É o quê?
No Blasfémias, o João Miranda escreveu:
«O ensino privado e o ensino público competem com armas desiguais. O ensino público tem os seus custos de funcionamento e de investimento pagos pelo Estado. O ensino privado tem que pagar os custos de investimento e de funcionamento com as receitas que consegue atrair. O ensino público tem preço zero para o cliente, o ensino privado cobra propinas ao cliente.
Tendo em conta a total desigualdade de armas, é notável que algumas escolas privadas consigam aparecer no topo dos rankings.»(1)
A ideia é que o ensino privado é tão mais eficiente que mesmo sem o financiamento público consegue ter resultados melhores. E é verdade que o sector privado é mais eficiente. Mas importa ver em quê.
O sector privado é mais eficiente a dar dinheiro aos donos. É para isto que o sector privado serve. Todas as empresas privadas visam produzir um só produto: o lucro para os accionistas. O resto é acidental. A bolacha, o automóvel, a operação plástica ou a média de 13 no exame nacional são meros efeitos secundários do processo de gerar lucro.
A privatização é uma boa ideia quando o objectivo coincide com a maximização do lucro. Se o objectivo é educar os filhos dos ricos o ensino privado garante a qualidade de educação que optimiza o lucro. Quanto mais ricos os pais melhor será este efeito secundário da produção de dividendos, e temos a garantia que os dividendos serão gerados com eficiência. Se não, fecha-se a escola, monta-se um centro comercial e os miúdos que vão estudar para casa.
Mas se o objectivo é garantir que todos tenham acesso à educação a situação é diferente. O sector privado é notoriamente ineficiente a prestar serviços a quem não os pode pagar.
1- João Miranda, 29-10-07, Rankings e a questão do "público vs. privado"
Na mouche!
ResponderEliminarCopiei este artigo para o esquerda republicana, aproveitando a política de ausência de direitos reservados ;)
ResponderEliminarhttp://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/10/o-qu.html
No entanto, ela se move...
ResponderEliminarO facto é que o ensino privado produz melhores resultados.
A explicação, quanto a mim, é simples:
No ensino público, os professores são contratados pela nota que tiveram na universidade (e nós sabemos o que isso significa...), e raramente (ou nunca mesmo) podem ser despedidos.
No ensino privado, contrata-se quem se acha cumprir melhor as funções. E despede-se quem não produz resultados.
É o mesmo problema em TODA a função pública. Contrata-se os menos aptos (os melhores são captados para a privada) e não se pode despedir os incompetentes.
Um pouco de Darwinismo aplicado a este sistema resulta rápidamente num bando de incompetentes (com as devidas e honrosas excepções, mas que não são em número suficiente para fazer qualquer diferença).
Miguel,
ResponderEliminar«O facto é que o ensino privado produz melhores resultados.»
Depende de como avalias os melhores resultados. Se o melhor resultado é ter miudos ricos com boas notas, sim. Se o melhor resultado é dar uma oportunidade de educação a toda a gente, então não.
E o defeito do estado não apanhar os mais competentes não é por ser um serviço público. É por ser forreta. Se pagassem mais tinham mais candidatos e podiam escolher melhor.
Finalmente, há a questão de se os melhores resultados do ensino privado são pelo ensino ou pelos alunos que eles seleccionam. Pelo que me lembro de muitos colegas na ameixoeira e na charneca, não estou a ver como melhores professores ia adiantar...
“O sector privado é mais eficiente a dar dinheiro aos donos. É para isto que o sector privado serve.”
ResponderEliminarO lucro é o principal objectivo dos donos, mas caso empresa não seja eficiente a produzir e a comercializar os seus produtos, os donos além de não recuperarem o dinheiro inicialmente investido não obtêm qualquer lucro.
Ludwig
ResponderEliminarHá aí uma confusão de competências.
Compete ao ensino privado produzir bons resultados, independentemente do grau de riqueza dos seus alunos.
Compete ao estado promover a igualdade social e de oportunidades.
Estou convencido que qualquer instituição de ensino privado ficará contente em ter lá alunos cujos pais não têm capacidade de pagar as cotas, desde que alguém pague.
Esse alguém somos nós, contribuintes, que já pagamos de qualquer maneira o ensino público (que, tanto quanto sei, é bem mais despesista e menos eficiente que o privado).
Por isso, o tão proclamado "cheque ensino" sería uma optima maneira de permitir qualquer aluno ir para qualquer escola. Provávelmente sem mais encargos para o contribuinte.
Claro que aí as escolas teriam que competir, as públicas com as privadas.
E com a matéria prima das públicas (leia-se funcionários que não podem ser despedidos e que são escolhidos em função da nota), tásse mesmo a ver onde isso iria parar...
De qualquer maneira, e resumindo: A culpa de só alunos ricos frequentarem o ensino privado não é culpa desse ensino, mas sim do governo, que não subsidia os alunos mas sim as escolas públicas.
Quanto ao estado ser forreta, isso é uma falácia pura.
Os funcionários públicos, sejam professores ou não, ganham actualmente tanto ou mais que na privada. Ganham mais em absoluto,e ganham certamente muito mais relativamente ao trabalho que são obrigados a fazer.
Quanto á qualidade dos alunos influenciarem o resultado, isso é uma verdade inegável.
Mas também é fácil imaginar que esses mesmos alunos, ditos desfavorecidos, quando inderidos desde cedo num ambiente de ensino exigente e justo acabam por conseguir resultados muito melhores que os ditos ricos.
Solução: cheque ensino. Os alunos escolhem a escola para onde querem ir.
Problema (aparentemente insolúvel): Muitas escolas públicas, com déficit de alunos e excesso de maus professores, ficavam ás moscas, o estado despedia esses professores, os professores despedidos e respectivas famílias punham o governo na rua nas eleições seguintes.
Na minha opinião, esses rankings são uma treta. (sabe bem dizer isto neste blogue)
ResponderEliminarAqui onde eu moro, por exemplo, a posição dos rankings das escolas parece-me estar fortemente ligada à quantidade dos seus alunos que têm explicações privadas.
Esses pais que têm dinheiro para pagar explicações também são os que têm o dinheiro para colégios privados.
Não digo que o ensino privado não tenha as vantagens acima mencionadas pelo Miguel Krippahl, mas não é pelos rankings que se pode chegar a essa conclusão.
no ensino secundário, em média, não existe diferença medida entre ensino público e privado (o joão vasco falou sobre isso no esquerda-republicana recentemente). exemplos na cauda da gaussiana não dizem rigorosamente nada.
ResponderEliminarse, por outro lado, olharmos para o ensino superior, aí podemos ver---sem necessitar de muitos estudos---a desgraça que é o sistema privado.
logo, os comentários do miguel não me parecem ter nenhuma validade científica, são apenas opiniões baseadas em percepções erradas...
Miguel,
ResponderEliminarOs resultados do ensino privado são do rendimento médio escolar dos alunos cujas famílias podem e querem pagar mais €300-€600 por mês pela educação dos filhos.
Este factor é demasiado importante para se atribuir à qualidade de ensino a diferença média de 3% nas notas.
E o cheque ensino é uma má ideia porque o objectivo do ensino privado é ter lucro. Se mais pessoas podem mandar os filhos para as escolas privadas estas sobem o preço até optimizar o lucro deixando muita gente de fora. O preço no sector privado não é determinado pelo custo do serviço mas pelo que o comprador está disposto a pagar.
Por isso o cheque ensino vai dar mais dinheiro às escolas dos ricos (o cheque mais os €300-600 que já cobram), não vai permitir aos pobres mandar os filhos para essas escolas (não têm o dinheiro extra que será preciso), e vai tirar dinheiro às escolas dos pobres (o cheque do rico vai para o colégio pipi)
O resultado será uma maior eficiência nos lucros do ensino privado, um ligeiro aumento na qualidade de ensino dos ricos, e muita gente lixada.
Ludwig,
ResponderEliminar«E o defeito do estado não apanhar os mais competentes não é por ser um serviço público. É por ser forreta. Se pagassem mais tinham mais candidatos e podiam escolher melhor.»
E os incompetentes? Onde ficam? Descriminados?!
Mário,
ResponderEliminarSim. É um direito de qualquer um de nós ser discriminado (para bem ou para mal) de acordo com as suas capacidades e acções.
O que é moralmente errado é discriminar uma pessoa por aquilo que os outros são.
Sobre o cheque ensino vale a pena relembrar que entre as 10 piores escolas metade são privadas (lembremo-nos que existem cerca de 7 vezes mais escolas públicas!). Isso mostra que as escolas privadas, sendo praticamente iguais em média, têm o que existe de pior e de melhor, enquanto que as públicas são mais consistentes.
ResponderEliminarAqui parece óbvio qual seria a consequência do cheque ensino: os mais ricos teriam o ensino mais barato, os mais pobres teriam um ensino pior. Em média, pioravam todos.
Em resposta ao João Miranda, digo o seguinte:
ResponderEliminarAndei no Colégio Vasco da Gama, uma escola de ensino privado. Tive uma excelente educação, excelentes professores, piscina, court de ténis e tudo. Não sendo um menino rico os meus pais pagavam 50 contos por mês para andar no colégio.
Portanto não me venha com essa "do ensino privado ter menos recursos", que só posso classificar como treta. A maior parte das instituições de ensino privado são bem financiadas. Algumas até facilitam nos testes para os alunos passarem e espetarem-se à vontade nas provas de aferição. Felizmente não foi esse o caso do meu colégio, que era bastante rigoroso.
Concluindo, o ensino privado têm melhores condições e o seu rigor não é legislado pelo estado. Daí até nem admira que algumas instituições privadas tenham muito boas medias excepto nos exames de aferição, onde podem ter uma média de 5 a 8.
Ricardo S. Carvalho disse:
ResponderEliminar"se, por outro lado, olharmos para o ensino superior, aí podemos ver---sem necessitar de muitos estudos---a desgraça que é o sistema privado."
Isso porque o sistema privado no caso do ensino superior serve para os meninos ricos adquirirem o canudo sem grande esforço. Assim os imberbes podem seguir o exemplo dos paizinhos.
Há aqui alguns erros.
ResponderEliminar1- Os privados pagam muito menos que os públicos, só que fazem os horários à medida para aproveitar e dar um segundo emprego a alguns.
2- Olhem para a Secundária Damião de Goes, onde o estado paga as quotas dos alunos, pois é a unica secundária no concelho de Alenquer, e é privada. Dadas as limitações socio-económicas dos alunos seria de esperar muito menores resultados, mas, não. Tem melhores resultados nas provas nacionais que escolas de meios equivalentes.
3- No ensino público, está tudo! No ensino privado só está quem é aceite! Será expectável que um colégio privado aceite um aluno com problemas graves de comportamento? Ou, que os pais paguem 300 Euros por mês para deixar a criancinha baldar-se e esbanjar o que eles pagam? Não me parece. No público, vejo alguns pais a recorrer a todos os mecanismos para que um burro que só teve uma positiva em 6 testes, seja passado à força. Por isso, não me parece de modo algum que a situação seja comparável. São realidades diferentes, com condicionantes diferentes, e objectivos diferentes, que nenhum motivo autruista/socialista/"qualquer-outro-ista" poderá algum dia igualizar.
“O ensino privado e o ensino público competem com armas desiguais”
ResponderEliminarLudwig, desculpa que te diga, mas dizer que isto é treta é assim para o soft! Quase fiquei com peninha do ensino privado!
Vamos esclarecer uma coisa: uma empresa privada visa o lucro. Uma escola não é diferente: é uma empresa de prestação de serviços, sendo o serviço a educação. E financia-se pelas propinas. Se não dá lucro, fecha!
O estado é um prestador de serviços: educação para todos os cidadãos. As propinas são pagas por todos numa base solidária: eu não tenho filhos, mas pago (e acho muito bem) para a educação dos filhos dos outros.
O objectivo do estado deverá ser um lucro diferente: cidadãos informados e “educados”. Educados está entre aspas porque a discussão do que isto quer dizer já fez correr rios de tinta e fez muitas baixas, entre ministros da educação e... alunos. Mas isso já é outra história.
O que o ensino privado veio fazer foi preencher uma lacuna. Na minha altura, os liceus privados vieram preencher a lacuna do “já que não consigo fazer o 12º no liceu da Abobrinha, faço ali ao lado, a pagantes”. Agora o liceu da Abobrinha é uma valente bosta e vai-se a pagantes para fazer um 12º a aprender qualquer coisa. Leia-se: eu não vou perder aqui anos da minha vida para chegar à conclusão que não consigo entrar para a Faculdade, não por ser burra, mas porque os professores não ensinam nenhum!
Como em qualquer negócio, só vingam os que efectivamente têm mercado. E há mais que mercado porque os gestores da coisa pública não sabem orientar os recursos públicos para o lucro. Se isto quisesse dizer que não se gastava muito dinheiro, menos mal! Mas gasta-se muito dinheiro! Em nada! Não dá resultados: não dá o lucro que devia. Numa empresa, mandar-se-ia o gestor para a rua. Aqui já se mandaram uns 50, mas nem isso parece resolver!
Não se fazem cozinhados de qualidade com maus ingredientes! E o ensino público, quer por políticos e políticas, quer por professores, quer pelos alunos que se criam... está mau!!
Agora a questão é a oposta da apresentada no Blasfémias: o ensino público compete em desigualdade de circunstâncias com o privado, pois este filtra grandemente a matéria-prima. A questão do financiamento é só para enganar!
Miguel
ResponderEliminarNão acho que um cheque-educação seja a solução (mais: não acredito que haja UMA solução, mas muitas abordagens). A/uma solução é estabelecer metas realistas e cumpri-las (como em qualquer empresa que se preze).
A única meta estabelecida pelo governo foi: todos estudam até ao 12º. Não se disse o quê! Assim até eu! Ora eu suei as estopinhas para fazer um 12º decente. Tive colegas que não aguentara! Eram menos inteligentes que eu? Não necessariamente (se bem que alguns fossem assim para o totó), mas naquela altura não alguns não estariam preparados para isso. Se tivessem obrigado todos a fazer o 12º, eu não teria aprendido tanto (ou tão pouco, mas isso agora não interessa nada).
Também não parecem estabelecer-se metas para o que se aprende em cada um dos anos e em cada uma das cadeiras. Ludwig, se queres tretas ainda mais fixes que Reiki e Isabel Leal, pega nos programas escolares. Não sei se não precisarás depois de uns calmantes, por isso estás por tua própria conta e risco. Não se entende nada numa boa parte deles!
Depois há a questão: e para que é que eu quero que todos estudem até ao 12º? Os privados parte aí em vantagem: para entrar na Faculdade. Ora não queremos que toda a gente entre na Faculdade! Não é sério! O que queremos para os outros? É menos digno por acaso não andar na Faculdade (ou estou a fazer uma pergunta parva?)? O que foi feito do ensino profissional? Não é preciso bons profissionais, embora não sejam capazes de discutir necessariamente as implicações da estatística das batatas fritas e a normalização da fruta no espaço europeu e sua influência no consumo de McDonald’s na Índia e mercados emergentes?
Uma coisa é certa: sem o famoso e infame ranking, metade desta discussão seria não fundamentada! O que nos leva à apresentação de resultados: o ensino não é uma vaca sagrada e tem que ser debatido com base em dados sérios e objectivos! Não sendo este o único (nem de perto nem de longe), é um começo!
ResponderEliminarLudwig,
ResponderEliminarO que propões para os incompetentes,
um ghetto?
Ludwig,
ResponderEliminarPor favor, explica-me melhor.
«O que é moralmente errado é discriminar uma pessoa por aquilo que os outros são.»
Ludwig,
ResponderEliminarO estado não é forreta, antes pelo contrario, senão não teria professores de 65 anos a ganhar no escalão maximo enfiados numa biblioteca a fazer o serviço de um funcionário. Se fosse forreta fazia as contas e entendia que lhe saia mais barato reformar o professor ;).
O estado é mau gestor, é basicamente isso. Tá-se nas tintas para a eficiencia dos sistemas ou para lucros ou despesas. É uma maquina completamente encravada gerida por um bando de merceeiros.
Desculpa-me o desabafo, mas toca muito perto de casa a questão dos professores do ensino público ;)
Mário,
ResponderEliminarNão. A maioria das pessoas é competente em algo, por isso muitos hão de encontrar algo para fazer que façam melhor que a média.
Mas mesmo quem não tenha essa sorte não está necessariamente tramado, porque não pode ser um a fazer tudo.
Imagina que é preciso um administrador e um secretário para passar as coisas para o computador. Há uma pessoa que é boa administradora e boa a escrever com o teclado. Há outra que não presta como administradora e ajeita-se mais ou menos com o teclado. Nesse caso fica a primeira como administradora e a segunda como secretária.
O resultado é o que temos agora. Uns têm empregos melhores que outros, mas desde que ninguém fique na miséria não há grande problema.
Essa de ser discriminado pelo que são os outros é assim. A corporação de bombeiros precisa de pessoas capazes de subir vários lances de escadas com uma pessoa de 70Kg às costas, porque pode ser preciso salvar pessoas inconscientes.
Supões que 30% dos homens que se candidatam são capazes de fazer isto mas só 5% das mulheres conseguem.
Discriminação justa é aceitar quem consegue e recusar quem não consegue, seja homem ou mulher.
Discriminação injusta é baixar os requisitos para as candidatas dos sexo feminino apenas porque a maioria no seu grupo não consegue subir escadas com um adulto médio às costas.
Também seria descriminação injusta recusar a mulher sem aferir se ela é capaz de levar com os 70kg.
ResponderEliminarA descriminação com base nesse tipo de critérioes e não com base nas capacidades é sempre disparatada.
Esse exemplo que deste é excelente.
Quanto ao ensino público, concordo que está muito mal gerido e que há muito a fazer para melhorar o ensino. Mas isso só me faz ficar ainda mais contra a proposta do cheque-ensino: se desta forma o público obtém melhores resultados que os privados atendendo às condições, então imagine-se se esses problemas fossem resolvidos. E certamente que pode ser feito algo para ajudar a resolvê-los.
João Vasco
ResponderEliminarO cheque-ensino, podendo parecer uma boa ideia (e às vezes é melhor fazer qualquer coisa que nada), não resolve.
Não resolve porque os próprios objectivos e programas de ensino são uma porcaria. Ninguém sabe o que ensina nem para quê exactamente. Alguns desaguam na Faculdade embrutecidos, outros desaguam sabe-se lá onde e sem saber para que andaram a estudar 12 anos.
Outra questão é os programas adequados e como aferir que se aprende o que de facto é pretendido. A verdade é que por imaturidade, falta de preparação em casa ou mesmo só por impotência pura e simples, muitos alunos só se apercebem que é para aprender x coisas no programa... 2 meses antes das provas específicas, altura em que se metem em explicações. Ora provas a doer só ao fim de 12 anos... é pouco! É tarde!
A impotência que falei relaciona-se com não ser sempre possível ao aluno colmatar a falta de um professor decente só com empenhamento ou mesmo com explicações. E porque não tem maturidade nem conhecimento para saber que lhe está a ser exigida pouca coisa ou que o programa não será cumprido.
O terror pelos resultados leva a que se baixe a exigência (que normalmente implica que se baixe ainda mais). Assim, passou a exigir-se que os meninos tivessem médias positivas para poderem passar sequer de ano no 12º. Ora eu fiz um exame chamado Matemática 10/12 (isto é, incluia toda a Matemática do 10º ao 12º). Vi notas de 2 e 5 (em 100!) na pauta (na Universidade, porque fazíamos na altura os exames na Universidade da capital de distrito). E isso é mau? Muito mau! Mas nós sabíamos que era assim desde o 10º ano! E tínhamos que estudar para uma prova exigente e não para uma... coisa... que nem se vê nem se apalpa, só para ter o dezito (em 20) que não significa muito. Só que se é... suficiente! O que é pouco!
Claro que isto numa altura em que se diz que é anti-pedagógico avaliar os alunos! Outra treta!
Ou seja, em vez de cheque-ensino... que tal um cheque-ministério da educação? Um cheque-mate, talvez...
Apenas uns comentários adicionais aos rankings:
ResponderEliminarÉ certo e sabido também, que uma escola privada pode rejeitar alunos, algo que a escola pública não pode fazer.
É também verdade, e todos sabemos, que na altura dos exames, mesmo os colégios sérios (que não "facilitam" a realização dos exames), podem propor os alunos que se sabe que vão ter mau rendimento como alunos externos, i.e., que vão fazer os exames a escolas públicas. Fogem assim às estatísticas.
Até há bem pouco tempo, antes da lei da dedicação (quase) exclusiva dos professores, muitos dos professores do ensino privado eram também professores do ensino público. Como explicar estes resultados? Curiosamente, se tivéssem que faltar às aulas por qualquer motivo, qual escolhiam para faltar?... ao público. Porque seria?
Por fim, são raras as escolas privadas (sem serem de solidariedade social) que estão inseridas em bairros problemáticos ou áreas desfavorecidas. Mesmo que se excluísse a questão do pagamento das mensalidades, é claro como a água que um aluno inserido num estrato social com menos acesso à cultura (e lá por haver internet em todo o lado, não significa que a situação melhore da noite para o dia; a porta está lá, mas é preciso que haja motivação interior e exterior para atravessá-la) e mais problemas sociais terá mais dificuldades escolares. Seja pelo facto de ter de gastar tempo a ajudar a família a ganhar mais dinheiro, ou porque esta é numerosa, seja pelo facto de não ter o ambiente doméstico propício ou simplesmente porque não tem pais com formação académica suficiente para dar uma ajuda, um suporte, muito menos pagar explicações.
Um áparte a propósito da discriminação: essa só estará realmente abolida no dia em que houver o mesmo número de mulheres incompetentes e imbecis a governar o país e a gerir as empresas públicas e privadas que já há de homens ;-).
ResponderEliminarCristy
Cristy,
ResponderEliminarIsso assume que as mulheres, mesmo as incompetentes e imbecis, estão tão dispostas como os homens a mentir, enganar e bajular até chegar a esses postos.
A discriminação acaba quando o número de mulheres nesses postos for proporcional ao número de mulheres que se interessam por isso.
"Isso assume que as mulheres, mesmo as incompetentes e imbecis, estão tão dispostas como os homens a mentir, enganar e bajular até chegar a esses postos".
ResponderEliminarQuerido mano,
não assumi-lo é muito lisonjeador mas discriminatório ;-)
Cristy