Indecisão 2009: a semi-final.
Já estraguei o suspense com o post anterior, mas como a decisão só será final no dia 7, aqui fica o que reuni acerca dos seis finalistas para o período de reflexão.
Pergunta | BE | CDU | MMS | MPT | PCTP | PH |
---|---|---|---|---|---|---|
Os programas sociais deviam ser mantidos mesmo que isso implique o aumento dos impostos | 2 | 2 | -2 | 2 | 2 | 2 |
Devia haver um esforço maior para privatizar os serviços de saúde em Portugal | -2 | -2 | 0 | -1 | -2 | -2 |
Os subsídios estatais para infantários e cuidados à infância deviam ser substancialmente aumentados | 2 | 2 | 1 | 1 | - | 2 |
As políticas de imigração orientadas para trabalhadores qualificados deviam ser encorajadas como meio de promover o crescimento económico | -2 | -2 | 2 | 0 | - | - |
A imigração para Portugal devia tornar-se mais restritiva | -2 | -2 | 1 | 0 | - | -2 |
Devia exigir-se que os imigrantes de fora da Europa aceitem a nossa cultura e valores | -2 | -1 | - | - | - | -2 |
Pergunta | BE | CDU | MMS | MPT | PCTP | PH |
---|---|---|---|---|---|---|
A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma coisa boa | 2 | 2 | 1 | - | - | 2 |
Os princípios e valores religiosos deviam ser mais respeitados pela política | -2 | -2 | - | - | -2 | - |
A descriminalização do uso pessoal de drogas leves é bem-vinda | 2 | 2 | -2 | -2 | - | - |
A eutanásia devia ser legalizada | 2 | 0 | 1 | -2 | - | - |
A despesa pública devia ser reduzida para permitir a descida dos impostos | -2 | -2 | 2 | -1 | -2 | - |
A UE devia passar a ter o poder de aumentar os impostos | - | -2 | 1 | -1 | -2 | - |
Pergunta | BE | CDU | MMS | MPT | PCTP | PH |
---|---|---|---|---|---|---|
Os governos deviam ajudar os bancos em falência com dinheiros públicos | -1 | -1 | - | - | - | -1 |
Os governos deviam reduzir os regulamentos de protecção dos trabalhadores para combater o desemprego | -2 | -2 | 2 | - | -2 | -2 |
A UE devia reduzir drasticamente os subsídios aos agricultores europeus | -1 | -1 | 2 | -2 | - | - |
As fontes de energia renováveis (tais como a energia solar ou eólica) deviam ser apoiadas mesmo que isso implique maiores custos | 2 | 2 | 2 | 2 | - | 1 |
A utilização de transportes públicos devia ser promovida através dos chamados impostos verdes (como, por exemplo, o imposto de circulação) | 1 | 1 | - | 1 | 1 | 2 |
As políticas de combate ao aquecimento global deviam ser encorajadas mesmo que isso tenha custos no crescimento económico ou no desemprego | 2 | 1 | - | 1 | - | 2 |
Pergunta | BE | CDU | MMS | MPT | PCTP | PH |
---|---|---|---|---|---|---|
Na luta contra o terrorismo deviam ser aceites restrições às liberdades civis | -2 | -2 | 1 | - | - | - |
Os criminosos deviam ser punidos mais severamente | -2 | 0 | 2 | - | - | -2 |
Em assuntos de política externa, como por exemplo nas relações com a Rússia, a UE devia falar a uma só voz | - | -2 | - | -1 | -2 | - |
A UE devia reforçar a sua política de segurança e defesa | -2 | -2 | 2 | -1 | -2 | 1 |
A integração europeia é uma coisa boa | 0 | -1 | - | - | -2 | 2 |
Portugal está muito melhor dentro da União Europeia do que fora dela | 0 | -1 | 2 | - | -2 | 2 |
Pergunta | BE | CDU | MMS | MPT | PCTP | PH |
---|---|---|---|---|---|---|
A União Europeia devia ser alargada à Turquia | 0 | - | - | - | - | 1 |
Deviam ser dados mais poderes ao Parlamento Europeu | 1 | -2 | - | -1 | -2 | - |
Cada estado-membro da UE devia ter menos poder de veto | - | -2 | - | - | -2 | - |
Qualquer novo Tratado Europeu devia ser sujeito a aprovação através de referendo em Portugal | 2 | 2 | - | 2 | 2 | 2 |
A regionalização devia ser implementada em Portugal | 2 | 2 | 2 | 2 | -2 | 2 |
Nos próximos anos, o governo português devia investir em grandes infra-estruturas, como o TGV e o novo aeroporto de Lisboa | 1 | 2 | -1 | 0 | 2 | - |
Pela tabela, o MMS não me agrada muito, a favor de penas mais pesadas, contra a legalização das drogas leves e pela redução de programas sociais. No documento “Soluções para Portugal”(1) apelam demasiado ao nacionalismo, propõem unificar a segurança com a defesa e investir mais na defesa. Têm algumas boas intenções mas o plano de implementação parece deficitário. Por exemplo, querem acabar com as listas de espera no sistema de saúde fazendo os serviços «obrigatoriamente programados» para suprir todas as necessidades da população.
O MPT tem um programa de 63 páginas com uma linguagem soporífera que só recomendo a quem sofrer de insónias (2). De salientar as recomendações (infelizmente, só na página 51... <bocejo>) para regulamentar as medicinas alternativas: «Reconhecer as instituições nacionais e estrangeiras com idoneidade para ministrar formação no âmbito das medicinas não-convencionais, bem como os títulos necessários ao exercício profissional». Pois.
A CDU é um fóssil e, das “seis razões” para votar neles, não aproveito nenhuma. A maioria nem percebo. «O voto que afirma Portugal como um país aberto à Europa e ao Mundo assente em relações diversificadas de cooperação entre os povos e pela paz.»(3) Isso, na prática, é fazer o quê?
O PCTP-MRPP é um clone impronunciável da CDU, mas com um blog em vez de um site. O manifesto parece um post de protesto (4) e não encontrei lá nada que me atraísse.
Na tabela, o Partido Humanista está alinhado comigo na maior parte das coisas. No entanto, a ênfase no pacifismo é ingénua e, se levada a sério, potencialmente perigosa. Parece-me que quem conhecer a história do século XX admitirá que o pacifismo é um fim louvável mas um meio pouco prático. E a guerra não me preocupa muito neste momento.
O BE parece-me o melhor. Não é perfeito. Sou bastante mais pró-Europa e preocupa-me o fundamento marxista do partido. Mas já sabia que não ia encontrar um partido alinhado com as minhas ideias acerca da economia (e, se calhar, ainda bem...). E também têm no programa a intenção de iniciar «um debate em torno das medicinas ditas tradicionais ou alternativas, tantas vezes omitidas e ocultadas, e abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade»(5), que também não me agrada. Mas se for para distinguir objectivamente o que funcionam e o que é mera superstição, acho bem. E, em geral, o BE parece-me apto, a activo, para lidar com os problemas que considero mais urgentes.
Não é só porque o Francisco Louçã me respondeu, ou pelo que me esclareceu, ou pela forma amável e informal como o fez. Admito que me impressionou e que isto pesou na minha decisão, mas o BE já tinha marcado pontos antes disso. Em Abril a Ana Drago contestou a certificação das tretas Índigo pelo Ministério da Educação (6). O BE foi o partido que mais se manifestou contra as patentes de software e a favor do software livre. No seu programa eleitoral abordam explicitamente problemas da sociedade de informação, como o acesso à cultura e o uso de DRM limitar aos consumidores o exercício dos seus direitos. E têm o programa eleitoral aberto a discussão pública no site (5).
Apesar da concordância estar enfraquecida por algumas divergências importantes, pelo menos sinto que o BE está no mesmo século que eu e que nos preocupam problemas semelhantes. Mas até dia 7 estou aberto a sugestões.
1- MMS, Soluções para Portugal, em pdf.
2- MPT, Programa (pdf)
3- CDU, Seis razões para votar CDU
4- PCTP-MRPP, Manifesto Eleitoral
5- http://igualdade.bloco.org/
6- Esquerda.net, Ana Drago contesta certificação do Ministério da Educação ao embuste das "crianças Indigo"
"um debate em torno das medicinas ditas tradicionais ou alternativas, tantas vezes omitidas e ocultadas, e abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade"
ResponderEliminarQuerem implementar a feitiçaria. Tens consciencia da magnitude do pontapé que isso da na ciencia, certo? (relativismo na pior das suas formas)
João,
ResponderEliminarSim, se simplesmente aprovarem as "alternativas" como medicinas, é um problema.
Mas este "debate" também pode servir para, ao trazer as alternativas ao mesmo nível da medicina, impôr-lhes os mesmos critérios de eficácia e segurança.
Essa era uma boa solução. Sim senhor, é tudo medicina. Então vamos lá ver se funciona e é seguro. Mostrem lá os resultados dos ensaios clínicos :)
Ludwig:
ResponderEliminarMas os estudos de eficacia são já demasiado expressivos para que se aceite a sua legitimação. subretudo com a falta de plausibilidade à priori.
Por outro lado, ao abrires as portas ao relativismo não tens maneira de fazer estudos com critérios de eficácia e segurança.
Porque os resultados tem de ser de acordo com a filosofia de cada um.
Escrevi um post hoje de manha que vou por on-line agora que vem mesmo a calhar. Convido-te a ler.
Adiante, ha demasiado dinheiro envolvido (queres pagar a esses practicantes com os teus impostos atarvés da comparticipação?) e a saude de demasiadas pessoas em jogo nem que seja por maus diagnosticos e atrasos de tratamento.
E as pessoas? Acreditam que se é legal é porque não faz mal. ja chega a OMS e outras organisações do genero ficarem quietas. Sem informação e sem lei a regular acho que não pode correr bem.
"abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade"
ResponderEliminarVim ver se tinha resposta. Acho que é nesta parte citada que as nossas interpretações variam um pouco. brrr! Isso causa-me subluxações, perda de energia inteligente, perturbaçao no chi e nos miasmas, e... oleo quente no olho.
Ludwig:
ResponderEliminarOutra vantagem do voto no BE é que o lugar que eles têm em disputa é o terceiro, o do Rui Tavares, que é alguém com ideias interessantes, e mais moderado que a esmagadora maioria dos militantes do partido (ele é independente).
O BE também tem propostas relativas à reforma das instituições europeias que passam pelo fortalecimento do Parlamento Europeu face ao peso do Conselho, o que também me parece bastante positivo.
Curiosamente ainda não estou 100% convencido quanto ao voto no bloco, e curiosamente a outra possibilidade também parece ter sido aquela a que deste mais crédito em segundo lugar - o Partido Humanista (que infelizmente também tem a mesma posição do BE face às "medicinas alternativas").
A terceira possibilidade seria o PS, mas as minhas reflexões tornaram essa hipótese fora de questão para dia 7. O voto em branco também não acontecerá. (Todas as outras opções estavam aquém destas)
Por mim será BE ou PH.
Por outro lado, também conheço pessoalmente a cabeça de lista do PH, e tanto quanto sei é também uma pessoa capaz e honesta.
ResponderEliminarNo entanto, visto que é quase impossível ser eleita, creio que um voto no PH deve ter unicamente em conta as propostas do partido, e não as qualidades dos membros da lista que apresenta.
Isso é menos verdade para os partidos que realmente elegem deputados.
Poderá valer a pena ler.
ResponderEliminarO voto no BE ou na CDU é a mesma coisa, visto eles estarem integrados no mesmo partido no PE. É "apenas" a diferença entre escolher o Miguel Portas ou a Ilda Figueiredo.
ResponderEliminarA análise que seria pertinente fazer é a análise dos grandes partidos do PE e onde se enquadram cada uma das forças nacionais que se apresentam a votos. O tipo de análise que foi feita está mais adequado a eleições legislativas. Isto não passa da minha opinião. Outra opinião que tenho é que gosto muito deste blog. Parabéns!
Cpmts
Nuno:
ResponderEliminarÉ falso que seja a mesma coisa.
Embora os grandes partidos Europeus sejam uma estrutura muito relevante, a verdade é que os partidos várias vezes votam sem ser em bloco.
Isto é tanto verdade que existe até um bloco dos "individuais" que junta nazis e trotskistas que têm em comum a vontade de não pertencer a nunhum bloco sem deixar de beneficiar das vantagens borucráticas/financeiras que o PE concede aos blocos.
Assim, importa saber em que partido europeu se inscrevem, mas não apenas isso.
Por outro lado, mesmo que os países euriopeus votassem sempre em bloco com essa estrutura em que se increvem - o que não é o caso - ainda assim seria relevante votar BE ou CDU, pois há significados políticos relevantes que são tirados dos resultados.
Em particular, se o PCP tivesse um custo eleitoral relevante em todas as eleições por continuar a defender que o estalinismo foi uma experiência positiva, e que a coreia do norte não é uma ditadura; (e de acordo com essa hipótese o voto no BE seria a qualquer outro nível inconsequente) certamente isso seria um incentivo para, a meu ver, evoluir.
Por mim, tendo em conta os meus valores e aquilo que acredito, quero passar eleitoralmente essa mensagem, e será difícil apanharam-me a dar um voto à CDU.
Nuno,
ResponderEliminarAlém de votarmos nos partidos estamos a votar em pessoas. Essas pessoas não vão apenas votar. Vão integrar comissões que elaboram recomendações e discutem problemas. Vão argumentar nos debates, defender ideias, etc. Tudo isso é importante.
E não só membros dos partidos do PE podem normalmente votar por si e não em bloco, mesmo que votem em bloco essa votação é decidida pela maioria dentro do partido, e para isso importa também eleger as pessoas certas.
@João: O BE tem neste momento apenas um deputado. Como é que se pode afirmar que o que está em causa é a eleição do 3º se não existe sequer um seguro? A menos que te estejas a referir às sondagens, mas as mesmas são apenas projecções de intenções de voto e valem o que valem...
ResponderEliminar@Ludwig: embora sejam as pessoas a implementar programas políticos de partidos (e serão as mesmas que podem fazer ou não um bom trabalho), parece-me que o correcto é votar em programas. De qualquer das formas e como contributo para uma análise do trabalho pessoal de cada deputado, sugiro a consulta do seguinte link:
http://www.parlorama.eu/en/european-deputies-portugal/0-0-0/1/, onde é feito uma análise do trabalho de cada deputado com base em dados como presenças, número de relatórios elaborados, perguntas escritas, etc..
«A menos que te estejas a referir às sondagens, mas as mesmas são apenas projecções de intenções de voto e valem o que valem... »
ResponderEliminarO que é bastante, pois é raro falharem.
Eis uma conclusão que me surpreendeu! Este processo de indecisão eleitoral é como aquelas novelas em que se está mesmo a ver o fim mas nunca mais lá chegam.
ResponderEliminarMas pronto, cada um faz como quer e quando quer... sobretudo no blog do próprio.
Escusado será dizer que, como em muitas coisas, estamos em campos diametralmente opostos. O que é estranho é que haja pontos em que concordamos.
@Nelson: então o melhor mesmo é acabarmos com essa chatice das eleições que implica deslocar à urna, ter o pessoal das mesas a acordar às 6 da manhã e tal e ficarmo-nos pelas sondagens...
ResponderEliminarJá agora, as sondagens que "é raro falharem" davam em 2006 a 15 de Janeiro por exemplo os seguintes resultados:
Cavaco Silva 56.6%
Manuel Alegre 16.0%
Mário Soares 11.7%
Francisco Louçã 9.3%
Jerónimo de Sousa 6.0%
Garcia Pereira 0.4%
Os resultados foram:
CAVACO SILVA 50,59%
MANUEL ALEGRE 20,72%
MÁRIO SOARES 14,34%
JERÓNIMO SOUSA 8,59%
FRANCISCO LOUÇÃ 5,31%
GARCIA PEREIRA 0,44%
Já para as legislativas de 2005, a IPOM dizia que:
PS 46%
PSD 30%
CDS-PP 8%
CDU 6%
BE 7%
Os resultados efectivos foram:
PS 46%
PSD 29%
CDU 8%
CDS-PP 7%
BE 6%
Isto já para não falar das autárquicas onde se dá por certo a vitória de uma força politica e depois ganha outra.
Até ao lavar dos cestos é vindima e o que conta são os votos nas urnas e não as sondagens que são meras indicações genéricas de uma tendencia de voto.. Dizer que "o que está em causa é a eleiçao do 3 deputado" é no minimo manipulador da realidade..
Correcção: O comentário anterior era para o que disse o João Vasco
ResponderEliminar«então o melhor mesmo é acabarmos com essa chatice das eleições que implica deslocar à urna, ter o pessoal das mesas a acordar às 6 da manhã e tal e ficarmo-nos pelas sondagens...»
ResponderEliminarAs sondagens "valem o que valem" que é bastante.
Não é tanto como as eleições, de acordo. Mas como não sou anti-democrata não me parece que qualquer coisa que valha menos que as elições não tem valor.
«Já para as legislativas de 2005, a IPOM dizia que:
PS 46%
PSD 30%
CDS-PP 8%
CDU 6%
BE 7%
Os resultados efectivos foram:
PS 46%
PSD 29%
CDU 8%
CDS-PP 7%
BE 6%»
Que diferença gritante.
Quem confiasse que as sondagens permitem uma boa estimativa estaria redondamente enganado!
Curiosamente já fiz um conjunto de apostas com amigos meus a respeito do resultado das eleições (em percentagens).
Aqueles que se interessavam mais por política (o meu caso) tentavam "corrigir" as sondagens de acordo com aquilo que pensavam serem as tendências futuras, ou os erros sistemáticos de que poderiam enfermar. Os que percebiam menos limitavam-se a apostar num resultado com o mínimo de desvios face ao previsto pelas sondagens. O vencedor foi sempre aquele aquele que não fez desvio algum. Isto aconteceu umas 4 vezes até desistirmos destas apostas.
Já agora, relativamente às medicinas ditas alternativas, ver o que se passou na França onde a homeopatia (que mais não passa do que vender placebos como medicamentos) chegou a ser comparticipada pelo estado (não sei se ainda o será)..
ResponderEliminarCreio que nenhum dos comentadores neste espaço defendeu as ditas medicinas. Que o estado as comparticipe é tão disparatado e absurdo como pagar a sacerdotes católicos a assistência "espiritual" nos hospitais.
ResponderEliminarNCD,
ResponderEliminarA mim também me surpreendeu. O mais à esquerda que votei na minha vida foi no PS.
Mas experimenta pôr de lado os preconceitos ideológicos e olhar para os programas e escolhas dos candidatos. Talvez te surpreendas também :)
@João Vasco: não poderia estar mais de acordo. Aliás, a bem da verdade choca-me ainda mais que o estado comparticipe em coisas como a homeopatia que na "ajuda espiritual". Sou ateu e não me parece que o estado deva subsidiar a religião, mas ao menos ninguém vai morrer por causa disso.. já alguém andar a tomar placebos em vez de medicamentos poderá contribuir para a sua morte..
ResponderEliminar@João Vasco: quanto às sondagens. Nos pequenos partidos é uma diferença significativa. Veja-se no caso das presidenciais que colocavam o Louçã à frente do Jerónimo de Sousa por uma diferença de 2% quando o resultado foi exactamente o oposto. Ou o das legislativas que colocavam a CDU como ultima força politica.
ResponderEliminarDir-me-à o João que porventura são minudencias, pequenos pormenores, mas a verdade é que 2 pontos percentuais podem fazer grandes diferenças (não foi uma nem duas vezes que um deputado não foi eleito por 100 ou 200 votos). Além do mais, estas eleições deverão (infelizmente) ter valores record de abstenção devido à data em que vão ser realizadas e não me admirava nada que existissem algumas surpresas. Mas sobre isso poderemos falar a partir das 21:00 de dia 7.
«Dir-me-à o João que porventura são minudencias, pequenos pormenores, mas a verdade é que 2 pontos percentuais podem fazer grandes diferenças (não foi uma nem duas vezes que um deputado não foi eleito por 100 ou 200 votos). »
ResponderEliminarPor acaso só conheço um caso de 200 votos, e foi para o parlamento nacional. Para o PE isso aconteceu 0 vezes, se não estou em erro.
Mas eu nem sequer sei em que medida é que isso obsta ao que eu escrevi. Eu disse que o deputado que provavelmente está em jogo é um indivíduo bastante capaz e moderado; e tu estás refutar-me alegando que não há certezas. Pois não há, por isso é que ele está em jogo; que foi aquilo que comecei por afirmar.
@João: O BE tem 1 deputado. Quanto muito está em jogo a eleição do segundo não do terceiro. É que as sondagens como diria a Dra. Rute Remédios, as sondagens são como as vaginas...
ResponderEliminarCaro Gonçalo,
ResponderEliminarUma coisa é estar em causa o 2º ou o 3º deputado.
Outra coisa é o valor das sondagens.
Tanto quanto percebo, tanto o Gonçalo como o João Vasco se apoiam no valor das sondagens para ver que lugar está em causa...
Então só porque alguém discorda de si, desconsidera o valor das sondagens? Esse argumento também vale contra si, nesse caso...
Ludwig:
ResponderEliminarPorque razão consideras as medicnas alternativas uma treta menor que o copyright?
Foi a ideia com que fiquei pelas razões da escolha.
Achas mesmo que as medicinas alternativas são o menor dos dois males para a sociedade? Eu discordo. É um pontapé na saude, na economia e na ciencia.
@Francisco: mas eu não me estou a apoiar nos resultados das sondagens. Estou sim a referir-me aos resultados eleitorais de 2004 no qual o BE obteve 5,12% (e no qual o BE elegeu 1 deputado) e nos resultados das legislativas de 2005 no qual o BE obteve 6%.
ResponderEliminarNão me pareceria despropositado que o João indicasse que estava em causa a eleição do segundo deputado e optimisticamente de um terceiro deputado. Agora parece-me no mínimo uma distorção da realidade dizer que está em jogo a eleição de um terceiro deputado dando como garantido a eleição do primeiro..
Um exagero tão grande como o que alguns jornalistas fazem quando dizem que "se as eleições fossem hoje o partido X ganharia"... como disse, por este andar o melhor mesmo é deixarmos-nos dessas chatices das eleições e ficarmo-nos pelas sondagens.
Já agora, a título de curiosidade as sondagens de hoje tanto dão a vitória ao PS como ao PSD tanto colocam a CDU em terceiro como colocam o BE em terceiro, e por ai adiante...
João,
ResponderEliminarAs medicinas alternativas são um mal que devemos combater pelo esclarecimento e não pela legislação. São como a astrologia, o criacionismo, o catolicismo, a macumba e afins. Não é coisa que se proiba, mas que se explique e esclareça.
O copyright é um problema legislativo. E é para resolver esses que elegemos deputados.
Ludwig:
ResponderEliminarEu também acho que o esclarecimento é mais importante, mas o acto médico tem de ser regulado.
Se não cada um faz como quer e autodenomina à sua criação medicina.
E depois temos os engenheiros alternativos, os advogados alternativos, etc.
Ludwig, tem de ser legislado quem tem aptidao para fazer o que. Pelo menos se as leis do universo forem coenrentes. E as do pais.
Acho que nao vamos chegar a acordo, mas se pensassemos todos da mesma maneira isto tinha menos piada.
Por isso atenta bem na frase:
"abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade"
Estás a ver? ja viste esse espaço como vai ficar?
Se és contra legislar contra, porque achas toleravel legislar a favor?
@Ludwig: Já agora sobre a afirmação de que o "BE foi o partido que mais se manifestou contra as patentes de software e a favor do software livre" parece-me ser manifestamente incorrecta quando o PCP não só apresentou projectos de lei e de resolução da AR sobre a utilização de software livre (tanto a nível nacional como no próprio parlamento) bem como na Câmara de Lisboa e no próprio Parlamento Europeu.
ResponderEliminarO PCP também tomou posição (e por diversas vezes) contra as patentes de software tanto na AR como no PE. A título de curiosidade procurei uma tomada de posição pública do Miguel Portas (cabeça de lista do BE e actual eurodeputado pelo mesmo partido) e não encontrei nada.
Posso também adiantar que o PCP tem vindo ao longo dos anos a divulgar o software livre, entre outros locais, na Festa do Avante onde não só tem efectuado debates e workshops como inclusivé criou uma distribuição própria (o Komunix).
Tendo isto em conta, parece-me que a afirmação do Ludwig deveria ser no mínimo "O PCP e o BE BE foram os partidos que mais se manifestaram contra as patentes de software e a favor do software livre"...
Alguns links:
Software livre - Intervenção de Bruno Dias na AR
Software livre e patentes de software - Intervenção de Bruno Dias
«Patentes de software» - Ilda Figueiredo no «Semanário»
Projecto de Resolução n.º 255/IX - Recomenda ao Governo a tomada de medidas com vista ao desenvolvimento do Software Livre em Portugal
Festa do Avante! - Espaço das Tecnologias de Informação e Comunicação
PS: e para que conste, sim sou militante do PCP. No entanto tal não torna menos verdade o que disse anteriormente sobre a actividade do PCP nesta questão
Gonçalo,
ResponderEliminarComo é que consegues ser militante de um partido que defende como virtuosa a ditadura de Cuba, ou se coloca ao lado da China? Não sei como se consegue defender um regime que onde colocou a mão deixou em frangalhos a economia? Se eu pretendo implementar algo, e se esse algo falhou num dos planos basilar que sustenta a qualidade de vida, porque é que insisto no erro? Por fé, fesada?
"São como a astrologia, o criacionismo, o catolicismo, a macumba e afins. Não é coisa que se proiba, mas que se explique e esclareça."
ResponderEliminar... tal como o ateísmo fundamentalista, não se esqueça. Deve ser divulgado, explicado e esclarecido, para que não corramos o risco de ouvir um discurso de Barak Obama no Cairo sem sentir uma forte emoção.
"Como é que consegues ser militante de um partido que defende como virtuosa a ditadura de Cuba, ou se coloca ao lado da China? Não sei como se consegue defender um regime que onde colocou a mão deixou em frangalhos a economia?"
ResponderEliminarE o Bloco ataca Cuba e a China? Meta lá a economia na mão dos bloquistas, para ver o que é deixar a economia em frangalhos. Falam do Bloco como se não tivesse uma matriz de extrema esquerda, incrível.
Pedro Silva
Gonçalo,
ResponderEliminar«Já agora sobre a afirmação de que o "BE foi o partido que mais se manifestou contra as patentes de software e a favor do software livre" parece-me ser manifestamente incorrecta»
É possível. Foi o que me pareceu pela informação que recolhi, mas não fiz uma comparação exaustiva. No programa eleitoral do PCP também mencionam as TI e alguns destes problemas.
No entanto, este não foi o único critéri que segui. Reconheço que a avaliação que faço é subjectiva, mas isso é uma necessidade com qualquer juízo de valor, e na distinção entre o PCP e o BE baseei-me também no que vi das campanhas. Em resumo, a ideia que me ficou é que o PCP é um partido antiquado demais para ajudar a resolver os problemas que me interessam.
Luís,
ResponderEliminar«Ludwig, tem de ser legislado quem tem aptidao para fazer o que. Pelo menos se as leis do universo forem coenrentes. E as do pais.»
Concordo. E neste momento está legislado quem pode ser médico, e não vejo grandes alterações a isso.
Por isso preocupa-me mais aquela legislação que pode levar alguém à prisão por 3 anos só porque partilhou informação que foi voluntariamente criada e tornada pública.
«Se és contra legislar contra, porque achas toleravel legislar a favor?»
Também sou contra legislação que confunda medicina e superstição.
Mas acho mais grave uma lei que proíba algo que considero legítimo, e puna quem o fizer, do que uma lei que permita que, quem quiser, faça um disparate.
Oops, desculpa João, chamei-te Luís no último comentário...
ResponderEliminarPedro Silva
ResponderEliminar«E o Bloco ataca Cuba e a China?»
Sim, fá-lo várias vezes sem deixar grandes margens para dúvidas ou hesitações.
«Meta lá a economia na mão dos bloquistas, para ver o que é deixar a economia em frangalhos.»
Como alguém próximo do centro (pela esquerda) naquilo que diz respeito às questões económicas não posso deixar de concordar.
Mas nem em Portugal nem na Europa existe a possibilidade do bloco ir para o poder, pelo que aquilo que um eleitor tem de considerar quando vota é nas consequências práticas efectivas do seu voto.
O BE estar fortalecido na Europa pode deslocar a política Europeia um pouco para a esquerda, e isso parece-me bom.
«Falam do Bloco como se não tivesse uma matriz de extrema esquerda, incrível.»
Não, ninguém questiona que tem, e os próprios militantes do BE não querem que ninguém se esqueça disso.
Mas é diferente ser de extrema esquerda e ter simpatias pelo totalitarismo.
Se alguém acredita que é possível implementar uma solução de extrema esquerda sem cair no totalitarismo; e é consequente criticando sem ambiguidades as experiências totalitárias de esquerda que foram surgindo, posso discordar mas trata-se de uma discussão interessante.
Por outro lado, se alguém acredita que a URSS estalinista, a Coreia do Norte ou Cuba não foram/são ditaduras; então parece-me que as divergências são mais inultrapassáveis. E tenho mais medo de fortalecer quem procura essas soluções. Esta é uma distinção importante entre o BE e o PCP.
(Por outro lado acho os políticos do PCP mais "autênticos"; menos demagógicos, menos "marketeers". Mas a questão que discuti parece-me, apesar de tudo, mais relevante)
"Oops, desculpa João, chamei-te Luís no último comentário..."
ResponderEliminarNo stress. Deve ser causado por uma pequena subluxação. :p
Tens de ir manipular a espinha.
ok, parece-me que a nossa divergencia é sobretudo na percepção do que o bloco quer fazer.
E sobre isso não vale a pena argumentar. Acho eu.
Mas ponho-te outra questão: Se achas a divulgação tão importante, e estou de acordissimo contigo, porque não poes ligações para os blogs dos que pensam parecido contigo? Estou a pensar no blog "crer para ver, do "banqueiro anarquista", no meu, e provavelmente haverá mais.
@Ludwig: Diria que é preciso então ter cuidado em apresentar como verdades absolutas apreciações meramente subjectivas, especialmente tendo em conta que se efectuar uma pesquisa rápida no google por "pcp software livre" e "pcp patentes software" irá encontrar pelo menos (se não mais) referencias do que se procurar por "BE patentes software" ou "BE software livre".
ResponderEliminarE não será também a apreciação do Ludwig sobre o PCP ser um partido antiquado também fruto de uma apreciação subjectiva?
É que assim de repente posso indicar que o PCP foi o primeiro partido a ter página na Internet, o primeiro a ter site WAP, o primeiro a ter uma rádio online , o primeiro partido a ter fóruns de discussão online sobre propostas e programas eleitorais. Diria que não é nada mau para um partido "antiquado".
E se estamos a falar sobre a questão das propostas serem antiquadas, será preciso relembrar que muitas das propostas do BE são bandeiro do PCP há muitos e largos anos? A questão da IVG, a luta contra o PEC, a defesa dos direitos dos trabalhadores, etc. Obviamente que não digo que deva ser apenas o PCP a defender estas questões ou que é o único que tem legitimidade para tal, mas quer-me parecer que se PCP e BE defendem ideiais similares, é no minimo incorrecto dizer que o PCP é um partido antiquando quando se indica que se pretende votar no BE. Quanto muito poder-se-ia dizer que o BE não se manifesta contra o federalismo europeista e o PCP defende um outro modelo de construção europeia.
Dito isto, claro que não considero que PCP e BE são partidos iguais, no entanto gostaria de perceber o que é que leva o Ludwig a afirmar que o PCP é um partido antiquado. A menos que estejamos a falar da imagem e do forma como o discurso do PCP é feito, em que concordo que se deveria por vezes ter um maior cuidado.. mas no que é crucial não me parece que exista essa questão de ser "antiquado" ao contrário do que o Ludwig diz.. Poderia o Ludwig esclarecer-me o que é que o leva a tal conclusão?
E mesmo a questão do formato e das frases serem ou não antiquadas também tem muito que se lhe diga. Devo confessar que não é sem um sorriso irónico que assisto aos membros do PS estarem a dizer hoje que a crise em que vivemos é provocada por "politicas de direita", quando ainda ontem os mesmos afirmavam que a utilização pelo PCP deste discurso era antiquando...
João,
ResponderEliminarA regulação das "medicinas" alternativas não é, por si, nem boa nem má. Depende de como as regulam.
Parece-me mau criar um corpo regulador oficial com alguns vendedores de banha de cobra para decidir qual a banha de cobra que se pode vender. Não especialmente grave, mas mau (não grave porque o problema principal, que é pessoas gastarem tempo, dinheiro e saude com a banha da cobra, é pouco afectado por isto).
Isto parece ser o que o MPT quer fazer: «Reconhecer as instituições nacionais...». O BE compromete-se menos. "iniciar debate", "abrir espaço", etc...
Seja como for, isto é muito menos grave que obrigar as pessoas a recorrer a estas terapias sob ameaça de prisão. Esse é o problema que vejo na forma como se está a gerir o copyright. Que também é treta, mas imposta por força da lei.
Gonçalo,
ResponderEliminar«Diria que é preciso então ter cuidado em apresentar como verdades absolutas apreciações meramente subjectivas»
Eu diria que o cuidado deve ser de quem lê blogs, de não assumir que só lá vai encontrar verdades absolutas. Principalmente na sequência de um parágrafo que começa «O BE parece-me o melhor» e acaba «o BE parece-me apto, a activo, para lidar com os problemas que considero mais urgentes.» Achas que é preciso acrescentar um disclaimer do estilo "atenção: eu não sou 100% infalível e nem tudo o que escrevo é verdade absoluta"?
«E não será também a apreciação do Ludwig sobre o PCP ser um partido antiquado também fruto de uma apreciação subjectiva?»
Claro. Mas que apreciação queres que eu faça? Uma apreciação puramente objectiva pode-me dar uma lista correcta e completa dos factos mas nenhum valor pelos quais possa decidir onde vou votar...
«quer-me parecer que se PCP e BE defendem ideiais similares, é no minimo incorrecto dizer que o PCP é um partido antiquando quando se indica que se pretende votar no BE.»
Se o PCP e o BE defendem ideias similares, qual é o problema de eu votar no BE em vez de no PCP?
Gonçalo,
ResponderEliminar«Dito isto, claro que não considero que PCP e BE são partidos iguais, no entanto gostaria de perceber o que é que leva o Ludwig a afirmar que o PCP é um partido antiquado. A menos que estejamos a falar da imagem e do forma como o discurso do PCP é feito, em que concordo que se deveria por vezes ter um maior cuidado.. »
Sim, é pela imagem e pela forma do discurso que me parece que o PCP é um partido antiquado. Mas por onde querias tu que eu avaliasse isto?
Ludwig:
ResponderEliminarUma coisa é a forma e outra o conteúdo. Aquilo que o Gonçalo está a "admitir" é que a forma de comunicar do PCP pode não ser a ideal, mas que os conteúdos não são mais antiquados que os do BE.
E eu até acho que ele tem razão, se bem que goste da forma mais "autentica" de comunicar do PCP do que da forma mais artificial e demagógica do BE.
O grande problema é que o PCP defende que o regime estalinista não foi um totalitarismo monstruoso - pelo contrário. Defende que o regime Cubano é quase exemplar, e que a Coreia do Norte não é uma ditadura; só para dar três exemplos de algibeira.
Isto não me parece antiquado, mas parece-me grave.
Neste sentido esses dois partidos são bem diferentes, e não é uma diferença de somenos.
@Ludwig: existe uma diferença entre dizer-se "O BE parece-me que" e dizer que "O BE é o partido que mais defende o software livre".
ResponderEliminar"Se o PCP e o BE defendem ideias similares, qual é o problema de eu votar no BE em vez de no PCP?"
Obviamente que eu acho que existe uma diferença entre votar BE e PCP senão não seria militante do PCP, não é?
De qualquer não disse que o Ludwig faria bem ou mal em votar no BE, nem apelei ao seu voto na CDU, pois não? Não me viu aqui a apelar ao seu voto (nem o de mais ninguém), correcto?
Apenas apontei incorrecções na sua análise. O Ludwig tirará dai as suas devidas conclusões e ilações.
"Sim, é pela imagem e pela forma do discurso que me parece que o PCP é um partido antiquado. Mas por onde querias tu que eu avaliasse isto?"
Pelo conteúdo do discurso e pela análise do trabalho realizado. Até porque (e já que estamos aqui numa comparação entre BE e PCP) ambos os partidos têem deputados no parlamento europeu e existem inclusivé estudos que comparam a quantidade de trabalho produzido (bem como a assiduidade dos eurodeputados) dos quais novamente se podem tirar ilações.
É que ainda por cima até estamos a falar dos mesmos cabeças de lista que em 2005 e a diferença de trabalho produzido é significativa.
Claro que poderia estar aqui a discutir que existem diferenças ideológicas significativas entre PCP e BE que me levam a ser militante do PCP e não do BE, mas não me parece que tenha sido por ai que o Ludwig tenha entrada pela sua análise (ao contrário de por exemplo o João Vasco, embora discorde das afirmações que o mesmo produziu).
O Ludwig chegou a ir consultar o site parlorama.eu que referi anteriormente? É que existem pormenores interessantes como o facto de a Ilda Figueiredo ter uma taxa de presença de 93% e o Miguel Portas ter uma taxa de presença de 73%.. ou que em termos de perguntas escritas a Ilda Figueiredo colocou 461 e o Miguel Portas 5...
Dito isto, obviamente que no meu entender é preferivel que o Ludwig vote no BE a votar no PS ou PSD.. ou no MMS (cujo presidente está envolvido em negociatas algo estranhas)
@João Vasco: Sobre a questão do regime estalinista, a mesma já é discussão velha dentro do movimento comunista, e mesmo dentro do campo mais especifico do marxismo-leninismo a critica já data da década de 50 do século XX onde se condenou o regime estalinista. Aliás a critica ao culto da personalidade e o autoritarismo faz parte inclusivé dos estatudos do PCP. Quer-me parecer no minimo simplista estar a dizer que o PCP defende o estalinismo.. lá que alguns camaradas meus tenham uma visão incorrecta (e o expressem publicamente) isso não o torna uma visão do partido, da mesma forma que a existência de adeptos do estalinismo no BE faz com que o BE seja um partido que defenda o estalinismo (e garanto-lhe que os há no BE).
ResponderEliminarRelativamente a Cuba, também me parece incorrecto que se afirme que o PCP considere é "quase exemplar". Quanto muito o PCP terá referido o "exemplo revolucionário", mas não me recordo nunca de ter ouvido o PCP defender o sistema cubano para Portugal. Podemos aqui entrar em discussões sobre sistemas (e até aceito que a eternização das pessoas no poder tem efeitos extremamente perniciosas) mas temo que seria uma discussão prolongada que iria fugir ao tema em discussão.
Já sobre a Coreia do Norte, concordo que o PCP deveria ter uma opnião mais clara em se demarcar do mesmo regime para que não existissem confusões.
Gonçalo:
ResponderEliminarCriticar o autoritarismo e o culto da personalidade em abstracto é tão "fácil" que creio que apenas o PNR não o faz, e mesmo em relação a esse tenho dúvidas.
Aquilo que é relevante é a crítica ao autoritarismo em concreto. Por exemplo, o regime cubano é avaliado como sendo autoritário e opressor? Saramago ficou desiludido com o PCP quando este partido defendeu o regime de Fidel na altura da execução de escritores e intelectuais críticos do regime, alegando "terrorismo". É fácil criticar o autoritarismo se vem da administração Bush, mas quando é o "amigo" Fidel existe essa coerência?
Gosto muito de ir à festa do Avante, vou sempre que posso. Na secção internacional vejo as barraquinhas dos diferentes partidos internacionais com os quais o PCP mantém boas relações. Não só convida a participação dos partidos em questão; como estes aceitam o convite. Isto mostra que se o PCP critica estas instituições, as críticas são bem discretas... E as instituições representadas incluem o MPLA de José Eduardo dos Santos (muitas vezes com uma fotografia gigantesca do sorriso simpático do homem); incluem o PC Chinês; existiu aquela polémica em relação às FARC, etc...
Percebe-se que o PCP, não apenas uma quantidade significativa de militantes, mas a própria instituição, convive bem com as ditaduras, desde que se auto-intitulem "comunistas".
E obviamente isso deve ser tomado em conta para aferir aquilo que querem dizer com "serem contra o autoritarismo". É um valor que parecem sacrificar de bom grado se for em nome de um regime comunista.
O Trotskismo que tantas estruturas dentro do bloco defendem (incluindo o PSR, o partido mais influente no Bloco, mas também a Rotura/FER) sempre é mais inflexível em relação às liberdades democráticas. Talvez por isso nunca tenha sido implementado...
Ludwig:
ResponderEliminar"A regulação das "medicinas" alternativas não é, por si, nem boa nem má. Depende de como as regulam."
sim, percebo o que queres dizer. Mas a frase usada por eles não me convence muito.
Gostava de q o assunto fosse avaliado no ambito da ciencia e apenas esse.
@João Vasco: A questão da critica ao autoritarismo e ao culto da personalidade tem que ser entendida na optica da critica ao marxismo que teve como ponto de incio o XX congresso do PCUS e o chamada "relatório secreto". Não é uma questão generalista e tem uma razão de ser que irradia dos próprios problemas internos do movimento comunista, mas compreendo que o João não tenha contacto com essa história não veja dessa maneira.
ResponderEliminarRelativamente aos partidos que o PCP convida para a festa do Avante, não significa que o mesmo defenda forçosamente os regimes, apenas que o PCP tem relações com esses partidos. Podemos por exemplo pegar no caso do Partitto della Rifondazione Comunista o qual é membro do Party of the European Left (o mesmo a que o BE pertence) e sobre o qual o PCP já tem criticado por diversas vezes. Não vou estar aqui a dizer que o sistema cubano é um bom sistema, no entanto penso que existe uma diferença significativa entre o sistema cubano e por exemplo as ditaduras que grassaram no resto da América Latina. Dito isto, pessoalmente preferia que se voltasse ao distanciamento existente anteriormetne relativamente ao PC Chinês. Quanto às FARC, as mesmas nunca estiveram na festa do Avante, tendo estado isso sim represantes de um jornal com ligações à mesma. De qualquer das formas a acusação de "organização terrorista" ou "narcotraficante" apodada às mesmas parece-me ser bastante simplista, e é interessante ver como muitos que efectuam tais acusações depois assobiem para o lado quando se fala das ligações estranhas de Álvaro Uribe Vélez, o actual presidente da Colombia.
Já sobre o BE, convém ter em conta que o mesmo também é composto pela UDP, organização com modelo a albânia e que acusava o PCP de ser revisionista pela sua critica ao estalinismo. E diria que esta (actualmente) associação politica tem tanto peso no seio do BE como o PSR, já que a ela pertence o Luis Fazenda bem como o Pedro Soares (actual coordenador autárquico do BE).
Gonçalo,
ResponderEliminar«Pelo conteúdo do discurso e pela análise do trabalho realizado.»
Como é que essa análise de contabilizar a assiduidade e número de perguntas escritas me pode dar uma ideia de qual partido é mais antiquado?
Seja como for, para mim a maior diferença entre o PCP e o BE (e que considero antiquado da parte do PCP) é que o PCP é contra uma maior integração da UE e o BE é neutro quanto a isso. Como, para mim, quanto mais cedo vierem os estados unidos da europa melhor, entre os dois prefiro o BE. Mas vejo isto também como parte dos discursos antiquados de Portugal isto, Portugal aquilo, etc.
Numa revisitação ao passado.. Se calhar ter uma visão contra uma maior integração não UE não era uma ideia assim tão parva, não é?
EliminarJoão,
ResponderEliminar«Gostava de q o assunto fosse avaliado no ambito da ciencia e apenas esse.»
Penso que não pode ser. É como o tabaco e o alcool. Cientificamente, podemos dizer com rigor e objectividade que fazem mal. Mas a questão de se as pessoas devem ou não ter acesso a isso se quiserem é mais abrangente que a ciência.
Ludwig, não quero fazer de troll no teu blog porque ja tens os suficientes. Não levo a mal se quiseres acabar a dicussão.
ResponderEliminarDeixa-me só dizer que aceito que parte do problema seja politico, porque em ultima analise, não à fuga à politica, tudo são decisões politicas.
Não há é necessidade de permitir que passe como factual uma coisa que não é, e que passe por medicina uma coisa que não é. Ja basta o nome.
É preciso, impedir que as pessoas possam vender livremente a Lua, e que se façam passar por ciencia.
Sabes que existe um refugio para quem quer vender a lua desde que não se queira passar por ciencia. Eles que a usem. Se as pessoas querem ir ao MAC, elas que vão, mas que seja claro que não é por uma questão de saude. Pelo menos organica.
"abrir espaço para a implementação e complementaridade" soa-me que vai nesse sentido.
@Ludwig: tens razão, foi um lapso da minha parte na resposta. Essa questão do trabalho realizado devia estar na parte das diferenças entre BE e PCP.
ResponderEliminarQuanto à questão da integração europeia se para ti é realmente importante que se continue no modelo actual de integração europeia, então de facto não fará sentido que deposites o teu voto no PCP.
De qualquer das formas sobre a questão do antiquado ou não, o que pretendia dizer era que importava ter em atenção o sumo do que se diz em vez apenas da forma do que se diz, para não cair no erro de dar mais relevância à forma que ao conteúdo.
E sobre coisas antiquadas ou não e sobre os estados unidos da europa, não resisto a deixar aqui o link para o texto Sobre a palavra de Ordem dos Estados Únidos da Europa. Tem apenas cerca de 100 anos.. :).. logo também se poderia dizer que a ideia de estados únidos da europa também é antiquada.. ;)
O João Vasco embirrou com as barraquinhas pérfidas do PCC e do MPLA em plena festa comunista, mas não sabe se vai votar no PS (foi isso que li há dias?), o mesmo PS que foi à China de calças na mão em busca desse grande deus económico que é o esclavagismo, ou que recebeu há meses o Eduardo dos Santos como se fosse o mais elogiável homem do mundo.
ResponderEliminarVejo muito mais promiscuidade num acto de governo como este do que na familiaridade natural entre os partidos comunistas de diversos países, que podem muito bem reunir-se num encontro como o da festa do Avante sem ser necessariamente aos abraços e aos beijinhos. Se esse encontro é apontado como corrupção partidária... o que dizer do “socialismo” modernaço? Não sou comunista mas por estas e por outras gabo-lhes a pachorra.
Verificação de palavras: MuNUeL pInHO
Bruce Lóse:
ResponderEliminarEu já sei que não vou votar PS nas próximas eleições europeias. Não sabia disso há umas semanas, mas agora já sei.
A única dúvida é entre BE e PH, mais a tender para o BE.
De qualquer das formas, acho que a amizade entre um partido de cá e o PCC tem uma leitura política muito diferente da amizade entre o governo português e o governo chinês.
No segundo caso é sempre possível alegar que se estão a previligiar os interesses nacionais face à afinidade ideológica, no primeiro não.
Não é que eu esteja de acordo que os interesses nacionais prevaleçam sempre no que diz respeito às opções do governo; mas realmente não se pode dizer que a afinidade ideológica entre PS e PCC exista. Já não é risível dizer que existe alguma afinidade ideológica entre PCP e PCC.
Por isso, o PCP pode declarar-se contra o autoritarismo no campo abstracto, ou até mesmo no campo bem concreto a alto e bom som - mas apenas quando quem o exerce preconiza políticas de direita...
João,
ResponderEliminarUm partido ganha as eleições porque apresenta aos eleitores uma base política que se propõe respeitar. Não percebo muito bem o que é isso do "interesse nacional" nascer debaixo das pedras à revelia de um programa eleitoral socialista. Quantas pessoas não se terão sentido defraudadas com a faustosa recepção a Eduardo dos Santos?
De resto não concordo com a vaga desculpabilização que a jogatana da política externa parece ter assegurado perante todas as enormidades e incoerências. O meu interesse nacional (permite-me :) é que os partidos respeitem de uma vez por todas o voto de confiança de quem os elege. Isto começa a ser muito mais importante do que as pequenas nuances dos nichos de mercado partidário.
(para isso proponho que nos deixem votar directamente nas pessoas que queremos eleger dentro deste e daquele partido)
Bruce Lose:
ResponderEliminarVejo que fui pouco claro.
Eu estou contra que um político vá contra a sua ideologia em nome do interesse nacional. Na verdade eu até sou um pouco extremista nisto: acredito que os portugueses não são mais que os outros cidadãos do mundo, pelo que não quero eleger um político que queira previligiar o interesse nacional face ao interesse mundial.
Mas a esmagadora maioria dos portugueses não pensa como eu, e acredita que os seus representantes devem defender os interesses nacionais mesmo que prejudiquem os outros mais do que aquilo que nos beneficiam.
E por tanto vê como algo louvável que os seus representantes saibam pôr a ideologia de parte para servir o interesse nacional.
Eu acho que isso NÃO é louvável.
Mas, por esta razão, ter falinhas mansas para com o governo chinês não demonstra sintonia ideológica nenhuma. Demonstra fundamentalmente hipocrisia, demonstra que os interesses nacionais são colocados à frente das divergências ideológicas.
Isso obviamente não pode ser dito a respeito das relações mantidas entre o PCP e o PCC. Estas são a prova cabal de alguma sintonia ideológica. E não é apenas com o PCC... A sintonia ideológica do PCP com partidos que fazem parte de regimes totalitários/ditatoriais é algo suficiemente significativo para não poder ser tapada com as declarações abstractas que o partido faça em relação ao quanto ama a Liberdade e despreza o autoritarismo. E, a meu ver, é mais perigoso em potencial do que a hipocrisia e pragmatismo de quem coloca os interesses nacionais acima da sintonia ideológica.
«E, a meu ver, é mais perigoso em potencial»
ResponderEliminarNa prática o perigo é nulo, que o PCP não chegará ao governo.
Mas a divergência ideológica aumenta devido a este problema.
Para câmaras municipais não me custaria, em teoria, votar CDU. Deixei de votar neles desde que deixaram de estar aliados com o PS (votei no João Soares quando ainda estavam em grupo; depois no Sá Fernandes; Sá Fernandes; e agora tenciono votar no António Costa), mas com alguma pena.
Para as legislativas ou Europeias custa-me mais estar a mostrar como eleitor que aprovo a ideologia do autoritarismo, e parece-me que é esta afirmação que é feita; mesmo que os simpatizantes/militantes do PCP discordem.
O Gonçalo tem razão quanto à UDP, que é cerca de 25% do BE. Isso já é um sapo muito grande para eu engolir se votar BE. Mais que isso não me peçam.
@João Vasco: não partilho de todo a visão que tem sobre as relações entre o PCP e regimes igualitaristas mas sei que não o vou convencer do contrário.
ResponderEliminarMas já que estamos a falar de relações com partidos como o MPLA e o PC Chinês, será também relevante ter em conta que no congresso do PS estiveram representantes tanto do MPLA como do próprio PC Chinês, como se pode verificar no próprio site do PS. Claro que o João me pode sempre dizer que estiveram partidos portugueses sem que dai se possam tirar ilações (o PCP também lá esteve como representante), mas estaremos a misturar alhos com bugalhos
E eu não peço ao João para engolir sapos nenhuns.. aliás, a tradição de engolir sapos até é mais do PCP e tal.. ;)
ResponderEliminarAgora convém é que o João tenha consciência do que é que está a votar se votar BE. É que para além da questão da UDP também seria interessante se o João tivesse em atenção o trabalho produzido pelo actual eurodeputado (e cabeça de Lista do BE) bem como a assiduidade do mesmo. Já agora, o João Vasco tem noção que uma das bases ideológicas do Bloco é o Antonio Negri, cujas ligações às Brigatti Rossi são sobejamente conhecidas?
Dito isto, mesmo assim, parece-me que o BE é uma escolha melhor às ideias vagas do PH.
João
ResponderEliminarNão é para chatear mas parece-me que continuas a ser pouco claro. "Falinhas mansas"??? O governo PS deslocar-se em comitiva para disponibilizar a nossa economia aos chineses não é o mesmo que subscrever o ideário do PCC, ok, essa é a parte óbvia. O problema é que colher dividendos de um regime autoritário não é apenas ser hipócrita quanto aos princípios declarados à partida. É ser conivente (no primeiro comentário disse promíscuo acho eu), muito mais conivente do que o PCP aceitar uma representação de um partido da mesma família política na festa do Avante.
Quanto ao outro exemplo que dei (do amigo Eduardo) a questão não foi apenas recebê-lo para uma jantarada. Intriga-me principalmente a quantidade de elogios e condecorações da sua prestação como governante e emancipador de Angola no cenário africano.
Como disse ao início, estes exemplos são muito mais abrasivos da integridade socialista do que as barraquinhas são da integridade comunista. Os partidos comunistas de todo o mundo estão no mesmo comprimento de onda e não concordo contigo quando dizes que a variante hipócrita de uma política externa é mais natural ou inevitável do que dois partidos comunistas serem da mesma família política.
"não estão no mesmo comprimento de onda"
ResponderEliminarquero eu dizer
Gonçalo:
ResponderEliminarPelos vistos era mesmo o terceiro deputado do BE que estava em causa. Uns votinhos a menos e o Rui Tavares não teria chegado lá.
Gonçalo,
ResponderEliminarEu não sou do BE, mas tenho que necessariamente ficar contente com a derrota do PCP que ficou atrás do BE em votos e deputados.
@João Vasco: que eu saiba ainda faltam apurar os resultados de 26 consulados e o último deputado não está ainda atribuído. De qualquer das formas se o BE eleger 3 deputados daqui a 4 anos vamos ver o trabalho que os mesmos terão feito e que a assiduidade seja bastante melhor que os 73% do Miguel Portas
ResponderEliminarJá agora o João é que dizia que as sondagens costumavam acertar e foi o que se viu.. nenhuma sequer apontou para a diferença de votação entre PS e PSD que existiu.
@Miguel: Digamos que ter mais 70 mil votos que em 2004 dificilmente será considerado uma derrota. Se todas as derrotas forem assim, então espero sinceramente que a CDU tenha muitas derrotas destas a crescer sempre 70 mil votos em cada derrota....
@Miguel: já agora, outro ponto interessante é que a CDU foi a força mais votada em 3 distritos (setúbal, évora e beja), facto que já não sucedia há largos anos.. portanto, digo eu novamente: venham mais derrotas dessas :)
ResponderEliminarGonçalo:
ResponderEliminarAs sondagens "valem o que valem" e é muito. Elas têm o valor que as pessoas lhes vão dando, e é alto porque são a melhor estimativa de resultados que pode ser feita.
Através das sondagens percebi que era o terceiro lugar do BE que estava em causa, e essa conclusão era - como se mostra - correcta.
Que as sondagens não podem dar a certeza absoluta era algo que estava inplícito na minha afirmação de que o terceiro lugar "estava em jogo". Que as sondagens são a melhor estimativa de que dispomos, e que é uma estimativa muito boa, demonstra-se pela indiganação que por aí grassa por pequenos erros em condições difícis. Está toda a gente habituada a que as sondagens sejam tão certeiras que ao mínimo desvio já anda toda a gente a dizer para demitir todos os profissionais destas empresas. É ridículo.
Além de grande parte dos resultados ter estado dentro das margens de erro das sondagens, estas margens referem-se a um intervalo de confiança de 95%. Isto quer dizer que é SUPOSTO que uma em cada 20 vezes uma sondagem não acerte algum resultado dentro das suas margens de erro. Se a isto acrescentarmos que as eleições europeias são aquelas em que as condições são mais difícieis, vemos que as sondagens são realmente um instrumento importante para estimar os resultados.
Por isso, tanto quanto verifico, a noite de ontem verificou as duas afirmações que fiz ao longo desta discussão:
era o terceiro deputado do BE que iria estar em causa (os outros dois estavam garantidos);
as sondagens são um instrumento poderoso, e correspondem à melhor forma de estimar/prever os resultados eleitorais.
Gonçalo Valverde,
ResponderEliminarSobre o acréscimo de votos há que ver só um pormenor: entrou mais 742892 novos potencias votantes no bolo da potencial votação (inscritos). Sabendo que os votos da CDU são os que sofrem menos com a abstenção, dito inclusive pelo próprio PCP/CDU, pois a militância dos votantes dessa coligação são os mais assíduos, nem os moribundos faltam à votação :) logo o acréscimo de 1,63% face à entrada de 742892, e do acréscimo da CDU ser só 70383 e da abstenção ser mais ou menos a mesma, vê-se que isso de 70 mil votos é insignificante. 1,63%!
Então, Gonçalo, não te importas de ter derrotas como estas de ter sempre mais 70 mil votos (+1,63%) e ficar sempre com os mesmos deputados, ser a 4.ª força política, ficar atrás do BE? OK, por mim, estou de acordo contigo!!! LOL!
Até podia ter tido mais um milhão de votos... Concretamente ficou em termos de votos praticamente na mesma(+1,63%)!!! Em termos de representatividade: igual, posição no panorama actual político: perdeu uma posição para um partido que tem perto de 10 anos de vida (BE) em contraposição com o PCP que tem perto de 88 anos (é de rir) que assim deveria ter uma legião de votantes consolidada.
O PCP/CDU até ao gritar vitória (grita sempre), foi com um ar triste e acabado.
Mas já agora, o que significará um derrota para a CDU? Votação negativa? Parece que a CDU ganha sempre... Mistérioooooo... No entanto parece-me que quem ganhou foi o PSD. O Jerónimo diz no seu discurso patético:
«o resultado agora obtido projecta na vida política nacional e para as próximas eleições não apenas a possibilidade de derrotar a política de direita como de impor, com o reforço da CDU, uma viragem na política nacional.»
"possibilidade de derrotar a política de direita" ???? Mas quem ganhou ainda é mais de direita do que o PS? É mesmo patético. Aldrabice para o PCP é mato.
Mário Miguel:
ResponderEliminarO PCP e o BE costumam alegar (e eu discordo da alegação) que o PS e o PSD são iguais, ambos de direita.
Assim, Jerónimo não foi desonesto naquilo que disse. À luz desta forma de pensar, faz sentido.
Mas é verdade que a CDU canta sempre vitória. Nunca me lembro de assumirem uma derrota - pode ter acontecido, mas não me lembro.
ResponderEliminarA Internet tem destas coisas.. os comentários ficam registados e depois podemos ir revisitá-los.. Foi interessante ver a inversão de papeis este ano, não foi? ;)
Eliminar@Mário Miguel: tendo em conta que ainda há pouco tempo andavam a dar como certa a morte do PCP e que o mesmo iria-se erodir, e que o PCP não só tem conseguido contrariar a tendência decrescente que se verificava como até tem conseguido reforçar o seu eleitorado, parece-me que é muito facilitismo estar a dar como "derrota" obtido. E se alguém aqui andou a cantar vitória foste tu ao dizer que estavas contente pelo facto do BE ter ficado à frente do PCP. Eu limitei-me a dizer, que se todas as derrotas que o PCP tiver forem estas então venham elas.
ResponderEliminarAlém do mais, como mesmo disseste o PCP tem 88 anos de história, e já teve momentos altos e baixos e o que é certo é que por cá continua ao contrário de outros partidos.
@João Vasco: as sondagens também davam 5% ou menos ao CDS e que o mesmo iria eleger 1 ou 0 deputados.. portanto, volto a dizer, valem o que valem.
ResponderEliminarE é curioso como todos parecem assobiar para o lado sobre o facto de a CDU ter sido a força mais votada nos distritos de Setúbal, Beja e Évora em eleições não autárquicas, facto que não sucedia já há muitos e largos anos.
ResponderEliminarPois, e eram a melhor estimativa possível. Não infalível, mas a melhor ainda assim.
ResponderEliminarBasear esse tipo de estimativas nas sondagens é bem melhor que qualquer outro método.
Quanto à vitória da CDU, ok, até que foi uma vitória. Da desgraça do PS comeram todos os outros, e mesmo que a CDU tenha comido menos, ainda comeu alguma coisita. Aumentou a sua votação. Mas tens de admitir que o critério não é sempre esse - quando descem a votação cantam vitória porque "as condições eram difíceis" ou algo do tipo. Para serem coerentes com essa atitude, agora tinham de estar tristes por serem condições particularmente fáceis e não terem ganho muito.
Mas quanto a mim as condições são uma desculpa. Objectivamente aumentaram a percentagem, e isso é uma vitória. Quando a diminuem, deviam admitir derrota.
João,
ResponderEliminar«O PCP e o BE costumam alegar (e eu discordo da alegação) que o PS e o PSD são iguais, ambos de direita. Assim, Jerónimo não foi desonesto naquilo que disse. À luz desta forma de pensar, faz sentido.»
Estás enganado, por como disse, o PSD é mais à direita do que o PS, mas mesmo que não fosse, ou fosse igual ao PS, é claríssimo que o bloco somado PS-PSD (a direita) e se quiseres o CDS/PP, ocupa mais ou menos a mesma posição, por isso não vejo onde está a derrota da ""direita"".
Gonçalo Valverde,
«tendo em conta que ainda há pouco tempo andavam a dar como certa a morte do PCP e que o mesmo iria-se erodir, e que o PCP não só tem conseguido contrariar a tendência decrescente que se verificava como até tem conseguido reforçar o seu eleitorado»
Nunca disse que o PCP ia morrer, que disse foram outros, e não é por outros afirmarem que o PCP iria morrer, que ao ter os resultados que teve, +1.63% (ena grande aumento!) o que é uma ridicularia, no contexto de aumento do n.º de votantes bem como na dinâmica própria da CDU, nomeadamente na fidelização dos votos: a abstenção favorece claramente a CDU, temos uma votação desfavorável que em temos objectivos manteve o número de deputados e colocou a CDU uma posição abaixo do que estava.
«Além do mais, como mesmo disseste o PCP tem 88 anos de história, e já teve momentos altos e baixos e o que é certo é que por cá continua ao contrário de outros partidos»
Em todo esse tempo, histórico generoso, consolidou a regularidade de não se assumir como potencial partido ao poder, e o BE em MUITO pouco tempo, passou o PCP de forma constrangedora.
Mário Miguel
ResponderEliminar«Estás enganado, por como disse, o PSD é mais à direita do que o PS,»
Estou enganado? Eu disse que era essa a minha opinião (quando escrevi que discordava da alegação do PCP/BE de que assim não era).
Se acreditas que o PSD está à direita do PS, não deves dizer que estou enganado. Vai dizer isso às estruturas do BE e do PCP.
«é claríssimo que o bloco somado PS-PSD (a direita) e se quiseres o CDS/PP, ocupa mais ou menos a mesma posição»
Isso não é verdade.
A "esquerda" (no ponto de vista referido) tinha 3/24 deputados, e tem agora 5/22.
O bloco que dizes ter ficado "mais ou menos na mesma" tinha 21/24 deputados e tem agora 17/22.
Para quem vê as coisas desta forma, existiu em Portugal uma derrota da direita.
Eu discordo dessa perspectiva, mas compreendo-a e não me parece que decorra de qualquer desonestidade.
@Mário Miguel: O PRD nas primeiras eleições em que se candidatou conseguiu 18%, posicionando-se como 3º partido politico e ultrapassando o PCP, que na altura concorria coligado com o MDP/CDE e os verdes no seio da APU e que obteve 15%. O PRD já não existe (ou melhor, "transformou-se" no PNR). Que lhe valeu ter sido a terceira força política?
ResponderEliminar@João Vasco: É verdade que um defeito do PCP tem sido o minimizar resultados eleitorais negativos de uma forma que possa aparecer como uma vitória. Tal muitas vezes não é facilitado por algum discurso hermético que torna complicado a interpretação do que se diz pelos "não iniciados" e a deturpação do mesmo por quem interessa deturpar. É sem dúvida um defeito do partido em que milito e não tenho problemas nenhuns em o admitir públicamente.
ResponderEliminarNo entanto se a memória não me falha (embora não possa fundamentar com factos pois não consigo encontrar as declarações proferidas na altura), aquando do desastroso resultado das legislativas de 2002 em que a CDU obteve 7%, foi admitida que a mesma consistia uma derrota significativa para a coligação.
Quanto à questão das sondagens, eu nunca referi que as mesmas não possam ser utilizadas como uma forma para poder avaliar alguma tendência de voto. No entanto, considero abusivo que se teçam comentários como os que o João Vasco referiu de que "está em causa a eleição do terceiro deputado" da mesma forma que considero abusivas noticias que dizem que "se as eleições fossem hoje ganharia o partido X". Como disse, as sondagens valem o que valem e é discutível até que ponto as mesmas não sirvam como "fazedoras de opinião" e parece-me ser extremamente pernicioso que em vez de se discutirem projectos e programas se perca tanto tempo a discutir sondagens como sendo resultados reais.
Já agora, sobre o facto de o PSD ser mais ou menos à direita que o PS, é curioso que tenham sido inclusivé membros do PSD a indicar que o PS aplicava politicas mais à direita que o PSD...
Gonçalo,
ResponderEliminar«@Mário Miguel: O PRD nas primeiras eleições em que se candidatou conseguiu 18%, posicionando-se como 3º partido politico..............»
Não invalida em nada o que eu disse.
@Mario Miguel: podemos estar aqui a discutir até ao final dos tempos e eu apresentar todos os argumentos e mais alguns que o Mário não irá concordar comigo. Se fica contente no seu odio pelo PCP que o BE tenha ficado à frente do PCP, que lhe faça bom proveito.
ResponderEliminarPessoalmente acho mais interessante o facto de que BE e PCP tenham ficado a 5% dos resultados obtidos pelo PS.
Vasco,
ResponderEliminarEu só li isto
«Assim, Jerónimo não foi desonesto naquilo que disse. À luz desta forma de pensar, faz sentido.
»
Eu dizia que era desonesto o Jerónimo dizer que tinha havido uma derrota da direita, o que é falso:
2004
PS - 12
PSD/CDSPP - 9
Ou seja: PS + PSD/CDSPP = 21
PCP/CDU - 2
BE - 1
PCP/PEV + BE = 3
2009
PS - 7
PSD - 8
CDSPP - 2
Ou seja: PS + PSD + CDSPP = 17
PCP/CDU - 2
BE - 2
PCP/CDU - BE = 4
Vasco, a direita continua a vencer com uma diferença completamente desmesurada, os número não têm piedade. E se eu não somar o PCP/CDU ao BE, a coisa vista só do ponto do PCP/CDU ainda é mais constrangedora. Dizer portanto que a direita sofreu uma derrota, e sabendo o que aconteceu a nível global, é um erro fazer essas afirmações, além de evidenciar uma demência tradicional do PCP ao dizê-lo, pois não há nenhum critério que sustente essa afirmação de derrota
Gonçalo,
ResponderEliminarSe juntas o BE + PCP, então a comparação terá que ser feita PS + PSD, ou PS+PSD+CDSPP, pois caso não o faças assim estás a comparar alhos com bugalhos, e paço a explicar: É como eu comparar o meu peso completo (com todos os membros), e comparar com outra pessoa, mas essa sem braços e sem pernas e eu alegar que sou mais pesado. Dai ver que a tua comparação é uma banhada, por comparas a somas das esquerdas, com uma única parcela do que tu consideras direita. LOL, assim também eu. Já agora porque não comparar o BE+PCP com metade do PS? Com essa tua aptidão para o "desmembrar", seria mais útil para ti fazer esse exercício. Assim se vê a desonestidade dos comunistas do PCP na tentativa (inútil) de manipular resultados. Que se leia: que eu não sou anti-comunista primário, tanto é o meu agrado pela marca obtida pelo BE.
Gonçalo,
ResponderEliminar«Pessoalmente acho mais interessante o facto de que BE e PCP tenham ficado a 5% dos resultados obtidos pelo PS.»
Números são números, e os há são são bem claros, as distâncias entre "direitas" e "esquerdas" são de tal forma significativas que não permitem dúvidas ou dúvidazinhas. Mas por incrível que pareça há quem insista no disparate. E é nisto que eu tenho o PCP faz frequantemente, em algo que é flagrantemente envidente, conseguem dizer que não é, e isto aplicado ao um governo seria catastrófico tipo: isto não é bem censura, é mais um proteger dos cidadãos a bem deles: argumento usado por militantes do PCP para o caso de Cuba para dar um exemplo. Esta falta de clareza e honestidade configura a minha rejeição imediata de um partido (qualquer que ele seja) que tenha este tipo de postura antagónica.
Gonçalo, o meu comentário de "08-06-2009 20:31", ou seja, dois anteriores, é igualmente referente à tua expressão «Pessoalmente acho mais interessante o facto de que BE e PCP tenham ficado a 5% dos resultados obtidos pelo PS.», me primitiria dizer o seguinte disparate:
ResponderEliminarPessoalmente acho mais interessante o facto de que o PSD e PS e CDSPP tenham ficado a X% dos resultados obtidos pelo PCP/CDU... LOL, pode ser interessante, mas o significado comparativo é irrelevante, que são somas de vários partidos de um lado, e um único partido do outro, e a este dois tipos pesos fazes uma comparação, que como validade, em termos comparativos, é bem de ver qual é.
@Mário Miguel: A questão da comparação é tão somente o facto de indicar que a bipolarização que tem grassado pelo nosso pais está desfragmentada.
ResponderEliminarDe qualquer das formas se o problema do Mário o PCP é o facto de dizerem o que não é como afirma, o que dizer então do PS ou do PSD que votaram a constituição em 1975 com as referencias ao socialismo e anos mais tarde vieram dizer que ah e tal não.. dir-me-á o Mário Miguel que isso não tem nada a ver porque são outros tempos e tal.. E mesmo que eu apresenta-se outros exemplos o Mário viria sempre dizer que não tem nada a ver e que o PCP é que é manipulador e deturpador dos factos... pois é, para o que lhe dá jeito as coisas são de uma maneira, para o que não lhe dá jeito são de outra.
E convenhamos que a satisfação do Mário é apenas que o BE tenha ficado à frente do PCP.. mas o Mário pode continuar a fingir que não é anti-comunista primário e nós continuamos a fingir que acreditamos.
Gonçalo,
ResponderEliminar«De qualquer das formas se o problema do Mário o PCP é o facto de dizerem o que não é como afirma, »
Ai não? Concretiza então onde esta "o que não é"
Depois fazes um exercício de ficção onde supões um dialogo em que dás as minhas respostas. Esse exercício é feito unicamente por ti, colocas na minha boca o que tu queres eu eu diga e que necessariamente gostarias que eu dissesse para servir os teus intuito e que eu digo já que não não será o que eu direi. Que técnicas tão desonestas e arcaicas.
Eu simplesmente sou contra um partido que apoia ditadura, como o caso de apoia de forma firma a China, ou apoiar Cuba, dizer que a Coreia do Norte não é uma ditadura, e no fim usufrui de um sistema democrático apoiando simultaneamente outros onde os métodos não o permitiriam usufruir o que usufrui; e defender o que defende, provoca nas respectivas populações toda uma privação de liberdades e garantias mais básicas que pode haver.
«Mário pode continuar a fingir que não é anti-comunista primário e nós continuamos a fingir que acreditamos»
Quando se usa o "nós continuamos a fingir", aqui, normalmente, quem faz isto tenta criar no oponente a ideia que já tens um conjunto de leitores que está do seu lado, e em número significativo, para alicerçar a velha falácia que se são muitos os "nós" que comungam da ideia, então ela é verdadeira por força do número. Com o esse teu "nós" tentas usar de forma subtil a falácia do Argumentum ad populum, logo um raciocino nulo.
Mas tomemos por hipótese que eu sou um anti-comunista primário, e assim dou-te razão. Diz-me então em que medida isso será relevante para refutar o que eu disse nos comentários anteriores e que tu não refutaste no teu último, parecendo esse teu ataque que é outra falácia (argumento inválido) do tipo Argumentum ad hominem.
Mário Miguel: como disse, poderia continuar aqui a esgrimir argumentos que o Mário arranjaria sempre forma de contrapor com o que lhe dá mais jeito.
ResponderEliminarComo disse anteriormente, se o Mário quer ficar contente com o facto de o BE ter tido mais votação que a CDU, e que a CDU tenha nestas eleições sido a 4ª força politica (sendo que não seria a primeira vez que uma aliança a que o PCP pertence é ultrapassada por um partido mais recente) é consigo. Que ache que é uma derrota do PCP e isso o deixe feliz, melhor para si. Não vou prolongar uma discussão que não vai levar a lado nenhum, até porque sinceramente tenho mais o que fazer.
Gonçalo,
ResponderEliminar«[...]que o Mário arranjaria sempre forma de contrapor com o que lhe dá mais jeito.»
Esses meus argumentos que eu arranjaria, que tu ainda nem sabes se eu arranjaria ou não ou de que tipo são, e já estás a condenar implicitamente e tudo (muito interessante), se forem falsos, então estás cá tu para os desmascarar, caso contrário, deverias aceita-los, ou será que coisa verdadeira quando colide como que queremos deverá ser encobrida ou censurada???
«Não vou prolongar uma discussão que não vai levar a lado nenhum, até porque sinceramente tenho mais o que fazer.»
Eu não te obrigo a nada, tu respondes ao que quiseres, é interessante ver que perdes tempo a dizer que tens mais que fazer.
Fica uma pergunta:
Se o PCP ganhou, então o BE que teve um crescimento superior ao PCP e ficou à frente do ditos Hiper-ganhou? Ou ganhou mais do que o PCP? Que adjectivação será mais adequada? E o PSD? Giga-ganhou? E a direita toda, perdeu contra a esquerda toda.
Mas que raio, todos ganham?
Gonçalo,
ResponderEliminarE o facto de:
«(sendo que não seria a primeira vez que uma aliança a que o PCP pertence é ultrapassada por um partido mais recente)»
ter ocorrido, fica beliscado ter ocorrido novamente com o BE agora, pois parece quereres justificar com esse argumento, de forma implícita e sorrateira, que o facto de já ter acontecido como que retira mérito ou invalida o facto.
O BE passou o PCP, o incomodo do PCP é visível, inclusive seria algo que o PCP não queria tendo verbalizado de forma indirecta na noite da durante o apuramento dos votos como se pode ler aqui e depois escamoteado e aldrabado com esta declaração aqui, é este tipo de mentiras com 180º de amplitude e espaçadas de minutos que me fazem ver o PCP como um partido que mente sem a mínima vergonha, mentindo de forma infantil. É lixado eu sei, e fico contente que o PCP recue em termos de posição politica, assumo.
Onde se lê:
ResponderEliminar"ter ocorrido, fica beliscado ter ocorrido novamente com o BE agora"
deverá ler-se:
"ter ocorrido, não fica beliscado ter ocorrido novamente com o BE agora"
Mário Miguel:
ResponderEliminarNão creio que a tua perspectiva seja muito válida. Se o Partido Humanista tivesse elegido 4 deputados, teria menos que o PSD, e ainda assim teria tido uma vitória avassaladora.
Isto porque vitória não é ser a primeira, segunda ou terceira força mais votada, mas ter crescido ou descido face às últimas eleições análogas. Face às últimas Europeias.
Assim sendo é claro que o grande derrotado foi o PS. Aliás, a dimensão da derrota do PS foi tão elevada, que deu para que todas as outras forças tivessem crescido - todas as outras forças venceram. O PCP foi a que cresceu menos. Mas cresceu, saiu vitoriosa.
Eu sei que mesmo quando o PCP desce continua a cantar vitória, pelos vistos com uma excepção que o Gonçalo lembrou. Mas neste caso, por pequena que tenha sido a sua vitória, ela foi-o.
O Jerónimo também não foi desonesto quando disse que a direita foi derrotada, pois aquilo a que ele chama direita (PSD+CDS+PS) desceu significativamente face às últimas Europeias. Pode ter mais votos, mas perdeu terreno. Isso obviamente é uma vitória, do ponto de vista dele. Do ponto de vista dele a esquerda pode estar a perder a guerra, que ainda não acabou, mas ganhou esta batalha e mais ganhará. Não há desonestidade aqui. E se há coisa boa que o Jerónimo tem é ser um indivíduo extremamente honesto, muito mais que a maioria dos políticos.
Gonçalo:
Alguns elementos do PSD chegaram a dizer isso, e essa ultrapassagem do PSD pela esquerda chegou a entrar no domínio do possível. Mas obviamente não aconteceu.
O Sócrates corresponde à linha mais à direita dentro do PS, e o Marques Mendes (e agora a Manuela Ferreira Leite) corresponde à linha mais à esquerda dentro do PSD. Por isso, é verdade que estes partidos nunca como recentemente tenham estado tão próximos.
Mas uma direcção não é um partido, e enquanto "as bases" do PS puxam para esquerda, "as bases" do PSD puxam para a direita. E se a Manuela e o Sócrates poderiam de facto estar trocados, a verdade é que as políticas do Sócrates estiveram em risco de provocar a cisão do PS (via Alegre) o que obrigou o Sócrates a governar um pouco mais à esquerda (a mudança do ministro da saúde, por exemplo).
Já no PSD a Manuela tem pouco mais de um terço dos votos. Os outros dois terços advogam políticas mais à direita que ela, e certamente ela teria de ceder a algumas delas se chegasse ao governo.
Assim, se bem que actualmente os programas do PS e PSD sejam próximos (mesmo a alegada grande divergência que é as obras públicas é uma fachada - ou não tenha sido a Manuela que assinou por baixo do TGV contra o qual agora peleja), a verdade é que o PS está MESMO mais à esquerda que o PSD. A diferença é pequena face às diferenças entre PS e BE ou PS e PCP (por alguma razão é possível o bloco central, mas não uma aliança à esquerda), mas existe e não deve ser desprezada.
@João Vasco: ok, de acordo, existem mais pessoas com uma opinião que pode ser considerada de esquerda que no PS do que no PSD. Aliás, a bem da verdade o PSD de social-democrata apenas tem o nome (da mesma forma que se poderia dizer que o PS de socialista apenas tem o nome).
ResponderEliminarNo entanto, quando o PS está no poder aplica politicas tão ou mais de direita que o PSD a nível de politicas laborais entre outras. E infelizmente as politicas de esquerda que muitas vezes tenta aplicar acabam por se revelar desastrosas.. veja-se por exemplo o estado em que está o ensino português com as visões pedagógicas que confundem facilitismo com compreensão e exigência com autoritarismo.
Dito isto, não discordo que o PS se possa considerar um partido vagamente de esquerda devido à sua base de apoio, e até tem sido esse o entendimento do PCP ou não teriam acontecido alianças em eleições autárquicas.
Quanto ao Manuel Alegre, sinceramente e tendo em conta as suas posturas recentes começo a ter dúvidas se ele não será mais um oportunista que outra coisa. Muita paciência têem tido com ele, e não me parece sequer ético que alguém ande a anunciar aos quatro ventos que se calhar sai ou se calhar não mas que vai pensar ou talvez não. Isso só lhe retira credibilidade e demonstra que é alguém que está é interessado no protagonismo. E é pena, porque até tinha uma boa imagem dele antes das eleições presidenciais...
Registo em acta o trágico acontecimento de o analista João Vasco não se ter lembrado de motivos melhores para justificar:
ResponderEliminara) que um partido fazer asneiras grossas em nome do "interesse nacional" é menos mau do que outro partido dizê-las (sendo que o que está em causa não é propriamente dizê-las mas apenas não as desdizer) sem o compromisso do resto do país.
b) que raio é o "interesse nacional" nos casos referidos.
c) que temos boas razões para eleger um partido diferente do outro a partir do momento em que o "interesse nacional" (por exemplo na forma de profunda amizade com Eduardo dos Santos) se sobrepõe aos conceitos fundamentais de um programa eleitoral.
d) que aceitar que o "interesse nacional" é um veículo de justificação para a sua própria hipocrisia não é tão ou mais hipócrita do que o objecto da justificação.
e) que o PCP, por rejeitar apenas de modo contido os exemplos totalitários de outros partidos comunistas, prescreve para os inimigos o chicote, a kalashnikov, o culto de personalidade, as purgas e a Sibéria.
Publique-se com o meu pesar.
Bruce Lóse:
ResponderEliminarDe quem devemos ter mais medo, de alguém que deu uma bofetada noutro; ou de alguém que ameaçou um terceiro de morte?
Depende, diria, em grande parte do tom e da credibilidade da ameaça. Há casos em que eu diria que teria bem mais razão para temer este segundo, do que o primeiro - mesmo que bem vistas as coisas um se tenha ficado pelas palavras e outro tenha passado aos actos.
No caso do PCP e do governo - repito-me - aquilo que motiva as palavrinhas mansas é diferente. Porque um partido é alegadamente movido pela ideologia, mas um governo também é movido por razões de estado.
O PS não alega ter uma proximidade ideológica com o PCC. Nem com nenhum partido do mundo que esteja a impor um regime ditatorial.
O Governo, liderado pelo PS, é certo, mais ainda assim o governo, esse sim é cheio de falinhas mansas para com uma série de governos com os quais entende que Portugal deve manter boas relações.
Claro que esta diferença de atitudes é muito mais consequente no caso do governo. É como a diferença entre uma estalada e meras palavras.
No entanto, em potencial, o perigo encerrado nas outras palavras pode ser bem maior, por aquilo que implica.
Isto sobre o ponto a)
Aobre os outros:
b) O "interesse nacional" é o estado português ter boas relações com estados aos quais corresponde mercados atractivos para vários negociantes, o que poderá levar a um maior crescimento económico.
c) Também vejo com maus olhos que o interesse nacional seja sobreposto a valores civilizacionais. Por isso comparei esta cedência ao interesse nacional com uma estalada. Pode ser menos grave que a ameaça de morte, mas continua a ser digna de crítica.
E sim, como eleitor a minha tendência é punir eleitoralmente os governantes que consideram que o interesse nacional justifica tudo. Não acredito que justifique.
d) Não vejo o que há de hipócrita em encarar a realidade como ela é. Eu diria que isto corresponde a um cinismo bem frontal, o contrário da hipocrisia.
e) Isso sim parece-me algo hipócrita. Como se o que aqui estivesse em jogo fosse unicamente «rejeitar apenas de modo contido os exemplos totalitários». Trata-se da alienação ou diferença de valores que permite que deputados do PCP afirmem que a Coreia do Norte não é uma ditadura, e da alienação ou diferença de valores que façam com que a generalidade dos militantes/simpatizantes não fiquem escandalizados com isto.
Trata-se do facto de eu conhecer por três vias diferentes pessoas da minha idade que são do PCP e todas elas considerarem que o regime de Fidel Castro é um bom regime, e não ter sido invenção delas. Etc...
O PCP pode acreditar na democracia, mas é uma democracia que só faz sentido "quando o povo estiver preparado"; e nos diferentes regimes de partidos com semelhanças ideológicas em relação ao PCP parece que esse momento tende a nunca chegar... Esse é o problema.
Gonçalo
ResponderEliminar«No entanto, quando o PS está no poder aplica politicas tão ou mais de direita que o PSD a nível de politicas laborais entre outras.»
Quando o PS estava na oposição a liderança do PS era de esquerda (o Ferro Rodrigues) e criticava duramente do código laboral.
O PCP e o BE, como sempre, criticavam o PS por ser "igual ao PSD".
Depois apareceu o Sócrates, e realmente começou o seu mandato com políticas que em quase tudo seriam indistiguíveis das do PSD, com duas excepções. Uma é a preocupação com a ciência e a tecnologia, que o PSD tende a negligenciar; e outra é a capacidade técnica generalizada, que apesar de tudo é superior à do PSD (a título de exemplo veja-se a incompetência gritante da Manuela Ferreira Leite que eleje o défice como prioridade máxima e acaba o seu mandato com um défice que é quase o dobro daquele com que o iniciou).
Na questão laboral o Sócrates defendeu aquilo que o PSD poderia perfeitamente ter defendido. O Bagão Félix pode ter dito hipocriatemente que o governo Sócrates foi ainda mais longe, mas é falso. As diferenças são irrelevantes, o código laboral proposto por este governo é muito semelhante ao do Bagão.
Aqui o PCP e BE tiveram razão na sua indignação ("então estavam contra o código e agora propõem um igual??"), mas foi vítima da história do lobo. Bem podiam gritar a ausência de diferenças entre PS e PSD, mas já ninguém ligava nenhuma.
E o Sócrates estava constantemente a usar isso seu favor ("faça o PS o que fizer, o PCP já desde o 25 de Abril que diz que o PS não é de esquerda. É de esquerda mas da esquerda Democrática" e por aí fora).
E isto teria continuado, se o PS não tivesse entrado em risco de cisão por causa das políticas do Sócrates. Aqui se viu que o PS é um partido algo à esquerda do PDS - as bases obrigaram o Sócrates a inflectir o seu rumo. Não na questão laboral, é certo.
Mas na questão da saúde, por exemplo.
«E infelizmente as politicas de esquerda que muitas vezes tenta aplicar acabam por se revelar desastrosas.. veja-se por exemplo o estado em que está o ensino português com as visões pedagógicas que confundem facilitismo com compreensão e exigência com autoritarismo.»
Isto é um equívoco.
É verdade que uma certa esquerda advoga esse tipo de políticas que promovem o facilitismo. Mas essa esquerda domina o ME, e seja PS ou PSD esse tipo de políticas vai sempre avançando a todo o vapor.
Até sócrates a diferença fundamental entre o PS e o PSD na educação era que o PS gastava mais dinheiro. Fose nos salários dos professores, fosse no equipamento escolar, etc...
Com Sócrates isso muda.
Mas na questão do facilitismo não existe aí nenhuma inovação - só a continuação de um percurso que já vem sido trilhado desde há muitos anos.
Quanto ao Manuel Alegre, também não sou propriamente um fã do homem. Mas a verdade é que ele liderou a pressão das bases para que Sócrates inflectisse algumas das suas políticas, e teve um sucesso limitado, mas real.
Não vejo com maus olhos o facto da oposição interna ser clara. Acho que a fidelidade às ideias deve ser maior que a fidelidade aos partidos, e se o Manuel Alegre achou que a melhor forma de lutar pelas suas ideias era fazer uma oposição interna veemente como fez, não lhe censuro isso.