:35

    O riso, tal como a Fé, não se decreta. - Agora ri disto, agora acredita naquilo! O riso e a graça, como a Fé, vêm ter connosco e, ou o(s) cultivamos ou o(s)reprimimos. O riso, como a Fé, não está interessado em explicações neurológicas e evolutivas sobre a sua existência. Ou se experimenta(m) e se vive(m) ou não acontece(m). Quando diz que isto se resolve com troça e zombaria na religião e nos crentes porque são ridículos os seus motivos não pode ficar admirado ao ouvir gargalhadas copiosas de quem encontra mais graça em si do que em muitos palhaços.

    ResponderEliminar
  9. Nuno Gaspar,
    é por isso que caio sempre da cadeira a rir quando aparece aqui o António Parente?
    Cristy

    ResponderEliminar
  10. Nuno Gaspar11/07/09, 18:49

    Andava preocupado consigo, Cristy. Fazia tempo que não lia um ferrãozinho seu. Folgo em saber que está bem.

    ResponderEliminar
  11. António Parente11/07/09, 19:31

    Cristy

    Também estava preocupado com a sua ausência. Folgo em saber que continua atenta e vigilante à caixa de comentários. Rir é bom, agora cair quando ri é que não me parece muito normal ;-)

    ResponderEliminar
  12. FUNDAMENTALISMO NO AT ?

    Trata-se de uma "mera alegoria” destinada aos hebreus, para que percebessem a obrigação de guardar o sétimo dia da semana como dia de descanso.

    Ou a ira do "elohim" caíria sobre eles através das mãos de zelosos crentes …


    (Números, 15:32-36), edição “revista” e “actualizada” de João Ferreira de Almeida

    32 - Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado.

    33 - E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda a congregação.

    34 - E o puseram em guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.

    35 - Disse, pois, o SENHOR a Moisés: Certamente morrerá o tal homem; toda a congregação com pedras o apedrejará fora do arraial.

    36 - Então, toda a congregação o tirou para fora do arraial, e com pedras o apedrejaram, e morreu, como o SENHOR ordenara a Moisés.


    Nota: convirá sublinhar que nem o "decálogo" escapou às "novas oportunidades" da seita cristã emergente.

    ResponderEliminar
  13. Qui veut enfermer les femmes ? Du gynécée au voile islamique .

    Débate organisado pela revista L’Histoire.


    «III - L’islam

    Ce que dit le Coran

    A la question des femmes, le Coran consacre quelques sourates qui ont donné lieu, depuis le VIIe siècle, aux interprétations les plus diverses.

    Sourate XXIV, La Lumière, 31 :

    « Et dis aux croyantes qu’elles baissent leurs regards, et qu’elles gardent leur chasteté, et qu’elles ne montrent de leurs parures que ce qui en paraît, et qu’elles rabattent leur voile sur leur poitrine. »

    Rappelons quand même que cet appel à la chasteté est commun aux deux sexes :

    Sourate XXIV, La Lumière, 30 :

    « Dis aux croyants qu’ils baissent leurs regards et gardent leur chasteté. »

    Sourate IV, Les femmes, 3 :

    « Si vous craignez de ne pas être équitables à l’égard des orphelins… Épousez, comme il vous plaira, deux, trois ou quatre femmes. Mais si vous craignez de n’être pas équitables, prenez une seule femme ou vos captives de guerre. Cela vaut mieux pour vous, que de ne pas pouvoir subvenir aux besoins d’une famille nombreuse.»

    Sourate IV, Les femmes,22-23 :

    « N’épousez pas les femmes que vos pères ont eues pour épouses, – exception faite pour le passé – ce serait vraiment un acte abominable et haïssable, un chemin détestable. »

    « Vous sont interdites : vos mères, vos filles, vos sœurs, vos tantes paternelles, vos tantes maternelles, les filles de vos frères, les filles de vos sœurs, vos mères qui vous ont allaités, vos soeurs de lait, les mères de vos femmes, les belles-filles placées sous votre tutelle, nées de vos femmes avec qui vous avez consommé le mariage, – Nulle faute cependant ne vous sera imputée si le mariage n’a pas été consommé – les épouses de vos fils, issus de vos reins. Il vous est encore interdit d’épouser deux soeurs – exception faite pour le passé – Dieu est, en vérité, celui qui pardonne, il est miséricordieux – »

    Sourate IV, Les femmes,34 :

    « Les hommes ont autorité sur les femmes, en vertu de la préférence que Dieu leur a accordée sur elles, et à cause des dépenses qu’ils font pour assurer leur entretien. Les femmes vertueuses sont pieuses : elles préservent dans le secret ce que Dieu préserve. Admonestez celles dont vous craignez l’infidélité ; reléguez-les dans des chambres à part et frappez-les. Mais ne leur cherchez plus querelle, si elles vous obéissent. – Dieu est élevé et grand – »

    Le Coran, trad. Denise Masson, Paris, Gallimard « Folio », 1967.»

    ResponderEliminar
  14. Corrijo: Debate organizado pela revista L’Histoire.

    ResponderEliminar
  15. Ludwig,
    Hoje é só para aplaudir. Muito eloquente e cheio de razão.

    ResponderEliminar
  16. Nuno Gaspar,

    «O riso, tal como a Fé, não se decreta. - Agora ri disto, agora acredita naquilo! O riso e a graça, como a Fé, vêm ter connosco e, ou o(s) cultivamos ou o(s)reprimimos.»

    Pois é precisamente cultivar o riso que eu proponho. Imagine a cena. Com várias pessoas a assistir, um homem de vestido comprido ergue uma bolacha no ar, profere umas palavras com ar solene, e diz que assim fez da bolacha um pedaço de deus.

    Se, perante essas coisas, cultivarmos o riso em vez da reverência cega teremos uma sociedade muito mais tolerante. Ningué estorvará o homem de vestido se quiser fazer de bolachas deuses, e ninguém o deixará estorvar os outros com essas suas coisitas.

    Se conseguirmos aplicar isto a todas as religiões teremos uma sociedade muito melhor.

    ResponderEliminar
  17. Nuno Gaspar11/07/09, 22:41

    Ludwig,
    Haverá pessoas para quem a cena que refere será motivo de riso outras que acharão graça a outras coisas como, por exemplo, observar o desespero de quem vai aos gritos na rua, a dar murros em todas as portas, a dizer que não acredita no pai-natal ou em sereias. Acho que tolerância é deixar que cada um ria das coisas que lhe pareçam cómicas e não dar-lhe pontapés até ele rir de uma anedota de que gostamos muito.
    Fazer chacota do que é diferente é uma atitude típica das crianças em idade pré-escolar. A educação e a cultura normalmente libertam-nas desse "instinto". Como este seu post demonstra, isso nem sempre acontece.

    ResponderEliminar
  18. Ludwig

    Tenho dificuldade em rir deste assunto. Muita mesmo. Vivi num país Europeu onde convivi com mulheres que saíam à noite quase nuas para beber copiosas quantidades de álcool e terem comportamentos imorais sob muitas perspectivas; de dia via mulheres que usavam uma coisa preta (falha-me o nome, mas não é burka) que só lhes deixava ver os olhinhos. E que caminhavam 2 passos atrás do marido, claro!

    Ambos os tipos de mulheres tinham liberdade? Não inteiramente! Ambas eram pressionadas pelo grupo em que viviam para agir assim. Mas as ocidentais tinham liberdade de dizer não ao estilo de vida que levavam, apesar da pressão do grupo.

    Concordo com a lei francesa na forma e na motivação: a burka não é um símbolo religioso mas de subjugação pura e dura da mulher. E se fosse religioso... continuava a ser de subjugação da mulher, pelo que à luz dos valores humanistas ocidentais terá mesmo que ser proibido. É de uma coragem tremenda proibir a burka. Mas é uma coragem muito necessária, para evitar males maiores.

    Preocupa-me como viverão as mulheres muçulmanas que serão impedidas de usar a burka. Mas preocupa-me mais a violência de qualquer mulher ser obrigada a olhar para um símbolo de subjugação tão forte. Acontece que se as mulheres forem impedidas de sair de casa por não poderem usar burka... isso também quebra certas leis! E tem que se agir de acordo com elas!

    Gostei francamente do post.

    ResponderEliminar
  19. Nuno Gaspar,

    «Haverá pessoas para quem a cena que refere será motivo de riso outras que acharão graça a outras coisas como, por exemplo, observar o desespero de quem vai aos gritos na rua»

    Sim. Há quem se ria do desespero dos outros. Infelizmente. Mas não é isso que proponho. Proponho que se riam do ridículo, e não do desespero.

    «Fazer chacota do que é diferente é uma atitude típica das crianças em idade pré-escolar. A educação e a cultura normalmente libertam-nas desse "instinto". Como este seu post demonstra, isso nem sempre acontece.»

    Tem razão. Não que as crianças façam chacota de tudo o que é diferente. Mas as crianças têm uma noção intuitiva do ridículo e, ao contrário dos adultos, não perderam o medo de se rir quando o rei passa nu.

    O problema é precisamente o treino de reverência a que muitos são sujeitos e que lhes faz perder essa capacidade.

    ResponderEliminar
  20. Abobrinha,

    «Tenho dificuldade em rir deste assunto.»

    Também acho que o assunto, em si, não dá vontade de rir. Mas acho que a reacção a qualquer regra como essa de ter de andar de burqa devia ser uma gargalhada. Parece-me a atitude a promover como reacção a todos que queiram impôr aos outros regras ridículas.

    ResponderEliminar
  21. António Parente11/07/09, 23:33

    Ludwig

    Mas qual é o seu problema como o homem da bolacha? Porquê essa necessidade de rir do homem da bolacha?

    ResponderEliminar
  22. Mário Miguel12/07/09, 00:02

    Ludwig,

    A burqa é algo para proteger o corpo da vista dos outros, o mesmo ocorre com um motivo relativamente parecido (não é totalmente similar) baseado noutros valores. Será que um "marciano" ao chegar à terra e ver, por exemplo, as portuguesas e portugueses a serem obrigados (inclusive por lei) a andarem vestidos não é algo tipo burqa, pelo menos na parte do ridículo? Por mim, as meninas todas nuas não em causariam o menor constrangimento ou indignação, e digo isto do fundo do coração:))) Mas parece-me que EM PARTE, o pessoal usa ""burqa"", só que não nos apercebemos, da mesma forma que que a usa não se deve de aperceber, e de alguma forma é capaz de se sentir nua sem ela. No entanto estou de acordo com o teu texto mas não na totalidade, pois há uma gama de cinzento neste tema, e tu só parece teres focado os pretos e os brancos. Nem eu sei como abordar os cinzentos, mas que os há, há, e parece-me que não podem ficar de fora.

    ResponderEliminar
  23. Nuno Gaspar12/07/09, 00:08

    Ludwig,

    "Proponho que se riam do ridículo, e não do desespero."

    Tanta sensibilidade. Que comovente.
    Ok, corrijo:

    ...observar a figura ridícula de quem vai aos gritos na rua, a dar murros em todas as portas, a dizer que não acredita no pai-natal ou em sereias.

    "O problema é precisamente o treino de reverência a que muitos são sujeitos e que lhes faz perder essa capacidade"

    É uma chatice viver em sociedade e ter que respeitar os outros e a lei, não é? Na selva era tudo muito mais fácil.

    ResponderEliminar
  24. Mário Miguel12/07/09, 00:18

    O meu comentário anterior está com alguns enganos e lacunas. As minhas desculpas. Escrever rápido e não reler é o que dá :(

    ResponderEliminar
  25. Ludwig

    Concordo e não contigo. A liberdade de ridicularizar seja o que for é importante e não é necessariamente falta de respeito. A censura de humor é uma prova importante à liberdade de um país... e o nosso é regularmente posto à prova e nem sempre passa!

    Neste caso em particular não funciona. As mulheres e homens que obrigam cidadãs a andar assim (sim, porque a pressão vem também do feminino) vão achar-se desrespeitados e mártires da própria causa. E cada vez estarão mais convencidos de que estão certos e os outros todos errados.

    Infelizmente creio que aqui é mesmo só a repressão que funciona! E os franceses estão a ser corajosos a tomar essa medida, o que eu aplaudo. Porque a mensagem não é "é ridículo tapar as mulheres". A mensagem é "não admitimos que na nossa sociedade uma mulher ande assim submetida a um homem e a uma ideologia".

    ResponderEliminar
  26. Mário Miguel12/07/09, 01:44

    Abobrinha,

    «A mensagem é "não admitimos que na nossa sociedade uma mulher ande assim submetida a um homem e a uma ideologia"»

    Mas não é o que ocorre, por exemplo, na Europa? Toma o caso de Portugal: um homem não vê com bons olhos que a sua mulher se destape demais na via pública, ou que se arranje de forma explicitamente provocante de forma fora do vulgar e que assim se torne em alvo de cobiça, que é algo que ocorre associado à burqa, nós é que estamos mergulhados nisto, da mesma forma que quem usa burqa, que nem damos por ela - temos a nosso capacidade crítica desligada devido à força do habito -. Só mesmo um extra-terrestre nudista para se rir dos portugueses em pleno verão com 34 ºC (não é o deste ano!), andarem vestidos na rua

    ResponderEliminar
  27. Mário Miguel12/07/09, 01:51

    Abobrinha,

    Em parte a mulher portuguesa está um pouco sujeita ao marido, cada vez menos é certo, e cima de tudo à sociedade, e por arrasto a certas normas e valores que por acaso muito muitos deles são oriundos da Igreja Católica.

    Há uma certa "burqa" que a mulher e homem português (ou ocidental) usa, não damos é por isso.

    De facto somos a capacidade humana para aderir a tangas e não as questionar é demasiado grande.

    ResponderEliminar
  28. Mário Miguel12/07/09, 01:52

    O último parágrafo do meu comentário anterior deveria ser:

    De facto a capacidade humana para aderir a tangas e não as questionar é demasiado grande.

    ResponderEliminar
  29. Mário

    Sendo mulher e tendo vivido ao vivo e a cores muitas mudanças sociais, podia dar-te exemplos ainda piores de comportamentos tipo burka no nosso país, da parte de homens e de mulheres. Essa é uma burka que se vai despindo lentamente. Mas acredita que, na minha experiência, estamos a anos-luz do país em que eu nasci há 35 anos. E eu vi as mudanças acontecerem... e ainda não acabaram!

    Não creio que haja país nenhum que se possa gabar de ter igualdade total entre homens e mulheres. Mesmo porque é um processo.

    Mas... a burka em concreto tem que ser proibida. Possivelmente também devia haver uma lei que me proibisse de andar de calças de ganga (por mais finas que sejam) com este calor, mas asseguro-te que não é submissão a nada: simplesmente estou tão pálida que tenho vergonha de mostrar as pernas! Em contrapartida ando descomplexadamente de decotes grandes!

    ResponderEliminar
  30. Mário

    Só agora li os teus outros comentários.

    Quanto aos homens e mulheres portuguesas, somos paradoxais. Entre outras coisas, a população universitária é essencialmente feminina. E não é nas Letras! É na Medicina, na Economia, Direito. Aliás, pelo que vi na Faculdade de Letras do Porto, o número de homens tem aumentado... ou por outra: o de mulheres tem diminuído!

    E temos burkas tão parvas como (acho que na altura comentei isto no meu blogue) uma amiga minha que saiu de casa quando o marido lhe disse "ah, e tal, porque tu ganhas muito mais que eu". Como é óbvio, não foi só por isso que ela saiu de casa, mas foi a última gota.

    A submissão económica das mulheres aos homens em Portugal está a acabar. Ou então mantém-se porque ela sacrifica subir mais na carreira para que ele o faça. Ou então porque se divorciaram e ficou ela com os filhos. Apesar disso, sei de um caso em que quem sacrificou a carreira foi o marido, porque o casal ficou a ganhar com a grande promoção que a mulher teve. OK, foi um caso, mas... foi um caso!

    Eu acho que, no que diz respeito a questões de genero, nós questionamos as nossas tretas no nosso país. Mas não tão abertamente. Certo é que os resultados têm aparecido! Ou seja, fazemos mais do que falamos.

    Independentemente dos nossos erros.. não temos burkas a sério. O que é importante. E é importante que abertamente nos insurjamos contra elas sem as palas nos olhos da liberdade religiosa. Mesmo porque está mais que estabelecido que isso... é treta!

    ResponderEliminar
  31. Mário Miguel,

    Na nossa sociedade temos pessoas que gostam de andar nuas e pessoas que não gostam de ver pessoas nuas. E temos um sistema -- democracia -- para tentar pesar estes desejos de uma forma justa.

    Assim temos praias de nudismo e muita liberdade para nos vestirmos com quanto ou tão pouco quisermos, mas algumas restrições para dar um pouco a todos. E a forma como chegamos a isso é pesando a vontade da maioria com os direitos de cada um, constituição, eleições, assembleia da republica, etc.

    O caso da burqa é diferente. Não é uma regra da sociedade obtida de forma democrática e tendo em conta os direitos individuais de cada um. É uma coisa que umas pessoas impõem a outras.

    ResponderEliminar
  32. António Parente,

    «Mas qual é o seu problema como o homem da bolacha? Porquê essa necessidade de rir do homem da bolacha?»

    É necessário que a reverência que nos incutem não nos mate a capacidade de rir do ridículo. Não para que necessariamente nos riamos do homem da bolacha, mas para que sejamos capazes de o fazer se for necessário.

    E é necessário sempre que alguém alega uma crença como religiosa para exigir dos outros mais respeito que essa crença merece.

    Se eu disser que a minha mulher tem de andar com uma pintinha na testa porque a minha religião manda, mereço tanta consideração como se disser que tem de o fazer por mania minha. A capacidade de rir do ridículo combate a ilusão que a religião merece mais respeito que qualquer outra mania.

    ResponderEliminar
  33. Abobrinha,

    «Neste caso em particular não funciona. As mulheres e homens que obrigam cidadãs a andar assim (sim, porque a pressão vem também do feminino) vão achar-se desrespeitados e mártires da própria causa. E cada vez estarão mais convencidos de que estão certos e os outros todos errados.»

    Seja. Isso é um direito que temos de lhes reconhecer. Querem julgar que têm razão, que é muito importante comer a bolacha ao domingo ou andar de cara tapada, tudo bem.

    O que temos de impedir é que pisem os calos dos outros. E os outros inclui conjuges, irmãos, filhos, vizinhos e o resto da sociedade.

    Cada um tem direito às suas manias. Quando um quiser impôr as suas aos outros não defendo que lhe batam, que o prendam ou castiguem. Proponho que se riam da ideia e o deixem a barafustar sem lhe ligar.

    É claro que se a mulher se ri quando o marido a manda vestir burqa, pode ser que ele lhe bata ou algo assim. Mas para isso já temos leis adequadas. E aí já não é a rir.

    ResponderEliminar
  34. António Parente,
    que se preocupa comigo é inegável. Mas penso que devia preocupá-lo ainda mais a intensidade dessa sua obsessão.
    Cristy

    ResponderEliminar
  35. Nuno Gaspar,
    não se preocupe, nunca ando longe :-)
    Cristy

    ResponderEliminar
  36. António Parente12/07/09, 10:01

    Cristy

    Não é obsessão. É carinho, ternura. Obsessão, não é. Saudade? Também não.

    ResponderEliminar
  37. António Parente12/07/09, 10:03

    Ludwig Krippahl

    A avó da minha mulher faz hoje 95 anos e há festa rija. Estarei de volta à noite e mostro que por aí não consegue nada.

    ResponderEliminar
  38. "... e talvez proibir (a burqa) seja melhor que não fazer nada. Mas isto remedeia o sintoma em vez de tratar a doença. Por isso devia-se tirar melhor partido daquela virtude que é comum a todas as religiões. O ridículo."
    O Ludwig tem dúvidas que é preciso mesmo proibir a burqa?
    Esta discussão parece uma "missa" de pacifismo na véspera da 2a guerra.
    Em resumo, tolerar a burqa nos nossos países é como aceitar tipos nas ruas de Israel vestidos de SS a gritarem que é preciso mais um Holocausto.

    ResponderEliminar
  39. Anónimo,

    Não tenho dúvidas que seja preciso acabar com as circunstâncias que levam mulheres a ser obrigadas a usar a burqa. Entre outras coisas.

    Mas tal como não se trata a pneumonia proibindo a tosse, tenho algumas reservas acerca da eficácia de proibir a burqa. Não digo que seja má ideia, mas também não me parece tão claro que seja boa.

    E o exemplo que dá é pertinente. Tipos fardados de SS a dizer que é preciso um novo holocausto é desagradável. Mas será o suficiente para lhes retirar a liberdade de expressão? Essa questão é bastante mais complexa e a resposta deve depender mais das consequências práticas que de alguma posição de princípio.

    Por isso se o resultado de proibir a burqa for que uma data de mulheres ficam proibidas de saír de casa, penso que é má ideia. Se for que uma data de mulheres ganham o apoio necessário para ignorar essa regra estúpida, então em boa ideia. Mas não disponho de dados concretos que me permitam decidir com confiança qual será o cenário real.

    ResponderEliminar
  40. Ludwig
    O receio que a proibição de burqa incite os fanáticos muçulmanos a clausurarem as mulheres em casa,é uma falácia, era o mesmo quado se discutia a proibição do véu nas escolas públicas que levaria muitas raparigas a descolarizarem-se. Ora nada aconteceu à parte algumas expulsões duma ou outra escola por desrespeito à lei.Mas nada de significativo.
    Se algumas mulheres forem raptadas pelos maridos, a diferença com o porte da buraqa na rua é nula, esta é uma prisão móvel a outra é uma prisão domiciliária.
    Isto só para focar que em privado as pessoas farão o que entenderem do ponto de vista religioso.
    E a liberdade e a laicidade como pilar fundamental nas nossas democracias, estará preservado.
    No entanto se uma mulher emburqada à força e raptada pelo marido apresentar queixa à polícia,este pilantra deverá incorrer em punições tal como acontece com as mulheres surrads pelos maridos, e será a prisão illico presto.Temos leis na nossa selva.
    Proibir a burqa e o véu na via pública não é tratar um sintoma, mas antes combater actos de agressão à nossa cultura baseada na herança das Luzes e da nossa identidade cultural que importa defender e fazer respeitar sem complexos nem culpabilidade.
    Aceitar a burqa é a capitulação de muitas guerras contra a barbárie e o obscurantismo que nos levou à Laicidade, à lei de 1905 e à declaração universal dos direitos humanos.
    O que acho ridículo é os nossos intelectuais fazerem um paralelo entre o direito ao uso da burqa e o direito do monokini ou mesmo o nudismo nas praias.
    Eu nunca vi ninguém de monokini nas rua, nem em qualquer local de trabalho.
    Os mesmos intelectuais falam da burqa em abstracto, à margem da realidade como se fossem extraterrestres.
    O uso da burqa não é um sintoma, é um pilar do islamofascismo , é um exemplo duma visão repressiva e totalitária da sociedade que já gangrenou gravemente as nossas sociedades.A burqa é para o islamismo a passagem do Rubicon para a islamização desenfreada do Ocidente.
    É já tão grave a situação em França, que o deputado comunista francês André Gérin o autor da proposta de lei, evocou uma situação de pré guerra civil e afirmou isto no Parlamento:
    "Je pense même qu’il y a des germes de guerre civile, de sauvagerie et de barbarie, et je suis outré que des responsables politiques restent aveugles"
    e mais isto: "Pour moi, l’identité de la France est fondamentale et elle a besoin d’un combat républicain gauche / droite. Nous sommes fiers d’être Français et ce défi de civilisation est de se rappeler que la France qui fait notre fierté, c’est la séparation des pouvoirs, la laïcité, l’égalité entre l’homme et la femme, la liberté d’expression et de création. Au bout du bout c’est le respect des fondamentaux de la République."
    "la loi du communautarisme prévaut sur certains territoires, je dis stop..."
    "Le voile intégrale n’est que la partie émergée de l’iceberg. C’est un iceberg recouvert d’une marée noire des fondamentalistes dans les cités."
    Posto isto só me resta acrescentar, a pedagogia versus lei no estado actual das coisas,já mostrou os seus limites e para combater as motivações do véu/burqa, digo com o adágio: "em tempo de guerra não se limpam armas". De pedagogia já a França está cheia, e de nada serviu, para impedir a França e outros países de se deixarem francamente corromper pelo obscurantismo e conflitualidade islâmica.

    Sempapsnalingua.

    ResponderEliminar
  41. "Tipos fardados de SS a dizer que é preciso um novo holocausto é desagradável. Mas será o suficiente para lhes retirar a liberdade de expressão?"
    Para mim é! E admirava-me bastante que não houvesse leis em Israel que punissem este tipo de crimes.
    Não serviu o exemplo?
    Vamos a outro: Os mesmos tipos fardados de SS a gritarem nas ruas de Telavive que o Holocausto não existiu.
    Continua a não ser crime?
    Não é uma boa razão para os meter na choldra?
    Bem se não servir ainda só mais este:
    Um imam salafista e de nacionalidade Qatari ou Saudita nas mesquitas ou nas ruas das cidades europeias a proclamar a jhiad e os atentados na Europa. Acha que este tipo deve ser deixado em liberdade ou metido na choldra e expulso para o seu país?

    ResponderEliminar
  42. E com síntese aos meus propósitos estou de acordo,com aqueles que afirmam isto:
    "Une loi sur le voile dans l’espace civil est donc indispensable. Et les professeurs ne tarderont pas à s’en saisir pour en faire un support pédagogique dans les cours d’éducation civique, comme ils le font déjà avec les lois qui condamnent le racisme, l’antisémitisme ou l’homophobie. Loi et pédagogie ne s’opposent pas. Dans l’école de la République la loi est un outil de la pédagogie."
    Antes disto convinha saber o que se passa no terreno e o avanço da islamização a que se chegou em França, para não perderem tempo aqui a discutir o sexo dos anjos.
    Simplesmente desastroso e preocupante.

    ResponderEliminar
  43. Mário Miguel12/07/09, 16:05

    Ludwig e também Sempapsnalingua,

    O que dizes sobre a burqa é algo com o qual eu concordo, o que afirmas sobre a relação como nú na nossa sociedade é algo de trivialmente evidente, mas ao referires

    «O caso da burqa é diferente. Não é uma regra da sociedade obtida de forma democrática e tendo em conta os direitos individuais de cada um. É uma coisa que umas pessoas impõem a outras.»

    Não me parece totalmente verdade, pois já vi mais do que uma reportagem em que passava a ideia mais ou menos clara que a maioria que usava a burqa não estava descontente com o caso, as gerações novas, e dentro delas uma minoria (como os nudistas cá) sofriam represálias dos homens como igualmente das mulheres com burqa, ou seja: de toda a sociedade, A MAIORIA.

    Eu, pesando os vários factores, oponho-me à burqa, embora veja que é uma solução de compromisso visto essa proibição poderá ter consequências igualmente danosas para que de forma voluntária consciente e sem pressões a querer usar. Era bom que todos ficassem satisfeitos, mas não dá.

    Imagina que existe um pais (muito quente!) onde o pessoal andava sempre nu, uma tribo africana por exemplo. Como achas que eles olhariam para o mundo ocidental que simplesmente na sua esmagadora maioria proíbe a nudez em público (via leis e via valores tradições etc...)? Via-nos de certa medida (não com um paralelismo total) como uma espécie de burqas em cima do corpinho.
    Por exemplo, no Brasil em certas regiões foi proibido o andar de tronco nú em transportes públicos, homens incluído.

    Que fique claro que eu, neste caso, prefiro banir a burqa.
    No entanto passa de forma implícita a ideia que quem usa realmente a burqa o faz em sacrifício, e isso não me parece consistente com a realidade, o que ocorre é que quem diz isso se coloca no ponto de vista da mulher ocidental, e aí sim. Da mesma forma que um elemento de uma tribo que anda sempre nú olharia para nós como uns totós reprimidos subjugados e infelizes, que eu comprova na primeira pessoa que é falso.


    Ludwig,

    Referiste o caso quem que a nossa sociedade delimita espaços para o nudismo, o mesmo acontece para a burqa: nas respectivas casas, claro que é mais exíguo e quem manda aí é o marido de forma exclusiva; e falando em "democracia", pelo que li e vi até hoje, os países onde se usa a burqa parece que isso é a vontade da maioria, assim o paralelismo parece não está assim tão longe quanto isso.

    O meu ponto nisto tudo é que de alguma forma usamos uma espécie de burqa, pois não há nenhuma razão para não andarmos nus no verão sendo apenas não uma questão de valores e tradição, como a burqa que essa acrescenta uma subjugação masculina sobre a mulher.

    Por exemplo, um homem pode andar no estádio universitário a correr em tronco nu ou andar de bicicleta em Lisboa nos mesmos preparos, uma mulher não, tem que que usar a sua camisa ou um Top (""burqa"") à força. E o peito da mulher é uma versão do peito do homem só que mais desenvolvido e ainda por cima mais bonito, não havendo uma razão com o mínimo sentido para essa discriminação entre homem e mulher.
    Por isso a minha ideia que também há cá, de alguma forma, "burqas", e quem está habituado a elas nem dá por isso na maioria dos casos.

    ResponderEliminar
  44. Mário Miguel12/07/09, 16:18

    Ludwig,


    «Tipos fardados de SS a dizer que é preciso um novo holocausto é desagradável. Mas será o suficiente para lhes retirar a liberdade de expressão?»

    Incitação de forma organizada e continuada com o intuito claro (não coisa pueril de adolescentes) de passar essa ideia. Por mim não tenho grandes dúvidas. Criminalização da coisa.

    Já agora... Achas que a liberdade de expressão deverá permitir que um grupo que faça uso desse mecanismo, defenda a não liberdade de expressão? Isso sempre me pareceu um coisa tipo paradoxo, algo que a liberdade de expressão não deve permitir, caindo assim em contradição.

    ResponderEliminar
  45. Mário Miguel e sempapasnalingua,

    Se vocês propõem que por vezes é preciso proibir uma coisa, como uma expressão ou vestimenta, para proteger outros direitos, estou de acordo. Por vezes é preciso.

    Se defendem que a proibição da burqa é um desses casos, admito que possa ser, mas não tenho uma opinião definida nem que sim nem que não.

    Se me querem convencer que esta proibição proposta em França é uma boa ideia, então é irrelevante esses exemplos para ilustrar o ponto genérico, com o qual já concordo, que por vezes estas proibições são boa ideia. O que preciso é de informação concreta sobre este caso. Por exemplo, a proporção entre as mulheres que querem usar burqa e as que são obrigadas, o efeito que isto terá sobre as últimas, o efeito na
    educação das crianças, etc.

    ResponderEliminar
  46. Ludwig
    "Se defendem que a proibição da burqa é um desses casos, admito que possa ser, mas não tenho uma opinião definida nem que sim nem que não.

    Se me querem convencer que esta proibição proposta em França é uma boa ideia,..."
    Não sou eu que te vou convencer de coisa nenhuma, não tenho essa capacidade ou paciência, convence-te tu mesmo.
    Não é difícil, basta consultares a net e leres o que se passa na Europa, factos e discussões.
    Vais encontrar também opiniões qualificadas e lúcidas de mulheres bem conhecidas e vítimas de fatwas refugiadas em França. E o que elas dizem sobre a relação véu/burqa e o islamismo.
    Admira-me como ficaste impávido com as afirmações do deputado francês que citei.
    Se calhar não compreendes essa língua, será?

    ResponderEliminar
  47. Anónimo / sempapas,

    Tanto quanto sei, o que se está a fazer em França é organizar um inquérito parlamentar para apurar os detalhes necessários a esta decisão. Parece-me sensato, mesmo que muitas vezes estas coisas sejam mais conduzidas pela política que pelos factos.

    «Não é difícil, basta consultares a net e leres o que se passa na Europa, factos e discussões.»

    Talvez seja melhor escreveres ao parlamento francês a avisar que já está tudo na net. Assim poupam trabalho desnecessário... ;)

    ResponderEliminar
  48. Ludwig
    Disseste
    "mas não tenho uma opinião definida nem que sim nem que não."
    Nesta altura dizeres uma coisa destas revela o quê?
    Para mim estás à margem da realidade no terreno e do sentimento da França (e outros países) de "ras le bol" do islamismo.
    Sim porque nesta coisas de islamismo há muitos portugueses a viver noutro planeta.
    O caso é muito mais sério.
    Se há necessidade de uma comissão de inquérito, não quer dizer que para uma grande maioria da população fracesa e para os agora 89 deputados que assinaram a proposta de lei, haja qualquer dúvida sobre a importância dessa lei.
    O discurso no Parlamento daquele deputado revela bem o caos a que se chegou, de perda de soberania nas cités, explosões de violência como há uns anos atrás que envolveram 800 municipios um pouco, por toda a França, onde são os integristas que mandam e fazem lei. O apelo a uma frente de resistência esquerda/direita contra esta islamização, a situação de intimidação sobre os não-muçulmanos, as conquistas comunitaristas e esta violência extrema a que se chegou, fazem dizer ao deputado proponente que há germes de uma guerra civil em França.
    Isto não faz tilt na tua cabeça?
    A cultura islâmica, talvez ignores, é incompatível, absolutalmente incompatível, com a Democracia,e com os valores ocidentais. A população muçulmana, sem atitudes muito mais intrépidas e agressivas da parte do Estado de Direito, nunca se integrará como fácilmente se integraram outras populações de emigrantes, o que implica fatalmente e à medida que aumenta a parte desta população na Europa, uma provável libanização das nossa sociedades.
    A condição da mulher islâmica não é segredo para ninguém, é absolutamente contrária à condição e estatuto da mulher na cultura ocidental.
    A condição de coisa e de desumanidade da mulher muçulmana que revela a tal vestimenta, é a pedra de toque do novo fascismo que nos assola.
    Se esta lei não passar tudo poderá acontecer em matéria de islamização.
    Se a lei sobre o véu não tivesse sido promulgada, não haveria agora força para proibir a burqa.
    Se não se proibir a burqa agora, não haverá força para obstarmos a outras derivas ainda mais graves como tribunais islâmicos e o recurso à sharia nos tribunais destes paises para julgar litígios que envolvam muçulmanos, tal como já tem acontecido
    Era isto que eu queria dizer,quando te sugeri de ires à net e informares-te sobre a realidade que se vive por aqui e o a que nível se discutem estes problemas, muito longe dos raciocínios sofismáticos que eu tenho estdo a ler aqui.
    Também dispenso os teus remates de cinismo,e quanto à qualidade dos teus argumentos ainda tenho em memória a tua oposição ao direito das mulheres ao aborto em Portugal.
    Parece-me que as mulheres não te merecem muita estima, nem te obrigam a um rigor intelectual acima da fasquia zero.
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  49. Caro Anónimo,
    concordo com o que diz. Também a mim me parece preferível proibir a burqa a correr o risco de fomentar a repressão de que são alvo as mulheres em algumas comunidades islâmicas. Mas digo isto sem ter feito estudos aturados sobre o impacto da burqa sobre a sociedade e a economia, de modo que tenho que admito a hipótese de estar errada. Baseio-me apenas em observação própria, o que está longe de ser o fundamento para qualquer lei :-)
    Mas tenho que discordar quando atribui os distúrbios verificados nos subúrbios das grandes métrolopoles francesas (e não só) aos funsamentalistas islâmicos. Peço que se informe melhor sobre o que leva à revolta os jovens daqueles bidonvilles que são verdadeiros becos sem saída para a vida. Repare que não estou a aprová-los: recuso liminarmente a violência. Nunca resolveu nada. Mas daí a culpar essa massa cada vez mais anónima e informe que dá tanto jeito dá e que se tornou conhecida pelos «fundamentalistas» vai um passo grande.
    Cumprimentos
    Cristy
    P.S. Não quer assinar com um nick? É que se aparecem mais anónimos, vou-me ver outra grega para os distinguir.

    ResponderEliminar
  50. «daí a culpar essa massa cada vez mais anónima e informe que dá tanto jeito dá e que se tornou conhecida pelos «fundamentalistas» vai um passo grande»

    A construção democrática tem dificuldades mais graves do que a síndrome de Munchhausen. Por exemplo quando conseguiram finalmente despachar o Reza Pahlavi as mulheres do Irão regressaram ao chador durante aquilo que parecia ter começado como uma revolução socialista. Terá sido apenas por causa do factor reverencial aos "homens sérios"? Saber a resposta é tão importante quanto impossível, porque como já tem sido dito há muitos factores que levam as pessoas a fazer opções de m*rd@, que no entanto não deixam de ser opções.

    Por isso concordo com a linha de fundo do post: ser gozado é um bom incentivo à introspecção, e só há liberdade quando as mudanças vêm de dentro.

    ResponderEliminar
  51. Cristy
    Não teho tempo para desenvolver argumentos para lhe falar o que sei sobre a vida nas cités, a islamização continuada da nossa cultura e sociedade, a vida nas escolas com toda a violência, intimidação e muitas vezes a impossibilidade de ensinar matérias científicas ou filosóficas que colidem com os dogmas obscurantistas islâmico/bíblicos.
    As aventuras dos médicos nos hospitais impedidos de tratar muçulmanas, com violência muitas vezes por parte dos maridos e etc, etc.
    Não tenho tempo de reunir informação necessária para lhe provar o que digo.
    Tenho afazeres profissionais que excedemde muito as 8 horas do comum dos mortais.
    No entanto se quiser saber o que se passa, sugiro o mesmo que ao Ludwig, vá à net e informe-se. É gratuito, fácil e rápido.
    Não precisa de consultar teses de doutoramento.
    Ah e enquanto à justificação que são os problemas sociais que provocam a violência da "racaille", já foi chão que deu uvas.
    Agora até os defensores incondicionais da religião-dos-pobres-e-oprimidos (a esquerda tradicional e os idiotas) já começam a perceber que o problema é mesmo esse, a insolubilidade do islão ideológico na sociedades civilizadas.A oposição de culturas. O antagonismo dos nossos valores com a barbárie. A oposição do totalitarismo e da Democracia.
    A luta entre a civilização do séc. XXI e a cultura da idade da pedra nas areias do deserto arábico. A guerra de civilização a que assistimos sobre diferentes formas é entre o sucesso económico e civilizacional das nossas sociedades e a falência endémica da cultura e economia das sociedades islâmicas.
    Sabe que onde reside a origem dessa desgraça secular se encontra num livro de horrores e ódio inspirado por um tarado e sanguinário profeta?
    Adivinhe quem é esse profeta e esse livro.
    O meu nick é sempapasnalingua, e os últimos comentários anónimos são meus.

    sempapasnalingua

    ResponderEliminar
  52. O fundamentalismo é todo ele repugnante. é o resultado de um processo cognitivo inferior, pobre, sem cor.
    Todo o fundamentalismo tem de ser combatido, impedido de singrar.
    Por isso se proíbe o símbolo nazi na alemanha, se combate o fascismo e ideias racistas e xonófobas.
    A burka é um símbolo como a cruz suástica , pertencem ao mesmo caixote do lixo.
    Não há nada de religioso e espiritual em tapar uma mulher dos pés À cabeça, há o medo da cobiça dos outros homens. Isto é patologia, isto tem de ser impedido.

    ResponderEliminar
  53. Caro Sempapasnalingua
    compreendo perfeitamente o problema da falta de tempo: partilho-o. Por isso tenho o cuidado de não fazer afirmações peremptórias quando careço de factos.
    O que lhe posso afiançar é que não correspondo de todo ao seu retrato de esquerdista pinga-amores, que, lamento dizê-lo, não serve muito como argumento.
    Quanto ao assunto falado prorpiamento dito, se a raíz de todos os males fosso o fundamentalismo islâmico (os outros não contam?), como defende, como é que explica que na Alemanha, como uma população bem superior a dois milhões de muçulmanos não se verifiquem os distúrbios registados nas metrópoles francesas, britânicas ou norte-americanas(lembro, por exemplo, os distúrbios de Los Angeles. Não vai dizer que tiveram causa islâmica, pois não?). E quando se verificam, geralmente confinados a Berlim, têm como origem o futebol, os extremistas da esquerda ou os extremistas da direita (geralmente trata-se de choques entre estas duas minorias muito pequenas?)
    Cumprimentos
    Cristy

    ResponderEliminar
  54. Domingo, 22 de Abril de 2007 | 16:48

    Irão: Campanha contra mulheres que infringem o código de vestuário islâmico

    As autoridades iranianas lançaram uma nova campanha contra as mulheres que infringem o código de vestuário islâmico em vigor no país, informa hoje a imprensa local.

    Os jornais publicaram fotografias de mulheres polícias com longos «tchador» de cor negra a interpelarem raparigas em Teerão vestidas com roupas cintadas e de cores vivas.

    As jovens que infringem a «moda islâmica» são, num primeiro momento, advertidas e, a seguir, levadas para um centro correccional, se protestarem, de acordo com a agência Fars.

    A agência referiu que pelo menos 15 mulheres já foram levadas para esse centro.

    Só puderam sair após serem identificadas e assinarem um compromisso por escrito de que mudariam de comportamento e de se vestirem com roupas convencionais levadas por familiares.

    As autoridades lançam ritualmente tal campanha com a chegada dos bons dias de calor, que desafiam número crescente de jovens citadinas a descobrirem parte dos cabelos e a vincarem as suas formas com roupas justas.

    O código de vestuário islâmico iraniano exige ao sexo feminino não descobrir senão o rosto e as mãos.

    É observado por um grande número de mulheres que usam o «tchador», um longo véu preto que cobre o corpo da cabeça aos pés.

    As autoridades parecem insistir mais no carácter dissuasivo do que punitivo na sua nova campanha, nomeadamente na capital.

    Diário Digital / Lusa

    ResponderEliminar
  55. Sempapasnalíngua,

    Não discordo que o fundamentalismo islâmico seja um problema. Ou todos os outros. Ou da importância de os combater, de defender os direitos humanos, a igualdade e autonomia de cada pessoa, etc.

    Onde discordo é que seja tão óbvio que proibir a burqa sejam um passo na direcção certa. A burqa é realmente um sinal de submissão das mulheres, mas enquanto houver submissão o sinal pode ser qualquer coisa. Daí eu considerar a hipótese que combater o sinal não seja o mais eficaz.

    ResponderEliminar
  56. "L'islam, cette théologie absurde d'un bédouin immoral, est un cadavre putréfié qui empoisonne nos vies."

    [ Mustapha Kémal Atatürk / 1881-1938 ]

    ResponderEliminar
  57. NOTA 1: o exemplo que dei do Irão refere-se ao curto período histórico em que o próprio povo conduziu o seu destino (1978/79), quando o esforço “ocidentalizador” do xá colheu uma reacção alérgica da população. Neste momento claro que não me ocorreria dizer que as pessoas vivem conforme desejam.

    NOTA 2: o islão (na versão maluquinhos) é restritivo no que toca à indumentária de toda a gente. Nada de manga curta. A disciplina estéril da religião pesa sobre todas as pessoas em geral e é ingénuo sugerir que um regime estúpido é bom para os homens, apesar de serem as mulheres quem mais sofre.

    ResponderEliminar
  58. Le voile, bien avant l'Islam

    Cette archéologue turque a dû se défendre au tribunal. Sa thèse : à Sumer, des prétresses, chargées d'initier les hommes aux plaisirs de la chair, étaient déjà voilées

    Par Frédéric de Monicault


    «A 92 ans, Muazzez Ilmiye Cig croyait avoir tout connu.

    Erreur: cette archéologue turque à la retraite a comparu devant la justice de son pays pour « incitation à la haine religieuse ».

    Au coeur de l'affaire, les origines du voile.

    Selon l'accusée, spécialiste de l'histoire sumérienne, le port du voile remonterait à plus de 5 000 ans, bien avant l'avènement de l'Islam.

    Fait aggravant aux yeux des magistrats d'Istanbul : dans son ouvrage "Mes réactions de citoyenne", Muazzez Ilmiye Cig, finalement acquittée, explique que le voile était à l'époque porté par des prêtresses chargées d'initier de jeunes hommes à la sexualité.

    Sa théorie, nouvelle, rejoint toutefois celle de nombreux historiens qui soulignent que les origines du voile (le « hijab » du Coran) sont très antérieures au culte musulman.

    Ainsi existe-t-il quelques références, plus ou moins explicites, dans la Bible . « Est-il convenable qu'une femme prie Dieu sans être voilée », interroge notamment Paul dans une épître aux Corinthiens. Selon plusieurs exégètes, il s'agit là du premier texte d'une religion monothéiste établissant un lien entre le voile des femmes et leur rapport à Dieu.

    L'historien français des religions Odon Vallet explore d'autres horizons : s'appuyant directement sur des tablettes de lois assyriennes, il montre que le roi Téglath-Phalasar Ier (1116-1077 av. J.-C.) contraignait les femmes mariées à sortir la tête couverte, contrairement aux prostituées (menacées, elles, de cinquante coups de bâton).

    Toujours dans l'Antiquité, Homère apporte une précision littéraire. Dans l'Illiade, son récit de la célèbre guerre de Troie comporte la mention suivante : « La bataille a pris fin [...]. Alexandre (Pâris) et Ménélas cher à Arès vont ensemble, pour t'avoir, combattre de leurs longues piques et l'on t'appellera la femme de celui qui aura vaincu. Ainsi dit la déesse et elle met au coeur d'Hélène le doux désir de son premier époux, de sa ville, de ses parents. Vite, elle se couvre d'un long voile blanc et elle sort de sa chambre en versant de tendres larmes. » (chant III, vers 130-141).

    Dans le Coran, les versets 30-31 de la sourate 24 sont parmi les plus explicites : « Dis aux croyants de baisser leurs regards, d'être chastes, ce sera plus pur pour eux [...]. Dis aux croyantes [...] de rabattre leurs voiles sur leur poitrine, de ne montrer leurs atours qu'à leurs époux ou à leurs pères [...] »

    Les origines du voile sont sources de polémiques. Au moins autant que les débats qui, en France, ont entouré le port du foulard, dit islamique, il y a peu.

    La loi du 15 mars 2004 fait cependant référence : elle interdit le port de tout signe religieux « ostensible » dans les écoles, collèges et lycées. Ce qui n'exclut pas les polémiques à intervalles réguliers.»


    © Historia mensuel - 01/01/2007 - N° 721

    ResponderEliminar
  59. O texto anterior não foi disponibilizado por um "anónimo", mas por mim.

    ResponderEliminar
  60. Off topic ?

    MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA: ponto de vista do director da revista/editora islâmica portuguesa "Al Furqán"

    Esclarecimento islâmico sobre a circuncisão das raparigas, por Mahomed Yiossuf Mohamed Adamgy *

    03.09.2002


    «Publicou o jornal "Público" de 10 de Agosto de 2002 um artigo intitulado "Do direito à diferença à estratégia da indiferença", da autoria de Helena Matos, onde a dado passo se fala da prática de excisão feminina ligada ao Islão.

    Na qualidade de organização vocacionada para a divulgação do Islão em Portugal há mais de 20 anos, a revista "Al Furqán" entende ser seu dever esclarecer a respeito da circuncisão das raparigas (Khafd), do ponto de vista islâmico.

    Se a circuncisão das mulheres é para ser feita, isso envolve cortar apenas a porção externa do clítoris e não cortar todo o clítoris. A "circuncisão feminina" do tipo praticado por alguns povos na Somália, Egipto e em alguns outros países africanos é uma mutilação proibida no Islão.

    Um Hadice (dito do Profeta) relatado por Umm'Atiyyah diz: "Uma mulher costumava praticar a circuncisão em Medina. O Profeta (s.a.w.) disse-lhe: "Quando tu circuncidares, não cortes severamente, visto que é melhor para uma mulher e mais desejável para um marido" (relatado por Abu Dawud e al-Bayhaq).

    Explicando este Hadice, os Ulama' (eruditos islâmicos) dizem que chama a atenção para o facto de, que se a mulher é circuncidada, isso a tornará mais sensível durante as relações sexuais e que lhes é dito para não cortar o clítoris porque isto resultaria em problemas sexuais. É apenas removido o prepúcio (bazr) do clítoris, não o próprio clítoris, como alguns, por ignorância, afirmam.

    Muitos Ulama' dizem que este Hadice não transmite que isso seja uma obrigação, visto que transmite apenas um pedido.

    O Hadice em causa pode estar a referir-se a um costume social pré-islâmico em que as mulheres costumavam ser circuncidadas.

    Além disso, este Hadice é considerado Da'if (um Hadice fraco).

    O próprio Abu Dawud comentou: "Não é uma forte tradição. Tem sido transmitida na forma Mursal (um elo perdido dos Sahabah)".

    "Allah não deseja impor-vos dificuldade alguma; mas (apenas deseja) purificar-vos e completar o Seu favor sobre vós, para Lhe serdes agradecidos" (Alcorão, 5:6).

    Termino este rápido esclarecimento, solicitando que do mesmo seja dado conhecimento aos leitores que, desta forma, ficarão em melhores condições para tirar as conclusões que se impuserem às suas consciências.

    Os muçulmanos de Portugal agradecem e esperam, democraticamente, ver publicado o seu ponto de vista, que se fundamenta em princípios históricos e doutrinais, que devem ser postos ao alcance de quem busca, sinceramente, a Verdade.



    *Mahomed Yiossuf Mohamed Adamgy é director da revista/editora islâmica portuguesa "Al Furqán".

    ResponderEliminar
  61. EVIDÊNCIA DA CRIAÇÃO INSTANTÂNEA E INTELIGENTE DA VIDA

    1) Sempre que sequências não arbitrárias de símbolos (v.g. letras, números, zeros e uns, traços e pontos) são reconhecidas, como numa linguagem, como representando ideias ou instruções passíveis de serem lidas e executadas, por pessoas ou maquinismos, para a realização de operações específicas orientadas para resultados determinados, estamos perante informação codificada;

    2) Toda a informação codificada (v.g. em papiros, livros, computadores, robôs, ATM’s, telemóveis) não se confunde com o suporte físico.

    3) Sem um código (como os criados pelos Srs. Morse ou Braille), simples letras, zeros e uns, traços e pontos, etc., não têm informação. Do mesmo modo, os fosfatos e os açúcares que quimicamente compõem o DNA não têm, em si mesmos, informação.

    4) Toda a informação codificada (v.g. em papiros, livros, computadores, robôs, ATM’s, telemóveis) tem sempre origem inteligente, não se conhecendo quaisquer excepções a esta regra.

    5) A vida depende da informação codificada no DNA (em sequências de nucleótidos ATGC), que existe em quantidade, qualidade, complexidade e densidade (1.88 x 10^21 bits/cm3) que transcende toda a capacidade tecnológica humana, e que, depois de precisa e sincronizadamente transcrita, traduzida, lida, executada e copiada conduz à produção, sobrevivência, adaptação e reprodução de múltiplos seres vivos altamente complexos, integrados e funcionais;

    6) Acresce que a informação codificada no DNA requer a existência simultânea de maquinismos de descodificação (v.g. ribossoma), sendo que as instruções para construir ribossomas se encontram codificadas no DNA. Além disso, a descodificação requer energia a partir de ATP (adenosina trifosfato), construída por motores ATP-sintase, construídos a partir de instruções codificadas no DNA.

    7) Logo, a vida só pode ter tido uma origem inteligente e instantânea, não se conhecendo qualquer explicação naturalista para a sua origem;

    8) Assim sendo, o registo fóssil e a coluna geológica, com abundantes casos de deposição de sedimentos e sepultamento abruptos, não são evidência da origem casual e da evolução das espécies, mas sim da catástrofe global descrita no livro de Génesis (6-9), da qual abunda ampla evidência nos fósseis, nas rochas, nas montanhas, nos glaciares e nas diferentes concentrações de isótopos.

    9) Por sua vez, as mutações, a selecção natural e a especiação tendem a degradar e a reduzir os genomas, ao longo do tempo, e não a aumentar a sua quantidade e qualidade, corroborando assim a corrupção de toda a natureza criada, por causa do pecado humano, tal como mencionada em Génesis 3.

    10) Muitos dos grandes cientistas (v.g. Francis Crick, Paul Davies), quando confrontados com as quantidades enciclopédicas de informação codificada, extremamente complexa e integrada, constante no DNA, para a qual as leis da física e da química não constituem explicação suficiente, chegam a especular sobre se a mesma não terá tido origem extra-terrestre. Recentemente o próprio Richard Dawkins se mostrou receptivo a essa hipótese.

    11) Na verdade, a Bíblia revela a origem de toda essa informação codificada no genoma. A mesma foi criada por um Deus que se chama LOGOS (Razão/Palavra). Dificilmente poderia ser encontrada uma explicação mas lógica, racional e adequada.

    ResponderEliminar
  62. Aqui está uma corajosa declaração de uma mulher na televisão Al Jazeera

    O VIDEO É FALADO EM "ÁRABE", MAS O TEXTO TEM LEGENDAS EM INGLÊS.

    A mulher é Wafa Sultan, uma psicóloga árabe-americana de Los Angeles.

    É surpreendente que esta estação de TV do Dubai (com patrocínio árabe) transmitisse esta entrevista.

    Penso que ela tenha a «cabeça a prémio» ...

    Wafa Sultan é uma mulher esclarecida e de convictos valores humanistas.

    ResponderEliminar

Se quiser filtrar algum ou alguns comentadores consulte este post.